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D'us nos ensina em um dos livros da Torá (o Pentateuco) que é ELE, é quem FERE e quem SARA e não há quem escape de suas mãos... Deut. 32:39 'Vejam agora que Eu sou o único, Eu mesmo. Não há D'us além de mim. Faço morrer e faço viver, firo e saro, e ninguém é capaz de livrar-se da minha mão. Como D'us FERE e como SARA? Ao contrário que muitos pregam por ai a fora, que uma criatura (anjo) rebelou-se contra o Eterno no mundo celestial, não é verdade, os anjos, arcanjos, querubins e serafins nessa escala hierárquica, estão todos a serviço do ETERNO, para eles não fora dado o livre arbítrio, ao contrário do homem embora seja inferior aos anjos fora dado. Você escolhe seu caminho, seu destino... Na sua bondade e misericórdia D’us diz: Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal; se guardares o mandamento que hoje te ordeno, que ames o SENHOR, teu Deus, andes nos seus caminhos, e guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, então, viverás e te multiplicarás, e o SENHOR, teu Deus, te abençoará na terra à qual passas para possuí-la. Livro de Êxodo Cap. 30:15-16. ( O TEXTO FALA AOS JUDEUS), mais se estende a todas as nações que O ama e O tem. Quando há autorização do Criador, eles vêm e (feri) da mesma forma que seu Criador autoriza a cura. Tudo só acontece com a permissão do CRIADOR. "Uma folha não cai de uma árvore sem a permissão do D'us de Israel. Compare o texto e reflitam com o livro de Yov (Jó), Satã estava rodeando a terra... mais só tocou em Jó quando o seu CRIADOR autorizou, assim como as bênçãos que recebemos só acontecem quando o ETERNO CRIADOR autoriza, note que Satã feriu e matou a filhas de Jó, mais tudo autorizado pelo CRIADOR, não tenham medo de Satã, não tenham medo dos seres que se manifestam por aí a fora, pura emoção, heresia. O fato que devemos colocar nossa confiança 100% no ETERNO, clamar e pedir para que D'us não nos faça passar por provas. Lembram do salmo 23? as pessoas se apegam a versículos isolados para benefício próprio. "O SENHOR É MEU PASTOR E NADA ME FALTARÁ" já parou para pensar que o versículo também se refere as provas? É muito fácil não faltará as mordomias... E as provas? Eu peço a D'us todos os dias como fraco que sou, homem grande em estatura e pequeno na fé, que ELE tenha misericórdia de mim da minha casa e dos meus verdadeiros amigos, que passe de nós este cálice.

Att, Ricardo Crasto. Zacha Le-se: ZARRA.

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Dizimar não é uma doutrina cristã

Introdução

         Este ensaio é um resumo do meu livro “Should the Church Teach Titing? – A Theologian’s Conclusions About a Taboo Doctrine” (Deveria a Igreja Ensinar a Dizimar? - Conclusões de um Teólogo Sobre Uma Doutrina Tabu). O

         Em muitas igrejas, hoje em dia, a doutrina de dizimar tem atingido o nível de escândalo moderno. Conquanto os livros sobre Hermenêutica e os teólogos omitam o dizimar, por outro lado a prática tem se tornado rapidamente uma exigência aos membros da igreja, nas várias denominações, que insistem em dizer que estão embasadas nas sólidas doutrinas da Bíblia. Existe ainda uma crescente evidência de que os leigos que questionam a legitimidade do dizimar, são em geral criticados como criadores de casos ou taxados de  cristãos imaturos.

O Dizimar moderno baseia-se em falsas premissas - A declaração de uma denominação sobre mordomia é típica do que muitas outras ensinam sobre o dízimo. Ela diz que “Dizimar é o modelo bíblico e o ponto inicial que Deus tem estabelecido e que não deve ser substituído nem comprometido por nenhum outro modelo”. Ela acrescenta que o dízimo deve ser entregue a partir da renda bruta, o qual é devido à igreja, antes dos impostos.

         Os seguintes pontos deste ensaio vão contestar os ensinos usados para estruturar o dízimo com o que realmente diz a Palavra de Deus.

Ponto 1 - Os princípios de dar no Novo Testamento, na 2 Coríntios 8,9 são superiores ao dizimar.

         O falso ensino é que dizimar é uma exigência obrigatória, a qual sempre precede o dar voluntariamente. O dar voluntariamente precedia o dizimar.

Os seguintes princípios de dar voluntariamente  estão fundamentados na 2 Coríntios 8 e 9 (1). Dar é uma “graça”. A 2 Coríntios 8 usa oito vezes a palavra “graça”, referindo-se à ajuda aos santos pobres (2). Dar primeiro a Deus  (8:5). (3) Dar-se a si mesmo para conhecer a vontade de Deus (8:5) (4) Dar em resposta ao dom de Cristo (8:9 e 9:15). (5) Dar com desejo sincero (8:8, 10, 12 e 9:7) (6) Não dar por causa de mandamento algum (8:8,10; 9:7). (7) Dar além de sua capacidade (8:3, 11, 12) (8) Dar para produzir igualdade. Isso quer dizer que os que têm mais devem dar mais, a fim de suprir a incapacidade dos que não podem dar mais (8:12,14) (9)Dar com alegria (8:2). (10) Dar porque está crescendo espiritualmente (8:3,4,7). (11) Dar porque deseja crescer espiritualmente (9:8, 10, 11). (12) Dar porque está ouvindo o Evangelho ser pregado (9:13).

 

Ponto 2 - Na Palavra de Deus o dízimo é sempre em alimento

O falso ensino é que os dízimos bíblicos incluem todas as fontes de renda.

         Não usem o Dicionário de Webster. Usem a Palavra de Deus para definir a palavra “dízimo”. Abram uma boa “Concordância Bíblica”. Vocês vão descobrir que a definição usada pelos advogados do dízimo está errada.  Na Palavra de Deus o vocábulo “dízimo” não aparece sozinho. Embora já existisse dinheiro, a substância do dízimo divino jamais foi dinheiro.  Ele era o “dízimo do alimento”. Isso é muito importante. ** Os verdadeiros dízimos bíblicos eram sempre somente o alimento proveniente das fazendas e rebanhos, somente dos israelitas que vivessem exclusivamente dentro da Terra Santa de Deus, as fronteiras nacionais de Israel ** A fartura provinha da mão de Deus e não da manufatura ou habilidade do homem.

         Existem 15 versos de 11 capítulos e 8 livros, de Levítico 27 a Lucas 11, que descrevem o conteúdo do dízimo. E o conteúdo jamais, repito, jamais incluía dinheiro, prata, ouro ou qualquer outra coisa, além de alimento. Mesmo assim, a definição incorreta de “dizimar” é a maior mentira que está sendo pregada sobre esse ato, hoje em dia. (Vejam Levítico 27:30,32; Números 18:27,28; Deuteronômio 12:17; 14:22, 23, 26; 2 Crônicas 31:5; Neemias 10:37; 13:5; Malaquias 3:10; Mateus 23:23 e Lucas 11:42).

 

Ponto 3 - O dízimo de Abraão a Melquisedeque se embasou numa tradição pagã.

O falso ensino é que Abraão deu voluntariamente o dízimo porque foi a vontade de Deus.

Contudo, pelas seguintes razões, Gênesis 14:20 não pode ser usado como exemplo para os cristãos dizimarem:

1 - A Bíblia não diz que Abraão deu “voluntariamente” esse dízimo.

2 - O dízimo de Abraão não foi um dízimo santo, da Terra Santa de Deus, produzido pelo povo santo de Deus.

3 - O dízimo de Abraão foi do espólio de guerra, o que era comum a muitas nações.

4 - Em Números 31, Deus exige apenas 1% dos espólios de guerra.

5 - O dízimo de Abraão a Melquisedeque aconteceu apenas uma vez e Abraão mudava sempre de lugar.

6 - O dízimo de Abraão não proveio de sua riqueza pessoal.

7 - Abraão nada conservou para si mesmo, tendo devolvido tudo.

8 - O dízimo de Abraão não é mencionado em nenhuma parte da Bíblia, a fim de respaldar o ato de dizimar.

9 - Gênesis 14:21 é o texto chave. Visto como muitos comentários explicam o verso 21 como exemplo da tradição pagã árabe, é uma contradição explicar os 90% do verso 21 como pagão, ao mesmo tempo insistindo-se em que os 10% do verso 20 eram a vontade de Deus.

10 - Se Abraão serve de exemplo para o cristão dar 10% a Deus, então deveria também ser um exemplo para ele dar os restantes 90% a Satanás, ou ao Rei de Sodoma!

11 - 0 Visto como nem Abraão nem Jacó tinham um sacerdócio levítico para manter, eles não tinham lugar algum onde entregar os dízimos, durante os seus muitos movimentos.

Ponto 4 - Os Primeiros Dízimos eram recebidos pelos servos dos sacerdotes.

        O falso ensino é que os sacerdotes do Velho Testamento recebiam todo o primeiro dízimo.

         A verdade é que o dízimo “completo”, o primeiro dízimo, não ia para os sacerdotes, de modo algum. Em vez disso, conforme Números 18:21-24 e Neemias 10:37, ele ia para os servos dos sacerdotes, os levitas. Em seguida, conforme Números 18:25-28 e Neemias 10:38, os levitas davam o “melhor décimo” desses dízimos (1%) recebidos aos sacerdotes que ministravam os sacrifícios pelos pecados e serviam dentro dos locais sagrados. Os sacerdotes não dizimavam pessoalmente, de modo algum.

         É também importante saber que em troca de receber, esses dízimos, tanto os levitas como os sacerdotes perdiam todo o direito à herança permanente da terra dentro de Israel (Números 18:20-26; Deuteronômio 12: 12; 14:27,29; 18:1-2; Josué 13:14,33; 14:3; 18:7; Ezequiel 44:28). Os levitas que recebiam o primeiro dízimo eram proibidos de ministrar os sacrifícios de sangue, sob pena de morte (Números 18:3). Não há continuação dessa ordenança na Nova Aliança.

 

Ponto 5 - A frase: “É santo ao Senhor” não torna o dízimo um princípio eterno moral.

O falso ensino  é que Levítico 27:30-32 prova que o dízimo é um “eterno princípio moral” porque “ele é santo do Senhor”.

         Contudo, os mestres do dízimo devem ignorar a frase mais forte “ele é santíssimo ao Senhor”, nos imediatos versos precedentes: 28 e 29. Isso porque os versos 28 e 29 não são definitivamente “eternos princípios morais” na igreja. Em seu contexto, as frases “É santo ao Senhor” e “é santíssimo ao Senhor” não podem se interpretadas como “eternos princípios morais”. Por que? Porque quase qualquer outro uso desta frase em Levítico foi há muito descartado pelos cristãos. Frases semelhantes são também usadas para descrever todos os festivais, ofertas sacrificais, distinção entre alimentos puros e impuros, os sacerdotes da Antiga Aliança e o santuário da antiga Aliança.

Ponto 6 - Existem na Bíblia quatro tipos diferentes de Dízimos.

O falso ensino ignora todos os outros dízimos e focaliza somente a parte do primeiro dízimo religioso.

Na realidade, o primeiro dízimo religioso chamado o “Dízimo Levítico” tinha duas partes. Novamente todo o primeiro dízimo era dado aos levitas, os quais eram apenas servos dos sacerdotes (Números 18:21-24; Neemias 10:37). Por sua vez, os levitas davam 1/10 de todos os dízimos aos sacerdotes (Números 18:25-28; Neemias 10:38). Conforme Deuteronômio 12 e 14, o segundo dízimo religioso, chamado o “Dízimo de Festa”, era comido pelos adoradores, nas ruas de Jerusalém, durante os três festivais anuais (Deuteronômio 12:1-19; 14:22-26). E conforme Deuteronômio 14 e 26, o terceiro dízimo, chamado o “dízimo dos pobres” guardados nas casas, a cada três anos, era usado para alimentar os pobres (Deuteronômio 14:28-29; 26:12-13).

Ainda conforme o 1 Samuel 8:14-17, o Rei coletava o primeiro e o melhor 10% para uso político. Durante o tempo de Jesus, Roma coletava os primeiro 10% da maior parte dos alimentos e 20% da colheita de frutas como espólio de guerra.

É de admirar que as igrejas estejam tentando omitir isso, quando falam somente de um dízimo religioso, simplesmente porque este se encaixa melhor em seus propósitos, ignorando os outros dois importantes dízimos religiosos.

Outro erro comum é equacionar o dízimo com “as primícias”, ou até mesmo com “o melhor”. Enquanto o dízimo do dízimo (1%) que era dado aos sacerdotes, era “o melhor” do que os levitas recebiam, o dízimo que os levitas recebiam era 1/10, mas não necessariamente “o melhor”. (Levítico 27:32,33). Também, enquanto as primícias e o primogênito de cada animal puro eram levados diretamente ao Templo, o dízimo era entregue diretamente nas cidades levíticas (Neemias 10:35-38).

Segundo alguns historiadores, “as primícias” eram ofertas extremamente pequenas. Em geral “as primícias” de uma vila inteira podiam ser carregadas em um único animal.

Ponto 7 - Jesus, Pedro Paulo e os pobres não dizimaram.

O falso ensino é que de todo mundo no Velho Testamento era exigido que trouxesse sua oferta a Deus a nível de 10%.

Na realidade nenhum dízimo era exigido dos pobres. Nem também provinha o mesmo das mãos do artesão ou do seu ofício. Somente os fazendeiros e pecuaristas possuíam o que era definido como ganho ao dízimo. Jesus era carpinteiro; Paulo era artesão de tendas e Pedro era pescador. Nenhuma dessas ocupações os qualificava como pagadores do dízimo, visto como não cultivavam a terra nem possuíam rebanhos para o seu sustento. Desse modo, é incorreto ensinar que todo mundo pagava a exigência mínima de um dízimo e, então, que dos cristãos da Nova Aliança deveria ser exigido, apenas para início, esse mesmo mínimo da Velha Aliança dos israelitas. Esta afirmação é comumente repetida nas igrejas, ignorando completamente a exata definição do dízimo como alimento obtido nas fazendas e no aumento dos rebanhos.

Também é errado ensinar que era exigido dos pobres de Israel que estes pagassem o dízimo. Na verdade, eles até recebiam dízimos. Boa parte do dízimo dos festivais era entregue aos pobres. De fato, muitas leis protegiam os pobres do abuso dos sacrifícios dispendiosos, para os quais eles não podiam ofertar. (Vamos ler Levítico 14:21; 25:6,25-28,35,36; 27:8; Deuteronômio 12:1-19; 14:23,28-29; 15:7,8,11; 24:12,14,15,19,20; 26:11-13; Malaquias 3:5; Mateus 12:1,2; Marcos 2:23-24; Lucas 2:22-24; 6:1-2; 2 Coríntios 8:12-14; 1 Timóteo 5:8; Tiago 1:27).

 

Ponto 8 - Os dízimos eram muitas vezes usados como impostos políticos.        

         O falso ensino é que os dízimos nunca são comparados aos impostos ou taxas.       

        Contudo, na economia hebraica, o dízimo era usado de maneira totalmente diferente da que hoje é pregada. Mais uma vez, os levitas que recebiam o dízimo inteiro nem sequer eram ministros ou sacerdotes - eles eram apenas servos dos sacerdotes. Números 3 descreve os levitas como sendo carpinteiros, fundidores de metal, artesãos de couro e artistas, que mantinham o pequeno santuário. E 2 Crônicas 23-27, durante o tempo dos reis Davi e Salomão, os levitas também foram peritos artesãos, os quais inspecionavam as obras do Templo. Vinte e quatro mil deles trabalhavam no Templo como construtores e supervisores; seis mil eram oficiais e juízes; quatro mil eram guardas e quatro mil eram músicos.

        Como representantes políticos do rei, os levitas usavam o seu dízimo para servir aos oficiais, juízes, coletores de impostos, tesoureiros, guardas do Templo, músicos, padeiros, cantores e soldados profissionais (1 Crônicas 12:23,26; 27:5). É obvio que esses exemplos do uso bíblico da entrada do dízimo nunca se tornam exemplos para a igreja de hoje.

        É importante saber que na Antiga Aliança os dízimos nunca eram usados para evangelizar os não israelitas. Neste ponto o dízimo falhou. Vejam Hebreus 7:12-19. Os dízimos jamais estimularam os levitas e sacerdotes da Antiga Aliança a estabelecer uma única missão fora do país, para encorajar um só gentio a se tornar israelita (Êxodo 23:32; 34:12,15; Deuteronômio 7:2).

         O dízimo da Antiga Aliança era motivado e exigido por lei, não pelo amor.  De fato, durante a maior parte da história de Israel, os profetas foram os principais portadores da Palavra de Deus e não os levitas e os sacerdotes que recebiam o dízimo.

 

Ponto 9 - Os dízimos levíticos eram normalmente levados às cidades levíticas.

        Os falsos mestres querem que pensemos que todos os dízimos eram levados ao Templo e que agora devem ser levados ao armazém do edifício eclesiástico.

        O dízimo inteiro jamais foi para o Templo. Na realidade, a extraordinária maioria dos dízimos levíticos jamais foi para o Templo. Os que ensinam o contrário ignoram as cidades levíticas e as 24 localidades dos levitas e sacerdotes. Conforme Números 35, Josué, 20, 21 e 1 Crônicas 6, os levitas e os sacerdotes residiam nas cidades levíticas, em terras emprestadas, onde cultivavam o solo e criavam os animais dizimáveis. Está claro em Números 18:20-24; 2 Crônicas 31:15-19 e Neemias 10:37, que do povo comum esperava-se que trouxesse dízimos às cidades levíticas. Por que? Porque lá vivia a grande maioria dos levitas e sacerdotes com suas famílias, a maior parte do tempo. Vejam também Neemias 13:9.       

Ponto 10 - Malaquias 10 é o texto do qual mais se tem abusado na Bíblia sobre o dízimo.

        O falso ensino sobre os dízimos em Malaquias ignora cinco fatos importantes da Bíblia.       

1.      - Malaquias é contexto da Antiga Aliança e nunca é citado na Nova Aliança para a Igreja (Levítico 27:34; Neemias 10:28-29; Malaquias 3:7; 4:4).

2.      - Malaquias 1:6; 2:1 e 3:1-5 são muito claramente endereçados aos sacerdotes desonestos, os quais são amaldiçoados porque haviam roubado as melhores ofertas de Deus.

3.      - As cidades levíticas devem ser consideradas, enquanto Jerusalém nunca foi uma cidade levítica (Josué 20, 21). Não faz sentido algum ensinar que 100% dos dízimos eram levados ao Templo, quando a maioria dos levitas e sacerdotes não morava em Jerusalém.

4.      - Em Malaquias 3:10-11, os dízimos ainda são apenas alimentos (Levítico 27:30-33).

5.      - As 24 localidades residenciais dos levitas e sacerdotes também devem ser levados em conta.

Começando com os Reis Davi e Salomão, eles foram divididos em 24 famílias. Essas divisões também continuavam a vigorar no tempo de Malaquias, com Esdras e Neemias. Visto como normalmente apenas uma família servia ao Templo e por uma semana da cada vez, não havia, absolutamente, qualquer razão para que todos os dízimos fossem enviados ao Templo, quando 98% daqueles a quem se destinavam como alimento ainda se encontravam nas cidades levíticas (1 Crônicas 24:26; 28:13,21; 2 Crônicas 8:14; 23:8; 31:2, 15-19; 35:4-5,10; Esdras 6:18; Neemias 11:19,30; 12:24; 13:9-10; Lucas 1:5).

Desse modo, quando o contexto das cidades levíticas, as 24 famílias dos sacerdotes, os filhos menores, as viúvas, Números 18:20-28, 2 Crônicas 31:15-19, Neemias 10-13 e todo o livro de Malaquias são avaliados, vemos que apenas 2% do total do primeiro dízimo eram normalmente exigidos no Templo de Jerusalém.

Tanto a bênção como a maldição de Malaquias 3:9-11, perduraram somente até o término da antiga Aliança, ou seja, até o Calvário. A audiência de Malaquias havia voluntariamente reafirmado a Antiga Aliança (Neemias 10:28-29. “Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém”(Deuteronômio 27:26, citado em Gálatas 3:10). E Jesus Cristo deu um fim a essa maldição, conforme Gálatas 3:13: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”.

            Hoje em dia, a classe mais pobre é a que mais contribui para beneficência. E, mesmo assim, ela permanece na pobreza. A loteria e os dízimos não são uma garantia para alguém enriquecer depressa, em vez da educação, da determinação e do árduo trabalho. Se Malaquias 3:10 funcionasse realmente com os cristãos da Nova Aliança,  nesse caso milhões de cristãos dizimistas já teriam escapado da pobreza e se tornado o grupo mais rico do mundo, em vez de continuar sendo pobre. Portanto, não existe evidência alguma de que a vasta maioria dos pobres “pagadores do dízimo” tenha sido abençoada pelo mero fato de o entregar. As bênçãos da Antiga Aliança já não estão em efeito (Hebreus 7:18-19; 8:6-8, 13).

Ponto 11 - O dízimo não é ensinado no Novo Testamento.

        O falso ensino é que Jesus ensinou a dizimar, em Mateus 23:23, dizendo que isso está claro no Novo Testamento.

        A Nova Aliança não teve princípio no nascimento de Jesus, mas na Sua morte (Gálatas 3:19, 24, 25; 4:4). O dízimo não é ensinado na igreja, depois do Calvário.  Quando Jesus falou sobre o assunto em Mateus 23:23, Ele estava simplesmente ordenando a obediência às leis da Antiga Aliança, a qual ele endossou e obedeceu até chegar ao Calvário. Em Mateus 23:23, Ele mandou que os judeus obedecessem aos escribas e fariseus, porque estes se assentavam na cadeira de Moisés. Por acaso Ele ordenou que os gentios por Ele curados comparecessem diante dos sacerdotes judeus?

        Não existe um único texto do Novo Testamento que ensine a dizimar após o período do Calvário. (Atos 2:42-47 e 4:32-35 não são exemplos para se dizimar, a fim de sustentar os líderes da igreja). Conforme Atos 2:46, os cristãos judeus continuavam a adorar no Templo. E conforme Atos 2:44 e 4:33,34, os líderes da igreja compartilhavam igualmente o que recebiam com todos os membros da igreja (o que hoje não se faz). Finalmente, Atos 21:20-25, prova que os cristãos judeus ainda observavam fielmente toda a Lei de Moisés - até 30 anos depois - devendo aí ser incluído o dizimar, pois se não o fizessem, não poderiam ter permissão de entrar no Templo para adorar. Desse modo, todos os dízimos coletados pelos primeiros cristãos judeus eram para o sustento do Templo e não para sustentar a igreja.

Ponto 12 - Os sacerdotes da Antiga Aliança foram substituídos pelos pastores bíblicos.

        O falso ensino é que os anciãos e pastores da Nova Aliança estão simplesmente continuando de onde os sacerdotes da Antiga Aliança deixaram e por isso devem receber o dízimo.

        Comparem Êxodo 19:5, 6 com a 1 Pedro 2:9-10. Antes do incidente do bezerro de ouro, Deus havia pretendido que todo israelita se tornasse um sacerdote e o dízimo jamais foi mencionado. Os sacerdotes não dizimavam, mas recebiam 1/10 do primeiro dízimo (Números 18:26-28 e Neemias 10:37-38).

         A função e o propósito dos sacerdotes da Antiga Aliança foram substituídos, não pelos anciãos e pastores, mas pelo sacerdócio de todos os crentes. Como outras ordenanças da Lei, o dízimo foi apenas uma sombra temporária, até a vinda de Cristo (Efésios 2:14-16; Colossenses 2:13-17; Hebreus 10:1). Na Nova Aliança cada crente é um sacerdote de Deus (1 Pedro 2:9-10; Apocalipse 1:6; 5:10). E como sacerdote cada crente oferece sacrifícios a Deus (Hebreus 4:16; 10:19-22; 13:15-16). Então, cada ordenança que havia sido previamente aplicada ao antigo sacerdócio foi anulada no Calvário. Visto não pertencer à Tribo de Levi, até mesmo Jesus Cristo foi desqualificado. Desse modo, o propósito original de dizimar já não existe (Hebreus 7:12-19; Gálatas 3:19, 24, 25; 2 Coríntios 3:10).

Ponto 13 - A Igreja da Nova Aliança não é um edifício nem um armazém.

        O falso ensino é que os edifícios cristãos chamados “igrejas”, “tabernáculos” ou “templos”, substituíram o Templo do Velho Testamento como locais de habitação divina.

        A Palavra de Deus jamais descreve os grupos da Nova Aliança como ”tabernáculos”, “templos” ou “edifícios”. Os cristãos não “vão à igreja”. Eles se “reúnem para adorar”. Também, visto que os sacerdotes do Velho Testamento pagavam o dízimo, então, logicamente, o dízimo não pode continuar. Nesse caso, é errado chamar um edifício de “armazém do Senhor” para receber os dízimos (1 Coríntios 3:16-17; 6:19-20; Efésios 1:22-23; 2:21; 4:12-16; Apocalipse 3:12). Com respeito à palavra “armazém” comparem a 1 Coríntios 16:2 com a 2 Coríntios 12:14 e Atos 20:17, 32-35. Durante vários séculos após o Calvário, os cristãos nem mesmo possuíam um edifício próprio (que chamassem de armazém), visto como o Cristianismo era uma religião ilegal.

Ponto 14 - A Igreja cresce quando usa os melhores princípios da Nova Aliança.

O falso ensino é que os princípios de dar graças não são tão bons como os princípios do dizimar na Antiga Aliança.

Sob a Nova Aliança:

1 - Conforme Gálatas 5:16-23, não existe lei física que possa controlar  o fruto do Espírito Santo [Infelizmente o Espírito Santo  é Quem mais tem sofrido nas igrejas neopentecostais, que o transformaram num office-boy, o qual tem “obrigação” de descer quando invocado e de fazer tudo que os pastores semi-bíblicos e os crentes imaturos dessas igrejas acham por bem exigir dEle. Essas pessoas mal conhecedoras da Bíblia se comportam com o Espírito Santo exatamente como os feiticeiros se comportam com os maus espíritos].

2 - A 2 Coríntios 3:9-10 ensina: “Se o ministério da condenação [Antiga Aliança] foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça [Nova Aliança]. Porque também o que foi glorificado nesta parte não foi glorificado, por causa desta excelente glória”.

3 - Hebreus 7 apenas faz a menção pós-Calvário de dizimar, numa explanação de porque o sacerdócio levítico deve ser substituído pelo sacerdócio de Cristo, porque aquele era fraco e ineficiente. Estudem Hebreus 7 e sigam a progressão do verso 5 ao verso 12 e ao verso 19.

4 - A maneira pela qual o dízimo é hoje ensinado reflete o fracasso da igreja em crer e agir segundo os muito melhores princípios do amor, da graça e da fé. O princípio do dízimo obrigatório não pode nem poderia ter sido mais próspero à igreja do que os princípios guiados pelo verdadeiro amor a Cristo e às almas perdidas (2 Coríntios 8:7-8). [Se o dízimo fosse usado para sustentar os missionários, as viúvas pobres e os órfãos, ele seria um princípio de amor e graça, mas, infelizmente, ele é usado hoje em dia para comprar aparelhos de som e para outros fins nada cristãos...]

Ponto 15 - O Apóstolo Paulo preferia que os líderes da igreja se auto-sustentassem.

        O falso ensino é que Paulo ensinou e praticou o dízimo.

        Nada poderia estar mais longe da verdade. Como um rabino judeu, Paulo estava entre os que insistiam em trabalhar com as próprias mãos pelo seu sustento (Atos 18:3; 1 Tessalonicenses 2:9-10; 2 Tessalonicenses 3:8-14). Embora ele não tenha condenado os que recebiam sustento pela obra em tempo integral, também não ensinou que tal sustento fosse ordenado por Deus, para difusão do Evangelho. (1 Coríntios 9:12). De fato, duas vezes em Atos 20:29, 35 e também na 2 Coríntios 12:14, ele até mesmo encoraja os anciãos da igreja a trabalharem para manter os necessitados da igreja [Eu só queria ver um dos pastores atuais trabalhando para ajudar os pobres da igreja!].

        Para Paulo, a expressão “viver do evangelho” significava “viver segundo os princípios da fé, do amor e da graça” (1 Coríntios 9:14). Conquanto verificasse ter “direito” a alguma ajuda, ele concluía que a  “liberdade” de pregar o seu evangelho era mais importante, a fim de cumprir a sua vocação de Deus (1 Coríntios 9:15; 11:7-13; 12:13,14; 1 Tessalonicenses 2:5-6). Enquanto trabalhava como artesão de tendas, Paulo aceitou uma certa ajuda, porém se gloriava de que o seu pagamento ou salário era o fato de poder pregar livremente, sem se tornar um fardo para os outros (1 Coríntios 9:16-19).

 

Ponto 16 - O dízimo não se tornou uma lei na igreja, até o Ano 777 d.C.

 

        O falso ensino é que a igreja histórica sempre ensinou o dízimo.

 

        Até mesmo em Atos 21:20-26, algumas décadas após o Calvário, os primeiros cristãos judeus em Jerusalém continuavam seguindo fielmente a lei da Antiga Aliança e ainda adoravam e ajudavam a manter o templo judaico. Como eles eram judeus obedientes, a lógica nos força a concluir que eles continuavam a entregar os dízimos dos alimentos colhidos ao sistema do Templo.

         Conquanto discordando dos seus próprios teólogos, muitos historiadores da igreja escrevem que o dízimo não se tornou uma doutrina aceita na igreja, durante mais de 700 anos após o Calvário. Os antigos pais da igreja, antes de 321 d.C. (quando Constantino tornou o Cristianismo uma religião legal) se opunham ao dízimo, considerando-o uma doutrina puramente judaica. Clemente de Roma (Ano 95), Justino Mártir (150), o Didaquê (150-200) e Tertuliano (150-220) se opunham ao dízimo. Até mesmo Cipriano (200-258) rejeitou a introdução do dízimo incluído na distribuição aos pobres.

        De fato, os antigos líderes da igreja praticavam o ascetismo. Isso quer dizer que ser pobre era a melhor maneira de servir a Deus. Eles copiavam sua adoração conforme as sinagogas judaicas, as quais tinham rabinos que se auto-sustentavam, recusando-se a  receber dinheiro para ensinar a Palavra de Deus (Ver Schaff - “History of Christian Church”, vol. 2, 63, 128, 98-200, 428-434).

        Segundo os melhores historiadores e enciclopédias, 500 anos se passaram até que a igreja, no Concílio de 585, tentasse, sem sucesso algum, forçar os seus membros a dizimar. Mas não foi antes de 777 d.C. que o Imperador Carlos Magno permitiu legalmente que a igreja coletasse dízimos [É claro que a Igreja de Roma, a qual coroou Carlos Magno,  foi quem ressuscitou o dízimo, por causa da sua desmedida ganância por riqueza material].

Conclusão

 

        Na Palavra de Deus o vocábulo ”dízimo” não aparece sozinho. Ele é sempre “o dízimo do alimento”. O dízimo bíblico era muito estritamente definido e limitado pelo próprio Deus.

         Os verdadeiros dízimos bíblicos sempre eram:

1.     - Apenas em alimentos.

2.     - Somente de fazendeiros e pecuaristas.

3.     - Somente dos israelitas.

4.     - Somente de quem vivia dentro da Terra Santa de Deus, das fronteiras nacionais de Israel.

5.     - Somente sob os termos da Antiga Aliança.

6.     - A fartura só poderia provir da mão de Deus.

Por conseguinte:

1.      - Itens não alimentícios não podiam ser dizimados.

2.      - Animais limpos caçados e peixes não podiam ser dizimados.

3.      - Os não israelitas não podiam dizimar.

4.      - Alimentos que viessem de fora da Terra Santa de Deus não podiam penetrar no Templo.

5.      - O dízimo legítimo não acontecia quando não houvesse o sacerdócio levítico.

6.      - O dízimo não podia provir do que fosse fabricado pelas mãos do homem, produzido ou apanhado na pesca.

 

Convido os líderes de igrejas para uma discussão aberta sobre este assunto. O estudo cuidadoso em oração da Palavra de Deus é essencial ao crescimento da igreja. Que Deus os abençoe.

 
 
As "raízes judaicas" do cristianismo.
 
ENFIM… A técnica mais recente usada pelos missionários cristãos e o clero do cristianismo é o que chamam de “o aprendizado sobre as raízes judaicas do cristianismo”. Alguém pode pensar que o cristianismo começou com os judeus ou se desenvolveu do judaísmo. Contudo, não é isso o que significa “as raízes judaicas”. As raízes do cristianismo derivadas do judaísmo são as que estabelecem uma interpretação teológica cristã a uma cerimônia ou ritual judaico. Então afirmam que esta interpretação teológica cristã proposta “pode ser encontrada” em algo judaico (porque teria sido originalmente proposta pelos judeus), demonstrando que o cristianismo veio do judaísmo. Isso é absurdo, e demonstra as dimensões que adotam para obter assim legitimidade judaica.
 
UMA EXPLICAÇÃO COMPLETA Uma história: David tinha um jardim absolutamente formoso. Nele ele produzia so tomates mais perfeitos jamais vistos! Um dia, Mateus veio e plantou pepinos à direita do meio do jardim de David. Quando os pepinos começaram a brotar, Mateus disse a todos que os tomates foram a raiz de seus pepinos, ou seja, que os pepinos haviam se desenvolvido a partir dos tomates e que este resultado fazia com que -- a meta -- os tomates amadurecessem. 
 
A história acima pode parecer ridícula, mas é exatamente o que muita gente que ensina “as raízes judaicas do cristianismo” realmente faz. Plantam os pepinos cristãos, por assim dizer, no meio dos tomates judaicos, e depois afirmam que o que plantaram ali brotou naturalmente do que ali crescia desde o principio. Em outras palavras, colocaram uma interpretação teológica cristã em uma cerimônia ritual judaica. Então afirmam que esta interpretação teológica cristã proposta “foi encontrada” em algo judaico (porque foi originalmente plantada ali pelos judeus), demonstrando que o cristianismo veio do judaísmo. Isto é absurdo, e demonstra as dimensões que adotam para obter assim legitimidade judaica. Deixe-me dar um exemplo: 
 
A maioria das pessoas sabe que há três matsot (pães não-fermentados, ázimos) na bandeja do Seder de Pessach (Páscoa judaica). A maioria das pessoas sabe que matsá do meio é retirada e partida em dois. Um dos pedaços é escondido e deve ser procurado novamente ao final da refeição. Quando encontrado, simboliza o Aficomán. A matsá contém linhas e colunas de furinhos. Os cristãos dirão que a matsá, bem como o ritual com o Aficomán, simboliza Jesus, e por isso indicam que a teologia básica do cristianismo pode ser encontrada em rituais judaicos. Para eles, isso demonstra as “raízes judaicas" do cristianismo. Eles asseguram que as colunas e os furinhos representam as marcas de Jesus depois de ser açoitado, e os furinhos representam os furos que Jesus teve pela crucificação. Asseguram que as três matsot representam aTrindade do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Por favor, note que é a matsá do meio, o “Filho” na Trindade, que é retirado e partido (crucificado), escondido (enterrado) e levado de volta à mesa (ressuscitado). 
 
O problema é que isso é uma mentira absoluta. Nã havia seder, nenhuma Hagadá, tampouco três matsot em nenhuma bandeja do seder em que Jesus estava; sequer havia a bandeja do seder. Todos os rituais desenvueltos do seder vieram anos depois que Jesus vivera. As primeiras discussões de um ritual de Pessach descrevem somente a metade de uma matsá. Esta metade de matsá logo era partida em dois, formando assim quatro pedaços do original; e era colocado de lado para ser comido após a refeição. Não era ocultado, mas sim posto à vista de todos. A idéia de ocultá-lo veio na metade do século 17 na Alemanha, como maneira de manter as crianças interessadas no serviço religioso; uma idéia que finalmente foi acolhida entre os judeus ao redor do mundo. A razão pela qual a matsá tem colunas e furinhos é que é feita a máquina. Esta é que faz as colunas e furinhos enquanto a massa passa por ela. Esta máquina foi inventada já apenas cerca de 150 anos, me meados do século 19. 
 
Obviamente os missionários cristãos e aqueles que desejam ver o cristianismo como originário do judaísmo podem interpretar qualquer coisa de um modo cristão. Mas isso não significa que o cristianismo se originou de qualquer coisa que eles interpretem. 
 
Um cristão pode perguntar: “Mas não é correto dizer que os cristãos vêm dos primeiros judeus?” Sim, mas isto é inaplicável. Os primeiros Protestantes eram Católicos Romanos. Martinho Lutero era sacerdote católico. Os católicos romanos não consideram o cristianismo protestante como outra forma de Catolicismo Romano. 
 
Se lermos o libvo apócrifo de Macabeus I, veremos que a primeira pessoa morta na rebelião dos macabeus foi um judeu. Ele estava disposto a ir e sacrificar um porco para Zeus, já que Matatias, um sacerdote, havia se recusado a fazê-lo. Obviamente, ele tinha que ser um judeu muito assimilado. Caso tivesse sobrevivido ao ataque de Matatias e, mais adiante, formado uma religião dedicada à adoração de Zeus e de seus filhos metade deuses, metade humanos, seria a sua fé recém-formada outra forma de judaísmo? Ele chamaria a nova fé de “Judeus por Zeus”," ou de “Judeus por Zeus e Seus Filhos Metade Humanos?” Isso significa que sua nova fé teria “raízes judaicas”. 
 
Os missionários cristãos — e isso inclui os “Judeus por Jesus”, “Judeus Messiânicos", “Judeus em Cristo”, “Cristãos Hebreus” ou qualquer outra denominação similar — adotam qualquer método para conseguir que um judeu verdadeiro se converta. Tomam qualquer coisa judaica e põem nela um simbolismo cristão. Então assegurarão que, uma vez que podem agora encontrar simbolismo cristão neste símbolo judaico, esta é a “prova” de que o cristianismo se originou dele, que é a fonte da teologia cristã e que os judeus são demasiado estúpidos para não ver como a teologia cristã é aquilo que Deus quer que vissem, acima de tudo.
 
Contudo, isso também pode ser feito com qualquer coisa não-judaica! 
 
Alguém poderia fazer a mesma coisa com uma pizza. A pizza contém três elementos básicos: pão, molho de tomate e queijo. O elemento do meio é o molho de tomate, que é vermelho. Alguém poderia facilmente dar uma interpretação cristã a estes três elementos que definem a pizza: Os três ingredientes básicos da pizza representam a Trindade cristã do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 
 
O pão: chamam a Jesus de “o pão da vida”. O pão é amassado. Esta imagem de amassar o pão é igual a alguém que foi golpeado, e que poderia representar a Jesus açoitado. A massa para fazer o pão é alisada com um instrumento que faz os furos nela para tirar todo ar antes de ser levada ao forno. Este poderia se comparar a Jesus, que teve seu corpo furado durante a crucificação, assim como eles dizem sobre a matsá. 
 
O molho de tomate: o molho é vermelho como o sangue de Jesus e é espalhado sobre a massa da pizza como o sangue de um sacrifício colocado sobre um altar. 
 
O queijo: O queijo cobre o resto, como a morte de Jesus que cobriu os pecados das pessoas.
 
Do que lemos acima, podemos ver facilmente como qualquer coisa, até uma pizza, pode ser utilizada para simbolizar a Jesus. Fica a pergunta: este meio que o simbolismo encontrou na pizza indica que as raízes da pizza vêm do Cristianismo? 
 
Não há raízes judaicas no cristianismo, porque a teologia em que se baseia não condiz com a ética do que é dito na Bíblia Hebraica, e são diametralmente opostas ao que se crê no judaísmo.
 
* Artigo de autoria do Rabino Stuart Federow, reproduzido aqui com autorização.
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Testemunha de Jeova?

Por Ricardo Albuquerque - Zacha...

A . O NOME
B. TEOLOGIA DA SUBSTITUIÇÃO.

Não tenho absolutamente nada contra a fé, inclusive sou colega de muitos cristãos TJ, Evangélico...
Uma opinião sobre o texto. (não trato aqui sobre proselitismo) todos sabem que o judaísmo não é nunca foi e nunca será uma religião. (Trata-se de uma forma de vida diferente das demais)!, 
O nome: No alfabeto hebraico não existe a letra “J” logo os nomes Jeová e Jesus NÃO podem representar a nação judaica, o povo judeu e o Estado de Israel.
Um ser humano quando nasce recebe o nome vão ao cartório e a partir do ato passa a chamar fulano de tal, por exemplo: JOÃO ANTONIO DA SILVA, PEDRO AMARO DOS SANTOS, RICARDO MARTIS DE OLIVEIRA... Em quaisquer país do planeta onde você for morar, visitar, estudar, trabalhar...continuará a se chamar JOÃO, PEDRO, RICARDO etc... no passaporte com certeza não terá JONH, PETER, RICHARD. O homem costuma inovar, inovam até os mais sagrados livros.

IOD – RÊ – VAI – RÊ em hebraico trazendo para o Português, YHWH. 
Exôdo 20

Procurando inovar, os tradutores cristãos encontram uma forma de acrescentar vogais ao alfabeto hebraico que não existe, criaram a palavra YeHoWah, não conformado encontram um “j” na língua hebraica consoante que não existe, para mais inovações traduziram o nome para JEOVÁ? Cria-se uma religião, uma doutrina com um nome modificado, errôneo. Daí aparece os extremistas para em nome de JC expulsam demônios... Como expulsar demônio com um nome que não é correto.?

Esse nome tem poder? 
Poder de que, pra que?

Vamos fazer de conta que o nome Jeová seja correto, conforme bíblia cristã.

As testemunhas de Jeová são as Testemunhas de Jeová? 
Observando abaixo o texto publicado em Isaías se existe alguma TJ, neste caso em especial seriam os judeus e não os cristãos.

Isaías 43
…9Todas as nações se ajuntam e os povos se reúnem. Quem dentre eles predisse isto ou pode anunciar as magníficas obras passadas? Ora, que eles nos apresentem suas testemunhas, a fim de provarem que estavam, de fato, certos; para que outros ouçam e exclamem: ‘É verdade!’ 10‘Vós sois as minhas testemunhas!’, diz Yahweh, ‘e meu servo a quem escolhi, para que o saibais, e creiais em minha pessoa, e entendais que Eu Sou Deus e que antes de mim nenhum deus se formou, tampouco haverá algum depois de mim. 11Eu, eu mesmo, sou Yahweh, o SENHOR, e além de mim não há Salvador algum.…

Se você lê o texto em hebraico aí que fica longe dos cristãos se intitular Testemunhas de Jeová.

O Eterno fala aqui através da boca do profeta,

Para quem?
Para qual povo? 
Para cristãos? 
Para “testemunha de Jeová”?

O texto está bem claro, o ETERNO D’us dos judeus fala aqui através de um Judeu (Profeta Isaías) para outros judeus, para o povo de Israel. (SIMPLES ASSIM), não tem que procurar “Chifres na cabeça de cavalo”.
Teologia da Substituição.
O veneno da cobra faz o antídoto, vou colocar o texto abaixo, inclusive, com os versículos da bíblia cristã somada ao Tanach (bíblia judaica) que ousadamente chamam de velho testamento.

O que é a teologia da substituição?

Usam o veneno da cobra para fazer antídoto, então abaixo vou usar alguns versículos do dito novo testamento.

A Teologia da Substituição é um enfoque sistemático enganoso da Bíblia, que não apenas tem desviado milhões de cristãos ao longo dos anos, mas tem também originado o mal nas mais terríveis proporções. Essa teologia teve sua participação na perseguição aos Judeus pela Igreja através dos séculos, incluindo o Holocausto, e foi também o pensamento teológico que pairava por trás do pesadelo do apartheid.

A Teologia da Substituição declara que Israel, tendo falhado com D'us, foi substituída pela Igreja. A Igreja é agora a verdadeira Israel de D'us e o destino nacional de Israel está para sempre perdido. A restauração do moderno Estado de Israel é, assim, um acidente, sem nenhuma credencial bíblica. Os cristãos que crêem que tal restauração é um ato de D'us, em fidelidade à sua aliança estabelecida com Abraão cerca de 4000 anos atrás são considerados enganados. Esta é a posição básica dos adeptos dessa teologia.

Erros de pensamento:
A) - O método de interpretação alegórico: a Teologia da Substituição efetivamente mina a autoridade da Palavra de D'us pelo fato de que ela repousa sobre o método alegórico de interpretação. Isto é, o leitor da Palavra de D'us decide espiritualizar o texto mesmo que o seu contexto seja literal. Isto efetivamente rouba a Palavra de D'us de sua própria autoridade e o significado do texto fica inteiramente dependente do leitor. A Palavra de D'us pode assim ser manipulada para dizer qualquer coisa! Assim, a Teologia da Substituição apoia-se na falsa base da interpretação bíblica.

B) - Entendimento inadequado da Aliança: a Teologia da Substituição é apenas sustentada por aqueles que não entenderam apropriadamente a natureza da aliança abraâmica. Esta aliança é primeiramente mencionada em Gênesis 12:1-4 e depois disso repetidamente asseverada e confirmada aos patriarcas. Essa aliança é a aliança da graça, pois ela inclui a intenção de D'us de redimir o mundo todo. D'us diz a Abraão: "Em ti todas as nações do mundo serão benditas." A Aliança Abraâmica é uma aliança com três elementos vitais: 
1) - Ela declara a estratégia de alcançar o mundo através da nação de Israel. 
2) - Ela lega uma terra como uma possessão eterna à Israel.
3) - Ela promete abençoar aqueles que abençoarem a Israel, e amaldiçoar aqueles que a amaldiçoarem.

É importante que notemos aqui que se um elemento da aliança falhar então todos os elementos também falharão. Assim, se as promessas de D'us para Israel já tiverem falhado, então igualmente devem ter falhado as promessas dEle de abençoar o mundo. Se o destino nacional de Israel foi perdido através de sua desobediência, então a Igreja também está arruinada! A desobediência da Igreja tem sido tão grande quanto a de Israel nos últimos 2000 anos. Ninguém pode negar isto! Paulo enfatiza este mesmo ponto quando ele escreve: "E digo isto: Uma aliança já anteriormente confirmada por D'us, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa. Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de promessa; mas foi pela promessa que D'us a concedeu gratuitamente a Abraão." (Gál 3:17-18).

De acordo com os teólogos da substituição, esta aliança foi anulada. Somente uma compreensão inadequada e superficial da aliança pode levar à tal conclusão enganosa.

As promessas à Israel nacional são constantemente reafirmadas pelos profetas. Desta forma, Ele enfatiza a natureza de seu caráter e confirma a aliança abraâmica. Um exemplo disto é Jeremias 31:35-37: "Assim diz o Senhor, que dá o sol para a luz do dia, e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; o SENHOR dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o SENHOR, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre. Assim diz o SENHOR: Se puderem ser medidos os céus lá em cima, e sondados os fundamentos da terra cá em baixo, também eu rejeitarei toda a descendência de Israel, por tudo quanto fizeram, diz o SENHOR."

Assim, novamente, o fato de que o sol, a lua e as estrelas ainda estejam conosco confirma a contínua validade da aliança abraâmica e, como resultado, o destino nacional de Israel. Para que a teologia da substituição seja válida, o sol e a lua devem também ser apagados.

A teologia da substituição zomba do caráter de D'us pois ela repousa sobre a premissa de que se você falhar com D'us de qualquer maneira, Ele irá te descartar... mesmo que inicialmente Ele tenha te asseverado que a Sua aliança com você é eterna. Isto soa como uma resposta tipicamente humana e não como a do D'us da Bíblia.

Que nós tenhamos forte encorajamento
De acordo com o leitor do livro de Hebreus, sabemos que Deus será fiel conosco, porque apesar da desobediência de Israel, Ele manteve fidelidade para com ela. Falando da aliança abraâmica ele diz: "Por isso D'us, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento, para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que D'us minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por âncora da alma, segura e firme, e que penetra além do véu, aonde Jesus, como precursor, encontrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre. segundo a ordem de Melquisedeque." (Hb 6:17-20).

Note novamente que podemos saber que D'us é fiel pelo fato de Ele ter sido fiel para com Israel em tudo que Ele lhe prometeu. De fato, esta é a âncora de nossa alma.

1) - D'us não abandonou a nação ou o povo de Israel.
2) - Canaã é a terra de Israel até o dia de hoje.
3) - A Igreja não substituiu a Israel, mas a aumentou. " E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. - RM 11:18
4) - A restauração moderna de Israel é evidência da fidelidade de Deus às Suas promessas e é também um forte encorajamento à Igreja.
5) - A restauração de Israel culminará no governo vindouro do Messias. Portanto, a Igreja no mundo é capaz de preparar-se e de abençoar a Israel tanto quanto ela puder.
6) - A restauração de Israel à sua terra natal é o primeiro passo em direção à redenção de Israel.

Para terminar, seria bom que notássemos uma citação do Bispo de Liverpool, o Rev. J.D. Ryle: "Eu aviso que, a menos que vocês interpretem a porção profética do Velho Testamento com um significado literal simples de suas palavras, vocês não acharão ser algo fácil manter uma discussão com um judeu. Você se atreverá a dizer a ele que Sião, Jerusalém, Jacó, Judá, Efraim e Israel não significam o que eles parecem significar, mas significam a Igreja de Cristo?"

Lembram da proibição de mudar a palavra?
Lembram do que diz o 3 mandamento bíblico?

Baruch Há Shem!
Bendito seja o Nome!

Referência UOL

 

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yeshu/jesus realmente ressuscitou dos mortos?

Nada contra Jesus tudo contra a Igreja Romana.

yeshu/jesus realmente ressuscitou dos mortos?

• Conheça a verdade por trás da mais conhecida “estória” de todos os tempos
• As contradições nos relatos do novo testamento
• Por que a estória da “ressurreição” de Jesus não passa pelo crivo das Escrituras e da História?
• Por que os judeus não creem nessa estória?
• Que provas podem ser apresentadas?

 

A FARSA DA MORTE E RESSURREIÇÃO DE JESUS.

1.Jesus provou vinho misturado com fel, e bebeu vinagre (Mat. 27:34 e 48). A palavra “fel” segundo os especialistas, designa o suco da papoula, ou o ópio, também chamado de “vinho de Sodoma” --- substância alucinógena que bloqueia os sentidos (papaver somniferum).

 

2.De acordo com João, foi justamente após ter provado aquela bebida que Jesus teria morrido (João 19:30). Ou será que simplesmente “perdeu os sentidos” pelo efeito do sumo do ópio?

 

3.De acordo com Marcos 15:44, Pilatos ficou surpreso quando recebeu a notícia da morte de Jesus, pois não esperava que isso acontecesse tão rápido --- isso deixa ainda mais suspeita a estória de sua morte, pois se os castigos infligidos a ele fossem realmente tão cruéis como se supõem que foram, Pilatos não teria motivos para se surpreender!

 

4.De acordo com João 19:31-32, os soldados quebraram as pernas dos salteadores, para que sua morte fosse mais rápida. Entretanto, o texto diz que não quebraram as pernas de Jesus por que ELE JÁ ESTAVA MORTO. Curiosamente, mesmo assim, um soldado aplica-lhe um golpe de lança. Se já estava morto, que necessidade haveria de golpear-lhe com a lança (João 19:33-34)?

 

5.Cadáveres não sangram. O Jesus supostamente morto sangrou, ao ser golpeado pela lança do soldado romano (João 19:34)

 

6.É importante notar que a suposta morte de Jesus teria então sido mais rápida do que a dos ladrões. Note também que os ladrões não tomaram da mesma bebida que Jesus teria provado. Não é interessante?

 

7.Havia uma nítida pressa para que se retirassem os corpos das cruzes, pois o dia seguinte era um “grande sábado” (João 19:31). Este feriado foi um bom motivo para que José de Arimatéia pedisse permissão para Pilatos para que ele pessoalmente sepultasse Jesus. Assim, o galileu teria sido apressadamente retirado da cruz.

 

8.Por que as mulheres levariam “especiarias e ungüentos” ao sepulcro na manhã da suposta ressurreição (Luc.24:1) sendo que ANTES de colocar Jesus no sepulcro, Nicodemos já havia tomado todas essas providências, tendo preparado o cadáver com especiarias e aromas, envolvendo-o num lençol? (João 19:39-40) --- Lembre-se: as mulheres levaram UNGÜENTOS: ocorre que ungüentos ou bálsamos são além de perfumes, também remédios cicatrizantes para chagas e feridas (Jer. 46:11/51:8). Veja também Luc. 7:37 e Mat. 26:7 onde ungüentos e bálsamos são sinônimos! Por que as mulheres iriam aplicar bálsamos e ungüentos num CADÁVER que já havia sido preparado com especiarias para o sepultamento? Não é interessante que bálsamos e ungüentos sejam substâncias cicatrizantes e Jesus tenha sido perfurado e lancinado? Mas por que aplicariam tais substâncias em Jesus se ele já estava morto?

 

9.Jesus tinha conexões secretas em Jerusalém --- ele contava com certos aliados ou discípulos que nem mesmo os Doze conheciam. Basta lermos Mat. 21:1-3 no episódio em que ele ordena que seus discípulos vão até Betfagé, a fim de lhe arranjar um jumento no qual ele entrará em Jerusalém. Também é bom lermos Mat. 26:18, quando ele instrui seus discípulos a lhe prepararem a ceia. Tanto no caso do jumento quanto da ceia, as pessoas que cederam os animais e o local eram certamente contatos secretos de Jesus naquela cidade, pois os discípulos deveriam dizer apenas: “o mestre precisa deles” --- no outro caso, tudo o que deveriam fazer era seguir o homem, o qual lhes mostraria o lugar mobiliado, já preparado para a ceia. Quando as autoridades judaicas supostamente cogitaram a possibilidade de seu corpo ter sido roubado por seus discípulos de noite, certamente estavam pensando no bem conhecido grupo dos Doze... mas, por certo, não contavam com aqueles que secreta e anonimamente seguiam o Galileu. Daí, é só usar a imaginação...

 

10.Várias vezes os soldados romanos, por serem pagãos, ficaram impressionados com as palavras ou com os “sinais” que Jesus supostamente fazia (João 7:45-47). O povo de D’us, entretanto, não pode se deixar levar por palavras “bonitas” ou “sinais” --- este é um costume dos detestáveis idólatras entre as nações (Jer.10:1-2). Na crucificação, um centurião romano de acordo com Lucas, “deu glória a Deus” dizendo: “Verdadeiramente, este homem era filho de Deus” – mas, de que “deus” estaria um centurião romano falando? Adoravam eles o D’us de Israel, o único e verdadeiro? NÃO! É lógico que não!! O “deus” daqueles soldados não era outro senão MITRA, um ídolo adorado em todo o oriente por aqueles tempos. Sua adoração originou-se na Pérsia, e depois passou a ser considerado o “deus das legiões romanas” (veja O Homem em Busca de Deus, págs. 60-61)

 

11.É válido também notar que de acordo com Mat. 28:11-15, um grupo de soldados teria testemunhado a “ressurreição” --- entretanto, nenhum deles se “converteu”! O centurião que estava ao pé da cruz ficou convencido, e aqueles que viram algo bem superior, não. Você não acha isso muito suspeito, caro leitor? Não é também suspeito que os soldados tenham recebido dinheiro para ficarem calados? E mais: por que encontramos esse relato sobre os soldados apenas no evangelho de Mateus?

 

12.Como teria Mateus sabido que os soldados receberam dinheiro para ficarem calados quanto à suposta “ressurreição” de Jesus (Mat. 28:11-15)? Teria ele testemunhado o momento em que os soldados receberam aquele dinheiro? Se ele presenciou o fato, por que não o denunciou aberta e publicamente, fazendo-o apenas em seu livro (que devemos notar foi escrito bastante tempo depois que os eventos teriam acontecido)? Se Mateus ficou sabendo disso por “inspiração” do “espírito santo”, por que esse mesmo “espírito” não o advertiu dos
inúmeros erros absurdos que seu evangelho contém? (Um exemplo: Mateus alista Jeconias como ancestral de Jesus, cf. 1:11. Se a linhagem de Jesus passa por Jeconias, então Jesus JAMAIS poderia ou poderá ser rei dos judeus, pois Jeconias e SUA SEMENTE foram amaldiçoados para NUNCA MAIS governar o povo de D’us --- Jer. 22:28-30)

 

13.Jesus proibiu seus discípulos de divulgar que ele iria “ressuscitar” (Mar. 9:30-32). Ele ensinava isso apenas a eles e em particular (Mat. 17:19-22/16:20-21/Luc.8:21-22). Sendo assim, se a estória da ressurreição de Jesus é verdadeira, como as autoridades judaicas ficaram sabendo disso sendo que tudo sobre a “ressurreição” era falado em segredo? (Mat. 27:62-63)

 

14.E ainda: se as autoridades judaicas realmente estavam sabendo da doutrina da suposta “ressurreição” de Jesus, por que não o questionaram sobre isso enquanto o estavam julgando? A pergunta mais importante que fizeram era se ele admitia ser o Messias (Mat.26:63/Mar. 14:61/Luc. 22:66-67). As Escrituras NADA falam sobre MORTE e RESSURREIÇÃO do Messias --- por isso mesmo não faria sentido se os sacerdotes lhe perguntassem algo sobre isso, visto que Jesus se considerava o Messias. Para a doutrina judaica embasada nas Escrituras, a obra do Messias será coroada de êxito, sucesso e vitória --- jamais poderá acabar com condenação e morte por blasfêmia!

 

15.As Escrituras dizem que D”us não faz nada sem antes anunciar aos Seus servos, os profetas (Amós 3:7). Sendo assim, quais são as profecias que dizem respeito a morte e ressurreição do messias dos cristãos --- Jesus?

 

16.Se Jesus realmente ressuscitou, por que mentiu ao dizer:
“Eis o que está escrito: O Cristo padecerá, e terceiro dia ressurgirá dentre os mortos” (Luc. 24:46)? Onde está escrito isso na Lei ou nos Profetas?

 

17.Paulo, outro falsificador da Palavra de D’us, diz:
“Pois primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados segundo as Escrituras, e que ressurgiu ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (I Cor. 15:3-4) --- RESSURGIU ao TERCEIRODIA, segundo as Escrituras? Que Escrituras? Só se forem as “escrituras” dos pagãos e adoradores de ídolos, pois não há referência alguma nas Sagradas Escrituras Judaicas (o “antigo testamento”) que fale sobre isso. Já os livros dos pagãos contém muitos relatos de “ressurreições” de seus “deuses defuntos”, abominações como Baal, Tamuz, Mitra, Adonis, Apolônio de Tiana, etc. Por que Paulo não citou escritura alguma para amparar o que dizia? (Veja também outra mentira em João 20:9)

 

18.Para quem Jesus teria dado o “sinal” relatado em Mat.12:38-40? Não foi para os escribas e fariseus que NÃO acreditavam nele? É lógico que sim! Ora, se o sinal foi dado para aqueles que NÃO acreditavam nele, por que motivo Jesus só teria aparecido após a ressurreição APENAS para seus seguidores? Se o sinal foi dado para os INCRÉDULOS, por que Jesus NÃO apareceu para eles, afim de que pudessem averiguar sua palavra? Mas é claro: provar uma suposta “ressurreição” para alguém que já acreditava nele seria muito mais fácil...

 

19.Que parte do sistema sacrificial levítico Jesus cumpriu “ressuscitando”? Os cristãos gostam de afirmar que Jesus “cumpriu” a Lei --- mas não explicam, (ou não podem explicar) que parte do ritual levítico dos sacrifícios Jesus cumpriu ao “ressuscitar”! Por que não podem explicar? Simplesmente porque não existe nada acerca de “ressurreição” do Messias nas Escrituras então pouco no sistema sacrificial da Lei de Moisés.

 

20.Se a suposta “ressurreição” de Jesus já havia sido “prevista” pelas Escrituras, por que Jesus sempre a ensinou em segredo e só aos discípulos (Luc. 9:18-22/Mat. 17:19-23)? Que mal havia em falar sobre algo que já estava previsto nas Escrituras? Por que todo o segredo e o mistério? Isso eles NÃO explicam...

 

21.Se Jesus realmente ressuscitou, então por que os discípulos foram pegos de surpresa, inclusive não acreditando e achando que tudo não passava de delírio? (Luc. 24:11/Mar. 16:11-14/Mat. 28:17). Eles já não estavam avisados?

 

22.Se Jesus realmente ressuscitou, por que os dois relatos sobre o caminho de Emaús são completamente diferentes? Em Luc. 24:33-35, os dois discípulos contam aos onze a suposta aparição de Jesus pelo caminho; e os onze acreditam no que eles disseram, afirmando: “ressurgiu verdadeiramente o senhor e já apareceu a Simão” (Luc.24:34). Já no relato paralelo de Marcos 16:12-13, os dois discípulos contam aos outros sobre a suposta aparição de Jesus e qual é a reação deles? “tampouco acreditaram neles” --- isto é: NÃO acreditaram no que ouviram dos dois. Qual dos dois textos é o “inspirado”? Podem dois textos ser “inspirados” ao mesmo tempo e conter testemunhos diferentes? Julguemos pelo reto juízo, e pela razão!

 

23.Quando Jesus supostamente “ressuscitou” Judas ainda estava vivo? Bem, de acordo com Mat. 27:3-5, fica claro que Judas teria se matado antes mesmo da morte de Jesus. Entretanto, Paulo diz que após sua ressurreição, Jesus “foi visto por Cefas e depois pelos doze” (I Cor.15:5). Logo, se Judas já havia morrido, como teria Jesus sido visto pelos “doze”? Luc. 24:33-34 menciona onze apóstolos e fala de Cefas (Pedro) como se não estivesse presente naquela ocasião. Se isso é assim, então de acordo com Lucas o grupo dos Doze ainda estava completo, mesmo depois da suposta “ressurreição” de Jesus. Teria Judas Iscariotes então sido uma “testemunha” da “ressurreição” de Jesus?

 

24.Segundo Mat. 26:32/28:7/Mar. 16:7, os onze discípulos deveriam ir para a Galiléia após a “ressurreição” de Jesus. Muito bem; para que possamos demonstrar mais uma contradição, devemos ler Mat. 28:16-17: “Os onze discípulos partiram para a Galiléia para o monte que Jesus lhes tinha designado. Quando o viram, o adoraram, mas alguns duvidaram”. Fica claro, em primeiro lugar, que mesmo do grupo dos onze alguns creram e outros não! Isso demonstra no mínimo, que a experiência não foi assim tão convincente como os cristãos a pintam. Mas, o que diz Mar. 16:14? “Mais tarde, Jesus apareceu aos onze estando eles à mesa, e lançou-lhes em rosto a incredulidade e dureza de coração porque não creram nos que já o tinham visto ressuscitado” --- mas, espere um momento aí, sr. “evangelista” Marcos! Não foi o mesmo grupo dos onze que esteve na Galiléia e ali o viram de acordo com Mat. 28:16-17? Como então não teriam crido naqueles que já o tinham visto ressuscitado, uma vez que foram eles mesmos que supostamente o viram? Quer dizer que não criam em seu próprio testemunho ou no que seus próprios olhos viram?

 

25.Como notamos, muitos discípulos não teriam crido nas “aparições” de Jesus após sua morte, e duvidaram, mesmo tendo visto o “ressurreto” nazareno. Jesus teria dito a Tomé, um daqueles que duvidou: “Porque me viste, creste; bem-aventurados os que não viram e creram” 
(João 20:29). Como Jesus classificaria então aqueles que VIRAM e NÃO creram? Se eles que supostamente teriam visto o nazareno após a morte NÃO creram, como podemos nós que NÃO vimos crer? Se eles que tiveram essa experiência ainda não se convenceram, então como podem ser condenados os que não creem? Será então que a experiência foi assim tão CONVINCENTE como pregada pelo cristianismo? É óbvio que não...

 

26.De acordo com João 2:19-22, quando Jesus disse: “Destruí este templo e em três dias o levantarei de novo” – ele falava de seu próprio corpo, numa referência oblíqua à sua suposta ressurreição. Como vimos, diante de sua trupe de iludidos, Jesus buscou amparar nas Escrituras (ainda que mentindo!) sua suposta “ressurreição” (Luc. 24:45-46). Entretanto, quando questionado pelas autoridades judaicas (profundos conhecedores das Escrituras), o arqui-embusteiro não ousou querer citar verso algum da Bíblia para tentar apoiar suas “doutrinas”. Por que ele não fez questão de dizer que ele deveria morrer e ressuscitar “de acordo com as Escrituras”? Por que ele não as citou em frente da autoridade religiosa de seus dias? Ele não citou nada das Escrituras simplesmente por que não tinha NADA para citar! As Escrituras NÃO falam de morte e ressurreição para o Messias.

 

27.Se a ressurreição de Jesus já fora prevista pelas Escrituras, por que então Jesus falou sobre isso secretamente e somente depois que os discípulos o identificaram como o seu “messias”? Veja: “Simão Pedro respondeu: tu és o Cristo, o filho do Deus vivo (...) desde então começou Jesus a mostrar aos discípulos que era necessário ir a Jerusalém, ... ser morto e ressurgir ao terceiro dia” (Mat. 16:16 e 21) “Respondendo Pedro lhe disse: tu és o Cristo(...) então começou a ensinar-lhes que importava que o filho do homem fosse morto, e que depois de três dias ressurgisse” (Mar. 8:29 e 31 --- leia ainda Luc. 9:20-22) Não é bastante suspeito que apenas um seleto grupo de doze pessoas tenham ouvido falar de uma doutrina tão importante para o cristianismo quanto a ressurreição e que tenham falado dela APENAS após a morte de Jesus? (At.4:10/5:30) --- e mais uma questão cabe aqui: Segundo os evangelhos, Jesus ordenou que os doze e depois os setenta discípulos fossem e pregassem o evangelho (Mat. 10:5-87/Luc. 9:1-6/Luc. 10:1-9). Como vemos pelos dois primeiros textos citados, “reino” e “evangelho” são sinônimos, isto é, significam a mesma coisa. Devemos perguntar então: O QUE TERIAM OS DISCÍPULOS PREGADO ENTÃO? --- sim, porque como sabemos, a) eles não podiam dizer que Jesus era o Messias (Mat.16:20) b) também não podiam de forma alguma dizer que ele morreria (de acordo com o cristianismo para a “remissão” dos pecados) cf. Mat. 20:17-19 (veja que ele chama os discípulos “à parte”) c) e tão pouco podiam anunciar que depois de sua morte ele ressuscitaria. (Mar. 9:30-32).


Compartilhado por: Efraim Ben Tzion  


Publicado e Transcrito por: Ernesto Neto
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Rabi Yitzhak Kaduri, z"l
 
Rabbi Yitzhak Kaduri, z"l
Inúmeras são as histórias sobre a vida de Rabi Kaduri. Muitos lhe atribuíam poderes milagrosos. No universo da Cabalá, era considerado autoridade suprema. Para o mundo judaico, suas previsões eram um alerta para os doentes, pobres e desamparados, seus conselhos e bênçãos, um alento.
 
O mundo judaico perdeu no dia 28 de Tevet (28 de janeiro), um shabat, o Rabi Yitzhak Kaduri, o mais respeitado cabalista da atualidade, vítima de pneumonia. Mais de 200 mil pessoas lotaram as ruas de Jerusalém, durante horas, acompanhando o cortejo fúnebre ao cemitério de Har Menuchot, onde o sábio foi enterrado. Segundo as autoridades, este foi um dos maiores funerais registrados na memória recente de Israel, comprovando a reverência e o carinho que o venerado Rabi despertava no seio da sociedade israelense. Inúmeras personalidades religiosas e laicas, jovens e idosos, representantes de todas as correntes do judaísmo acompanharam Rabi Kaduri à sua última morada. Na ocasião o presidente de Israel, Moshe Katsav, disse: "Perdemos um dos maiores líderes espirituais desta geração, uma figura de enorme estatura, que velava por nosso povo... O rabino Kaduri deu um exemplo a todos nós ao se desprender do materialismo. Era um modelo da espiritualidade e da moralidade que acompanham o povo judeu, há gerações".
 
Uma vida dedicada à Torá
 
Homem de dons intelectuais e espirituais únicos, o Rabi Kaduri dedicou sua longa vida à Torá e a seu povo. Chamado de Rosh Hamekubalim, que poderia ser traduzido como o "Líder dos Cabalistas", era o mais respeitado mekubal da atualidade. Sua espiritualidade e profundos conhecimentos do misticismo judaico o tornavam único, reconhecido dentro e fora de Israel.
 
Rabi Kaduri nasceu no Iraque, por volta de 1897, quando o país ainda era parte do Império Otomano. Nem sua família ou discípulos mais próximos sabem, com exatidão, sua idade. Supunha-se que tivesse 106 anos. Inúmeras são as histórias e lendas que povoam sua longa e abençoada vida. Desde jovem, conforme a tradição sefaradita, escolheu uma profissão que lhe garantisse o sustento, enquanto se dedicava ao estudo da Torá. Assim sendo, o grande Rosh Hamekubalim encadernou livros durante a maior parte de sua vida.
 
Antes dos 13 anos, começa a estudar com o Rabi Yossef Hayim, de Bagdá, líder espiritual do judaísmo oriental e um dos maiores mestres das últimas gerações. Abençoado com dotes intelectuais privilegiados, foi um dos últimos discípulos do Rabi Hayim, também conhecido como Ben Ish Hai. Conta-se que o sábio abençoou o jovem Rabi Kaduri com uma vida longa - o que de fato ocorreu. Mestre tanto em Halachá como em Cabalá, Ben Ish Hai transmitiu a Rabi Kaduri, além de seus conhecimentos, grande amor e dedicação pela Terra de Israel. Aos 16 anos, já considerado uma autoridade entre os rabinos de Bagdá, partiu rumo a Eretz Israel. Uma vez lá estudou na Ieshivá Porat Yossef, em Jerusalém, tendo como professores grandes nomes do misticismo, que viviam e estudavam na cidade desde o início do século XIX. Entre seus mestres contam-se o rabino Salman Eliyahu, pai do Rishon Le'Tzion, o rabino Mordehai Eliyahu; o rabino Yehuda Petaya e o rabino Efraim Cohen, diretor e coordenador daquela prestigiada Ieshivá.
 
Após a Guerra da Independência de Israel, Rabi Kaduri ingressou na Ieshivá Bet-El, passando a residir no bairro de Bucharim, em Jerusalém, da forma modesta que sempre o caracterizou. Mesmo sem jamais ter publicado nenhuma obra, era respeitado por sua erudição e sabedoria. Ainda que segmentos mais céticos tenham duvidado de seu poder de cura ou de suas visões proféticas, sempre houve consenso em relação aos seus profundos conhecimentos sobre a Lei e o misticismo judaico. Quando, em 1990, visitou o Rebe de Lubavitch, este lhe disse que o nome Kaduri, que significa "globo" em hebraico, indicava a grande influência que ele exercia, não apenas sobre Israel, mas sobre todo o mundo.
 
Milhares de pessoas dão testemunho de sua sabedoria, visões e poderes milagrosos. Durante uma entrevista publicada logo após o seu falecimento, um dos discípulos do Rabi Kaduri disse ao jornal israelense Haaretz: "Milhares foram beneficiados por suas bênçãos - vítimas de câncer, doentes cardíacos e casais sem filhos recuperaram sua fé e esperança na vida".
 
À procura de ajuda e de uma berachá, muitos iam até Jerusalém. À porta de sua residência podiam ser vistas longas filas de pessoas que, pacientemente, esperavam para ser atendidas pelo Rabi. Nos últimos anos, vivia em um apartamento anexo à sinagoga construída em sua homenagem pela família Safra.
 
Durante esta última década, muito enfraquecido, o Rabi Kaduri, com sua longa barba branca, mal tinha forças para falar. Suas palavras eram transmitidas pelos filhos, aos quais as sussurava, com grande esforço. Devido à sua saúde frágil, procuravam mantê-lo mais distante do público. Ainda assim, quem o quisesse, podia vê-lo na sinagoga. Apesar de não conseguir segurar o sidur nem tampouco fazer qualquer movimento sozinho, não faltava aos serviços religiosos.
 
A forma mais simples de se aproximar dele para obter uma bênção era participar das preces matutinas. O "brilho em seu rosto" e o sorriso acalentador com que recebia quem quer que fosse chamavam a atenção de todos que se aproximavam. "Era como se houvesse uma aura especial a envolvê-lo", dizem seus seguidores. Quando era mais jovem e, com passos firmes, caminhava pela sinagoga carregando a Torá, era comum as pessoas dele se aproximarem para tocar suas mãos ou apenas o talit que o envolvia.
 
A Guerra de Iom Kipur, em 1973, teve um papel fundamental no aumento de sua popularidade fora dos círculos religiosos e cabalistas. Movidas pelo desespero e atraídas pela fama do sábio, dezenas de famílias de soldados desaparecidos em combate o procuravam para obter informações sobre seus entes queridos.
 
Foi, no entanto, a partir de meados da década de 1990 que seu nome atravessou o país de norte a sul, justamente quando começou a se envolver na vida política nacional. Uma simples palavra de Rabi Kaduri era capaz de mover montanhas políticas. Para muitos, não há dúvidas de que o magnetismo exercido pelo rabino nos meios tradicionalistas e religiosos contribuiu para o sucesso dos setores mais ortodoxos nas eleições israelenses de 1996. Além de dar sua bênção ao então candidato a primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, que realmente venceu o pleito, também deu explícito apoio ao Partido Shas, que conquistou dez cadeiras na Knesset. Em 1998, realizou-se um encontro pouco usual na Jordânia entre o Rabi Kaduri e o Rei Hussein. O Rabi, que foi à Jordânia na qualidade de convidado pessoal do Rei, foi levado num helicóptero pilotado pelo próprio Hussein ao túmulo de Aaron, irmão de Moshé Rabênu, sepultado no Monte Hor.
 
Nesse mesmo ano, o Rabi Kaduri afirmou que o ditador iraquiano devia ser removido do poder. "Que o medo caia sobre eles (os iraquianos)", foram suas proféticas palavras. Em 1999, se opôs abertamente a um plano de paz com a Síria, que previa a devolução das Colinas do Golã. Na ocasião, disse textualmente que "a região não deveria ser devolvida aos sírios". Um ano mais tarde, as negociações seriam abandonadas.
 
Em 2000, Rabi Kaduri revelou ter tido uma visão acerca do então pouco conhecido deputado Moshe Katsav, segundo a qual este seria favorecido na eleição. Atual presidente de Israel, Katzav derrotou o trabalhista Shimon Peres na disputa pelo cargo.
 
Em setembro do ano de 2005, Rabi Kaduri conclamava os judeus do mundo todo a viver em Israel, alertando sobre os grandes desastres naturais que ocorreriam em diferentes partes do mundo. Um de seus derradeiros pronunciamentos descreve a vida em Israel após a chegada do Mashiach e a era de Luz, paz e justiça que, então, envolverá o planeta em que vivemos.
 
Mesmo hospitalizado desde 15 de janeiro, o Rabi continuou a receber e abençoar os que o visitavam e a estudar Torá. Após alguns dias, pediu para ter alta para poder encontrar-se com aqueles que o precisavam de sua ajuda.
 
Rabi Kaduri, de Abençoada memória, deixou sua segunda esposa, a Rabanit Dorit, filhos e inúmeros netos e bisnetos, além de centenas de milhares de judeus, em toda a parte, inconsoláveis com sua partida deste mundo.
 
Leia também:
 
Rabbi Ytzhak Kaduri fala de Jesus?
 
Fonte: https://judeus.blogspot.com.br/
Por que sou judeu?
 
1. Não é por acreditar que o judaísmo contenha tudo o que existe na história humana. Judeus não escreveram os sonetos de Shakespeare ou os quartetos de Beethoven. Não presenteamos o mundo com a serena beleza de um jardim japonês ou com a arquitetura da Grécia antiga. Admiro as tradições que lhes deram origem. Aval zé he-lanu. Mas isto é nosso.
 
2. Não sou judeu em razão do anti-semitismo ou para evitar dar a Hitler uma vitória póstuma. O que me acontece não define quem sou: O nosso é um povo da fé, não do destino.
 
3. Não sou judeu por pensar que somos melhores, mais inteligentes, virtuosos, criati-vos, generosos e bem sucedidos que os outros. A diferença não está nos judeus, mas, sim, no judaísmo; não no que somos, mas no que somos convocados a ser.
 
4. Sou judeu porque filho do meu povo ouvi o chamado para adicionar meu capitulo a esta história não finalizada. Eu sou uma etapa nesta jornada, um elo de ligação entre as gerações. Os sonhos dos meus ancestrais vivem em mim e sou guardião de sua confiança, agora e no futuro.
 
5. Sou judeu porque nossos ancestrais foram os primeiros a ver que o mundo tem um propósito moral, que a realidade não é uma guerra incessante entre os elementos para que sejam idolatrados como deuses, e nem que a história é uma batalha na qual o mais forte tem sempre razão e que o poder deve ser satisfeito. A tradição ju-daica moldou a moral de civilização ocidental, ensinando pela primeira vez que a vi-da humana é sagrada, que um ser humano nunca pode ser sacrificado em nome das massas e que, ricos e pobres, grandes e pequenos, todos são iguais perante D-us.
 
6. Sou judeu porque sou herdeiro moral daqueles que estiveram presentes ao pé do Monte Sinai e se comprometeram a viver segundo estas verdades, tornando-se um reino de sacerdotes e uma nação sagrada. Sou o descendente de incontáveis gerações de ancestrais que, embora dolorosamente testados e submetidos a amarga provações, permaneceram fiéis aquele pacto quando podiam tão facilmente ter de-sertado.
 
7. Sou judeu em virtude do Shabat, a maior instituição religiosa do mundo, um tempo no qual não há manipulação da natureza ou de nossos companheiros humanos, on-de nos reunimos em liberdade e igualdade para criar, a cada semana, uma antecipa-ção da era messiânica.
 
8. Sou judeu porque nossa nação, mesmo em tempos de imensa pobreza, nunca desis-tiu de seu compromisso de ajudar necessitados, de resgatar judeus de outras terras ou de lutar por justiça em prol do oprimido, fazendo estas coisas sem esperar congratulações, mas porque são mitzvot, porque um judeu não poderia fazer menos.
 
9. Sou judeu porque amo a Torá, e sei que D-us é encontrado não nas forças da natureza, mas nos significados morais, nas palavras, textos, ensinamentos e mandamentos, e porque os judeus, mesmo quando tudo o mais lhe faltou, jamais deixou de va-lorizar a educação como tarefa sagrada, dotando os indivíduos de dignidade e pro-fundidade.
 
10. Sou judeu em razão da fé apaixonada que o nosso povo nutre pela liberdade, sustentando que cada um de nós é agente moral e que nisto repousa nossa dignidade única enquanto seres humanos e, também, porque o judaísmo nunca permitiu que seus ideais se tornassem inatingíveis, mas em vez disso, traduziu-os em atos que chamamos de mitzvot, e em um caminho ao qual chamamos Halachá, trazendo as-sim o céu à terra.
 
Eu simplesmente tenho orgulho de ser judeu
 
Tenho orgulho de ser parte de um povo que, apesar dos traumas e cicatrizes, nunca perdeu seu humor ou sua fé, sua habilidade de rir dos problemas à sua frente e ain-da acreditar na redenção final; um povo que viu a história humana como uma jornada e nunca deixou de prosseguir e procurar.
 
1. Tenho orgulho de ser parte de uma era em que meu povo, devastado pelo mais hediondo crime já cometido contra um povo, respondeu revivendo sua terra, re-cobrando sua soberania, resgatando judeus ameaçados em todo o mundo, reconstruindo Jerusalém e provando-se tão corajoso na busca pela paz como na defesa em tempos de guerra.
 
2. Eu me orgulho do fato de nossos ancestrais sempre terem se recusado a aceitar acomodações prematuras e de que, quando perguntados se "O Messias já chegou?" sempre responderam "Ainda não".
 
3. Tenho orgulho de pertencer a Israel cujo povo significa "aquele que enfrenta a D-us e ao homem e prevalece". Porque, apesar de amarmos a humanidade, nunca cessamos de lutar com ela, desafiando os ídolos de todas as eras. E apesar de nosso amor eterno por D-us, nunca deixamos de questioná -Lo - e nem ELE a nós.
 
* Rabino Jonathan Sacks. Texto extraído do livro de sua autoria "Uma Letra da To-rá Sacks. Reproduzido aqui com autorização.
 
Fonte: https://judeus.blogspot.com.br/
 
"Judaísmo Messiânico" Não Existe
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Dando um tempo... 1
Introdução: judaísmo e tempo atemporal
 
Parafraseando a analogia do Salmo 90: "Mil anos a teus olhos são como o dia de ontem", a história de um povo corresponde a um instante na eternidade do mundo. Apesar do relato histórico do povo judeu apresentar sentido tão cósmico, nossa milenar continuidade cultural-religiosa talvez seja a mais extensa que qualquer grupo étnico-religioso tenha alcançado.
Para o judeu consciente de sua história, o passado parece tão real quanto o presente, concebidos como intrinsecamente ligado um ao outro, dotados do mesmo propósito moral.
 
No sentido espiritual, o tempo conservou-se atemporal! Depois das concepções sobre Messias, Ressurreição, Juízo Final, terem firmado raízes no solo parcialmente místico da crença judaica no período pós-bíblico, também o futuro ligou-se ao passado e ao presente, ficando sintetizados numa certeza histórica indivisível: para o povo de Israel, a vida assume um objetivo grandioso bem delineado, como a planta de um projeto arquitetônico.
 
Poder-se-ia concluir que, ao aprender presumidas "verdades absolutas", a religião judaica estivesse condenada a um estado de permanente imobilidade e estagnação. Na realidade, ao mesmo tempo em que o povo apegava-se às principais doutrinas, princípios, atitudes e práticas tradicionais, a evolução histórica era contínua, ajustando-se às novas circunstâncias, às influências culturais do ambiente em geral e do espírito da época; em fase alguma da história judaica a religião permaneceu estática.
 
Tempo e simbologia
O tempo é freqüentemente simbolizado pela Rosácea, pela Roda com seu movimento giratório pelos doze signos do Zodíaco, descrevendo o ciclo da vida, em suma, por figuras circulares. O centro do círculo seria o aspecto imóvel do ser, o eixo que possibilita o movimento dos seres, embora se oponha a este como a eternidade opõe-se ao tempo, que explica a definição agostiniana do tempo: imagem móvel da imóvel eternidade. Todo movimento toma forma circular que se inscreve em uma curva evolutiva entre um começo e um fim e cai sob a possibilidade de uma medida: a do tempo. Para tentar exorcizar a angústia e o efêmero, a relojoaria moderna, inconscientemente, deu uma forma quadrada ao relógio, simbolizando a ilusão humana de poder escapar à roda inexorável e de dominar a terra, impondo-lhe a sua medida. O quadrado simboliza o espaço, a terra, a matéria. Essa passagem simbólica do temporal ao espacial não chega a suprimir a rotação em um sentido ou outro, mas oculta o efêmero para indicar tão somente o instante presente no espaço. 
 
O tempo simboliza um limite na duração e a distinção do mundo do Além, da eternidade. O tempo humano é finito e o tempo divino infinito, ou melhor, é a negação do tempo, o ilimitado. Portanto, não há entre eles nenhuma medida comum possível.Erev, Shabat, Rosh Hashaná – tempo judaico e descansoÉ interessante observar que todo marcador temporal judaico é iniciado pelo descanso. O relato bíblico da Criação: “Vaiehi erev vaiehi boker” (anoiteceu e amanheceu) determinou o início dos dias, na erev (véspera, tarde, anoitecer): o dia começa com o descanso da noite. Isto gerou também o “efeito Orloff”: em hebraico, hoje à noite é amanhã!Os meses e os anos do calendário judaico são determinados pelos ciclos da lua e do sol. Os meses seguem o ciclo lunar, do Molad (nascimento, lua nova) até o novilúnio seguinte.
 
A tradição judaica reconhece numerosas afinidades entre a lua e Israel. Assim como o Sol representa a potência material reconhecida por todos, a Lua, brilho tênue no reino da noite, representa Israel, humilhada entre as nações na noite do exílio. A influência discreta da lua simboliza o caminhar das idéias do judaísmo. Outro exemplo: o desaparecimento e depois reaparição da lua representam a eternidade de Israel, apesar das vicissitudes.Rosh Hashaná, o ano novo judaico desde o período talmúdico, corresponde ao período (no hemisfério norte) do fim do ciclo agrícola anual – o tempo do descanso da terra, para que se reinicie revigorado. E a semana judaica também pressupõe um “tempo” para descanso, uma pausa, para que se inicie a seguinte com um novo vigor, físico e espiritual.Para concluir, outra estorieta da Guemará: Porque foi o homem criado no sexto dia? Para ensinar que se um dia ele for muito soberbo, lhe seja relembrado: “A pulga veio antes de você na criação. (Sanhedrin, 38 a) Ou seja, ao mesmo tempo em que o Shabat dá ao homem sua exata dimensão, ensina-lhe a repensar a dimensão do tempo...”.
 
*Nota:
1. Trecho do artigo: Shabat – dando um tempo, Eitan SP, 2002 https://www.eitansp.org.br/ (Materiais: Apostila de Shabat)
*Jane Bichmacher de Glasman é doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica da USP, professora, fundadora e ex-diretora do Programa de Estudos Judaicos UERJ.
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Fonte: https://judeus.blogspot.com.br/
 
"Judaísmo Messiânico" Não Existe
Judaísmo Messiânico, não existe! Apaixone-se pelo Judaismo,pratique Torá!
 
 
 Shavuot 
 
O calendário judaico compreende três festas de peregrinação (as shalosh regalim) quando nossos antepassados se dirigiam para a Jerusalém para fazer oferendas ao Eterno. Essas festas que são Pessach, Shavuot e Sucot tem cada uma delas um significado bíblico e outro ligado a agricultura. Sexta e sábado comemoramos Shavuot. Shavuot celebra a estação da colheita em Israel. A festa de Shavuot (semanas) é celebrada sete semanas depois de Pessach. Shavuot também é conhecido como Chag HaBikurim, a Festa das Primícias pois na época do templo, os agricultores de Israel traziam suas primeiras colheitas para Jerusalém como um sinal de agradecimento a D-us. Em Shavuot comemoramos também o aniversário da entrega das tábuas no Sinai e por isso é conhecido também como “Zeman Matan Torateinu” (a data da entrega de nossa Tora). Na época do templo, os judeus afluíam a Jerusalém em Shavuot para oferecer uma parte de sua produção como agradecimento a D-us. A época da colheita iniciava-se com a cevada em Pessach e por sete semanas outros grãos e frutos começavam a amadurecer. Os primeiros frutos de cada espécie, as primícias, eram reservados e trazidos em cestas para Jerusalém. Em Shavuot lemos o livro de Ruth, provavelmente por comemorarmos o Yortzait (aniversario da morte) do Rei Davi nessa festa. O Rei Davi é bisneto de Ruth. Há varias tradições associadas com Shavuot. Abaixo algumas delas: É costume enfeitar as sinagogas e as casas com flores e plantas para lembrar o Monte Sinai, de onde Moisés desceu com os dez mandamentos. Nossos sábios nos ensinam que apesar do Monte Sinai estar situado no deserto, naquele dia o deserto floresceu. A primeira noite de Shavuot é conhecida como a “Tikkun Leil”, a noite da reparação. Segundo nossos sábios, na véspera da entrega da Torá, os judeus, apesar de orientados não se preparam espiritualmente e o povo dormiu. Para corrigir essa falha, tornou-se costume estudar a Torá durante toda a noite. Outro costume de Shavuot é o de se comer apenas derivados de leite. No primeiro Shavuot, os judeus receberam a Tora com um conjunto de leis dietéticas, ordenando a separação de leite e carne. Como não estavam familiarizados com as novas leis, optaram por comer apenas alimentos derivados de leite. Alem disso, a Tora é comparada ao leite no Shir Hashirim: “Mel e leite estão debaixo de tua língua”. 
 
 
Aprofundando shavuot 
 
Ruth, a moabita - Ruth está desenhada em preto e branco, mostrando sua transparência e determinação. Ao contrário de Abrão que deixou seu povo e sua terra natal por uma ordem de D-us, Ruth deixou seu povo e sua terra natal por vontade própria. Abraham tornou-se o patriarca do povo judeu. Está escrito que, das gerações de Ruth virá o Messias. As linhas do desenho mostram o destino de Ruth. A linha da perda mostra a morte do marido de Ruth. A linha do compromisso: “E Ruth disse: Não me obrigues a abandonar-te, a desistir de te acompanhar, pois aonde fores, eu irei também, aonde te alojares, ficarei também; teu povo será meu povo e teu D-us será meu D-us. E possa o Eterno agir para comigo de tal forma que somente com a morte sejamos separadas”. A linha da decisão: “Disse Rute, a moabita a Naomi: irei agora ao campo e buscarei entre os colhedores de grão, alguém que me acolha. Ao que ela respondeu: Vai, minha filha”. A linha da benção: “E na hora da refeição, chamou Boaz, dizendo: vem e compartilha de nosso pão”. A linha da redenção: “Quem é você? perguntou, e ela respondeu: Sou Ruth, tua serva. Cobre-me com teu manto para seres meu redentor”. A linha do futuro: “E Boaz tornou Ruth sua esposa e o Eterno a fez conceber e dar à luz um filho”. Dessas linhas aparece Ruth. Seu braço tem a colheita, bênçãos trazidas para ela. Ela tem um porte orgulhoso e forte. Essas linhas representam o traçado das linhas que trarão o Rei David. Aqui está o começo da era messiânica. Ruth mantém sua visão em direção às tabuas da lei no alto, num monte de nuvens. Ela segura as leis, portando um feixe de grãos como um rolo da Torá. A entrega das leis é a comemoração de Shavuot é também a essência de Ruth, que escolheu seu próprio caminho. O desenho representa a grandeza de espírito e o amor de uma mulher convertida ao nosso povo. 
Izkor 
Na oração matinal de Shabat faremos a leitura do Izkor, oração que relembra nossos parentes falecidos e que tem sua origem na época das cruzadas quando se reverenciava os mortos da comunidade, lendo-se o nome daqueles que tinham sido mortos. O Izkor é lido no último dia das três festas de peregrinação: Sucot, Shavuot e Pessach e também em Iom Kipur. Nesses dias os judeus deveriam ir ao templo, agradecer a D-us com uma oferenda que variava de acordo com suas posses. De maneira semelhante, ao lermos a oração de Izkor, devemos fazer doações, sempre de acordo com as condições de cada um. A Torá diz claramente que não podemos nos aproximar de D-us de mãos vazias.
 
*Texto Mauricio Mindrisz - mauriciomindrisz@hotmail.com
 
Fonte: https://judeus.blogspot.com.br/
 
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"Judaísmo Messiânico" Não Existe
 
Judaísmo Messiânico, não existe! Apaixone-se pelo Judaismo,pratique Torá!
 
Aprendendo com a destruição.
 
O Talmud nos ensina que o primeiro Templo Sagrado de Jerusalém foi destruído por causa dos atos de idolatria, homicídios e imoralidade, comuns entre os judeus. Durante a época do Segundo Templo, os judeus estudavam a Torá e respeitavam suas leis, além de praticar atos de caridade. Todavia, eles se odiavam. Nossos sábios equiparam o ódio infundado com os pecados capitais da idolatria, imoralidade e homi-cídio.
 
Um midrash lança mão da linguagem figurativa para relatar o seguinte conto e a lição óbvia a ser tirada: na noite de Tisha B’Av (a data que marca a destruição dos dois Templos Sagrados), a alma de nosso patriarca Avraham adentrou o “Santíssimo” – o lugar mais sagrado do Templo em que apenas o Sumo Sacerdote, o Cohen Gadol, podia entrar em Yom Kipur. O Todo-Poderoso, Bendito Seja, segurou a mão de Avraham e o fez caminhar com Ele. D´s perguntou, O que te traz, filho amado, à Minha Casa?” (Jeremias 11:15). Avraham respondeu: Meu D´us, onde estão meus filhos? D´us disse, Eles pecaram, portanto os exilei entre as nações. Avraham argumentou, Mas não havia nenhum virtuoso entre eles?
D’us explicou, …Cada um se regozijou com a ruína do outro (Midrash Eicha Rabba 1:21).
 
A história de Kamtza e Bar Kamtza é simbólica desse ódio infundado e de como as pessoas respeitavam “a letra” da Lei, mas desonravam seu “espírito”. A lei judaica permite violar até mesmo uma proibição da Torá por meio da oferenda de um animal maculado no Templo em prol da manutenção de boas relações com um governo não-judaico, evitando, dessa forma, o risco de perder vidas. Todas as proibições, com exceção da idolatria, assassinato e atos imorais como adultério e incesto, são permitidos quando o objetivo é o de sal- var vidas. O Talmud também ensina que a tolerância e a compaixão quando mal orientadas, como no caso demonstrado pelo Rabi Zechariah ben Avkulus, levaram à destruição do Templo. Qualquer pessoa que esteja, de forma justificada, incitando o governo contra seus irmãos judeus, pode ser condenada à morte. Por outro lado, o sábio que não permitiu o sacrifício de um animal maculado no Templo também recusou sentenciar Bar Kamtza à morte, apesar de sua trama diabólica.
 
Há muitas lições a serem tiradas do incidente entre Kamtza e Bar Kamtza e da guerra civil insensata que resultou na Diáspora de quase 2.000 anos. Mas, acima de tudo, há a lição do Talmud na conclusão dessa trágica história: Rabi Elazar disse: ‘Venham ver como é grande o poder da vergonha! Pois o Todo-Poderoso, Bendito Seja, permitiu que Bar Kamtza se vingasse da vergonha pela qual passou e Ele destruiu Seu Templo’” (Gittin 57a).
 
Nossos sábios ensinam que, como os judeus foram exilados de sua Terra natal por causa do ódio infundado, a Diáspora se encerrará quando eles praticarem o amor com desprendimento. O Primeiro Templo foi destruído porque o povo menosprezou a Torá. O Segundo Templo foi destruído porque os judeus se desprezaram. O Terceiro Templo será erigido quando os judeus aprenderem a seguir a Torá, realizando atos de caridade e bondade entre si. Há uma tradição segundo a qual o Messias, que será o construtor do Terceiro Templo, nascerá em Tisha B’Av. Este dia de luto e jejum, em que comemoramos a destruição de ambos os templos, será então revertido e o celebraremos com grande júbilo.
 
A prece para a reconstrução do Templo e o fim da Diáspora judaica é dita todos os dias pelos judeus do mundo inteiro. Três vezes ao dia rezamos o Shemone Esré (Amidá) com a seguinte meditação: “Que seja Tua Vontade, Senhor nosso D’us e D’us de nossos antepassados, que o Templo Sagrado seja reconstruído, rapidamente, em nossos dias. Outorga-nos nosso quinhão na tua Torá, e que possamos servir a Ti com reverência, como nos dias de outrora e nos anos passados.
 
*Bibliografia:
• Jewish Literacy - Rabbi Joseph Telushkin; William Morrow and Company, Inc.;
• Tisha B’Av - Texts, Readings and Insights; Artscroll Mesorah, Inc.;
• Talmud Bavli - Gittin 55b-56a.
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Encontro com missionários
 
Judaísmo Messiânico Não Existe
 
Nesta imagem, membros da Judeus pelo Judaismo confrontam um missionário cristão em um bairro judeu. Os judeus "convertidos" quando abordados, em geral não estão muito dispostos ao debate ou em geral fecham seus ouvidos, contaminados pela pregação missionária pois, se param para pensar, percebem que foram enganados. Judeus que participaram de cultos cristãos e que retornam ao Judaísmo, sempre voltam muito mais fortalecidos do que quando se afastaram pois, normalmente são judeus que pouco conheciam da Torá e do evento messiânico.
 
Judeus que foram resgatados da seita Judeus por Jesus sempre voltam com o gosto amargo da decepção por terem sido enganados, levados a isso por um discurso insistente, no entanto, mentiroso, sem nenhuma sustentação nas sagradas escrituras.
 
A Torá é a única "vacina" que imuniza o judeu desta praga missionária.
 
Informe-se e ignore. Só existe Judaísmo e você que é inteligente, mesmo não religioso sabe que Jesus e Judaísmo não dá samba.
 
* Imagem enviada por Jews for Judaism
 
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"Judaísmo Messiânico" Não Existe
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Israel: um milagre em forma de país
 
Lembro de ter escutado uma vez, durante uma comemoração de Iom Haazmaut (Dia da Independência) no Bnei Akiva de SP, o rabino dizer que, “qualquer coisa que acontece em Israel, por si só é um milagre. Uma criança andando de bicicleta é algo fora do comum, pois fisicamente, após dois mil anos de perseguição e depois do Holocausto, isto não poderia estar tecnicamente acontecendo”. 
 
Dizem nossas fontes que somente o ar de Israel já cura e traz sabedoria. E é verdade. Quando retornei agora, após um mês de passagem por Eretz (Israel), as pessoas diziam que eu estava com uma cara mais saudável, um pouco “menos magro”, e com o rosto “radiante”.
 
Até que a parte da comida é explicável: adoro a comida de Israel. E para alguém religioso como eu, por exemplo, é muito mais fácil o acesso à carne kasher (abatida conforme as leis), por exemplo. Mas vamos pular esta parte. A pergunta importante é: o que causa esta felicidade, este rosto radiante, depois de uma viagem ao Estado Judeu?
 
Primeiro, precisaríamos definir felicidade. O que é isso? O Pirkei Avot (Ética dos Pais) diz que é “estar contente com o que tem”. Isso é verdade. Eu estava contente por estar na minha terra. Por ter um país lindo como aquele que posso chamar de meu, do meu povo. Mas isso não basta.
 
Prefiro usar uma outra definição para este mesmo tópico, abordada pelo Rosh Yeshivá (diretor de escola onde a Torá é ensinada) do Aish Há Tora (entidade que promoveu a minha viagem e a de mais quinze jovens, realizando excursões, passeios, shabatons, palestras, etc... em todo o país). Ele falou que um dos segredos da felicidade era saber apreciar os pequenos momentos de prazer que temos no nosso dia-a-dia e que às vezes deixamos passar batido. Quando alguém chega para você e fala dos problemas que teve no seu dia-a-dia, pergunte a ele: “Você tomou um bom café hoje? Comeu alguma comida gostosa que te deu prazer... me diga sobre algo que te deixou contente hoje...”. Ao fazer isso, você imediatamente alivia as preocupações da pessoa e num estágio mais profundo, ela vai aprender a reconhecer e agradecer pelas coisas boas que D’us nos dá e que às vezes não nos damos conta, como estarmos vivos, enxergarmos, etc...
 
Seguindo este exemplo, queria falar sobre “pequenas grandes” coisas que me deram prazer em Israel:
 
- Estar de ônibus atravessando a ponte em Tel Aviv que passa em cima da Ayalon (para quem conhece São Paulo, a Ayalon é uma espécie de “Marginal Tietê/Pinheiros”, de Tel Aviv totalmente congestionada, com os grandes prédios de Israel ao fundo (entre eles a Torre Azrieli) e ficar embasbacado com a modernidade do país, com a sua beleza e ainda dizer para o amigo ao lado: “eu não consigo acreditar que todo mundo, preso no congestionamento, destes dois lados da via é judeu. É simplesmente inacreditável”.
 
- Passar no corredor dos hotéis e ver uma fileira de mezuzót (pergaminhos com versículos bíblicos) no batente de todas as portas.
 
- Ir para o Kibbutz Regavim, visitar meu amigo Shay Cudek que fez aliá cinco dias antes da minha viagem e conhecer um pouco da vida em uma das comunidades coletivas mais antigas de Israel, que hoje teve seu perfil todo transformado. Ao final da espetacular recepção, que incluiu seção de cinema e pizza, na tarde do dia seguinte, ainda poder participar de uma cerimônia de Tu Bishvat, o ano novo das árvores, plantando minha mudinha no local, rezando na sinagoga recém-construída e de quebra ouvir uma prédica do rabino que veio especialmente de Givat Ada (uma cidadezinha próxima) para a ocasião. Isto não tem preço.
 
- Morar na cidade velha por quase três semanas, podendo ir e voltar ao Muro das Lamentações quando tivesse vontade, estudando judaísmo na Yeshivá e vivendo da forma como nossos antepassados o fizeram há três mil anos.
- Ver uma terra que passou desolada por dois mil anos esperando seu povo retornar, frutificar e até o deserto florescer.
 
- Vivenciar o espírito de Avraham Avinu (Abraão nosso pai), tão caracterizado pela bondade e pela hospitalidade, ao ser carinhosamente acolhido pelos “brasileiros israelenses”. Além do Shay - já mencionado acima - pude desfrutar da companhia, do carinho e da hospitalidade da Regina Goldstein (que nos ofereceu um delicioso e sem igual almoço à brasileira) e ainda da acomodação, dos shabatons (de shabat) e das discussões político-religiosas da sede do Internacional de Porto Alegre em Pisgat Zeev: a casa do gaúcho (“tri-legal tchê”) André Cardon. Plagiando a propaganda: Tem coisas que só o Estado Judaico faz para você.
 
Foi minha quarta vez em Israel. Mas todas elas são únicas, como única é aquela Terra. A primeira viagem foi turística, a segunda teve cunho sionista, a terceira de Hasbará e finalmente esta quarta, teve um ângulo mais religioso. Cada uma contribuiu a sua maneira na lapidação da minha identidade judaico-sionista.
 
O grande segredo de Israel é descobrir que cada pedra, cada flor, cada metro daquele lugar fala com você e tem uma história para contar. A sua história. A nossa história. E ao final, descobrimos que Israel não é um país de milagres, mas é um milagre em forma de país. Que possamos então em breve nos encontrar lá, todos nós, em nossa Terra Prometida, em nossa Cidade Santa, a Jerusalém de Ouro, quando da redenção completa, com a chegada de Maschiach (Messias) e a construção do Terceiro Templo, Beezrat Hashem. Que seja breve. Em nossos dias.
 
*Daniel Benjamin Barenbein, 28 anos, jornalista, trabalha no site de combate a distorção na imprensa, "De Olho na Mídia" e como coordenador do movimento juvenil Betar de SP. Ainda exerce voluntariamente cargos de Hasbará na Organização Sionista de SP, Espaço K e Aish Brasil, e como orador nas sinagogas Beit Menachem e Kehilat Achim Tiferet. Possui um livro publicado na internet sobre neonazismo digital: www.varsovia.jor.br
 
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O Viajante Judeu
 
Uma comunidade que perdeu quase toda sua população durante a Segunda Grande Guerra tem hoje uma sinagoga, um rabino e um açougue casher
 
Quando em maio de 1998 o rei Juan Carlos veio à Grécia para visitar a comunidade judaica de Thessaloniki –o primeiro monarca a fazê-lo desde a expulsão dos judeus da Espanha mais de 500 anos antes- o chefe da comunidade, Andreas Sefiha o presenteou uma caixa gravada em prata com uma chave antiga. Era uma lembrança de que, de geração em geração, as famílias judaicas guardavam as chaves de suas casas na Espanha na esperança de um dia retornarem. A ligação com a Espanha prossegue mas a história da comunidade remonta a bem antes de 1492.
 
História
De acordo com a tradição, quando Cassandros, o cunhado de Alexandre, o Grande, fundou a cidade em 315 a. E.C., ele pediu ao rei Ptolomeu do Egito que lhe enviasse artesãos judeus. Na encruzilhada de muitas rotas importantes, Thessaloniki –então chamada de Salônica- atraiu os judeus de Alexandria possivelmente desde 140 a.E.C. No século 2 da Era Comum, os romanos conquistaram a província grega da Macedônia, fizeram de Thessaloniki a capital e conferiram autonomia aos judeus. Desde o quinto século, sob domínio bizantino, os judeus continuaram a prosperar como comerciantes, apesar dos impostos e de restrições religiosas.
 
No século 12, quando Benjamin de Tudela (edição Morashá nº35) encontrou 500 judeus em Thessaloniki, a cidade já estava em declínio. Foi o sultão Mourad II que em 1930 encorajou os judeus a retornarem, oferecendo-lhes autonomia administrativa. Mas foi a expulsão da Espanha em 1492 que impulsionou Thessaloniki a sua verdadeira grandeza. Em poucas décadas, entre 15 e 20 mil judeus espanhóis se juntaram aos 2 mil da cidade; vinham também de Portugal, da Itália e da Sicília.
 
Thessaloniki se tornou não apenas um centro financeiro de primeira classe mas também um centro judaico e secular de estudo de jubilações, produzindo o famoso Talmud de Soncino e ganhando o apelido de “Jerusalém dos Bálcãs”. Durante o século 16 Thessaloniki tornou-se um renomado centro da Cabalá e atraiu diversos pensadores religiosos como Salomon Alkabez, autor de “Lecha Dodi”. Os judeus continuaram a chegar –da Provença,Polônia,Itália, Hungria e do norte da África até que superaram em número os cristãos e os muçulmanos. As guerras constantes dos Otomanos durante o século 16 levaram a cidade ao declínio econômico e cultural. Em 1655, quando Shabetai Zevi chegou de Smirna, foi muito bem tratado –até que se autodeclarou o Messias. 
 
Condenado à morte pelos turcos, conseguiu escapar e converteu-se ao Islã. Após sua morte, cerca de 300 famílias de seus seguidores se tornaram judeus-muçulmanos, conhecidos como Donmeh (apóstatas), que professoravam e praticavam o islamismo em público mas, em segredo, praticavam um tipo de judaísmo messiânico.
 
Em meados do século 19, novos ventos sopraram, trazendo o Iluminismo e novos bairros, com água encanada, eletricidade e carros pelas ruas. O primeiro jornal judaico apareceu em 1865. A “Aliança Universal Israelita” construída em 1873 ensinava educação européia geral e dava treinamento vocacional já em sua época.
 
Os judeus –por volta da metade da população- possuíam a maior parte das empresas comerciais e formavam a maioria da força de trabalho, especialmente no porto, que fechava no Shabat e nos feriados judaicos. Em 1908 os judeus se uniram aos jovens turcos para derrubar o sultão otomano Abdul Hamid II.
 
Às vésperas da segunda guerra mundial havia aproximadamente 56 mil judeus em Thessaloniki, milhares dos quais serviram no Exército grego. As perseguições começaram logo após a entrada do Exército alemão na cidade, em 9 de abril de 1941. Em 11 de julho do ano seguinte os homens judeus entre 18 e 45 anos foram levados para os trabalhos forçados. Pelo final do ano, os negócios judaicos foram confiscados e o cemitério se tornou uma enorme pedreira.
 
Em 6 de fevereiro de 1943, Dieter Wisliceny e Alois Brunner chegaram da Alemanha para colocar em andamento “a solução final” e nomearam o Rabino Chefe Zvi Koretz presidente da comunidade ele instou estrita obediência aos alemães, e os sobreviventes nunca o perdoaram.
 
Unidades partisãs de resistência compostas total ou majoritariamente de judeus, foram formadas e alguns poucos judeus fugiram para Atenas. Alguns foram salvos por corajosos não judeus, incluindo membros do clero, do movimento de resistência grega e da polícia do Estado.
 
O bairro de Hirsch próximo à estação de trem foi transformado em um campo de passagem. Em 15 de março de 1943 prisioneiros foram reunidos em vagões de transporte de gado e carregados para Auschwitz - Birkenau. O último transporte partiu em 7 de agosto e 96% da população judaica da cidade havia perecido. O maior ato de heroísmo foi o motim de 135 judeus gregos em Auschwitz; membros do Comando Sonder, que havia sido encarregado de cremar os corpos nas câmaras de gás junto com um grupo de judeus franceses e húngaros, explodiram dois crematórios antes de serem todos mortos.
 
As condições após a guerra eram duríssimas e embora o governo grego tenha aprovado uma lei restaurando a propriedade confiscada, ela só foi parcialmente honrada.
 
Comunidade 
Hoje guardas armados protegem a sinagoga e a sede da comunidade anonimamente situada. Já em 1997 Thessaloniki se tornou a primeira cidade grega a ter um memorial do Holocausto erigido pelo governo. O novo museu judaico abre-se ostensivamente sobre a rua; existe um rabino e serviços religiosos diários na sinagoga Yad Lezikaron; um açougue kasher e organizações como a Wizo e o Macabi.
 
Por tudo isso a comunidade que conta com menos de mil pessoas é apenas um espectro de outrora. A maioria dos casamentos é mista. Há uma escola regular com cerca de 60 alunos, mas a educação judaica formal cessa no nível do primário. A força da comunidade é a sua riqueza, principalmente em bens imóveis.
 
Apenas algumas das lápides do antigo cemitério judaico foram recuperadas e meticulosamente colocadas no novo cemitério no bairro de Stavroupolis. As novas pedras ostentam mudanças recentes. O grego substituiu as inscrições que costumavam ser em ladino.
 
Para a velha geração, porém, o passado se impõe. Sarah Francês Arditti, de 70 anos, e seu primo Beni Djahon, de 77, lembram-se que “a rua Solomou tinha lojas, todas judaicas, antes da grande guerra”. Djahon lembra a rua estreita logo ao sul de Egnatia. Também era assim na rua Iraklio, “onde Dass era o açougueiro, Cohen vendia frutas e o mercado Modiano era o melhor de todos”. O shopping Alpha Odeon Pleteia foi construído onde o pai de Djahon dirigiu dois mil empregados da fábrica de cigarros Austro-Elleni. 
 
Locais de visitação
Comece pelo novo museu judaico, na Agiou Mina, 13, em Venizelou, próximo à Plateia Ereftherias, aberto aos domingos e de terças a sextas das 11h às 14h, assim como às quartas e quintas das 17h às 20h. Os visitantes podem ver uma lápide do século 13. Érika Perahia Zemour, que comanda o museu, fala inglês e hebraico fluentes. (Telefone 30-31-25-406; e-mail: jctmuseo@compulink.gr.)
 
A poucos quarteirões fica a sinagoga Yad Lezikaron, na Iraklio, 24 (223-231), em frente ao mercado Modiano. No hall de um edifício de escritórios a porta para a sinagoga fica à esquerda. Numa placa de mármore estão listadas mais de trinta sinagogas erguidas pelas diversas ondas de imigrantes; apenas duas delas sobrevivem. O palco (bimá) de mármore está ao centro, como é de costume nas sinagogas sefaraditas.
 
A sede da comunidade e o centro comunitário judaico estão nas redondezas, na Tsmiski, 24, na Arcada de Hirsch (275-701).
 
Atravesse a Egnatia (paralela à Tsmiski) para ver a sinagoga dos Monastiriotes (erigida em 1927 pelos judeus vindos de Monastir na Macedônia iugoslava), na Syngrou, 35 (524-968). A entrada para esse prédio de estuque cinza-claro é um arco triplo mas uma grade cerca a porta e a sinagoga só é usada nas Grandes Festas.
 
A nordeste da Torre Branca, o emblema da cidade, ergue-se a Universidade Aristóteles de Thessaloniki, no local onde antes havia o antigo cemitério judaico. Para ver como viviam soberbamente os judeus na virada do século, comece a leste da Torre e siga a rua Vassilisis Olgas, paralela à orla, e que leva até o aeroporto. Antes de chegar a tais mansões, a rua Olgas cruza a Saadi Levi, assim chamada em reconhecimento ao editor de um dos primeiros jornais judaicos de Thessaloniki. Duas ruas à sudeste estão a rua Fleming, e também o prédio de número 7, onde fica a escola primária judaica.
 
No número 68 da rua Olgas (na esquina da rua Oktovriou, 28) fica a Villa Modiano, um prédio de tijolos cor-de-laranja com pórticos em arcos. Foi construída em 1906 por Jacob Modiano, mas em 1913 a municipalidade o comprou e ofereceu como palácio para o rei Constantino. Hoje, ele hospeda o museu folclórico e etnográfico da Macedônia (830-591).
 
A Villa Mordoch, rua Olga, 162 (esquina da rua Martiou, 25) foi comprada pela família Mordoch em 1930. Hoje esse prédio cinza e suntuoso, com uma cúpula em bulbo em sua torre, é uma galeria municipal de arte. O asilo para velhos Casa de Saul D. Modiano, na rua Kimonos Voga, 83, fica nas imediações.
 
Projetada por um arquiteto italiano em 1910 para o empresário judeu Dino Fernandez, a Villa Fernandez (ou Casa Bianca) ergue-se no encontro das ruas Olgas e Themistokoli Sofouli. A Villa Allatini na rua Olgas, 198, foi construída em 1888 como residência de verão da família Allatini, fabricante de biscoitos e de confeitarias. Hoje ela abriga os escritórios da municipalidade. A fábrica ainda ostenta o nome da família, na esquina da Papandreou com a Sofouli.
 
Ao norte da rua Fleming, próximo ao encontro das ruas Zaimi e Delfon, fica a casa de culto dos Donmehs, Yenni Djami, construída em 1902 e agora convertida em museu arqueológico da cidade. A nordeste da Fleming fica o memorial ao Holocausto, num pequeno parque na esquina da Papanastasiou com a Egnatia, atrás do Hospital Ippokratio (antigamente Hospital Hirsch de propriedade judaica). A escultura em bronze é uma menorá de sete braços, em cujas chamas figuras humanas estilizadas são envolvidas.
 
Visitação geral
Uma viagem a Thessaloniki não estará completa sem uma visita aos belíssimos objetos do museu arqueológico (830-538), na exposição permanente “O ouro da Macedônia”, que é a explicação de como o ouro era extraído das minas e de como viviam os mineiros do século 2 a.E.C., numa descrição inesquecível. O museu também expõe lápides judaicas em mármore.
 
Viagens aos arredores
Um dos mais belos museus da Terra –ou, para ser mais exato, debaixo da terra, pois a sua estrutura é totalmente subterrânea- é aquele que abriga as tumbas reais de Vergina. A primeira capital da Macedônia foi ali erguida a aproximadamente 15 quilômetros a sudoeste de Thessaloniki. Delicadas folhas de ouro lavrado e marcas de madeira revestida de marfim, da tumba de Philip II da Macedônia, pai de Alexandre, o Grande, estão entre seus surpreendentes achados.
 
Combine essa viagem com uma visita a Veria, apenas alguns quilômetros adiante, onde os judeus viveram por 2 mil anos. Foi para Veria que o apóstolo Paulo fugiu quando os judeus de Thessaloniki o conduziram para fora. A praça próxima a Ta Evraica, o antigo bairro judeu, celebra a sua pregação por aqui. Inscrições em hebraico ainda são visíveis nas fachadas das casas. A sinagoga, atualmente sem uso, fica na rua Merarchias, à direita da entrada do bairro, próxima a um duto cuja água chega à mikvê.
 
Kastoria, cerca de 200 quilômetros a noroeste de Thessaloniki, é outro ponto obrigatório. Os gregos a consideram sua mais bela cidade, e de fato ela é. Kastoria fica em um istmo e um lago sereno ao seu redor sempre se inclui nas visitações.
 
Embora Kastoria tenha tido uma comunidade judaica pelo menos desde o sexto século, foi no 16º século que os judeus se tornaram peleiros de primeira e ganharam fama mundialmente. Jack Eliaou, de 46 anos, é o último judeu nos negócios. Ele vende máquinas de costura numa loja que pertenceu a seu avô e a seu pai na rua Onze de Novembro, 30 (em frente ao Banco Nacional).
 
A família de Eiaou é a última família judaica em Kastoria. “Qualquer um que procure os judeus vem a mim”, diz Eliaou alegre, em inglês fluente. Os seus vizinhos gregos, também, nunca o deixam esquecer que ele é judeu. “Estou indo à loja do judeu”, dizem quando se dirigem à loja. “Não há um anti-semitismo aberto”, diz Eliaou. Mas o memorial ao Holocausto só foi erguido depois que alguns membros do conselho da cidade que se opunham foram vencidos.
 
Hoje, as únicas indicações de que judeus ali viveram um dia são as casas em ruínas e as mansões em Odos Evraidos (rua dos Judeus), logo a leste da Platia Dexamenis. Para alcançar o memorial, vire à direita da rua Athanacios para a Merarchias, a dez metros aproximadamente. O memorial de mármore fica à esquerda abaixo de uma linha de pinheiros. A mansão dos Nerantzis Aivasiz, do século 17, suntuosamente mobiliada, fica na extremidade este da rua Orestiados, na alameda em frente ao lago, e hoje é um museu de folclore da cidade.
 
Livros e música
A decisiva sessão do livro “Mr. Mani”, de A. B. Yeoshua (Ed. Doubleday), evoca a comunidade judaica de Thessaloniki no século 19. O livro “A ilusão da segurança: a história dos judeus gregos durante a Segunda Guerra Mundial”, de Michael Matasa (Ed. Pella) detalha os trágicos acontecimentos, comunidade por comunidade. “As sinagogas de Salônica e de Veroia”, por Elias L. Messinas, em inglês e grego (Editora Gavrielides), reconstrói a história dessas comunidades judaicas e seus locais de culto.
 
Para uma introdução às tradições culinárias da comunidade de Thessaloniki, experimente “O livro da cozinha dos judeus da Grécia”, de Nicholas Stavroulakis (Ed. Jason Aronson). O site da Kol Hakeila, na língua inglesa, sobre as comunidades judaicas na Grécia é www.yvelia.com.
 
O filme “Triunfo do espírito” conta a história de Salamo Arouch, estivador e lutador de boxe, que sobreviveu à Auschwitz após lutas com 200 oponentes para a diversão dos oficiais da SS. Jacó Razon, em judeu de Thessaloniki que também é boxeador, pleiteou que a história contada no filme é, na realidade, sobre sua vida.
 
A música é uma maneira deliciosa de conhecer a cultura dos judeus de Thessaloniki. “A música judaica em ladino de Thessaloniki”, de do cantor folclórico David Saltiel (Oriente, www.oriente.de), tem um excelente livreto em inglês. O CD de Savina Yannatou, “Primavera em Salônica”, inclui 16 canções folclóricas em ladino. George Dalaras, o cantor mais famoso da Grécia, é especialmente conhecido por reviver o gênero “rembetica”, os blues de Thessaloniki, que os judeus também cantavam. Todos estão disponíveis em Greek Vídeo, Records & Tapes em Queens, Nova York (www.greekmusic.com).
 
Um híbrido das canções do século 19 do submundo das cafés de haxixe ao redor do porto e da música árabe da Pérsia, aos sofisticados cafés do Oriente Médio, a “rembetica” é, às vezes, uma música de lamentos e pode incorporar trilhas de estilo oriental. O bouzouki é o instrumento usual de acompanhamento dos temas do amor arrebatado, da prisão, da pobreza, da traição –e do haxixe.
 
Recomendações
Você achará pratos vegetarianos em quase todos os restaurantes do país, incluindo a sempre presente salada grega tzatziki (pepinos com iogurte) e a salada de berinjelas. A maioria dos restaurantes também serve legumes fritos ou refogados (inclusive as batatas), sempre em azeite de oliva e, é claro, uma variedade de peixes frescos.
 
A maioria das companhias aéreas serve Atenas e faz conexão em Thessaloniki, onde vale pagar um pouco mais por hotéis um poucos distantes das principais e barulhentas ruas. Embora tenham boas estradas, as montanhas ao norte da Grécia são pouco percorridas mas oferecem excelentes surpresas aos visitantes com um gosto pela aventura.
 
*Por Esther Hecht 
 
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Judeus inimigos de Israel
 
É isso mesmo, meu caro leitor. Não é erro de imprensa. Existem, realmente, judeus declaradamente inimigos de Israel. Soa absurdo, mas não é novidade na milenária história dos judeus na Diáspora, e, em não poucas ocasiões, judeus anti-semitas se fizeram notar por atos e palavras. 
 
No século passado, no auge do terror stalinista na União Soviética e em seus países satélites, comissários comunistas judeus foram implacáveis, exercendo suas funções pseudo ideológicas, utilizando de não menos brutalidade contra seus próprios correligionários. E o que dizer da famigerada figura do Kapo nos campos de concentração nazistas? Estes últimos tinham, pelo menos, alguma desculpa, isto é, que assim atuaram para tentar salvar suas miseráveis vidas. E, atualmente, o quê está acontecendo? 
 
Recentemente, o Ministério das Relações Exteriores do Irã promoveu um Congresso Internacional, que tinha como tema a Negação do Holocausto. Participaram do evento cerca de 60 convidados provenientes de 30 países. Extraordinárias figuras do mais alto padrão anti-semita deram um brilho especial ao encontro. Entre eles, um asqueroso tipo que foi um dos líderes da Ku-Klux-Klan, nos Estados Unidos. Não foram poucos os convidados que não puderam comparecer ao Congresso por estarem presos e cumprindo pena de prisão em vários países europeus, por serem ativistas negadores do Holocausto. 
 
Cumpre destacar, entre os participantes do Congresso, alguns judeus haredim (ortodoxos tementes a Deus), entre eles um tal de Moshé Arie Friedman, rabino haredi da Áustria, e um rabino, Israel David Vais, dos Estados Unidos, que declarou, enfaticamente, que “aqui viemos para revelar ao mundo a exploração da Shoá que fazem os sionistas”. 
 
Que loucura é essa?, perguntam os menos desavisados. A troco de quê a liderança iraniana se lançou nessa campanha anti-semita e anti-israelense? E, o pior de tudo, como é possível que judeus andem de braços dados com essa gente? E não são simplesmente judeus. São rabinos ortodoxos. 
 
O Chanceler iraniano explicou-se, dizendo que o corolário que coloca em dúvida a ocorrência do Holocausto conduz à conclusão de que a legitimidade da existência de Israel também pode ser posta em dúvida. Mas isto é apenas parte da "verdade" política que esconde os reais desejos do Irã, que pretende liderar o mundo muçulmano, para não falar de suas ambições territoriais. 
 
E qual é a motivação daqueles judeus religiosos, que foram lá e ficaram aos beijos e abraços com os atuais inimigos declarados de Israel, que proclamam sua intenção de varrê-lo do mapa? É que eles são contra a existência do Estado de Israel, pois, na concepção deles, trata-se de uma entidade herética, pois o resgate do povo judeu somente poderá ocorrer quando da vinda do Messias. 
 
O Povo Judeu nunca foi uma agremiação monolítica. Ao contrário. Sempre existiram as mais variadas concepções religiosas e ideológicas, como os reformistas, os liberais, os conservadores, os laicos e há até judeus ateus (sim, também esses existem). O Povo Judeu sempre viveu num estado de ebulição, e a controvérsia é a sua característica. Chega até a extremos de, em certas facções religiosas nos Estados Unidos, admitirem rabinos gays e rabinas lésbicas. Nesse contexto, poder-se-ia até admitir a legitimidade ideológica dos haredim. 
 
Mas o inconcebível é que aqueles judeus religiosos fanáticos tenham cruzado a linha do permissível para aliar-se aos que propõem a pura e simples destruição de Israel. Seu comportamento é inominável e deve ser repudiado. É doloroso. 
 
*Marcos Wasserman é advogado em Tel Aviv, Brasil e Portugal, e é presidente do Centro Cultural Israel-Brasil em Tel Aviv. Contato - mlwadvog@netvision.net.il
 
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"Judaísmo Messiânico" Não Existe
Judaísmo Messiânico, não existe! Apaixone-se pelo Judaismo,pratique Torá!
 
Compulsão da Morte Desnudada
 
Quando Freud publicou suas pesquisas sobre a compulsão à morte, provocou surpresa e até rejeição inclusive entre os que o respaldavam com admiração. Parecia ter ido demasiado longe. Como se poderia desejar a morte sobre a vida? Freud, certamente, se referia ao que não é tão evidente na complexa fisiologia mental e oferecia abundantes provas sobre suas incômodas descobertas. Uma nova demonstração chegaria pouco depois do seu falecimento. 
 
A Europa seria arrasada por uma conflagração mais brutal que a de 1914 e nela teria um destacado papel uma organização encarregada de consumar assassinatos em massa, as SS, que se vestiam de negro e irradiavam a sinistra luz de uma caveira sobre seu quepe militar. As SS não só foram o arrogante corpo de elite nazista, mas as encarregadas das operações de limpeza humana jamais vistas até então em seus atrozes campos de extermínio. 
 
A compulsão à morte cobrou um nefasto banquete: mais de 50 milhões de mortos e a destruição de quase toda a Europa, em especial da mesma Alemanha, como essa compulsão desejava de forma inconsciente. Agora a humanidade resiste em reconhecer que a compulsão à morte, ainda que seja universal, infectou de maneira profunda um outro maravilhoso país, o Irã. E que essa infecção virulenta começou a propagar-se. As conseqüências podem superar as maiores selvagerias conhecidas até o presente. 
 
Um documentado estudo do analista político alemão, radicado em Hamburgo, Matthias Kuntzel acaba de fornecer informações que fazem eriçar os cabelos de qualquer pessoa responsável. Parecem-se com os terríveis dados da Europa ocupada em 1940, que batiam com desespero os gabinetes das democracias, mas que no eram ouvidos porque soavam inverossímeis. As informações de Kuntzel não são um segredo: só temos que prestar atenção. 
 
Ele nos recorda que na guerra do Iraque e Irã o aiatolá Khomeini fez uma estranha compra em Taiwan: 500.000 chaves de plástico, que deviam desempenhar um papel motivador. Parecia evidente que Saddam Hussein tinha aproveitado para atacar seu vizinho enquanto se retorcia no difícil começo da revolução islâmica. A desvantagem do Irã era enorme e Khomeini decidiu compensá-la enviando à frente legiões de crianças, muitas das quais só tinham doze anos. Ordenou que a cada um lhes fosse colocada no pescoço uma chave de plástico, com a qual iam abrir as portas do paraíso. 
 
Uma das operações mais cruéis que se lhes determinaram foi limpar estradas e campos minados pelas tropas de Saddam Hussein. Os meninos avançavam em cerradas formações, fazendo-as explodir com seus corpos. Depois podiam entrar, com segurança, os soldados. 
 
O diário semi-oficial iraniano Ettelaat comenta: "No passado [ou seja, na guerra contra o Iraque] tínhamos meninos voluntários de 12 a 17 anos. Iam aos campos sulcados de minas. Seus olhos não viam nada. Seus ouvidos não escutavam nada. E logo, um momento depois, se viam nuvens de poeira. Quando o pó sedimentava, já não se os distinguia mais. Extensamente esparramados no campo, ficavam porções de carne fumegante e pedaços de ossos". Estas cenas deviam ser corrigidas, e o jornal assegura aos seus leitores: "Antes de entrar nos campos minados as crianças começaram a se enrolar em cobertores. Depois rodavam sobre a terra, de modo que as partes de seus corpos pudessem ser conservadas em grande parte juntas após a explosão e transportadas para uma tumba". 
 
Estas crianças pertencem aos Basiji Mostazafan (Mobilização dos Oprimidos), organização criada por Khomeini e da qual o atual presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, é um distinguido instrutor. Os Basiji superam a arrepiante Juventude Hitlerista por seu fanático amor à morte. É uma milícia de centenas de milhares de voluntários dispostos a ir com júbilo até sua própria destruição. O Frankfurter Allgemeine publicou a orgulhosa entrevista de um veterano iraniano daquela guerra, na qual contava: "As crianças explodiam as minas com seus corpos. Era uma espécie de corrida animada. Inclusive sem ordens de seus comandantes, cada um queria ser o primeiro a explodir". 
 
Mas devemos ser justos em reconhecer que antes de usar crianças para este massacre Khomeini tinha tentado com burros e cavalos. Mas bastava um só estalido para que os burros e os cavalos fugissem aterrorizados através dos campos. 
 
Os Basiji cresceram de forma exponencial e incorporam gente de mais idade também. Agora são utilizados como forças de choque contra qualquer protesto antigovernamental. Desempenharam um papel decisivo contra os levantes estudantis de 1999 e 2003. Enquanto os guardas revolucionários são soldados adultos e bem treinados, os Basiji são compostos por meninos de 12 a 17 anos e por adultos maiores de 45, muitos deles analfabetos e sem preparo militar. A [única coisa que se lhe ensina é a glória do martírio. Cada um possui uma faixa vermelho-sangue, que exibe a vontade de morrer. 
 
A tática empregada pelos Basiji na guerra é o ataque por ondas. Avançam contra o inimigo em cerradas formações. Não importa se receberão balas, obuses, granadas ou bombas, ou se voarão com a explosão de uma mina. O importante é avançar sempre, pisar os restos dos camaradas que caíram antes e seguir adiante, onda após onda. Uma vez que as tropas inimigas começam a se abrir ou a decair, então marcham os guardas revolucionários. É impressionante o testemunho de um oficial iraquiano quando confessou: "Vinham em densos grupos, agitando os punhos. Alguém pode disparar contra a primeira onda de crianças; depois, contra a segunda. Mas chega um momento em que a pilha de cadáveres amontoados te faz gritar, com vontade de atirar longe tua arma. São seres humanos, antes de tudo!". Nos três primeiros anos dessa guerra que durou oito, calcula-se que 450.000 crianças foram enviadas à frente de batalha. 
 
O semanário Der Spiegel documenta como foi recrutado um menino chamado Hossein, apesar das leves seqüelas de sua poliomielite. "Certo dia, um imã chegou ao povoado. Convocou toda a população à praça, em frente a uma delegacia de polícia, para transmitir boas notícias do aiatolá Khomeini: o exército islâmico do Irã tinha sido escolhido para libertar Al Quds (Jerusalém) dos infiéis. Cada família tinha o dever de nutrir o exército de Alá. Como o pequeno Hossein era o menos necessário para sua família e, além disso, não podia usufruir desta vida por causa de sua enfermidade, foi escolhido por seu pai para que lutasse contra o mal que encarnam os infiéis". 
 
A corrente islâmica xiita, que predomina no Irã, se inspira na convicção de que Hussein, o neto de Maomé, devia ter sido o líder do islã, não o califa Yasid. Yasid perseguiu e assassinou Hussein em Karbala. Seu corpo foi atravessado por 33 lanças e cortado por 34 golpes de espada. Depois foi pisoteado por cavalos. Este martírio horrível é evocado na festa de Ashura, quando os fiéis se flagelam para imitar o venerado Hussein e alguns chegam inclusive a mutilar-se e até a se matar. Os xiitas esperam o regresso do Mahdi, o Décimo Segundo Imã, equivalente ao Messias dos judeus ou à segunda chegada de Cristo para os cristãos. É o último dos descendentes de Hussein, que desapareceu precocemente sem deixar descendência e permanece oculto até o esperado momento de sua manifestação gloriosa. 
 
O aiatolá Khomeini deu um giro ousado à tradicional postura xiita de aguardar com paciência e boas ações. Khomeini não queria esperar. Investiu o arraigado mito de um sentido diferente. Afirmou que para acelerar o retorno do Mahdi os fiéis deviam despertar de sua letargia e lutar ferozmente contra o mal. Inspirava-se na Fraternidade Muçulmana do Egito, que não eram xiitas, mas ansiavam pela batalha. O mal é a modernidade, com seus degenerados direitos individuais, o estímulo da sensualidade, o pensamento racional paralelo à fé e o inaceitável pluralismo de idéias. Uniu a combatividade da Fraternidade Muçulmana (a quem o presidente Nasser perseguiu e executou) com seu credo xiita e impôs no Irã a convicção de fazer uma guerra com ambições universais. Por isso, as crianças cujos cadáveres se empilhavam na frente de batalha gritavam para dar-se valor: "Contra o Yasid do nosso tempo!" (Saddam Hussein) ou "Uma nova Karbala nos espera!" ou "Que retorne o Mahdi!". 
 
Khomeini insistia em seus discursos que a morte é o começo da verdadeira existência. Afirmou, em outubro de 1980: "O mundo natural é o mais baixo, apenas a espuma da Criação. O que importa é o mundo divino, que é eterno". Esse mundo eterno e maravilhoso é acessível através do martírio. A morte não é morte, mas o trânsito de um nível inferior a um superior e esplêndido. Não interessa que o guerreiro ganhe ou perca na batalha, mas que morra como mártir: então sua vitória está assegurada, porque a ele se abrirão as portas do Paraíso. 
 
O presidente Mahmoud Ahmadinejad abriu em novembro último a Semana Basiji. Os dados oficiais assinalam que cerca de 9 milhões de Basiji, 12 por cento da população, se manifestou a favor do presidente. Só em Teerã a soma chegava a 1 milhão e 250 mil pessoas. Com esta demonstração de poder se quis provar que não havia retorno às débeis reformas tentadas no período presidencial anterior. Ahmadinejad até proibiu a música clássica nas emissoras oficiais, por considerá-la imoral. Ahmadinejad disse em setembro passado, ao falar pela primeira vez diante da Assembléia Geral das Nações Unidas, que implorava o pronto retorno do Mahdi. Sua posição apocalíptica manifestou-se e numa das entrevistas pela TV, na qual expressou com ênfase: "Acaso há algo mais belo que a arte do martírio?" 
 
De acordo com a nova interpretação teológica, o Duodécimo Imã regressará antes se os fiéis se lançarem a uma decisiva e espetacular guerra contra os infiéis. Para que, então, assinar compromissos ou deter a produção de material atômico? O Irã não precisa de energia nuclear para seu desenvolvimento pacífico, porque lhe sobra petróleo. Só o necessita para seu projeto bélico, como acontecia com Hitler com sua corrida armamentista. Avança com uma cega e irrefreável compulsão à morte, que terminará produzindo uma catástrofe universal, da qual nem o próprio Irã poderá salvar-se. O planeta está ameaçado como nunca antes. A inconsciente — agora não tão inconsciente — compulsão à morte afia as facas de outro festival demoníaco, enquanto os responsáveis do mundo deliberam e deliberam, como se tivessem muito tempo para desperdiçar. 
 
 
*Tradução: Szyja Lorber 
Marcos Aguinis é escritor, conferencista, médico psicanalista, foi ministro da Cultura da Argentina, onde desempenhou um papel fundamental na redemocratização do país. É autor dos livros “A Saga do Marrano” e “La cruz invertida”. Publicado no jornal La Nación, de Buenos Aires, Argentina. Reproduzido aqui com autorização.
 
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Neturei Karta no ostracismo
 
As reações nas comunidades judaicas contra os que abraçaram Ahmadinejad
 
Por décadas, a comunidade judaica, com dificuldades, tolerou uma pequena e feroz seita anti-sionista, cujos membros viajavam pelo mundo, denunciando a existência de Israel e abraçando seus inimigos.
 
Porém, quando a delegação do Neturei Karta fez afagos no presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad na conferência que questionou o Holocausto em dezembro, isso foi demais.
 
Agora, o grupo ultra-ortodoxo está sendo proscrito em três continentes, são denunciados por rabinos, banidos das sinagogas e atormentados nas ruas.
 
"Eles trouxeram vergonha ao povo judeu", disse o rabino Shimon Weiss, o líder da Eida Haredit, um agrupamento guarda-chuva de anti-sionistas, judeus ultra-ortodoxos residentes em Israel. "Se eles vierem à sinagoga, serão postos para fora. Eles nos enojam".
 
Em entrevistas por telefone, das cidades em que moram na Inglaterra, Estados Unidos e Israel, membros do grupo dizem que eles foram mal compreendidos, que nunca negaram o Holocausto e que foram tentar proteger os judeus do ataque iraniano caso a guerra irrompesse no Oriente Médio.
 
"Nós sabemos o que fizemos, estamos cientes do valor daquilo que fizemos, e achamos que no curso do tempo isso será esclarecido", disse o rabino Ahron Cohen, um membro do Neturei Karta em Manchester, Inglaterra.
 
Quando Cohen retornou do Irã, ele precisou de proteção policial. Sua casa recebeu uma tempestade de centenas de ovos, sua janela foi quebrada por um tijolo e uma bola de bilhar, e ele continua sendo alvo de pedras, ovos e insultos na rua, disse ele. Na semana passada. Dois pneus do seu Volvo foram cortados, observou, e sua sinagoga fechou as portas para ele.
 
O Neturei Karta (em aramaico "Guardiães da Cidade") foi fundado cerca de 70 anos atrás em Jerusalém por judeus que se opunham ás ações para estabelecer o Estado de Israel, acreditando que somente o Messias poderia fazê-lo. Estimativas do tamanho do grupo avaliam de algumas centenas e poucos milhares.
 
Em décadas recentes seus membros destacaram-se protestando em conferências internacionais e em comícios pró-Israel, capitalizando uma publicidade garantida de judeus religiosos de chapéus pretos e barbas denunciando Israel.
 
Um deles atuou como conselheiro de Yasser Arafat para assuntos judaicos, e uma delegação viajou a Paris em 2004 para rezar pela saúde do líder palestino quando estava à beira da morte num hospital. Meses mais tarde, um grupo participou de uma conferência no Líbano com militantes do Hamas e do Hezbolá.
 
Durante anos, as principais correntes judaicas, religiosas e outros, tendiam a considerar os Neturei Karta como excêntricos. Então veio a conferência do Holocausto, na qual cinco membros do grupo roçaram ombros com gente que nega o assassinato nazista de seis milhões de judeus, membros da Klu Klux Klan, neonazistas, revisionistas e etc.
 
Em fotos publicadas ao redor do mundo, eles foram mostrados cumprimentando e abraçando Ahmadinejad, que se referiu ao Holocausto como um "mito" e pediu para Israel fosse varrido do mapa.
 
Os Neturei Karta dizem que nunca negaram o Holocausto ou suas conseqüências. Eles acreditam que Ahmadinejad tem sido injustamente caluniado e que eles deveriam ser louvados por convencê-lo de que sua raiva deveria ser dirigida a Israel, e não ao povo judeu.
 
"Nós sentimos que temos que fazer o que temos que fazer para salvar vidas de judeus, proteger o povo judeu da, D-s nos livre, catástrofe. Assim, temos que ignorar os efeitos do lado infeliz que aconteceu aqui," disse Yisroel Dovid Weiss, um rabino do Neturei Karta de Nova York que fez parte da delegação.
 
As comunidades judaicas ao redor do mundo ficaram furiosas.
 
Um rabino-chefe israelense pediu pelo banimento dos Neturei Karta das sinagogas. Em Nova York, onde vários membros da delegação vivem, centenas protestaram contra eles, que são freqüentemente atormentados com trotes telefônicos.
 
Os Satmars, um grupo hassídico e anti-sionista visto por alguns como seus primos espirituais, lamentaram numa declaração que "o sangue não vingado de milhões de vítimas judias grita de dor e repulsa para esses parias imprudentes. 'Como puderam descer a um nível tão baixo?'".
 
A comunidade judaica de Viena expulsou Moishe Arye Friedman, que viajou a Teerã com a delegação, mas não pertence ao Neturei Karta. Sua esposa decidiu deixá-lo depois de vê-lo numa foto beijando a face de Ahmadinejad.
 
"Grande parte dos judeus ortodoxos em todo o mundo perderam parentes no Holocausto," disse Jonathan Rosenblum, um analista das comunidades religiosas baseado em Jerusalém: O ato do Neturei Karta "tocou realmente o ponto nevrálgico”.
 
O rabino Avi Shafran, diretor de Assuntos Públicos da instituição ultra-ortodoxa Agudath Israel da América, declarou que a viagem dos Neturei Karta a Teerã foi a última gota d’água.
 
"Eles foram bem-vindos na comunidade por tempo demais. Ninguém tem mais paciência com eles”, disse ele. "Suas ações passaram dos limites".
 
*Fonte - (AFP/AP).
 
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Retorno a Inglaterra
 
Há 350 anos, após séculos de exclusão, os judeus receberam permissão para voltar a viver nas ilhas inglesas. Foi um arranjo informal, visto por alguns como um fracasso. Contudo, provou ser o que de melhor poderia ter ocorrido, pois permitiu o surgimento da primeira comunidade judaica moderna.
 
Era Medieval
 
Antes de analisar a readmissão dos judeus na Inglaterra é preciso avaliar os eventos ocorridos à época medieval. Quando, em 1290, o rei Eduardo I decretou sua expulsão do reino, encerrava-se o primeiro período da história dos judeus nas ilhas britânicas, iniciado quando da invasão normanda de 1066. Apesar de alguns judeus lá viverem desde a época romana, a presença judaica tornou-se significativa somente quando judeus franceses convidados por Guilherme, o Conquistador, estabeleceram-se principalmente em Londres. Seu status civil e social permaneceu, de certa forma, ambíguo até ser legalizado por Henrique I (1100-1135), que lhes garantiu direitos e privilégios. Ademais, por determinação da Coroa, somente os judeus podiam conceder empréstimos a juros. Os financistas judeus atendiam as necessidades monetárias dos soberanos e de seus súditos. A verba para a construção do Palácio de Westminster, residência real até o século XVI, por exemplo, saiu dos cofres dos "banqueiros" judeus.
 
Durante 200 anos exerceram importante papel na Inglaterra, estando espalhados em comunidades por todo o país, inclusive em York, Winchester, Lincoln, Canterbury e Oxford. Protegidos pelos soberanos, prosperaram e, com eles, o Tesouro Real, pois eram obrigados a pagar à Coroa uma grande fatia de todas as transações comerciais, assim como "contribuir" com vultosas somas para as insaciáveis demandas reais. Um dos que mais impostos pagou foi Aaron de Lincoln, cuja mansão ainda está de pé, sendo das mais antigas da Inglaterra. Ao falecer, em 1186, teve todas as suas posses confiscadas, num montante que equivalia a 75% da receita anual do fisco real.
 
Na Inglaterra do século XII, a população judaica vivia em relativa tranqüilidade, pois fora poupada da violência que se abatera sobre seus irmãos da Europa continental, por ocasião da 1ª e 2ª Cruzadas. A Inglaterra não participara ativamente nessas duas primeiras iniciativas. A partir da segunda metade do século, no entanto, tornaram-se freqüentes os sentimentos anti-judaicos. Em 1144, os judeus de Norwich foram injustamente acusados de ter assassinado um menino, em uma cerimônia ritual. Apesar da pressão popular, as autoridades se negaram a abrir inquérito face à ausência de provas. Foi a primeira acusação de assassinato ritual na História. Nos anos seguintes, repetiu-se o libelo em outras cidades inglesas, mas, por falta de provas, as denúncias nunca chegaram aos tribunais.
 
A vida dos judeus britânicos tornou-se cada vez mais difícil. Um incidente ocorrido em Westminster, em 1189, quando a delegação judaica foi impedida de assistir à coroação de Ricardo I, Coração de Leão, provocou distúrbios violentos e a morte de 30 judeus. Um ano depois, quando o rei se engajou na 3ª Cruzada, as comunidades se alarmaram, pois a pregação para essas campanhas religiosas inevitavelmente trazia à tona sentimentos anti-judaicos que acabavam em violência. E assim foi. Antes de partir rumo a Jerusalém, os cruzados massacraram judeus em Lynn, Bury St. Edwards, Lincoln e Norwich.
 
Mas, o pior aconteceu em York, em março de 1190. Atacados por uma multidão enfurecida, 150 judeus se refugiaram no castelo real, em busca de proteção. Em vão.A turba atacou a torre do castelo, Clifford's Tower, onde estavam homens, mulheres e crianças judeus. Apesar de inferiores em número, defenderam-se com bravura, mas não havia como resistir. Negando-se ao batismo forçado, a maioria optou por morrer pelo Sagrado Nome de D'us, Al Kidush Hashem. Quando o castelo foi dominado, os judeus remanescentes foram massacrados, sem piedade.
 
No século seguinte, a situação se deteriorou rapidamente. Antigos direitos foram abolidos, adotando-se severas medidas anti-judaicas. Extorquiam os judeus de todas as formas e, em 1230, a Coroa confiscou um terço de todos os seus bens e créditos. Em 1255, Lincoln foi palco de nova acusação de assassinato ritual, mas, desta vez, 92 judeus foram aprisionados na Torre de Londres, tendo suas propriedades confiscadas. Destes, 18 foram executados. A história do suposto assassinato ritual de um menino cristão, Hugh de Lincoln, tornou-se parte do folclore popular inglês e o escritor Chaucer a incluiu em seus The Canterbury Tales, a mais importante obra literária inglesa medieval.
 
Quando, em 1275, Eduardo I proibiu aos judeus continuar na atividade financeira, foi o sinal de que sua utilidade ao reino chegava ao fim. Em 18 de julho de 1290, além de apreender seus bens, o soberano decreta sua expulsão da Inglaterra. No calendário judaico, era o fatídico dia 9 de Av. Foi a primeira expulsão, na História da humanidade, a abranger a totalidade de um povo. A data limite para deixarem as terras inglesas era 1º de novembro. Podiam apenas levar consigo seus pertences. Todos os bens imóveis e créditos foram confiscados pela Coroa. Não se sabe exatamente quantos judeus atravessaram o Canal - os números mencionados variam de 2.500 a 16.000.
 
O período antes da readmissão
 
Até o final do século XV poucos judeus viveram secretamente em solo inglês. Mas, a partir de sua expulsão da Espanha, em 1492, e de Portugal, em 1497, alguns conversos ibéricos buscaram refúgio na Inglaterra. Na Europa, as nações governadas por protestantes, em particular calvinistas, ofereciam aos judeus e aos conversos melhores condições de vida.
 
Durante o reinado de Henrique VIII havia conversos vivendo em relativa tranqüilidade em Londres e Bristol, graças à influência que a família Mendes exercia sobre a Coroa. Donos de verdadeiro império financeiro, os Mendes haviam concedido vultoso empréstimo ao soberano inglês. Quando, em 1535, Doña Gracia, viúva de Francisco Mendes, foge de Lisboa, permanece algum tempo em Londres, assim conhecendo a pequena comunidade local de cripto-judeus.
 
Um dos membros dessa comunidade era Hector Nunes, em cuja residência funcionava em sigilo, uma sinagoga. Médico e comerciante, este judeu português entrou na história inglesa por ter sido o primeiro a alertar a rainha Elizabeth I de que a Invencível Armada espanhola preparava-se para atacar seu reino. Outro converso famoso durante o período elisabetano foi Rodrigo Lopes, que se estabelece em Londres, em 1560, após fugir da Inquisição portuguesa. Ele, que se tornara o médico de cabeceira da rainha Elizabeth I, foi vítima de intrigas políticas. Acusado de tentar envenenar a soberana, em 1594 foi julgado e condenado à morte. O destino de Lopes fez com que muitos conversos deixassem o país e, os que ficaram, foram expulsos por James I, em 1609, ao tomar ciência de que praticavam o judaísmo em segredo.
 
No entanto, após algumas décadas, uma nova leva de conversos se estabelece em Londres. Eram, na maioria, grandes comerciantes, com atividades econômicas que se estendiam ao Oriente, às Américas e, principalmente, aos Países Baixos, Espanha e Portugal. Em 1653, já viviam na cidade 20 famílias de conversos, o embrião da futura comunidade judaica. Apesar de procurar manter as aparências como católicos, não era segredo para os membros do governo que eram judeus secretos. O líder da comunidade era Antonio Fernandez Carvajal, que chegara a Londres por volta de 1635. Próspero e influente, é considerado um dos maiores negociantes de prata da Inglaterra, de todos os tempos. Na década de 1640, o confronto entre o rei e o Parlamento, agravado por divergências religiosas, resultara em uma guerra civil - a Revolução Puritana. As forças parlamentares, puritanos chamados de "Cabeças Redondas", eram lideradas por Oliver Cromwell, um homem que teve importância fundamental na história judaica e ao qual o líder judeu Carvajal dá seu apoio. Além de ajudar financeiramente o esforço de guerra puritano, este último repassa a Cromwell preciosas informações sobre o então exilado Stuart, futuro Charles II, bem como sobre os planos que os realistas engendravam com a Espanha. As informações de Carvajal evitaram pelo menos um atentado à vida de Cromwell. Com a vitória dos puritanos seguida pela tomada do poder em 1653, por Cromwell, ele declara Carvajal persona grata do governo. Em 1655, ele e seus dois filhos recebem o status legal de residência, sendo os primeiros judeus a merecer tamanha distinção.
 
Readmissão
 
A readmissão judaica à Inglaterra deve ser vista como resultado da conjunção de vários acontecimentos históricos e políticos. É quando entra a figura do Menasseh Ben Israel (1604-1657), filho de conversos portugueses e rabino da comunidade de Amsterdã. Autor de várias obras, muitas das quais em defesa do povo judeu e do judaísmo, seguia com atenção o desenrolar da política interna inglesa. Acreditava que a chegada dos puritanos ao poder era uma oportunidade singular para o restabelecimento dos judeus na Inglaterra, país que poderia servir de abrigo a milhares de refugiados.
 
Os puritanos eram fervorosos estudiosos do que os cristãos chamam de "Velho Testamento", a Torá, e nutriam uma percepção mais positiva dos Filhos de Israel. O rabino lograra boa reputação entre eles, principalmente por suas idéias sobre a vinda do Messias. Em meados do século XVII, curiosamente, coincidia entre judeus e cristãos um generalizado anseio messiânico. Do lado judaico havia os que previam a iminente vinda do Mashiach. O rabino Menasseh acreditava que a dispersão dos judeus por todos os "cantos da terra", Ketsê ha-Aretz, era uma das pré-condições para a vinda do Mashiach. Em 1644, o relato de um explorador converso, Antônio de Montezinus, sobre sua viagem à América do Sul, criara uma onda de entusiasmo no mundo judaico. Montezinus afirmava ter encontrado nas florestas do Equador nativos que falavam hebraico e diziam ser parte das Tribos Perdidas. Convencido da veracidade do relato, Ben Israel acreditava que se os judeus retornassem à Inglaterra, estaria completa a dispersão. Em 1650 expõe a idéia no livro "A Esperança de Israel", encaminhando uma cópia ao Parlamento inglês, com um prefácio a eles especialmente dedicado.
 
Do lado puritano havia quem acreditasse estar próximo o "Segundo Advento de Jesus". Segundo a tradição cristã, uma das condições para tal era a conversão dos judeus ao cristianismo. Outra, o retorno dos judeus à Terra Prometida. Para muitos puritanos, o fato de os judeus viverem em contato com o cristianismo inglês, sem as distorções do catolicismo, poderia facilitar sua conversão espontânea. Essa idéia fez com que encaminhassem uma petição em favor da readmissão judaica, no entanto, malograda.
 
Cromwell também favorecia a vinda dos judeus e isso foi decisivo. Essencialmente pragmático, seus interesses iam além de qualquer esperança messiânica ou tolerância religiosa. Empenhado em erguer a economia do país e expandir seu comércio, entendia as vantagens da vinda dos comerciantes de Amsterdã, além de saber das importantes conexões judaicas, que lhe tinham sido tão úteis na prestação de informações.
 
Em setembro de 1655, Menasseh Ben Israel, foi a Londres, a convite de Cromwell, para lhe apresentar a petição sobre a readmissão dos judeus ao país. No documento, o rabino apontava os benefícios econômicos que o capital judaico e o empreendedorismo de seus membros trariam, rechaçando as acusações de que eram vítima. Mas tal petição, iniciativa dele próprio, não representava os interesses da comunidade de conversos que, liderada por Antonio Carvajal, estava satisfeita com seu modo de vida.
 
O que se seguiu foi uma solução tipicamente inglesa, que vale a pena examinar. Cromwell, após receber favoravelmente a petição, submeteu-a ao Conselho que, em novembro de 1655, designou uma comissão para analisá-la. Sua surpreendente conclusão foi apresentada numa Conferência realizada no mês seguinte, em Whitehall. Não havia lei que impedisse a readmissão dos judeus à Inglaterra, a expulsão de 1290 fora uma prerrogativa real e, como não tinha sido sustentada por nenhum ato Parlamentar, tampouco necessitaria de um para ser revogada.
 
Resolvida a questão da legalidade, a passou a discutir os termos da admissão. Mas Cromwell, que se expressara a favor desse movimento, encontrou uma oposição maior do que esperava. Comerciantes e certos setores religiosos, temendo a vinda dos judeus, condicionavam-na a muitas restrições. Por outro lado, rumores fantasiosos sobre as "reais intenções" judaicas em relação à Inglaterra corriam o país. Dizia-se até que pretendiam comprar a Catedral de São Paulo para transformá-la em sinagoga. Temendo um parecer negativo, Cromwell dissolve a Conferência, abstendo-se de declarações públicas.
 
Como vimos, os conversos de Londres não participaram da iniciativa do Rabi Menasseh, mas a guerra com a Espanha (1656 - 1659) forçou-os a mudar de atitude. Por serem, formalmente, súditos da Coroa espanhola, o governo inglês poderia confiscar suas propriedades. Quando, em março de 1656, são de fato confiscados os bens do comerciante Antonio Robles, um dos mais ricos conversos, eles decidem apelar diretamente a Cromwell. A missão de Ben Israel conseguira provar às autoridades que o banimento não tinha força legal, mas o "Caso Robles" demonstrava que os judeus precisavam de garantias "mais concretas" de sua legitimidade em solo inglês.
 
Em 24 de março é entregue a Cromwell uma petição na qual os signatários afirmam seu desejo de viver em paz, sob a autoridade do governo inglês e pedem permissão para conduzir serviços religiosos judaicos em suas casas e adquirir um terreno a ser usado como cemitério. Apesar de assegurada sua posição legal por ter recebido direito de residência, Carvajal é um dos signatários, assim como Ben Israel. Em paralelo, Robles submete outra petição, na qual pede a devolução de suas propriedades já que não era espanhol, mas "Português da Nação Judaica". Não era, portanto, inimigo, mas "vítima do inimigo". O Conselho respondeu em favor de Robles, reintegrando-lhe suas posses. Mas não há registros de uma resposta por escrito à petição dos conversos. Contudo, segundo historiadores, há fortes indícios de que Cromwell tenha dado alguma garantia informal sobre o status da comunidade no país, pois, em dezembro de 1656, em um prédio em Creechurch Lane, foi fundada a primeira sinagoga oficial. De Amsterdã vieram os Rolos da Torá e, menos de dois meses depois, comprava-se o terreno para o cemitério. Menasseh Ben Israel, acreditando que sua missão falhara, regressou desapontado para Amsterdã, onde faleceu, pouco depois.
 
O arranjo informal que permitiu aos judeus viver e professar abertamente sua fé em solo inglês, demonstrou ser um benefício, não-intencional, de grandes conseqüências. Se a Comissão tivesse chegado a um acordo, teria condicionado a volta dos judeus a vexatórios regulamentos legais, semelhantes aos que vigoravam em outros países.
 
Reconhecimento formal da presença judaica
 
Em 1660, é restaurada a monarquia na Inglaterra. A ascensão de Charles II ao trono foi vista com apreensão pela comunidade judaica, mas o desenrolar dos acontecimentos mostrou serem infundados os seus temores. Charles, bem como seu sucessor, James II, protegeram a nova comunidade, ignorando várias petições de comerciantes da City de Londres. Os apelos iam desde pedidos de imposição de sérias limitações às atividades econômicas dos judeus, até uma nova expulsão dos mesmos.
 
Contudo, o status civil e legal dos judeus se manteve informal e ambíguo até ser formalmente reconhecido em 1664, após a entrada em vigor de uma lei que proibia reuniões religiosas fora dos auspícios da Igreja Anglicana. Isso era parte da campanha para desestimular os seguidores do "não-conformismo" aos preceitos da Igreja Anglicana. O alvo eram os cristãos não-anglicanos, fossem eles protestantes ou católicos. Mesmo assim, a comunidade judaica ficou receosa e o fez saber ao rei. Desta vez, o Conselho respondeu por escrito, assegurando que o soberano ordenara que não fossem perturbados, que "poderiam viver e trabalhar como sempre, desde que mantivessem comportamento pacífico e tranqüilo, com a devida obediência às leis de Sua Majestade e sem escândalos para o Reino".
 
Assim, sem alarde, os judeus tornaram-se cidadãos ingleses. Quem nascia em solo inglês recebia a cidadania britânica, com as mesmas limitações impostas a qualquer cidadão não pertencente à Igreja Anglicana. As exclusões referiam-se principalmente ao acesso à vida pública, tendo sido criadas antes da Readmissão, como tentativa de vetar o acesso de não-anglicanos às esferas políticas. No caso judaico, havia só mais um impedimento, referente à necessidade de se fazer votos cristãos para ter permissão de exercer certas atividades profissionais. Durante as gerações seguintes, várias decisões judiciárias estabeleceram o direito aos judeus nos tribunais de pleitear e prestar testemunho e de ter reconhecidas as suas suscetibilidades religiosas.
 
A posição da comunidade se fortaleceu ainda mais a partir de 1688, quando o protestante Guilherme de Orange, Stadholder (governador) da Holanda, invade o país atendendo um pedido do Parlamento para libertar a nação "da tirania católica" e, a seguir, é coroado Rei da Inglaterra. Sob Guilherme III, nome que passa a usar, muitos financistas judeus se estabelecem em Londres, e tornam-se fundamentais no mercado financeiro da City, que, no período, registrou notável crescimento.Nos anos seguintes, quando a comunidade judaica se sentia de alguma forma atacada, apelava diretamente à Coroa, que reprimia qualquer ação contrária a eles. Finalmente, uma lei de 1698 reconhece a legalidade do exercício da fé judaica na Inglaterra.
 
O crescimento da comunidade
 
Nos primeiros 50 anos após a readmissão, estabeleceram-se em Londres sefaraditas provenientes principalmente da Península Ibérica, Holanda e França. Apesar de não ter ocorrido um grande influxo, como imaginara o rabino Menasseh, a comunidade cresceu, já contando em 1684 com 414 famílias. Eram prósperos e se estabeleceram nos moldes da comunidade portuguesa de Amsterdã. Em poucas décadas, a sinagoga de Creechurch Lane se tornou pequena e, em 1701, inauguraram outra bem maior e mais suntuosa, em Bevis Marks, na City de Londres, onde vivia a maioria dos judeus. Em grande parte inalterada, a sinagoga é usada até hoje como lugar de oração.
 
Levas de ashquenazim também se estabeleceram em Londres, fundando suas próprias comunidades e casas de oração. A primeira destas, a Grande Sinagoga de Duke's Place, de rito asquenazita, foi inaugurada em 1690 e utilizada durante 250 anos, até ser destruída na 2ª. Guerra Mundial, durante os bombardeios que devastaram Londres.
 
No final do século, quando Londres se torna um importante centro de comércio internacional, a comunidade judaica da cidade acompanha o crescimento, em tamanho e importância. Apesar de representar apenas uma parcela minúscula da população judaica no século XVII, tem uma importância especial por ter sido a precursora da moderna história de nosso povo. Até então, era extremamente vulnerável e sujeita aos caprichos de seus governantes a situação legal, social e econômica das várias comunidades judaicas mundiais. Sem nenhum tipo de amparo da lei, tanto em países cristãos como no Islã, as propriedades dos judeus eram passíveis de confiscos e expulsões arbitrários. Apenas na Inglaterra e nas áreas sob domínio anglo-saxão a situação foi diferente. Apesar de permanecerem vivos os antigos preconceitos e de serem os judeus vistos como uma "nação com hábitos peculiares", eram cidadãos com direitos assegurados perante a lei. Quase não havia restrições às atividades comerciais ou à liberdade de residência, nem havia guetos. Em raras ocasiões o governo inglês pressionou a comunidade a pagar impostos extras, mas nunca confiscou bens judaicos - como ocorria em outras partes do mundo. Além do que, os impedimentos legais não eram considerados estigma social. E, nas colônias, os judeus gozavam dos mesmos direitos que na Inglaterra.
 
Não resta dúvida de que nos domínios anglo-saxões os judeus tinham maior segurança política e um maior grau de aceitação social do que em qualquer outra comunidade judaica da época. E este fato lhes conferiu uma estabilidade nunca dantes vivenciada. Em decorrência, surge a primeira comunidade judaica moderna, que vai ter impacto crescente e determinante na história judaica da Era Moderna e na criação do Estado de Israel.
 
*Bibliografia:
Endelman, Todd M, The Jews of Britain, 1656 to 2000, Ed University of California Press
Katz, David S, The Jews in the History of England 1485 -1850, Ed. University Press of the Pacific Binding
Hyamson, Albert Montefiore, A History of the Jews in England, Ed Oxford
 
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"Judaísmo Messiânico" Não Existe
Judaísmo Messiânico, não existe! Apaixone-se pelo Judaismo,pratique Torá!
 
História, mito e realidade: processos de longa duração.
 
Eu sou historiador. Adoro falar, escrever e ler sobre História. Acho que sem entender um pouco de História as pessoas são manipuladas. Daí a necessidade de se estudar História: entender o hoje, através da experiência do ontem. Nada se repete, mas por vezes se assemelha e há lições que se pode aprender e apreender da História.
 
Uma delas é a duração e permanência de certos conceitos e de certos mitos. Por vezes surgem numa época e estão relacionados com certa realidade. A realidade muda e as condições se alteram, mas as crenças e mitos permanecem. Além disso, criam-se estereótipos de certos grupos e minorias, para se estabelecer identidades e fidelidades. Um grupo majoritário receia a concorrência e o modelo diferente de um grupo numericamente inferior e distinto em certas coisas do grupo que predomina. Para impedir que este grupo minoritário concorra e obtenha adeptos no seio da maioria, trata de consolidar a identidade desta maioria. Para tal elabora críticas e cria preconceitos contra esta minoria.
 
Um destes casos, ocorreu entre a maioria cristã, associada ao poder imperial, no Baixo Império Romano e a minoria judaica, detentora de direitos de cidadania, anteriores aos obtidos pelos cristãos a partir de Constantino, em 313 d.e.c. Os judeus eram considerados uma religião tradicional e tinham status de minoria protegida: em Latim eram uma “religio licita” ou seja religião juridicamente legal. Isso impedia a Igreja de destruí-los e expulsá-los.
 
Daí a construção de duas vertentes de contenção da minoria segregada. A primeira seria a jurídica que limitava e restringia os direitos judaicos a um mínimo e que proibia inúmeras coisas. Uma desta era os casamentos exogâmicos entre judeus e cristãos, salvo nos casos em que o judeu se convertesse. Outro era a posse de escravos cristãos por judeus. Uma outra era que judeus tivessem posição de força, ou seja, poder político ou militar. Tudo isso e muito mais excluiu os judeus de muitos setores da vida social, política e econômica.
 
A segunda seria a contenção pela identidade e pela segregação. A maioria discrimina através da criação de uma imagem do OUTRO. O Judeu é o outro, ou seja, alguém diferente. Mas para minimizar sua atração, visto ser uma religião concorrente e que se outorgava a Revelação (entrega da Lei e escolha por D-us), deveria ser realocado na realidade. A boa convivência entre judeus e cristãos, ainda existia. Apesar da concorrência e de muitos choques e polêmicas, restava ainda muita gente dos dois lados que dialogava e convivia. Era preciso separar judeus do meio do mundo cristão e colocá-los na periferia da sociedade. Só a lei romana não bastava. A solução foi incutir nos judeus uma imagem de malignidade. Os Padres da Igreja (termo associado aos pensadores cristãos deste período) fizeram algumas coisas, mas nos fixaremos em duas destas: 1) através de uma releitura do texto sagrado (denominada exegese), trataram de dissociar os judeus da eleição por D-us e de sua condição de receptores e executores da Lei e da Revelação divina. Os judeus tinham sido substituídos pelos cristãos e tinham perdido sua promessa, por não terem acolhido o Messias; 2) a associação dos judeus com valores terrenos, carnais e mundanos e sua ligação como Demônio. Iniciava-se a demonização dos judeus.
 
O grande mentor desta visão da malignidade judaica em nossa opinião foi o bispo João Crisóstomo. Nasceu e viveu em Antioquia (na região da Síria). Pregador dotado de uma oratória aguda e agressiva, Crisóstomo (que em grego significa “boca de ouro”) soube associar os judeus com o Demônio. Seus adjetivos eram os piores possíveis: porcos, demônios, sensuais e carnais, glutões e insaciáveis. A Sinagoga foi associada a um prostíbulo. Possuo um artigo que versa sobre este tema, publicado no Boletim do CPA, da Unicamp (Campinas, SP). Mesmo se outros adotaram expressões menos agressivas, estavam influenciados pela retórica do bispo de Constantinopla.
 
A razão do bispo era a proximidade intima entre judeus e cristãos na cidade de Antioquia. Para evitar a influência judaica, visto haver cristãos que queriam guardar o sábado ou adotar a Kashrut (leis dietéticas judaicas), o bispo satanizava seus concorrentes e opositores. Assim forjava a identidade grupal cristã ao “diferenciar” e marcar os judeus através de sua malignidade. Distância dos judeus era uma atitude cristã adequada: evitar sua malignidade sua “carnalidade” que os fazia cultura o demônio.
 
Os mitos não pararam de surgir e se expandir. Muitos nunca desapareceram. São fenômenos de longa e média duração. A satanização dos judeus permaneceu adormecida por alguns séculos. Mas no século XIII, ressurge com todo vigor. Era o auge da Igreja Católica. As heresias surgiam no sul da França e em toda Europa. A mais forte e ameaçadora era uma heresia denominada albigense (ou cataros). Era dualista, ou seja, na sua visão do mundo havia dois elementos divinos: um D-us bom e espiritual e outro Mal e material. A seita albigense acusava a Igreja de ser a Igreja do demônio.
 
Outra heresia, denominada valdense, criticava a Igreja por ser rica e poderosa e contraria ao exemplo de Jesus e de seus apóstolos que eram humildes. Assim Igreja reagiu e partiu para ofensiva. Os albigenses foram perseguidos com duas armas poderosas; uma Cruzada contra eles iniciada em 1207 (a cruzada albigense no sul da França). E a instauração da Inquisição medieval no sul da França para “caçar” os remanescentes do massacre realizado pelos cruzados, contra seu ex-irmãos, agora heréticos.
 
O Diabo e os judeus foram considerados cúmplices, de tais acontecimentos. A calmaria já cessara com as Cruzadas (c. 1096- c. 1250), nas quais se mataram milhares de judeus e muitas comunidades foram destruídas. O que veio em paralelo, desde o início do século XI, foi uma sucessão de mitos antigos renovados ou ampliados.
 
O clássico mito do assassinato ritual, no qual os judeus são acusados de matar crianças para retirar seu sangue e fabricar matzot (pães ázimos da Páscoa judaica). O primeiro caso de acusação por crime ritual foi em Norwich (Inglaterra) por volta de 1070. O último foi no final do século XIX na Rússia czarista, mas foi refutado e o réu inocentado somente em 1903. O célebre caso Beilis retratado no filme “O homem de Kiev” que se baseia na obra de Bernard Malamud, de titulo “O bode expiatório”. O filme e o livro são da década de 60 e não fáceis de se achar.
O melhor exemplo de mito de longa duração são as teses conspiracionistas de que os judeus querem dominar o mundo. Fazem parte em algumas das literaturas anti-semitas e ainda circulam na imprensa de maneira impune: são mitos medievais de que os judeus querem acabar com o mundo cristão e são suspeitos, conspiradores e/ou revolucionários. Vejam um exemplo: “Os Protocolos dos Sábios de Sião”.
 
O mito central dos Protocolos seria o envenenamento dos poços pelos judeus. A obra denominada Protocolos, é uma fabricação do czarismo russo, montada por um monge denominado Nilus por volta de 1907. Esta obra é um plágio literário, como foi demonstrado num julgamento feito por um tribunal internacional em Genebra na Suíça, no final da década de 1930. Anatol Rosenfeld editou um pequeno livro no qual demonstra esta falsificação literária e relata a decisão do tribunal: “Mistificações literárias: os Protocolos dos Sábios de Sião”, editada pela editora Perspectiva. Já Norman Cohn tem obra traduzida ao português, denominada: “A conspiração mundial dos judeus: mito ou realidade? Análise dos Protocolos e de outros documentos”. A primeira edição deste livro é de 1969.
 
Os reais autores desta teoria viveram no século XIV, quando se definiu que os judeus pretendiam dominar o mundo associados aos leprosos e com apoio do Diabo e do Anticristo.
O fundador da fábrica de carros americana, Henry Ford, escreveu outro livro com a mesma tese. O livro de denomina “The internacional Jew”. Mantém a mesma tese que Hitler e outros nazistas mantinham: pura crença medieval. Alias o nazismo era um movimento de inspiração romântica (isso não tem nada a ver com romances de amor). Buscava sua raiz no Medievo: sua inspiração estética era clássica (Veja o filme “Arquitetura da Destruição” do Peter Cohen), mas sua inspiração ideológica e “mitológica” era medieval. O uso de fogo em e rituais noturnos, águias em estandartes, paradas e rituais de fidelidade ao Führer. Muito medieval.
 
O anti-semitismo tem parte de suas raízes nos mitos medievais. E vemos teses neonazistas e revisionistas que são “remakes” de mitos e crenças medievais, por vezes travestidos de pseudociência racial e arianismo. Pura ficção: no âmago da questão temos crenças medievais e antigas que são de longa duração. Até o ódio a Israel, apresenta por vezes conotações associáveis a algumas destas crenças e mitos medievais. A malignidade não se desprendeu de nós, desde Crisóstomo e de outros Padres da Igreja.
 
Chegará o dia em que poderemos ser visto como somos? Apenas seres humanos dignos de respeito e de dignidade. SOS Racismo.
 
* Sérgio Feldman é doutor em História pela UFPR e professor de História Antiga e Medieval na Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória, e ex-professor adjunto de História Antiga do Curso de História da Universidade Tuiuti do Paraná.
 

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Fazer prosélitos
Judaísmo Messiânico Não Existe
 
Fazer prosélitos não é uma prática que possa ser atribuída a todos os cristãos. Atribuir o proselitismo a todos seria uma injustiça. Muitas igrejas têm atuado em favor da aproximação séria e respeitosa aos judeus e ao judaísmo. Nos últimos 40 anos houve considerável progresso nessas relações, fazendo bem a ambas comunidades. No entanto há cristãos que são contrários ao esforço dessas igrejas e comunidades judaicas de boa vontade. Preferem o proselitismo. Negam-se ao diálogo dedicando-se freneticamente à conversão de judeus, prática desrespeitosa e politicamente incorreta. 
 
Angariar adeptos é missão fundamental e necessária para muitas igrejas que, no seu fundamentalismo e na sua pobre teologia, se espalham em busca de cristãos de outras igrejas, oferecendo a “única salvação” – o que fazem como fossem detentores desse poder divino. Para esses cristãos, a ação missionária é como preencher um álbum de figurinhas: quanto mais páginas completar, maior a possibilidade de se salvar. Ah! Existem figurinhas carimbadas. Estas valem mais. São os judeus. Uma figurinha dessa qualidade garante duplo prêmio: salvação e apressamento da vinda do messias cristão. 
 
Lançar as redes em busca de novos convertidos ao cristianismo não é de hoje. Por muito tempo os cristãos tiveram essa prática. Mesmo nas igrejas mais tradicionais e que oficialmente abandonaram essa prática – e a desencorajam - ainda resta, no fundo, um velado proselitismo em muitos dos seus membros.
A busca de “convertidos” se faz na seara do outro, seja cristão ou não. Há missionários batendo em portas, fazendo panfletagem em praças públicas, presídios, hospitais, cemitérios, exatamente onde podem contar com a fragilidade das pessoas e oferecer um pretenso consolo e obviamente, salvação.
 
Não é de se estranhar. Tudo está fundamentado na Bíblia, pois quando se lê as Escrituras de forma literal, fazer prosélitos torna-se um mandamento divino. Portanto, há no missionário uma certeza e uma determinação cega quanto à necessidade de converter todos aqueles que não aceitam seu salvador, e que se diga, à sua moda. Para esses militantes da salvação só a sua igreja é a verdadeira igreja instituída, pois todas, ou quase todas, no seu entender, estão corrompidas.
 
O fundamentalismo desconhece contexto. Toma a Bíblia como uma manual de sobrevivência na selva de pecados que é o mundo, e que, só será livre do pecado quando o demônio for vencido. Para isso é necessário que ocorra a segunda vinda do Messias Salvador, quando ele vencerá o demônio e arrebatará os eleitos.
 
Também, com base numa sui generis teologia bíblica, acreditam que a vinda do salvador depende da conversão dos judeus. Assim, é preciso que a Casa de Israel esteja restaurada, isto é, que a Terra de Israel esteja sobre o controle judaico e que os judeus estejam convertidos ao cristianismo. Nisto se apóiam muitos evangélicos dos Estados Unidos. Como exemplo, temos a Southern Baptist Convention, que, ao mesmo tempo em que é favorável ao apoio americano a Israel, encoraja 15 milhões de membros para que se dediquem evangelizar judeus. Além desses há ainda mais de mil diferentes grupos missionários que dispõem de US$ 250 milhões anualmente. Estes grupos patrocinam centenas de missionários em tempo integral, bem como programas de rádio e TV, e já criaram mais de 400 “sinagogas messiânicas”, que se esforçam em parecer judaicas, mas, na verdade, são igrejas cristãs. Se compararmos o número de missionários com o de judeus no mundo, chegamos a conta de mais de dois, talvez três, missionários para cada judeu.
 
Nesta mesma lógica, temos no Brasil cristãos que têm os judeus em alta conta e simpatia. Menos políticos e mais fracos em poder de mobilização, usam táticas mais modestas. A aproximação se faz em momentos festivos, nas visitas às sinagogas, aos clubes e associações, em datas significativas da vida judaica, boas ocasiões para abrir portas para futuras investidas. Promovem eventos que visam atrair judeus onde exageram nas manifestações de carinho e sensibilidade por todas as injustiças cometidas contra o povo de D’us. Raramente, ou nunca, tocam na questão política do Oriente Médio. No entanto, estes modestos missionários, pensam e objetivam o mesmo que seus irmãos da Southern Baptist Convention e outros similares.
 
No Brasil, diferente dos Estados Unidos, a maiorias das comunidades messiânicas não têm a mesma sofisticação. Normalmente se reúnem em igrejas como as outras, embora, nas orações e nas músicas, manifestem entusiasticamente simpatia pelo povo judeu. Apóiam a vinda de “rabinos” para pregarem em seus púlpitos e em locais pretensamente neutros, como ocorreu numa universidade de Curitiba, com a organização do Curso de Teologia e de seu Diretório Acadêmico.
 
No Brasil são poucas as comunidades messiânicas que se apresentam como “judaicas”. Todavia, há algumas que possuem igrejas revestidas de sinagoga, que usam terminologias hebraicas, que guardam o sábado e seus líderes usam vestes ortodoxas. Procuram atrair judeus desgarrados das tradições e da comunidade, convencendo-os de que não é preciso deixar de ser judeu para ser cristão, e que está é uma condição privilegiada do novo convertido - contrariando a lei física de que dois corpos não ocupam o mesmo espaço.
 
Não se pode descartar que, no esforço de conversão dos judeus ao cristianismo e de outros cristãos às suas igrejas, está implícito um forte preconceito. O grande investimento e a gigantesca mobilização missionária se dá por conta do sentimento de superioridade que esses grupos têm diante de outros. Sentimento este, caracterizado pela manifesta certeza de “serem os salvos” e legítimos missionários do Senhor. Logo, os “outros”, objeto do proselitismo, são inferiores, não possuem a mesma distinção diante de D’us, e por isso devem ceder à revelação messiânica proposta por essa “elite cristã”.
 
Não se pode proibir a ação proselitista. A atividade religiosa no Brasil é livre e o proselitismo também. No entanto, deve-se refletir sobre as causas que levam alguns judeus serem atraídos ao cristianismo. Certamente, os atraídos, não são judeus ligados às suas comunidades, que conservam suas tradições, que conhecem a sua religião, etc. São aqueles afastados por razões diversas; são aqueles que nasceram judeus, mas que nunca estiveram em contato com as tradições e com a comunidade.
 
Enfim, não basta alertar sobre a insistente ação dos missionários. Não basta dizer que o lobo está lá fora e que é preciso ter cuidado. O lobo pode estar dentro de casa, travestido de amigo, comovendo a todos com ternos sentimentos ou, o que é pior, pode estar disfarçado na omissão, na falta de cuidado com a educação, com a guarda das tradições, na falta de trato com as pessoas, no próprio fechamento da comunidade. A melhor guarda contra o proselitismo cristão é fortalecimento dos laços comunitários, a valorização da identidade e do comprometimento com as causas judaicas e humanitárias, valores que sempre identificaram os judeus ao longo dos séculos.
 
* Estevão Santana, formado em filosofia, é teólogo cristão
 
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Judaísmo e Cristianismo - Reflexões históricas
 
Jesus era judeu. Nasceu em Belém (Beit Lechem) na Judéia (Iehudá), de pai e mãe judeus, viveu entre a Judéia e a Galiléia (Galil). Cresceu em Nazaré (Natzeret) e pregou na Galiléia, no lago Tiberíades (Kineret ou mar da Galiléia) e no vale do Rio Jordão (Iarden). Viveu e pensou como um judeu de sua época: falava frases retiradas do livro de Isaías e do Pentateuco (Torá). Algumas de sua celebres frases, podem ser repensadas. Costuma-se atribuir a célebre frase, “Amarás ao próximo como a ti mesmo” a Jesus. Alguns judeus a atribuem a Hilel, sábio renomado do período do Segundo Templo, mas anterior a Jesus. Porém, há um versículo (passuk) no código da Santidade (Levítico ou Vaikrá, cap. 19, v. 18) que cita esta famosa frase, muitos séculos antes de Hilel e Jesus. Por que foi atribuída a Jesus? Por que sintetiza os ideais e as idéias principais da religião judaica: amar a D-us e amar ao próximo. Jesus praticava e acreditava nestes valores, pois era judeu.
 
Já repararam que todas as pessoas neste país celebram a circuncisão (Brit Milá) de Jesus, sem se dar conta que nasceu no dia 25 de dezembro e foi circuncidado no dia 1º de janeiro, exatamente oito dias, como manda a tradição judaica!!! Nada mais nada menos do que a antiga denominação da festa: circuncisão universal. Depois foi renomeada como confraternização universal. Se o Judaísmo tem como pilares a circuncisão, o estudo da Lei ou Pentateuco (Torá), e a prática dos preceitos (mitzvot), o que nos diz disso Jesus? Seria contra a Torá? E os argumentos e pontos de vista dos profetas hebreus tão importantes no Judaísmo, teriam apoio ou seriam negados por Jesus? O trecho do apóstolo Mateus traz luz a esta questão (cap. 5, v. 17). Diz: “Não pensem que vim para destruir a Lei e os Profetas; não vim para destruir, mas sim para fazê-los cumprir”. Como pode ser percebido, Jesus não nega a Torá e os Profetas, mas defendê-os. Tratava-se de um judeu cumpridor das miztvot e das práticas judaicas. Nunca se declarou contra e nem se opôs à sua prática.
 
A última ceia que foi a motivação da “Ceia do Senhor” e posteriormente da eucaristia (e da hóstia) era uma ceia (seder) da Páscoa Judaica (Pessach). A origem da hóstia é o pão ázimo (matzá). Eu conheci um padre, muito amigo dos judeus, que sempre vinha comprar caixas de matzot na sinagoga, para usá-las nas missas, num dos locais aonde trabalhei, aqui no Brasil. Dizia que se tratava da verdadeira hóstia, pois se assemelhava àquela de Jesus.
 
Jesus guardava o Sábado (Shabat), freqüentava o Templo (Beit Hamikdash), celebrava as festas do calendário judaico (chaguim), e compartilhava seu saber e sua bondade com seus irmãos oprimidos. E quem os oprimia? Quem seriam os adversários de Jesus? Há uma diversidade de opiniões e de interpretações. Permitam-me direcionar a reflexão, para uma destas vertentes interpretativas. O maior inimigo dos judeus neste período era o Império Romano, que ocupara toda a Ásia Ocidental e se tornara a potência dominante. Para dominar, adotava políticas de ocupação diferentes em cada região, mas geralmente buscava alianças de grupos determinados, para neutralizar oposições locais. Quem seriam os aliados de Roma, na Judéia? Um destes era Herodes, o idumeu (edomita), cuja família fora convertida ao Judaísmo. Político habilidoso e grande construtor, porém dotado de uma paranóia que o levava a ver inimigos em todos os lugares. Apoiava os romanos por achar que não havia chances de sobreviver senão apoiando o domínio romano. Havia grupos que entendiam isto, mesmo não gostando dos romanos. Um destes grupos eram os saduceus (tzedukim). Tinham sua ideologia centrada nos rituais de sacrifícios no Templo. Eram, na sua maioria, membros da classe dominante: nobres, parentes da família real, descendentes do clã sacerdotal (cohanim), grandes comerciantes e latifundiários. Não vendo como sobreviver diante do Império, optaram por aceitá-lo e submeter-se ao mesmo.
 
Na oposição ao Império temos diversas posições. Alguns eram moderados e não aceitando, optaram por não se revoltar de armas na mão, por não ver chances de vencer. Um destes grupos eram os fariseus (prushim), que optaram pela Lei, seu estudo e sua prática, mais do que o ritualismo do Templo que servia para fortalecer os interesses dos saduceus. Opunham-se criticando e acreditando que um dia D-us enviaria o seu Ungido ou Messias, para libertar seu povo, através de uma nova era. Vencendo os romanos, estabeleceria o reino de D-us na Terra. Um tempo messiânico, sem guerras e sem injustiça social, sem violência e sem opressão ao gênero humano. Os cristãos seriam um grupo dissidente, dentro do Judaísmo, que acreditou que o Messias já viera e que Jesus, seria o ungido enviado por D-us. Eram judeus e sonhavam com um ideal judaico. Outros grupos messiânicos surgiram neste período. Tratava-se de uma era de profunda religiosidade, de uma enorme expectativa messiânica. Não apoiavam o domínio imperial, mas trataram de não se chocar com o poder de Roma. Diziam: “Daí a César o que é de César, e daí a D-us o que é de D-us”. 
 
Isso pode dar espaço a algumas leituras e interpretações: aceitar Roma até a hora que D-us derrubasse o Império. Não criticar abertamente Roma, mas entender que os impérios são passageiros e acabam caindo um dia. Só D-us é Eterno. Uma maneira de pensar, muito judaica. Os primitivos cristãos não eram simpatizantes do Império e eram críticos dos saduceus. Então quem matou Jesus? Sem dúvida os romanos, já que foi crucificado (pena de morte romana) e não apedrejado (pena de morte judaica). O tribunal judaico não tinha permissão romana para deliberar sobre pena de morte. Isso competia a Roma: só inimigos de Roma podiam ser condenados à morte. A participação e o apoio dos saduceus é visível: mas não houve um apoio generalizado do povo [como insinua o Novo Testamento] judeu que vivia na Judéia, neste período. Jesus não representava uma ameaça aos fariseus; no máximo uma voz crítica e discordante como muitas outras. Aos saduceus e a Roma, Jesus oferecia uma severa crítica: por sinal, bastante inserida nas palavras de Isaías e outros profetas que lhe serviam de inspiração. Estes poderiam estar interessados em puni-lo e condená-lo a morte.
 
Roma continuou a perseguir os cristãos por mais de duzentos e cinqüenta anos. Foram inúmeras perseguições, mas computamos cerca de dez grandes perseguições aos cristãos. Uma média de uma grande perseguição a cada 25 anos. O primeiro imperador que os perseguiu foi Nero já nos anos sessenta do primeiro século. Os cristãos foram jogados aos leões no Circo Romano. Isso prosseguiu até o Imperador Diocleciano, próximo ao ano 300. O ódio e a perseguição aos cristãos era uma constante: só cessou quando o Imperador Constantino fez a opção de proteger e tolerar a religião cristã por razões estratégicas. O cristianismo passa então de religião oprimida e perseguida, a tolerada. Não demora a se tornar religião protegida e por fim religião dominante e opressora. E passa a perseguir os cristãos dissidentes (denominados hereges), e a restringir os direitos judaicos no Baixo Império.
 
E como o Cristianismo se separou do Judaísmo? Originalmente se tratava de uma seita judaica que acreditava que o Messias já viera e era Jesus. Após sua morte os apóstolos saíram a pregar sua nova fé e seus valores e ideais a outros judeus. Pregavam nas sinagogas da Síria, Ásia Menor, Egito e Grécia. Eram judeus pregando a seus irmãos. Contudo havia semi-prosélitos ou metuentes, que freqüentavam as sinagogas. Eram não-judeus atraídos pelo judaísmo e que não se tornavam judeus por causa de certas exigências. A conversão ao Judaísmo exigia certas atitudes: o prosélito devia celebrar a circuncisão, estudar a Lei (Torá) e praticar os preceitos. Diante disso alguns dos apóstolos pensaram em evangelizá-los: convertê-los à nova seita judaico-cristã. Mas a dificuldade e as exigências deveriam ser superadas. Um concílio reunido em Jerusalém em meados do primeiro século abriu a porta aos não-judeus, retirando as exigências de Circuncisão, Torá e preceitos e colocando em seu lugar o batismo e a fé em Jesus como Salvador. O mentor desta mudança foi Paulo de Tarso. Neste momento se iniciou a separação dos judeus e dos cristãos. Não pode haver Judaísmo rabínico sem circuncisão, Torá e preceitos. O distanciamento aumentou quando os cristãos optaram por não apoiar a revolta contra Roma (66-70 d.C.). Deste momento em diante se tornam inimigos e a reaproximação só acontece após quase 2 mil anos, com o Concílio Vaticano II convocado pelo Papa João XXIII.
 
Com a reviravolta de Constantino e a aliança do Império com a Igreja, ambos trataram de esquecer dois séculos e meio de perseguições e de confronto. Roma deixa de ser a grande inimiga e passa a ser aliada.
 
Os judeus passam a ser os concorrentes da herança da Revelação da Lei e da herança do Pacto de D-us. Assim sendo, para existir, a Cristandade teve de persegui-los, humilhá-los e sempre provar que o novo pacto havia substituído o pacto de Abraão, Isaac, Jacob e Moisés. Por séculos a Igreja irá construir uma ideologia, na qual a culpa e o erro judaico teriam um papel central. Não exterminar os judeus, mas provar sua culpa (mesmo que de maneira forjada) e seu erro ao não aceitar Cristo. E acreditar que o retorno de Jesus só se daria, se e quando os judeus se convertessem, pelo menos parcialmente ao Cristianismo. Isso deu início a séculos de perseguições, confrontos teológicos e preconceito antijudaico, em nome de Jesus. 
 
Jesus que era um judeu, deixou de “sê-lo”. “Esqueceram-se” de suas raízes e de suas origens. Seu povo passou a ser o povo de Judas, o traidor. O povo de Jesus foi exorcizado e demonizado por séculos: os judeus foram comparados ao demônio e considerados filhos do Mal.
 
*Sérgio Fieldman - Este artigo é dedicado a alguns de meus amigos que ao final do debate de Iom Haatzmaut (dia da Independência de Israel) me solicitaram uma continuidade do tema e um fundamento para os temas levantados pelo debate.
 
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Fonte: https://judeus.blogspot.com.br/
 
"Judaísmo Messiânico" Não Existe
Judaísmo Messiânico, não existe! Apaixone-se pelo Judaismo,pratique Torá!
 
Entre heréticos e dogmáticos - Os heróis de Lag Ba'Omer
 
Tentaremos relacionar algumas figuras históricas bem diferentes e que viveram em contextos diversificados num tempo próximo. O que os une? Pensaram de maneira diferenciada da maioria e tiveram importância no processo histórico e na continuidade judaica. Suas atitudes podem ainda gerar exemplos e polêmicas.
 
Todos se relacionam, de certa maneira com a próxima data de Lag Ba’Omer. A data recorda entre muitas coisas eventos relacionados com a maior crise do povo judeu, no final do mundo antigo. A conquista da região pelo Império Romano gerou antagonismos com o severo domínio. Os romanos tomaram a Judéia e cercanias (Galiléia, por exemplo) e as tornaram províncias imperiais, a partir de Pompeu Magno em 63 a.E.C Não houve paz durante mais de um século. Eram pequenos conflitos e revoltas de porte pequeno: alguns grupos se opunham a Roma e atacaram seguidamente tropas imperiais (o Império propriamente dito só se constituiu em 27 a.E.C). A maioria da população se absteve de enfrentar o poderoso exercito romano, por temer a repressão.
 
Na metade do primeiro século da Era Comum estala uma revolta violenta contra Roma, no ano de 66 d.E.C. A revolta se alastra de maneira descontrolada e Roma perde a maior parte de sua posições na Judéia e na Galiléia. Alguns exércitos locais são derrotados. Os judeus se apossam de fortalezas e resistem com coragem e tenacidade. Não havia consenso de que a revolta contra Roma seria o melhor caminho: a maioria dos judeus acreditava que um dia viria um rei Libertador (Messias), mas alguns acreditavam que não seria nesse momento. Outros achavam que não se concretizaram as condições para tal momento e que urgia esperar.
 
Antes de estalar a revolta em 66, esta divisão era visível. Havia pacifistas e havia radicais. Os radicais eram denominados zelotes: eram favoráveis àa revolta e havia uma minoria dentre os zelotes, que optavam por esfaquear soldados romanos nas ruelas estreitas de Jerusalém. Eram os sicários (em hebraico sicá = punhal). Triste ironia que há fortes semelhanças com radicais de nossos dias que tentam apunhalar judeus em geral e soldados israelenses em particular. Incomoda: mas os fanáticos são sempre fanáticos, estejam do meu ou do outro lado. É melhor combatê-los e negá-los para não ser envenenado em sua “fé cega e faca amolada”.
 
Do outro lado havia os que achavam que era melhor com Roma do que sem Roma: membros de setores da sociedade que tinham negócios com Roma e que se aproveitavam da presença de Roma para reprimir oposições de setores descontentes (pobres, radicais ou dissidentes). Os moderados ficaram entre a “espada” e o “punhal”. Não colaborar e nem levantar a “bandeira da luta armada” era impossível. Ou ser a favor ou ser contra, não haveria outras opções. Neutralidade ou posturas moderadas era inviável.
 
A revolta estalou em Jerusalém devido à extrema violência e a corrupção dos oficiais romanos, em especial o governador denominado Floro, que extorquiu o tesouro do Templo. Tal ofensa era inaceitável e a cidade foi contagiada. Saquear o Templo Sagrado, era um sacrilégio. Não havia opção: apoiar a luta total contra Roma ou ser considerado um traidor. Traidores deveriam ser exterminados. O detalhe é que Roma era imbatível: só três séculos depois o Império começou a perder batalhas e só quatro séculos mais tarde cairia o Império do Ocidente (476). Tratava-se de uma luta sem chances de se vencer: mas a “memória coletiva” da vitória dos Macabeus sobre o Império dos Selêucidas impregnava as mentes. Além disso, a crença messiânica era forte: o Messias nos libertaria do odiado império e iniciaria a era de Paz e Felicidade. Engajar-se na luta era crucial. As vitórias iniciais foram sucedidas por derrotas que custaram alto um preço de vítimas dos dois lados. Um general judeu após ser capturado tornou-se o historiador destes eventos que chegaram a nós em detalhes: Flavio Josefus (nascido Iosef ben Matitiahu). Por ele, sabemos minúcias dos combates e da tragédia individual e coletiva.
 
Em dois anos a realidade se abatia sobre os heróicos sobreviventes: O exército romano cercava Jerusalém e em pouco tempo destruiria as muralhas, queimaria a cidade e saquearia suas riquezas, matando e escravizando seus habitantes. A tragédia previsível em 66, se configurava iminente em 70 d.E.C. O general Vespasiano inicia o cerco da cidade. Nos primeiros dias do cerco há noticias de comoção em Roma. Morrera o Imperador Nero e os generais disputavam o cargo imperial; sucederam-se no cargo Galba, Otão e o novo candidato era Vespasiano.
 
Aqui se mesclam a história e a lenda. Mescla de uma beleza e sensibilidade únicas.
 
Um séqüito sai da cidade trazendo uma mortalha com um rabino recém-falecido, que era levado para fora da cidade por seus discípulos para ser sepultado. Uma das poucas maneiras de sair da cidade sitiada. Ao se aproximar da tenda do general, os discípulos param e a mortalha se move. Dela sai o “morto”, que estava muito vivo: uma trama? Os soldados se mobilizam para impedir um pretenso assassinato do general por um “possível” sicário. Nada disso: um ancião de barbas brancas sai e respeitosamente pede para falar com o general. Tratava-se do vice-Nassi (espécie de príncipe ou presidente do Sinédrio ou Sanedrin = um misto de governo autônomo composto por um colegiado de sábios e rabinos). Seu nome: rabi Yochanan ben Zakai. Ele vai e dialoga com o inimigo. Estamos no limiar da tragédia: em poucos meses Jerusalém será tomada pelos romanos, o Sagrado Templo será destruído e a cidade nunca recuperará sua glória, até o século 20. O inimigo dialogava com o rabino. Seria este rabino um traidor? Desertor? A lenda não esclarece o conteúdo da conversa. Era um ato de traição à causa judaica? Falar com o “futuro” destruidor da cidade e do Templo Sagrado seria um gesto de insanidade e traição a tudo que se podia crer. O rabi era do partido pacifista e desde o início se opusera à revolta: queria impedi-la, mas não teve apoio. Prosseguiu na sua conversa com o general e tal como “relata a lenda”, disse ao general algumas coisas que o mesmo “queria ouvir”: seria o sucessor do cargo de Imperador. O inimigo seria recompensado com o cargo mais elevado da hierarquia romana. Depois disso, o rabi pediu humildemente para o general, que lhe permitisse dirigir-se para planície litorânea, na Shfela, para uma localidade denominada Iavne. Pedia permissão de criar lá uma escola e um tribunal, para ensinar o Judaísmo. Ao que parece, o general envaidecido e achando-se feliz, pois o seu destino era ser o próximo Imperador, concedeu-lhe generosamente o pedido. “Vá e construa tua escola”, afirmou Vespasiano. Nos meses seguintes o rabi iniciou sua difícil “construção” da escola e de um “centro espiritual” para ocupar provisoriamente o espaço deixado pelo Sinédrio. A escola de Iavne terá conseqüências importantíssimas na vida futura do povo judeu. Selava a continuidade e a manutenção de um fio de esperança, diante da tragédia que se consumava. Vespasiano se dirigiu a Roma e ocupou o cargo de Imperador, criando a nova dinastia dos Flávios.
 
O filho do novo imperador (Vespasiano), o general Tito, manteve o cerco da cidade e em poucos meses Jerusalém caiu. Os soldados romanos agiram como era costume: uma cidade invadida por um exército é destruída, saqueada e queimada. Seus habitantes são mortos ou escravizados. A tragédia se consumara. Há em nosso calendário religioso cerca de três datas que recordam a destruição do Primeiro Templo pelos babilônios. Uma delas foi considerada como sendo uma “repetição” da tomada e destruição da cidade, pelos babilônios: Tishá be Av, ou o dia nove do mês judaico de Av é considerado como uma terrível data, que recorda entre muitos eventos tristes, a destruição do Primeiro Templo (586 a.E.C.) e do Segundo Templo (70 d.E.C.). Os judeus fizeram durante quase dois mil anos, jejum e oração durante esta data. Com a criação do Estado de Israel, ocorreu uma tendência entre a maioria dos judeus de abolir este jejum. Uma data que foi chorada por dois milênios, com luto, orações e jejum, demonstra o tamanho da consternação do povo judeu por esta dolorosa perda.
 
Assim sendo, na sua geração, o rabi Yochanan bem Zakai foi considerado, por muitos como um traidor. Em poucos anos foi destituído. Em seu lugar ficou o rabi Gamaliel II. Alguns afirmam que ele exerceu seu cargo até a morte e só então entrou Gamaliel. Outros dizem que acabou sua vida em solidão e denegrido pela grande maioria dos sábios e rabinos, por ter dialogado com o general inimigo. Esta polêmica é difícil de concluir.
 
A sua obra teve continuidade: a partir de Iavne, se criou uma rede escolar, se restaurou o Sinédrio. Ben Zakai direcionou o povo a conviver sem o Templo. Percebendo que seria difícil derrubar o Império Romano e que Roma não permitiria a (re) construção do que teria sido o Terceiro Templo, adotou certas medidas e deu alguns sábios conselhos.
 
Algumas coisas já existiam e foram mantidas. A sinagoga que já servia de casa de estudos e de local de orações, desde o cativeiro da Babilônia (586-536 a.E.C.) tornou-se o centro da vida judaica. Isso não foi uma inovação, mas uma falta de alternativa. Porém, como fazer com os sacrifícios? As orações na sinagoga simbolizavam os sacrifícios: os da manhã seriam substituídos pelo Shacharit; as da tarde e da noite substituiriam os sacrifícios vespertinos. Ainda aqui não se tratava de uma novidade, pois já havia tais conceitos nas sinagogas do período do Segundo Templo.
 
A novidade era a conceituação de que a caridade e a hospitalidade seriam “temporariamente” os substitutos dos sacrifícios. A mesa de sua casa deve fazer às vezes dos sacrifícios do Templo: a denominada Tzedaká (justiça de maneira literal e caridade num conceito judeu-cristão) e a hospitalidade (Achnassat orchim) fariam às vezes dos sacrifícios. Se eu ajudar ao próximo estarei servindo a D-us. O conceito de Tzedaká que se iniciara na Torá, e se ampliara nas palavras dos Profetas chega o seu auge. Sem Templo se segue respeitando e venerando a D-us, servindo os necessitados, pobres e famintos. Ben Zakai foi um visionário, cuja lucidez fez com que saísse da cidade, evitasse a extinção de todo saber judaico e propiciasse a criação de uma autonomia espiritual entre os judeus. Estudos e ética: a teoria e a prática judaica dependiam da manutenção de escolas e de uma relativa autonomia. O confronto com o Império seria fatal para esta continuidade: mais tarde os sábios ainda levantarão de novo a bandeira da guerra total. Rabi Akiva, líder espiritual e grande místico teve a audácia de considerar um líder militar denominado Shimon Bar Kochva como o Messias. Um erro que custou uma nova guerra e uma nova destruição. Em Lag Ba’Omer se celebra a revolta de Bar Kochva e de rabi Akiva. Não há duvida de seu heroísmo e do imenso saber de rabi Akiva. Em seu lugar muitos de nós optaríamos pela revolta armada, talvez. A História posterior demonstra que a estratégia de continuidade de Ben Zakai seria superior a de Akiva e de Bar Kochva, seu guerreiro e falso Messias.
 
A estratégia de Zakai se consolida com a resistência pacífica de Shimon Bar Iochai, que se refugiou numa caverna nas montanhas distantes da Galiléia, próxima do monte Meirón. Fez uma escola rabínica “secreta” para a qual convergiam alunos que se disfarçavam de caçadores. Ali estudavam a luz de fogueiras e celebravam a resistência espiritual, como o meio mais efetivo de superar a violência.
 
Ben Zakai e Bar Iochai são símbolos de alguns valores que formaram nossa identidade e que talvez hoje perdemos: ser judeus é penetrar nos segredos da fé e da busca espiritual; ser judeu é colocar esta crença no cotidiano e nas ações em prol do pobre, do necessitado e da paz entre e as pessoas. Lag Ba’Omer pode ser a diferença entre viver sem luz e com luz. A chama do Judaísmo é espiritual e a História demonstra esta afirmação. Acendam a fogueira ou permaneçam na escuridão: a opção é sua.
 
* Sérgio Feldman é doutor em História pela UFPR e professor de História Antiga e Medieval na Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória, e ex-professor adjunto de História Antiga do Curso de História da Universidade Tuiuti do Paraná.
 
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Fonte: https://judeus.blogspot.com.br/
Jesus é detalhe
Judaísmo Messiânico Não Existe
Se Jesus é ou não o messias não é a pergunta mais importante que divide o Judaísmo do Cristianismo 
 
Dada a tradicional pergunta "afinal vocês acreditam ou não em Jesus Cristo?", a resposta mais inteligente que eu já escutei foi do Rabino Sobel: "nós judeus acreditamos que o Messias virá. Vocês cristãos acreditam que ele já veio, mas voltará. Portanto, numa coisa nós concordamos - ainda vem alguém pela frente. Muito simples! Basta aguardar o Messias e, quando ele chegar, perguntamos se essa é a primeira ou a segunda vez que ele aparece por aqui...". Se Jesus é ou não o messias não é a pergunta mais importante que divide o Judaísmo do Cristianismo. 
 
A grande questão que difere os dois sistemas religiosos é a ênfase que cada um dá para fé e ações. De acordo com o Judaísmo, Deus considera as ações das pessoas muito mais importantes do que sua fé. "Melhor que (os judeus) Me abandonem, mas sigam as Minhas leis"(Talmud Y. Hagiggah 1:7). Agir de acordo com os princípios éticos e morais judaicos é a obrigação central dos judeus. O Cristianismo, por outro lado, à medida que foi se desenvolvendo, deixou de lado a quase totalidade das leis e transformou a fé no seu ponto central. No início as diferenças eram praticamente insignificantes. O próprio Jesus afirmou que "não imaginem que eu vim para abolir a lei dos profetas (...) quem infrigir a lei será o último para ir ao reino do céu" (Mateus 5:17). Com o passar do tempo, a derrota para os romanos em 70 e.c. e a influência dos apóstolos, notadamente Paulo, a lei foi sendo abandonada. Com o advento do protestantismo, os sacramentos católicos foram eliminados, mas não a valorização exclusiva da fé. Lutero escreveu que "a fé por si mesma, sem os sacramentos, justifica, liberta e salva". Esse processo teve um efeito cataclísmico no distanciamento entre nós e os cristãos. 
 
Existem três dogmas que derivam dessa diferença fundamental. Para os cristãos, acreditar nesses dogmas é necessário para resolver alguns problemas que seriam insolúveis caso os dogmas não existissem. Trata-se do "Pecado Original", da "Segunda Vinda" e do "Perdão através da morte de Jesus". Para os judeus, esses dogmas não são necessários porque esses problemas nunca existiram. O Cristianismo estabelece que todas as pessoas nascem pecadoras, estando nessa condição de forma hereditária. Paulo escreveu que "o pecado veio através de um homem e através de outro homem que ele será removido" (ética IX). Assim, apenas o batismo, e nada mais, tem o poder de salvar o ser humano. Seria uma espécie de antídoto universal para o pecado que nasce com cada pessoa, desde os tempos imemoriais. Para o Judaísmo, "Pecado Original" não é problema. A noção de que as pessoas nascem pecadoras não é judaica. Cada pessoa nasce inocente e cabe a elas tomar as suas próprias decisões morais e escolher se ela quer ou não pecar. 
 
Outro problema Cristão é o fato das profecias messiânicas não terem se concretizado quando da vinda de Jesus. Como pode Jesus ser o messias se nenhuma das principais professias se tornou realidade? "Nação não levantará a espada contra nação, nem aprenderão mais a guerra" (Isaias 2:1). Não é preciso ser um especialista em história para saber que, nesses vinte séculos de era cristã, isso não se concretizou. A solução oferecida pelo Cristianismo é o conceito da "Segunda Vinda" de Jesus, quando finalmente a era messiânica chegará. Para os judeus, esse conceito não é aceitável porque a Torá nunca mencionou uma segunda vinda do Messias. 
 
Além desses elementos, existe o problema de que as pessoas não podem obter salvação através de suas ações. Para resolver isso, desenvolveu-se o dogma da fé em Jesus como única forma de salvação. Nessa solução, como foi observado acima, o Cristianismo difere profundamente do Judaísmo. Quais pecados a morte de Jesus estaria removendo dos ombros da humanidade? Como a Torá afirma que apenas o povo judeu pode ser cobrado pelas obrigações homem-Deus, então a morte de Jesus só poderia estar perdoando a humanidade pelos pecados homem-homem. Essa doutrina se opõe diretamente ao Judaísmo e sua noção de culpabilidade. De acordo com o Judaísmo, nem mesmo Deus pode nos perdoar pelos crimes cometidos contra outros seres humanos. Apenas a pessoa atingida tem o poder de nos perdoar. 
 
Por fim, existe a diferença fundamental em termos da atitude para com os agressores. "Não ofereça ao mal nenhuma resistência. Pelo contrário, se alguém te bater na face direita, ofereça a ele a esquerda também" (Mateus 5:38) e "Ame os seus inimigos e reze pelos teus perseguidores" (Mateus 5:44). O Judaísmo, por outro lado, exige que os agressores sejam poderosamente resistidos. A Torá cita o exemplo de Moises, quando mata o capataz egípcio que batia em um escravo judeu. Do judeu é exigido tratar seus inimigos com justiça, mas não existe nenhuma indicação nas fontes de que um judeu deve amar seus inimigos. Nenhum judeu é obrigado a amar um nazista, por exemplo, como poderia sugerir a declaração de Mateus. 
 
Apesar das muitas diferenças entre nós e os cristãos, essas diferenças não devem em hipótese alguma ser obstáculo para um excelente relacionamento entre as comunidades. Os dois sistemas religiosos compartilham valores e objetivos bastante similares. Ambos querem um mundo mais ético e humano e as pessoas religiosas das duas comunidades devem se ajudar nesse intento. No entanto, em uma época em que movimentos messiânicos das mais variadas estirpes lançam campanhas de conversão de judeus, é importante conhecer as diferenças entre nós e os cristãos para termos claras as linhas vermelhas que separam cada religião. 
 
*Alexandre Ostrowiecki. Artigo baseado nas obras de Dennis Prager e Joseph Telushkin
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Fonte: https://judeus.blogspot.com.br/
Messianismo e Peseudo-Messianismo
 
Moacyr Scliar, renomado artífice das palavras, escreveu um livro pouco conhecido da maioria das pessoas: “A Balada do Falso Messias” (São Paulo: Ática,1976). Tive o prazer e o privilégio de tê-lo lido há três décadas atrás. O falso messias Shabetai Tzvi aparece em Quatro Irmãos, uma das colônias agrícolas judaicas, criadas com apoio do barão Hirsch no início do século 20. Uma fina ironia povoa o imaginário desta pequena e sutil obra do nosso acadêmico. Vivemos há séculos em uma expectativa messiânica. Fomos exilados, expulsos e degredados através dos tempos e dos lugares e não parávamos de sonhar que nossa sonhada redenção viria. Mas qual é a origem a qual é a evolução deste conceito que transcendeu ao Judaísmo e denominou a maior religião do Ocidente. Messias (Mashiach) é um termo em hebraico que significa ungido. Se for traduzido para o grego se diz Christos. Ou seja, para os cristãos, Jesus seria o ungido, o Messias. Mas qual seria o significado original do termo?
 
O termo tem um uso específico nas origens do povo de Israel (hebreus). Os reis e o sumo sacerdote (Cohen Hagadol) eram ungidos (Enciclopédia Judaica, 1967, v.3, p. 857). Ao serem ungidos recebiam sanção divina para seus cargos. Protegidos e legitimados, mas sem funções maiores do que seu cargo permitia. Não faziam milagres e nem tinham poderes sobrenaturais. Eram dirigentes políticos (reis) ou religiosos (sumo sacerdotes) do povo. Essa situação muda lenta e gradualmente quando os reinos são destruídos: os assírios destroem o reino de Israel (722 a.E.C.) e os babilônios assediam e queimam a Cidade Sagrada, Jerusalém em 586 a.E.C., encerrando a era denominada Período do Primeiro Templo, pois este é queimado e arrasado. A maior parte da população urbana e as elites dirigentes são levadas ao cativeiro da Babilônia. Vivem na Mesopotâmia, por meio século (586 a 536 a.E.C.) confinados e controlados, mas livres e podendo manter costumes e rituais, numa espécie de exílio. Lá, sonham com a Redenção: D-us lhes enviaria ajuda através de um “Ungido”, um rei libertador que lhes traria o direito de retorno a sua terra, para reconstruir Jerusalém e o Templo. Começa a surgir um conceito embrionário de Messias. Um herdeiro e descendente da casa de David, portanto um ungido (Messias) viria para libertá-los. Nada além de um ser humano, um líder protegido e inspirado por D-us, de carne e osso, mortal e humano. Messias seria neste contexto um LIBERTADOR. A figura de Ciro (Koresh) que invade e conquista a Babilônia, liberta os cativos judeus e permite por um édito de liberdade e retorno, que estes voltem e reconstruam sua cidade e seu Templo. Alguns profetas vêem em Ciro, o esperado Messias. Outros declaram o descendente da família de David, o príncipe Zerubavel, como o ungido messias libertador, pois este comanda uma das ondas de retorno (uma aliá=subida a Terra Santa) e participa do processo de reconstrução nacional. Mas trata-se de líderes políticos e militares.
 
Na compilação dos textos proféticos que se sucedem, através de escribas (sofrim), nos séculos seguintes ao retorno, a imagem do Messias adquire novas tonalidades e uma aura mais sacra e sobrenatural. Em Isaías (cap. 2, início; cap. 11, início), a imagem da transformação cósmica obtém seu máximo esplendor e brilho: cessarão as guerras e não se ensinará mais as pessoas a agir de maneira violenta. Imagens de animais predadores (leão ou outros) se alimentando de pasto e coexistindo com animais pacíficos (vacas e ovelhas), ilustram a alegoria de um futuro, sem violência ou guerras. A utopia messiânica se desenvolve com intensidade no período do Segundo Templo e ajuda na construção de um sonho milenarista: o Mundo tem um objetivo, e caminha para um tempo aonde haverá paz, justiça e acabarão as violências entre humanos, e entre animais de todos os tipos. O sentido da História, a direção para qual se move a Humanidade. Um tempo messiânico. Mas a figura do Messias segue sendo de um ser humano, de um iluminado e carismático descendente da casa de David. O Judaísmo nunca transforma o conceito em divindade.
 
Jesus o Nazareno, viveu numa época de agudos conflitos ideológicos e religiosos. A expectativa messiânica era muito aguçada diante da opressão imperial romana. Há uma forte crença que anuncia a vinda do Libertador-Redentor.
 
Na crença judaica o Messias traria o fim das guerras e da miséria. Não tendo isso ocorrido, a maioria dos judeus não aceitou o caráter messiânico de Jesus. Ainda assim os primeiros cristãos eram judeu-cristãos e pregaram nas sinagogas da Síria, Grécia e Ásia Menor. O encontro do Judaísmo-cristão com o Helenismo, criará uma nova maneira de pensar que tenderá a separar judeus de cristãos. A deificação do Messias será um dos principais fatores que aguçarão a separação. A forte influência de Paulo de Tarso, judeu helenizado e culto, na direção do processo de criação de uma “nova crença” é perceptível. Esta mistura ocorre em centros do pensamento helenístico com Alexandria, Antioquia, Atenas e Corinto. Jesus é deificado e também de-judaizado. Perde sua identidade judaica, a qual nunca negou. Passa a ser o esteio de uma crença nova, diferente e competidora que em poucos séculos se tornará hegemônica.
 
Os judeus seguem esperando pelo Messias. Surgem ciclicamente falsos Messias: Shimon Bar Kochba que liderou a revolta contra Roma no século 2 e que é lembrado na festa de Lag Ba’Omer. Figuras que mesclam heroísmo e coragem com doses de alucinação e loucura: um par de sonhadores como David Reubeni e Salomão Molcho que no século 16 agitaram a Europa Ocidental.
 
Shabetai Tzvi (1626-1676) que no século 17 tentou convencer o sultão otomano de sua condição messiânica; Jacob Frank que sucedeu Tzvi nas décadas seguintes e mobilizou as massas judaicas desgastadas e atingidas por várias catástrofes: a expulsão de Sefarad (1492), os massacres dos cossacos de Chmielnicki (1648-1655), a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Famintos, sofridos e miseráveis, muitos se deslocaram através da Europa em busca da salvação e da Redenção.
 
O messianismo adquire uma nova formatação em meados do século 19. Aparece uma laicização do mesmo através do movimento nacional judaico: o Sionismo. O conceito nacional não existe nos textos sagrados e nem na Tradição. Mas aparece na idéia de redenção, ao definir o retorno do povo e a reconstrução nacional. Em Ezequiel cap. 37 temos um trecho, denominado “Vale dos ossos secos”, que poderia servir para inúmeras interpretações alegóricas. Usada para justificar até conceitos como o “renascer dos mortos” (techiat a metim) pode simbolizar o povo judeu perseguido, destruído e queimado durante o Holocausto, se reerguendo das cinzas e caminhando na direção de seu sonho milenar de redenção, para criar o Estado de Israel. Nada mais messiânico do que o Sionismo, versão laica de um ideal espiritual e religioso de renascimento e redenção.
 
Isso não impediu e nem impede que sonhos milenaristas povoem e grassem entre seitas e grupos religiosos que ainda sonham com o Terceiro Templo, sacrifícios e sonhos de uma salvação que ainda não se consumou. Exemplos recentes de um líder religioso que foi declarado como o Messias, não deixam de ser marcantes e por vezes preocupantes.
O judaísmo liberal tem reinterpretado o Messianismo de formas mais contemporâneas e adequadas com a maneira que a maioria dos judeus concebe a fé e a religião moderna: o conceito do Tempo messiânico. Resultado da ação conjunta de seres humanos, de todas as crenças e origens, em prol da Paz, da justiça social e da fraternidade humana.
 
* Sergio Feldman é professor adjunto de História Antiga do Curso de História da Universidade Tuiuti do Paraná e doutor em História pela UFPR
 
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Fonte: https://judeus.blogspot.com.br/
"Judaísmo Messiânico" Não Existe
Judaísmo Messiânico, não existe! Apaixone-se pelo Judaismo,pratique Torá!
 
O dia em que O Messias chegou
 
A vida judaica nos séculos XVI e XVII não foi fácil. No mundo judeu ibérico, ou sefaradi, acabara-se um longo convívio e uma permanência judaica em Sefarad (Península Ibérica) que hoje seria Espanha e Portugal.
 
No final do século XV, em 1492, os judeus foram expulsos da Espanha (então reinos de Castela e Aragão) pelos Reis Católicos, Fernando e Isabel. A Inquisição já havia sido instaurada e os cristãos novos, descendentes dos judeus convertidos à força a partir de 1391, eram acusados de seguir sendo judeus às escondidas, e por vezes eram sentenciados a duras penas que podiam chegar à fogueira. Assim, quem optou por ficar na Espanha (reinos ibéricos) como convertido, sofria o preconceito e os riscos de ser acusado, julgado e sentenciado; já quem não se convertera e emigrara, tinha perdido bens e a estabilidade, fugindo pelo Mediterrâneo para rincões distantes e tendo que recomeçar a vida. Em Portugal algo ainda mais trágico se deu: o rei Manuel não querendo perder “seus judeus” optou por expulsá-los, mas sem deixá-los sair, não oferecendo navios. No porto de Lisboa mesmo, os “judeus” foram batizados “em pé”. Conversão forçada. Milhares de judeus foram “violentados”, daí seu nome em hebraico: Anusim ou violentados.
 
Na distante Polônia outra tragédia ocorrera. Os poloneses usavam os judeus para cobrar os impostos dos camponeses russos e ucranianos, que viviam sob o domínio polonês. Uma revolta estala em 1648: bandos de cossacos se rebelam contra os dominadores poloneses e seus “cobradores” judeus. Os poloneses fogem na sua maioria, mas os judeus são massacrados aos milhares. O líder cossaco foi o cruel e sanguinário Bogdan Chmielnicki que organizou uma chacina dos judeus. Fala-se de cerca de 250 a 500 mil judeus exterminados, entre 1648 e 1656. Mesmo que não haja consenso nestes números, trata-se da maior chacina de judeus até o Holocausto produzido pelos nazistas. A memória judaica polonesa manteve datas de luto e jejum por dois séculos. Os efeitos serão duradouros: pobreza, órfãos e viúvas, comunidades inteiras arrasadas e milhares de judeus vendidos como escravos alem da terrível mortandade. O desconsolo e a falta de perspectivas acentuaram uma saída sobrenatural. Tanto os sefaradim (judeus de origem ibérica), quanto os ashkenazim (judeus poloneses, especialmente) se viram diante de uma situação insuportável. Apelar para D-us era a saída. O Messias deveria estar em vias de chegar e resgatar seu povo humilhado e oprimido.
 
O Messias veio. Seu nome era Shabetai Tzvi. Nascido em 1626, na cidade turca de Esmirna, que na época fazia parte do Império Turco ou Otomano. Tzvi era de origem sefaradi, de boa aparência e intelectualmente bem dotado. Estudou como a grande parte dos jovens judeus a Torá (Pentateuco), o Talmud e a Cabala. Seu mestre foi o rabino Iosef Ascupi, que era o líder espiritual da sua comunidade em Esmirna. Sendo simpatizante do grande sábio Ari (ou rabi Itzchak Luria) de Safed, um místico e profundo conhecedor da doutrina cabalística, foi influenciado por suas concepções. Jejuava e meditava por longos períodos. A solidão era muito comum a este jovem que se divorciou de sua esposa e optou por uma vida de estudo e meditação relendo o Zohar e interpretando a Cabala do rabino Ari. Queria se integrar no processo da Redenção divina e ajudar na vinda do Messias que redimiria o povo judeu e a humanidade. Caia seguidamente em estado de inconsciência ou em êxtase cabalístico.
 
Em 1648 quando o violento e sanguinário líder cossaco Chmielnicki iniciara suas matanças de judeus, este jovem judeu pronunciou o “inefável Nome de D-us”, ou seja, o Tetragrama que nas orações é substituído por Adonai e nas falas por Hashem. Só o Sumo Sacerdote poderia pronunciá-lo em ocasiões especiais no Templo. Isso só ocorreria quando viesse o Messias. Um tumulto ocorreu e não foi fácil de buscar um entendimento. Uns se entusiasmaram e outros o acusaram de heresia e loucura. Ele jejuava e “mergulhava” em meditação e êxtase. Seus seguidores o exaltaram, mas o rabi Iosef Ascupi e outros eruditos da sua cidade o excomungaram.
 
Shabetai não se melindrou e saindo da cidade, começou a sua “peregrinação e desterro” que foram uma seqüência de visitas e pregações nas cidades do Império Turco: Constantinopla, Cairo, Salônica e Jerusalém. Os judeus que haviam sido expulsos da “Espanha” viam neste momento a esperada Redenção. As notícias do massacre dos judeus pelos cossacos na Ucrânia e Polônia acentuaram o clima espiritual. A vinda do Messias se daria num contexto de crise e de provações e isto não era diferente da realidade tanto dos sefaradim, quanto dos ashkenazim. Multidões o seguiam. Alguns adeptos saíram de remotos lugares, venderam seus pertences e se lançaram ao encontro do enviado. O sábio rabino Natan de Gaza referendou a sua condição messiânica e aumentou seu prestígio. Chegou ao ponto de afirmar que o Messias de Esmirna tiraria o cetro do Sultão e devolveria os judeus a Jerusalém, onde reinaria e traria um reino de paz e felicidade.
 
Seu retorno a Esmirna foi glorioso. Aclamado pelos judeus entre gritos entusiasmados e louvores ao “Rei Messias” e ao Libertador. As posturas do pretenso Messias não eram de todo ortodoxas: permitia danças coletivas entre homens e mulheres e alternava momentos de depressão e autoclausura com momentos de euforia e pregação entusiasmada. Suas atitudes não eram condizentes com um homem santo.
 
O autor Gershon Scholem, em sua obra “A Mística Judaica”, editada no Brasil pela Editora Perspectiva, traz um capítulo sobre o “sabatianismo” ou heresia de Shabetai Tzvi. Nele salienta o papel marcante de Natan de Gaza na ‘definição’ de Shabetai como Messias e na explicação de seus gestos ‘inadequados e até bizarros e sacrílegos’, como ações que reordenavam o caos do mundo, ou seja, de Tikun. O conceito de Tikun é complexo, mas de maneira simplificada seria o ‘conserto do mundo’. Os gestos não ortodoxos do Messias serviam para arrumar o Mundo e afastar o mal do Universo. Uma adequação de certos comportamentos ‘não judaicos’ do “Pseudo Messias” para fazê-los aceitáveis e inteligíveis. Scholem admite a possibilidade de que Shabetai Tzvi fosse maníaco-depressivo, mas o afirma de maneira comedida. Faltam elementos para esta avaliação.
 
A data era simbólica: 1666. A profecia que corria de “boca a boca” era de que nesta data ocorreria o confronto de Shabetai com o Sultão turco otomano. No inicio deste ano um séqüito de seguidores acompanhou o Messias a Istambul, a capital otomana. O Sultão não relutou em detê-los e isolar Shabetai na fortaleza de Abidos. Isso não fez esmorecer os seguidores. Marcavam visitas e o consultavam: nada mudara, apesar de tudo.
 
Eram as penúrias que antecediam a grande transformação. Simpatizantes se dirigiam a Istambul, para tentar ver Shabetai. O Messias estava ‘doente’, mas logo se recuperaria e faria portentos e milagres. Nada fazia os seguidores desistirem de seu sonho. O Jejum de Tishá Be Av (nove do mês de Av) no qual se recordava a destruição dos dois templos foi abolido pelos seguidores, pois em breve seria reconstruído o Templo, na sua versão definitiva. A Redenção estava próxima.
 
Isso não se deu. Shabetai foi intimado a se encontrar com o Sultão. Este lhe solicitou provas de seus poderes. Não conseguiu e foi intimado a se converter ao Islã ou ser executado sumariamente. Shabetai aceitou se converter e junto com ele, o fizeram sua esposa Sara e muitos de seus discípulos. Ele foi nomeado Mehmet Efendi e ainda assim, nos meses seguintes, alegava a seus discípulos que sua conversão seria uma parte das dores do Messias. Era algo que os judeus seferadim não achavam estranho: os marranos ibéricos que haviam sido convertidos à força nos reinos da atual Espanha (Castela e Aragão) seguiam “judaizando’, às escondidas, apesar da perseguição da Inquisição. A conversão forçada e o criptojudaísmo eram familiares aos judeus da região do Mediterrâneo. O Sultão, irritado, exilou Mehemet Effendi (Shabetai Tzvi) para Dulcina, na atual Albânia. Ele viveu seus últimos anos isolado mas sempre alegando sua condição messiânica. Sua morte, em 1676, não extinguiu seu movimento. Os seguidores achavam que ele renasceria e reapareceria consumando a redenção. Os rabinos tiveram serias dificuldades na seqüência dos séculos XVII e XVIII, com os sabatianistas. Os nazistas aniquilaram vários núcleos de seguidores que ainda existiam nos Bálcãs, durante o Holocausto. O escritor judeu brasileiro Moacyr Scliar fez um conto sobre a ”Balada do falso Messias”, que transcorre em Quatro Irmãos (RS), nas colônias agrícolas judaicas. Um texto digno de um imortal da Academia. Busque e leia. Vale a pena.
 
* Sérgio Feldman é doutor em História pela UFPR e professor de História Antiga e Medieval na Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória, e ex-professor adjunto de História Antiga do Curso de História da Universidade Tuiuti do Paraná.
 
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Ser Judeu: A dor que nos fortalece
 
Certamente tudo que D’us faz é para o bem, mas quando não vemos o bem, nossa reação natural é ficar triste ou deprimido. Como podemos nos fortalecer com o sofrimento?
 
Esta é uma pergunta difícil de responder, especialmente em nossa época de exílio, quando não podemos realmente entender o poder ou o por quê do sofrimento, frustração, tristeza, dificuldades e perdas. Foi-nos prometido que na Era da Redenção, D’us enxugará todas as nossas lágrimas e eliminará a fonte de nosso sofrimento. Além disso, não somente D’us eliminará estas lágrimas, como ao fazê-lo, Ele nos fará entender como as lágrimas e sofrimento foram em nosso benefício.
 
Mas a gente se pega perguntando; como algo tão negativo pode ser em nosso benefício?
 
Isso pode acontecer em dois níveis – no primeiro conseguimos entender que o sofrimento esteve ali para nosso benefício, pois o resultado daquilo foi algo positivo, embora o sofrimento em si fosse difícil de tolerar. Isso nos foi prometido que acontecerá. Entenderemos como a dificuldade e o sofrimento do Galut e todo o sofrimento pessoal e coletivo tiveram um resultado positivo.
 
Porém num nível mais profundo, D’us também promete eliminar a fonte do nosso sofrimento, para que não apenas percebamos que foi doloroso mas para nosso benefício, como o sofrimento em si será na verdade visto como algo bom (não somente para um resultado futuro). Obviamente, este nível está completamente além de nós, agora, neste ponto, no exílio. Não podemos entender como a dor, o sofrimento ou a frustração podem essencialmente ser algo bom.
 
Porém podemos tentar sentir um gostinho do primeiro nível, onde vemos a dor como algo que está lá para nosso eventual benefício. Vamos explorar como podemos fazer isto.
 
Quando alguém está sofrendo, isso com freqüência cria um forte relacionamento entre ele e D’us. É nestes momentos de dificuldade ou dor que clamamos ao nosso Criador e muitas vezes (talvez estranhamente) sentimos Sua presença tão fortemente em nossa vida. Portanto quando as coisas estão correndo bem, quase nos “esquecemos” de D’us e aceitamos nossa vida e as bênçãos como algo a que temos direito. Porém no sofrimento, somos forçados a perceber como somos dependentes do nosso Criador e isso pode fortalecer nosso relacionamento com Ele.
 
Da mesma forma, quando estamos sofrendo, somos forçados a olhar para uma perspectiva de vida mais ampla. Somos obrigados a ver frustrações pequenas ou irrelevantes naquele contexto, de serem pequenas e irrelevantes. Somos forçados a não aceitar todas as coisas como garantidas e a valorizarmos mais aquilo que temos, porque percebemos quão facilmente o “normal” pode ser retorcido e se tornar anormal. Somos forçados a sentir gratidão pelas coisas “grandes” e importantes em nossa vida, como nossa família, saúde e o fato de termos amigos, ou outras bênçãos.
 
Além disso, quando estamos sofrendo ou passando por uma dificuldade, embora seja horrível, se pudermos sobreviver àquela crise específica, com freqüência encontramos dentro de nós mesmos uma fonte de força que jamais pensáramos existir. Desafios, infelizmente, nos fortalecem e nos torna indivíduos melhores e freqüentemente mais sábios.
 
Obviamente, não desejamos dor e sofrimento e espero que estas idéias não soem presunçosas ou indiferentes ao sofrimento de ninguém. Porém talvez estes pensamentos ajudem em momentos de dificuldade.
 
Que todos nós possamos vivenciar o período em que lágrimas ou sofrimento serão totalmente apagados.
 
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Dor e Lucro
Certa vez, quando uma das minhas filhas tinha onze anos, queixou-se de uma dor no joelho. Como eu não via nada de errado com o joelho, sugeri que provavelmente eram as dores do crescimento. Minha filha não aceitou a explicação. "Por que não podemos crescer sem dor?" reclamou ela.
 
Infelizmente, na vida real, o crescimento muitas vezes é associado com dor. Como diz o famoso ditado: "Não há lucro sem sofrimento." Embora não possamos ter controle sobre a parte da "dor", especialmente quando é causado por outros, na maioria das vezes podemos controlar a parte do "lucro".
 
Geralmente nosso aprendizado e crescimento na vida não vêm das fases boas, mas sim dos tempos difíceis. Durante o período bom ficamos felizes e não queremos que nada mude. É durante a época difícil, quando estamos sofrendo com a situação, que aprendemos como mudar as coisas – como tornar o mundo melhor do que é.
 
Quando a vida nos lança desafios, temos uma opção. Podemos sentir pena de nós mesmos, chorar e reclamar: "Por que eu?" Ou podemos parar e dizer a nós mesmos: "O que posso fazer, devido às novas circunstâncias que surgiram?"
 
Certa vez perguntei a um senhor idoso, muito sábio, a quem eu costumava pedir conselhos: "Onde você arruma todo este bom senso?" Ele respondeu: "O bom senso vem com a má experiência." E relatou-me a seguinte história, que teve um profundo efeito sobre mim.
 
Um dia, um burro caiu num buraco. O animal gritou e chorou durante horas, enquanto seu dono tentava pensar em algo a fazer. Finalmente, o fazendeiro resolveu que, como o animal era velho, e o buraco precisa ser coberto de qualquer maneira, ele simplesmente enterraria o burro velho ali. 
Pegou uma pá e começou a encher o buraco. O burro continuava a chorar, mas depois ficou em silêncio, Após uma hora de trabalhar furiosamente com a pá, o fazendeiro fez uma pausa para descansar. Para sua surpresa, viu que o velho burro saltava para fora do buraco e saía trotando!
 
A princípio, quando o burro percebeu o que estava acontecendo, chorou ainda mais sentidamente. Mas então o esperto animal bolou um plano. A cada pá de terra que batia no seu lombo, ele a sacudia para o chão e pisava em cima da pilha crescente de terra. Finalmente, o monte ficou alto o suficiente para que ele pudesse sair do buraco.
 
A vida é como terra que a pá joga em cima de você. O truque para sair do buraco é sacudi-la e pisar em cima. Podemos sair dos buracos mais fundos, não ficando parados e jamais desistindo. Apenas sacuda a terra e pise em cima.
 
Tente, funciona!
 
*Rabi Yaacov Lieder tem atuado como professor, diretor e outros cargos educacionais há mais de 30 anos em Israel, nos Estados Unidos e em Sidney, Austrália. É fundador e diretor do Centro de Apoio que ajuda famílias com problemas de relacionamentos e criação de filhos. Artigo reproduzido em www.judeus.org com autorização.
 
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"Judaísmo Messiânico" Não Existe
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A Música Judaica
 
A música judaica antiga parece ter sido utilizada principalmente para o culto público, mas também em ocasiões, quase rituais, como coroações e celebrações. De fato, tal como indicam muitas passagens da Torá, seria difícil para os judeus imaginar uma ocasião de alegria na qual não estivesse presente a música.
 
Instrumentos
Os antigos judeus utilizavam vários instrumentos de corda, o mais característico era o kinor ou lira. Tratava-se, segundo a tradição, do instrumento do rei David. Outros instrumentos de corda eram o nevel ou harpa, e o asor ou cítara. Os instrumentos como o ugab ou flauta, e o chalil ou oboé, que possuíam conotações imorais em Israel e na Grécia, foram objeto de desaprovação por parte dos sacerdotes. A chatzotzrá ou trombeta e o shofar o chifre de carneiro, eram instrumentos rituais utilizados no templo e em conexão com a monarquia. Este último, ainda desempenha um papel destacado nos ritos judaicos. Entre os instrumentos de percussão se encontram o tof (um tambor com caixilho tipo tamborim tocado por mulheres), o pa'amón, a campainha ou sino, e os metziltayim ou pratinhos.
 
As melodias utilizadas na liturgia são tanto de caráter tetracordal (baseadas nas escalas de quatro notas) como modal. Os textos litúrgicos eram entoados pelos sacerdotes, enquanto uma orquestra de músicos profissionais os acompanhava com versões ornamentadas das melodias cantadas. O canto da congregação também era antifonal: os sacerdotes ou um conjunto coral qualificado cantavam uma parte e a congregação outra. O ritmo costumava ajustar-se aos acentos das sílabas das palavras.
 
A música da sinagoga
Depois d diáspora e a posterior destruição do Templo pelos romanos no ano 70 e. c., a sinagoga adquiriu uma importância cada vez maior. A prática litúrgica da cantilena (o canto das Escrituras), que remonta sua origem ao século 5 a. e. c, e que interpretavam músicos-sacerdotes, se converteu em obrigação de uma só casta da congregação ao redor do século I e. c. A partir de então se proibiu qualquer tipo de acompanhamento com instrumentos musicais. A congregação masculina na totalidade cantava as qualquer lugar que se exigisse o serviço. A prática das orações, em cantilena e o desejo de que se interpretasse da maneira correta deu lugar a um incipiente sistema de notação durante o século 5 e. c. e a a conservação de cantos antigos em determinados grupos, como o dos judeus iemenitas. A pesquisa do canto iemenita e babilônico demonstrou que o canto cristão tem uma grande dívida com o antigo modelo judaico.
 
Contudo, desenvolveram-se novas formas, e tais hinos e formas de oração pós-bíblicas (muitas delas baseadas em sistemas métricos, rítmicos e árabes) criaram a necessidade de contar com músicos profissionais. Por conseguinte, nos princípios da Idade Média se instaurou o ofício do chazan ou cantor litúrgico.
 
No início, a obrigação fundamental do cantor era cuidar da parte mais complicada da liturgia. Entretanto, ao redor do século 8, os cantores começaram a improvisar em suas interpretações. Depois de muitos séculos, esta prática (que cada vez mais incluíam elementos de canções não judaicas assim como melodias de hinos católicos romanos e protestantes) se traduziu em melodias de canto litúrgico extremadamente elaboradas, muito distantes dos modos de oração originais da antiguidade.
 
No século 16, os extasiados nigunim ou hinos sem palavras, dos seguidores da esotérica e mística Cabala e de seus descendentes espirituais, os hassidim dos séculos 18 e 19, herdaram o estilo do canto litúrgico ornamental. Inspirados originariamente em doutrinas religiosas que acentuavam uma vocalização espontânea e uma expressividade emotiva das palavras da oração, elas foram degenerando como resultado das repetidas tentativas, freqüentes e inapropriadas, de misturar as melodias judaicas com a música artística européia. Entretanto, as canções e danças hassídicas contém grande interesse.
 
A partir do século 15, nos guetos da Europa oriental havia grupos de músicos folclóricos (klezmerim) que tocavam música escrita em partituras, interpretadas nos serviços da sinagoga assim como nas festividades profanas. Ocasionalmente, atuavam diante de um público cristão, convertendo a música num meio de intercâmbio cultural. O estilo klezmer renasceu na década de 1980, graças aos músicos aficionados que interpretam música popular e folclórica com vários instrumentos.
O movimento reformista
As tentativas de reformar a liturgia datam do século 19. A figura principal da reforma foi Salomão Sulzer, que era o principal cantor litúrgico da comunidade judaica de Viena e um compositor de boa formação. Sulzer reconheceu o caráter oriental da música judaica e esforçou-se em elaborar um serviço litúrgico disciplinado que incorporasse esta tradição de uma maneira aceitável para a comunidade judaica ocidentalizada.
 
Durante o século 20, vários compositores, entre eles o suíço norte-americano Ernest Bloch e o francês Darius Milhaud, criaram arranjos orquestrais e corais para os serviços da sinagoga. Outros compositores, como o norte-americano Leonard Bernstein em sua sinfonia Kaddish (1961-1963), incorporaram as melodias judaicas da reza doméstica a suas músicas. Steve Reich combinou os procedimentos do minimalismo com um idioma melódico cheio de ecos de música folclórica judaica em Tehilim (1981), uma composição baseada em três salmos.
 
Pelo contrário, outros compositores dedicaram-se a tratar o tema judaico com uma linguagem musical completamente ocidental, como Arnold Schönberg na ópera Moisés e Arão (1930-1932) y Aaron Copland em seu trio para piano Vitebsk (1927).
 
Em Israel, as canções folclóricas espirituais do judaísmo oriental, que contêm reminiscências da música árabe, começaram a fundir-se com ela e com as canções dos judeus europeus. Grande parte da música original israelense reunifica os elementos orientais tradicionais com os da música ocidental contemporânea.
 
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"Judaísmo Messiânico" Não Existe
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Frutos da Terra Santa
 
História Chassídica
 
Há muitos anos, na Terra de Israel, viveu um homem chamado Reb Nisim. Ele e a família moravam numa pequena casa de pedra, bastante parecida com as outras casas em sua aldeia, com uma exceção. Perto de sua casa crescera a mais bela árvore, que produzia uma abundância de suculentas romãs. As pessoas vinham de longe para adquirir estas frutas "Nisim" especiais. Na verdade, a procura era tanta que a família conseguia viver o ano inteiro com os lucros que obtinham da venda dessas romãs.
 
Todo verão, a árvore ficava pesada com os lindos frutos vermelhos. Porém, certo verão, não se podia ver nenhuma romã. Reb Nisim chamou seu filho mais velho e lhe disse: "Suba na árvore. Talvez lá em cima haja alguns frutos que não podemos ver daqui."
 
O rapaz subiu até o topo, e de fato, ocultas da vista estavam três frutos preciosos – os mais belos que já se havia visto.
 
Quando veio o Shabat, Reb Nisim colocou duas das romãs sobre a mesa como um petisco especial de Shabat. A terceira, ele reservou para comer no feriado de Tu B'Shevat, o Ano Novo das Árvores.
 
Aquele foi um ano difícil para a família, pois sempre tinham dependido da árvore para seu sustento. Finalmente, a esposa de Reb Nisim sugeriu que ele viajasse para fora da Terra Santa para ganhar ou arrumar algum dinheiro. Ele estava relutante em partir. Tinha passado a vida inteira cercado pela santidade da Terra de Israel, e não queria "envergonhar" a terra admitindo que não conseguia ganhar seu sustento ali. Tentou de várias maneiras ganhar algum dinheiro, mas todos seus esforços foram baldados, e parecia que ele não teria outra opção a não ser seguir a sugestão da esposa.
 
"Tudo bem" – disse ele – "eu irei, mas nunca revelarei a quem quer que seja que eu vim da Terra Santa."
 
Durante muitos meses, viajou de cidade em cidade, mas cada lugar tinha seus próprios pobres para ajudar, e ele não teve sorte. Como é uma grande mitsvá (mandamento) sustentar os pobres da Terra de Israel, ele teria recebido esmolas caso se identificasse, mas recusou-se a fazê-lo.
Era Tu B'Shevat quando Reb Nisim chegou à cidade de Koshta, na Turquia. Quando foi até a sinagoga local, seus olhos se depararam com uma visão chocante. Todos os judeus da cidade estavam reunidos ali, chorando, lamentando-se e recitando Salmos. "O que aconteceu?" perguntou Reb Nisim, alarmado.
 
O zelador da sinagoga explicou: "O filho do sultão está muito doente. Ele sabe que os judeus são médicos exímios, e decretou que todos os judeus serão expulsos do reino, a menos que possamos apresentar um médico ou uma cura para seu filho. Até agora, falhamos." 
Enquanto Reb Nisim absorvia estas notícias terríveis, o assistente do rabino pediu a Reb Nisim que o acompanhasse até o rabino, dizendo: "Nosso Rabi diz que está muito contente por ter um visitante vindo da Terra Santa."
 
Reb Nisim fez como lhe fora pedido, mas estava perplexo. Como o rabino sabia? Tinha sido tão cuidadoso em não revelar a ninguém a sua origem. 
 
Decidiu perguntar diretamente ao Rabino.
 
"Há uma fragrância especial em você. Sinto que é a santidade da terra que adere a você" – replicou o Rabino.
 
"O odor que está sentindo provavelmente é da romã que trouxe comigo" – explicou Reb Nisim. "Eu a trouxe para Tu B'Shevat, e como é hoje, peço-lhe que aceite partilhar a fruta comigo."
 
O Rabino ficou extasiado. "Por favor, diga-me seu nome" – pediu.
 
"Meu nome é Reb Nisim." Ouvindo isso, o Rabino sorriu alegremente. "Isso com certeza é um sinal da Divina Providência. Em honra a Tu B'Shevat, tenho estudado os diferentes tipos de frutas descritas nos livros sagrados." O Rabino relatou o que havia aprendido. Disse então: "O acrônimo da palavra rimonim (romãs) é 'refua melech u'bno nisim yaviya meheira.' – a recuperação para o rei e seu filho, Nisim trará rapidamente. Vamos levar um pouco do sumo de sua romã imediatamente ao filho do rei. Talvez, pelo mérito das frutas da Terra Santa, D’us nos conceda o sucesso."
 
Os dois homens foram admitidos no quarto do príncipe doente, que estava à beira da morte. 
Aproximaram-se do leito e administraram algumas gotas do sumo da romã na boca do rapaz inconsciente. De súbito, um pouco de cor subiu ao seu rosto pálido. Deram-lhe mais algumas gotas, e houve um fraco mas perceptível tremular de pálpebras.
 
O sultão segurou a mão do filho querido, e lágrimas de alegria velaram seus olhos. Voltou-se aos dois judeus e disse: "Jamais esquecerei o que fizeram pelo meu filho."
 
No dia seguinte, Reb Nisim e o Rabino foram chamados ao palácio. O príncipe estava sentado na cama, um sorriso feliz no rosto cansado. Os servos do sultão trouxeram grandes bolsas de veludo, repletas de moedas de ouro e jóias. "Reb Nisim, isso é apenas um pequeno sinal de minha gratidão por ter salvado meu filho. Quanto aos judeus em meu reino, ele podem permanecer e viver em paz."
 
Reb Nisim voltou para casa carregado de riquezas. No verão seguinte, a prodigiosa romãzeira produziu a mesma quantidade de belos frutos de sempre. Sua fama espalhava-se, à medida que a história do príncipe era contada e recontada em toda a Terra Santa.
 
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"Judaísmo Messiânico" Não Existe
Judaísmo Messiânico, não existe! Apaixone-se pelo Judaismo,pratique Torá!
 
O Shabat da Visão
 
Diz o Talmud: "Assim como se aumenta a alegria quando entra o mês de Adar, assim se reduz a alegria quando entra o mês de Av." Existe uma interpretação de que os verbos, aumentar e reduzir, relacionam-se ao mês, e não à alegria. Ou seja: "Com a alegria podemos aumentar as venturas de Adar e reduzir as calamidades de Av." Isto é expresso na Lei Judaica que permite comer carne e beber vinho quando o final de um tratado talmúdico é realizado e este fato é sempre comemorado com alegria, mesmo nos primeiros nove dias de Av, quando estes alimentos são normalmente proibidos devido ao luto.
 
 
O mês de Av [pai] é denominado Menachêm [que consola] Av. Simplesmente, isto representa uma prece, de que D’us, nosso Pai nos console e traga a reconstrução do Templo. Mas uma vez que Menachêm precede Av surgiu uma explicação mais profunda, ou seja, que nós, os filhos, consolamos o Pai. Esta idéia será entendida de acordo com o dito de nossos sábios que, após a destruição do Templo, D’us disse sobre Si mesmo: "Ai do Pai que exilou Seus filhos e ai dos filhos que foram exilados da mesa de seu Pai."
 
O Shabat que antecede Tish’á Beav é denominado Shabat Chazon, pois nele é lida a Haftará, [trecho dos Profetas relacionado com a porção semanal da Torá] que se inicia com as palavras "Chazon [a visão de] Yesha’yáhu". Rabi Levi Yitschac de Berditchev explicou, por meio desta parábola, que neste Shabat é mostrada a cada judeu uma visão do Terceiro templo.
 
E eu, Daniel, sozinho tive a visão, mas as pessoas que estavam comigo não a viram; mesmo assim um grande terror se abateu sobre elas, e fugiram para esconder-se. (Daniel 10:7)
Mas se eles não tiveram a visão, por que ficaram aterrorizados? Porque embora eles mesmos não vissem, suas almas viram. (Talmud, Tratado Meguilá 3a)
 
No nono dia do mês de Av (Tish'á Beav) jejuamos e lamentamos a destruição do Templo Sagrado em Jerusalém. Tanto o Primeiro Templo (833-423 AEC) como o Segundo Templo (353 AEC-69 EC) foram destruídos nesta data. O Shabat que antecede o dia de jejum é chamado o "Shabat da Visão," pois neste Shabat lemos um capítulo dos Profetas, intitulado "A Visão de Yeshayáhu."[1]
 
Porém há também um significado mais profundo para o nome "Shabat da Visão," expresso pelo mestre chassídico Rabi Levi Yitschac de Berditchev [2] com a seguinte metáfora:
 
Um pai certa vez preparou um lindo conjunto de roupas para o filho. Porém a criança negligenciou o presente do pai e logo o terno estava em frangalhos. O pai deu ao filho um segundo jogo de roupas, mas este também foi arruinado pelo descuido do menino. Então, o pai comprou um terceiro conjunto. Desta vez, entretanto, escondeu-o do filho.
 
De tempos em tempos, em épocas especiais e oportunas, ele mostra o terno ao filho, explicando que quando o menino aprender a valorizar e tomar os devidos cuidados com a roupa, ela lhe será dada. Isso induz a criança a melhorar seu comportamento, até que gradualmente isso se torne uma segunda natureza - quando então será merecedora do presente dado pelo pai.
 
No "Shabat da Visão" - diz Rabi Levi Yitschac, a todos e a cada um de nós é concedida uma visão do Terceiro Templo - o final - uma visão que, para parafrasear o Talmud, "embora não vejamos por nós mesmos, nossa alma vê." Esta visão evoca uma profunda reação em nós, mesmo se não estivermos plenamente conscientes da causa de nossa súbita inspiração.
 
A morada Divina
 
O Templo Sagrado em Jerusalém era o assento da presença manifesta de D'us no mundo físico.
 
Um dogma básico de nossa fé é que "Toda a terra está repleta com Sua presença"[3] e "Não há lugar sem Ele."[4] Mas a presença de D'us e o envolvimento em Sua criação são mascarados pelas obras aparentemente arbitrárias e independentes da natureza e da história. O Templo Sagrado foi um brecha nesta máscara, uma janela através da qual D'us irradiou Sua luz para o mundo. Aqui o envolvimento de D'us em nosso mundo foi demonstrado abertamente por um edifício, no qual milagres eram uma parte "natural" de seu funcionamento diário[5], e cujo próprio espaço expressava a infinidade e a completa difusão do Criador.[6] Aqui D'us mostrava-se ao homem, e o homem apresentava-se a D'us.[7]
 
Por duas vezes recebemos o presente de uma morada Divina em nosso meio. Duas vezes deixamos de nos mostrar merecedores deste presente, e banimos a presença Divina de nossa vida.
 
Portanto, D'us construiu-nos um terceiro templo. Diferente dos anteriores, de construção humana e portanto sujeitos a degradação por causa das falhas humanas, o Terceiro Templo é tão eterno e invencível quanto seu Arquiteto. Mas D'us ocultou de nós este "terceiro conjunto de roupas," confinando sua realidade a uma esfera celestial, mais elevada, além da visão e da vivência de nosso ser terreno.
 
A cada ano, no "Shabat da Visão," D'us nos mostra o Terceiro Templo. Nossa alma contempla uma visão de um mundo em paz consigo mesmo e com seu Criador, um mundo repleto de conhecimento e de consciência de D'us, um mundo que percebeu seu potencial Divino para a bondade e a perfeição. É uma visão do Terceiro Templo no céu - em seu estado espiritual - como o terceiro jogo de roupas da analogia, que a criança vê mas não pode ter. Mas é também uma visão com uma promessa: uma visão de um templo celestial suspenso para descer à terra, uma visão que nos inspira a corrigir nosso comportamento e apressa o dia em que o Templo espiritual tornar-se-á realidade concreta.
 
Através destas visões repetidas, viver na Divina Presença torna-se mais e mais uma "segunda natureza" para nós (como disse Rabi Levi Yitschac em sua analogia), elevando-nos progressivamente ao estado de merecimento para vivenciar o Divino em nossa vida.
 
A casa individualizada
 
As metáforas de nossos Sábios continuam a nos falar muito depois do ponto principal de sua mensagem ter sido assimilado. Sob a superfície do significado mais óbvio da metáfora está camada após camada de significado, onde cada detalhe da narrativa é importante.
 
O mesmo aplica-se à analogia de Rabi Levi Yitschac. Seu significado básico é claro, mas muitas percepções sutis estão envoltas em seus detalhes. Por exemplo: Por que, poderíamos perguntar, os três Templos são representados como três jogos de roupas? O exemplo de um edifício ou casa [8] não teria sido mais apropriado?
 
A casa e a roupa - ambas "abrigam" e contêm a pessoa. Mas a roupa o faz de modo muito mais pessoal e individualizado. Embora seja verdade que as dimensões e o estilo de uma casa refletem a natureza de seu ocupante, fazem-no de maneira mais generalizada - não tão especificamente e intimamente como uma roupa envolve quem a veste.
 
Por outro lado, a natureza individual das roupas limita suas funções ao uso pessoal. Uma casa pode abrigar muitas pessoas; uma roupa, apenas uma. Posso convidá-lo a ir à minha casa, mas não posso compartilhar minha roupa com você: mesmo se eu a der a você, não irá vestir-lhe tão bem quanto a mim, pois "serve" apenas a meu corpo.
 
D'us escolheu revelar Sua presença em nosso mundo em uma "morada" - uma estrutura comunal que vai além do pessoa, para abraçar um povo inteiro e toda a comunidade do homem. [9] Mesmo assim o Templo Sagrado em Jerusalém também tinha alguns aspectos semelhantes ao da roupa. São estes aspectos que Rabi Levi Yitschac deseja enfatizar quando retrata o Templo Sagrado como um conjunto de roupas.
 
Pois o Templo Sagrado foi também uma estrutura altamente compartimentalizada. Havia um "Pátio das Mulheres" e um pátio reservado para os homens, uma área restrita aos cohanim (sacerdotes), um "Santuário" (hechal) impregnado de uma santidade maior que a dos "pátios," e o "Santo dos Santos" - uma câmara na qual apenas o Sumo Sacerdote podia entrar, e somente em Yom Kipur, o mais santo de todos os dias do ano. O Talmud enumera oito áreas de santidade variada dentro do complexo do Templo, cada qual com sua função e propósito distinto.[10]
 
Em outras palavras, embora o Templo expressasse uma única verdade - a presença toda penetrante de D'us em nosso mundo - assim o fazia para cada indivíduo de forma personalizada. Embora fosse uma "casa" no sentido em que servia a muitos indivíduos - na verdade o mundo todo - como seu ponto de encontro com o infinito, todo e cada indivíduo o considerava uma "roupa" sob medida para suas necessidades espirituais, segundo seu relacionamento pessoal e íntimo com D'us.
 
A cada ano, no Shabat que antecede Tish'á Beav, temos uma visão de nosso mundo como um lar Divino - um local onde todas as criaturas de D'us sentirão Sua presença. Mas esta é também uma visão de uma "roupa" Divina - o relacionamento nitidamente pessoal com D'us, que serve especialmente a nosso caráter e aspirações individuais, que cada um de nós irá desfrutar quando o Terceiro Templo descer à terra.[11]
 
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1 - Yeshayáhu 1:1-27. Esta leitura é a terceira de uma série de leituras, chamada os "Três de Admoestação," que são lidas nos três Shabatot que precedem o Nove de Av.
 
2 - 1740-1810.
 
3 - Yeshayáhu 6:3.
 
4 -Ticunei Zôhar, Ticun 57.
 
5 - Ética dos Pais 5:5.
 
6 - O Talmud (Tratado Yoma 21a) relata que o Templo e seu mobiliário desafiavam a característica mais fundamental dos objetos físicos - que eles ocupam espaço - pois "O espaço da Arca não fazia parte das medidas." O Santo dos Santos media 20 cúbitos (aprox. 9,5 metros) por 20 cúbitos; a Arca que ficava no centro media 2,5 x 1,5 cúbitos; porém a distância entre cada uma das paredes externas da Arca às paredes da câmara era de uns bons 10 cúbitos. Em outras palavras, a Arca, embora fosse um objeto físico com dimensões espaciais, não ocupava espaço algum no aposento.
 
7 - Shemot 23:17, e pelo Talmud, San'hedrin 4b.
 
8 -Conforme a analogia dada pelo Midrash.
 
9 - A "morada" também representa "um lugar que abriga a própria essência da pessoa".
 
10 - Talmud, Kelim 1:6.
 
11 - Baseado nas palestras do Rebe em Shabat Chazon, 5742 (1982) e 5744 (1984), (Licutei Sichot, vol. XXIX, págs. 18-25).
 
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"Judaísmo Messiânico" Não Existe
Judaísmo Messiânico, não existe! Apaixone-se pelo Judaismo,pratique Torá!
 
Nossa Dor de Cabeça
 
Daqui a algumas semanas, estaremos celebrando o casamento de nossa filha. É difícil transmitir a profundidade da emoção num casamento judaico. É mais que uma cerimônia santificando o compromisso dos noivos, porque indivíduos são mais que indivíduos. Somos quem somos por causa de nossos pais e avós, e do drama ao qual eles e nós pertencemos. Um casamento no Judaísmo é um novo capítulo na história do povo judeu.
 
As sheva berachot, ou "sete bênçãos", pronunciadas sobre os noivos, remonta há dois mil anos. Nelas nos referimos ao primeiro casal, Adão e Eva, casados pelo próprio D'us tendo o céu como canópia nupcial. Relembramos uma frase, extraída de Yeshayáhu e do Livro de Tehilim, sobre "uma mulher estéril" que, contrariando as expectativas, teve a alegria de ter filhos. Isto, para nós, é o povo judeu como um todo, que tanto sofreu e teve dúvidas sobre a própria sobrevivência, mas agora vê neste casal uma esperança para o futuro.
 
Citamos a gloriosa profecia de Yirmiyáhu que, ao ver Jerusalém desolada e destruída, profetizou que na cidade "Serão ouvidos mais uma vez os sons de júbilo e alegria, e as vozes dos noivos". É como se todas as prévias gerações de judeus, dispersas pelo espaço e tempo, estivessem presentes para dar suas bênçãos ao casal e para testemunhar o milagre da fé mais antiga do Ocidente, tornando-se jovem outra vez através do amor mútuo de duas pessoas.
 
Os casamentos judaicos geralmente são exuberantes, ruidosos, cheios de energia e entusiasmo. Os costumes antigos, que há uma ou duas gerações tinham praticamente desaparecido, agora estão voltando. Muitas noivas atualmente adotam a mística cerimônia de circular o noivo sete vezes. Os contratos de casamento se tornaram altamente decorativos, como costumavam ser na Idade Média (a ketubá, ou contrato de casamento, remonta à era pré-cristã e se constitui numa das primeiras declarações dos direitos femininos de que se tem notícia). Num casamento judaico, pode-se ver a verdadeira natureza da espiritualidade judaica – séria demais para ser totalmente séria, consciente demais das bênçãos Divinas para fazer outra coisa que não seja rejubilar-se. O Judaísmo é o convite de D'us para celebrarmos a vida.
 
Como é desolador que o casamento pareça ter perdido seu poder na sociedade como um todo. Uma cerimônia de casamento é mais que uma formalidade e um pedaço de papel. Os profetas viam o casamento como a metáfora mais forte para o relacionamento entre D'us e nós – porque envolve comprometimento, um voto mútuo de franqueza e confiança, uma promessa que não se abandonará o outro em tempos difíceis. Deste pacto de lealdade e amor, novas vidas vêm ao mundo.
 
O casamento não é somente viver juntos, uma parceria temporária com fins mutuamente benéficos. Que uma luz nos ajude e desperte se isso é tudo que conseguimos ver nele. É o ponto no qual o Eu do ser encontra o Tu do outro ser, transformando-nos em algo maior, mais espaçoso, mais generoso e carinhoso do que jamais poderíamos ser sozinhos. No casamento, na melhor das hipóteses, você vê a humanidade naquilo que tem de melhor, e num lar amoroso você quase consegue tocar a presença Divina.
 
Yirmiyáhu disse certa vez: "Lembro-me da devoção de tua juventude, como uma noiva tu me amavas e me seguias pelo deserto, através de uma terra inculta."
 
Tomar a mão de alguém e começarem juntos uma jornada rumo a um país desconhecido chamado futuro: isso é casamento, o amor santificado pela mútua confiança do momento presente…para sempre!
 
* Por Rabino Chefe da Inglaterra, Professor Jonathan Sacks. Reproduzido aqui com autorização.
 
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Judaísmo Messiânico, não existe! Apaixone-se pelo Judaismo,pratique Torá!
 
Rabbi Kaduri fala de Jesus?
 
 
Judaísmo Messiânico Não Existe
 
Rabi Kaduri - Rabbi Itzkhaq Kaduri
O desespero para vender Jesus, de Nazaré como messias faz com que alguns missionários messiânicos cheguem ao absurdo de colocar palavras na boca daqueles que já partiram e por isso estão impedidos de se defenderem destes covardes ataques. O caso mais recente de violação do Judaísmo é uma agressão ao Rabbi Kaduri, que teve seu nome associado, infelizmente, a mais uma agressão evangélico messiânica.
 
Este texto esclarece as inverdades (comum no movimento messiânico) acerca de uma nota deixada pelo Rabbi Kaduri, que grosseiramente afirmam, reconheceu Jesus como messias. Os missionários messiânicos não tem limites para seus delírios.
 
Texto original da nota
בענין קר"ת של משיח
 
ירים העם ויוכיח
שדברי ותורתו עומדים
באתו על החתום בחודש
הרחמים התשס"ה
 
יצחק כדורי
 
Explicando cada trecho da nota:
 
Assunto de interesse – בענין
proclamação - קר"ת - abreviação da palavra (קריאת)
(acerca) de Messias - של משיח
 
Atenção - A palavra "acerca" é colocada na tradução em português adequar o texto que na forma original hebraica é desnecessária. Em português parece estar faltando algo, deixando a frase estranha.
 
Levantará o povo - ירים העם
e provará - ויוכיח
que minha palavra - שדברי
e Sua Torah - ותורתו
permanecem imutáveis – עומדים
Atenção - A palavra עומדים é plural de עומד que significa de pé, parado, imóvel.
 
Sobre ele assino - באתו על החתום– aqui a tradução para o português, representa idéia correlata pois não condiz literalmente com as palavras no hebraico que seriam “com ele, sobre [o texto] assinatura”
 
no mês da misericórdia – בחודש הרחמים
 
Ano de 2005 - התשס"ה
 
Itzkhaq Kaduri - יצחק כדורי
 
Que significa:
 
Assunto de interesse proclamação [acerca] de Messias
Levantará o povo e provará que minha palavra
e Sua Torah permanecem imutáveis.
 
Sobre ele assino, no mês da misericórdia
 
Ano de 2005
 
Itzkhaq Kaduri
 
Explicando as inconsistências da tradução cristã:
 
Os tradutores cristãos utilizam a tradução e idéia abaixo para justificar suas conclusões, baseando-se nas primeiras letras de cada palavra da segunda frase para extrair uma outra palavra (acróstico). Como esquema abaixo.
 
ירים העם ויוכיח שדברו ותורתו עומדים
“Yarím Ha’âm Veyochíach Shedvarô Vetoratô Omdím”.
 
Ele levantará o povo e provará que a sua palavra e a sua lei são válidas.
 
Os tradutores copiaram da nota ao menos uma palavra hebraica erradamente, pois a palavra שדברו acima não condiz com a nota de R Kaduri, pois na nota está escrito שדברי. Veremos mais à frente como este erro altera completamente o assunto, contudo existem mais erros em outros trechos da tradução efetuada por cristãos.
 
Admitem aparentemente, sem melhor análise, que se trata do nome de Yechua, com estes caracteres: "יהושוע" que, entre outras coisas, se referem aos nomes Yehochua ou Yahuchua e segundo os messiânicos, representam o nome Yechua "ישוע". Porém neste caso é necessário interpretar! Mas vemos que é também uma frase completa “יה-ושוע -Iah veChéva” cujo significado é:
 
O Nome Divino e a invocação; a súplica; o clamor, etc.!
 
Interessante notar que eles discutem o assunto sob o ponto de vista cabalístico apelando para um SOD, mas uma das regras fundamentais para a interpretação de um SOD é que o segredo depois de descoberto forneça uma explicação literal satisfatória como chave do assunto. Que siga a fórmula Pardes. No caso a frase “יה-ושוע” “Iah veChéva”, reúne força e direito de escolha em oposição ao outro acróstico uma vez que é uma frase líquida e está de plena e direta conexão com o contexto, enquanto o outro é apenas uma possibilidade.
 
Vejamos agora como eles acomodam as palavras do sábio:
 
Os tradutores Ephraim e Rimona:
 
Não apresentam a tradução das primeiras e últimas linhas, apenas da segunda.
 
ירים העם ויוכיח שדברי ותורתו עומדים
 
Ele levantará o povo e provará que a sua palavra (o correto é minha palavra) e a sua lei são válidas (mais adequado é, permanecem imutáveis)
 
O sentido do texto é alterado porque copiaram e leram palavra שדברי (minha palavra) erroneamente como se estivesse escrito שדברו (palavra dele)
 
Erram ainda na palavra עומדים (vide comentário plural do presente de עומד que signifca parado, em pé dando portanto idéias de imutabilidade)
 
Outra tradução cristã, esta do evangélico Sr. Matheus, do movimento missionário messiânico Ensinando de Sião:
 
Ele escreve em seu artigo, denotando uma autoridade que não tem:
 
"- Utilizando o nome bíblico de Yeshua, Kaduri descreveu o Messias utilizando seis palavras e indicando que as iniciais da frase continham o nome do Messias. O bilhete diz:"
 
“Em relação à abreviação das letras do nome do Messias,
Ele levantará o povo e provará que sua palavra e sua lei são válidas.
A este assino no mês da misericórdia”;
 
Itzchak Kaduri
 
Em seu trabalho, o sr. Matheus do movimento evangélico Ensinando de Sião escreve que o R' Kaduri afirma que Yechua é o Messias. Contudo em sua tradução, ele já começa escrevendo uma frase que nada tem com a nota de R' Kaduri:
 
“Em relação à abreviação das letras do nome do Messias”.
 
A frase original não é essa, porque na nota não está escrito
 
“Em relação à abreviação ”, uma vez que (בענין) se aplica objetivamente a assunto de interesse, e também a palavra seguinte não é
 
“abreviação”,mas (קר"ת) que é sim uma abreviação da palavra (קריאת) que significa ”proclamação.. etc.”.
 
Quanto ao restante da frase é impossível saber de onde o sr. Matheus e seus missionários tiraram tais palavras.
 
“das letras do nome do”.
 
Uma tradução razoável para esta linha seria:
 
“Assunto de interesse [uma] proclamação acerca de Machiakh..
 
Seguindo a mesma visão dos tradutores cristãos Ephraim e Rimona, ele (sr. Matheus) semelhantemente avalia erroneamente o sentido das palavras שדברי da terceira frase na sua tradução:
 
- Ele levantará o povo e provará que sua palavra (deve ser minha palavra) e sua lei são válidas (deve ser permanecem imutáveis).
 
Como já sabemos que o motivo do erro foi copiar da nota de R' Kaduri, a palavra שדברי - (minha palavra) como שדברו- (sua palavra) e aí continua traduzindo a palavra errada como se fosse correta, o que altera o sentido da nota. Isto causa em pessoas sem instrução no hebraico a dedução de traduções e afirmações de erros.
 
Ao que parece, se ele (sr. Matheus) traduzisse a palavra como foi escrita, não haveria como atribuir o texto a Yechua ou Jesus. De fato a palavra שדברי refere-se a R' Kaduri, enquanto autor das palavras da nota e também às palavras que vinha ensinando aos seus discípulos sobre o Messias.
 
Atenção - No caso da palavra קר"ת, ao que parece ele (Sr. Matheus) confundiu a "abreviação da palavra" com a palavra "abreviação".
 
Por outro lado ele (Sr. Matheus) aparenta crer piamente que R' Kaduri de fato se cristianizou e acrescenta uma nota no seu texto que insinua que o filho de R' Kaduri não tenha sido muito honesto em suas explicações, conforme registra no seu texto; Ele diz:
 
"Infelizmente, o próprio filho do rabino Kaduri, David Kaduri, afirmou em nota oficial que o bilhete era falso e que tudo isso não passava de uma grande conspiração missionária visando converter os judeus ortodoxos em cristãos. “É verdade que meu pai já teve encontros com o Messias. O Messias lhe afirmou que viria em breve, e esta é a mensagem que meu pai sempre pregava. Mas tenho certeza que meu pai confundiu ou trocou os nomes antes de sua morte”, afirmou David Kaduri em entrevista a revista israelense Israel Today.
 
Mas a estratégia não surte efeito, porque as prováveis desculpas feitas por David Kaduri: “Mas tenho certeza que meu pai confundiu ou trocou os nomes antes de sua morte” , como o sr. Matheus registra no seu amadorístico texto, são de fato desnecessárias diante da tradução, do texto da nota, correta e livre de tendências. Isso deixa muito claro o verdadeiro teor da nota de R' Kaduri.
 
Realmente não está isenta de dúvidas as conclusões dos tradutores cristãos sobre a opinião de R' Kaduri, mesmo porque suas conclusões baseiam-se em premissas, senão falsas, no mínimo errôneas.
 
Agora vamos oferecer nossa interpretação do outro acróstico que também pode ser extraído do texto. O acróstico é na verdade uma frase que complementa o sentido do texto sem que se aplique ou introduza qualquer tipo de mudança na fé judaica referente ao Messias.
 
O acróstico "יהושוע" pode, com muito mais propriedade, e literalmente ser a frase "יה-ושוע"; cujo significado é "O Nome divino e a Súplica, invocação, etc...", porque representa uma frase que complementa e é compatível com o restante da nota de R' Kaduri como a palavra do mestre e a Sua Torá que não mudam "עומדים" , ou seja; permanece como sempre. Aliás, a eternidade da Torá, é um dos princípios do judaísmo definidos pelo Rambam e também defendido por R' Kaduri. Como um dos mestres do judaísmo, não poderia contradizer, mesmo porque o ensinava, e é isto o que a nota do grande sábio nos revela.
 
Vejamos então uma tradução combinada com o acróstico que extraímos do texto da Nota:
 
Assunto de interesse proclamação acerca de Messias
 
---> “O Nome Divino e a Suplica” <---
 
Levantará o povo [como um monte] e provará que a minha palavra [do R' Kaduri] e a Sua Torah [do Eterno] permanecem imutáveis
 
sobre isso assino no mês da misericórdia ano de 2005
 
Itzhack Kaduri
 
Aparentemete a falta de formação judaica e no Tanach destas pessoas justificam os erros que eles cometem, por ignorar as tradições e princípios que regem a mente de cada judeu que ama e serve a D'us.
 
Algo intrigante. Por quê R Kaduri, se de fato pensasse como os tradutores cristãos afirmam (e insinuam), não teria dito estas coisas aos seus discípulos em vida, uma vez que a vinda e o reconhecimento do Messias tem sido fundamental aos judeus? Pesarosamente para nós, o autor do texto (Sr. Matheus), no seu contexto, em artigo intitulado “O Rabino e o nome do Messias” chega a insinuar que ele provavelmente tenha temido declarar-se. Ora, se o R' Kaduri temeu declarar uma verdade de tal monta, em que acreditava como poucos, e fez isso porque temia, e se insinua que temia, também se insinua que ele estaria mentindo! Tudo isto para nós é muito triste e lamentamos pois, este tipo de postura não cria pontes entre os homens. O respeito ao outro é o minimo que alguém pode oferecer e lamentavelmente missionários messiânicos como sr. Matheus da Igreja Evangélica Ensinado de Sião e outras instituições não o fazem. Este mais novo triste episódio, ao contrário, só serve para reabrir velhas feridas e reascender desconfianças.
 
 
ATENÇÃO
 
Devemos registrar que esta montagem e agressão ao judaísmo, infelizmente empreendida por muitos movimentos evangélicos missionários, Graças a D'us, não foi unanimidde. No Brasil, vários movimentos "messiânicos" - nem por isso menos nocivos e perigosos - rejeitaram de forma contudente ás alegações propagadas pelo movimento Ensinando de Sião.
 
Por exemplo, a Congragação Messiânica Beit Teshuva, de outro conhecido evangélico messiânico brasileiro, que executa ações ao estilo da Ensinando de Sião, registrou em nota:
 
"Boato cristão sobre Rav. Kaduri..."
"O boato que correu o mundo de que o Grão Rabino Kaduri, cria em Yeshua com messias, foi na realidade uma notícia falsa, um boato gerado pelos evangélicos [como se eles não fossem]. Para o judaísmo messiânico seria interessante se realmente fosse verdade, no entanto para nosso movimento o fato do rabino Kaduri não crer em Yeshua era o esperado, já que ele fez parte do movimento rabínico que sempre procurou se defender de todas as maneiras possíveis e inimgináveis, da simples idéia de Yeshua ser considerado o mashiach. 
Nossa fé em Yeshua é incondicional ao fato de qualquer autoridade aderir ou não a crença no messias de nazaré. Segundo o rabino Yosef Shulam:
 
[A nota do pastor Joseph Shulam contém uma dose de anti-semitismo, ao insinuar que judeus odeiam cristãos, nada mais longe da verdade.]
 
"Querido David, Shalom de Jerusalém, 
Eu conferi com o pessoal de Rabino Kaduri e Yeshiva. Não há nenhuma verdade em qualquer desta propaganda Cristã. Rabino Kaduri não acreditou em Yeshua e nunca acreditou em Yeshua e na realidade ele odiou Yeshua e todo os que acreditam Nele. 
 
As publicações que foram publicadas em visões de letras israelitas eram tudo baseado em falsa informação, baseado em leitura de uma nota pequena que foi escrita pelo Rabino vinte anos atrás. 
 
Melhores desejos para você o David e para todos os irmãos e irmãs em Norte o Brasil Oriental. 
 
Jerusalém, 24 de abril de 2007.
 
Sinceramente, 
Joseph Shulam 
 
Fonte:
https://www.beiteshuva.com/noticia.php?noticia=71&categoria=12&nome=Internacional
*Caso o link não funcione, talvez tenha sido removido mas, pode ser visualizado no Cache do Google, clique aqui.
 
Leia também:
 
Quem é Mashiach Ben Yosef
 
Anti-Misisonario / dezembro 17, 2013
 
QUEM É MASHIACH BEN YOSEF?
 
Pelo rabino Jacob Immanuel Schochet
 
Tradução: João Alves Correia
 
MASHIACH BEN YOSSEF
 
A tradição judaica fala de dois redentores, cada um chamado Mashiach. Ambos estão envolvidos na anunciação da era Messiânica. Eles são Mashiach ben David e Mashiach ben Yossef
 
[Vide Sucá 52b; Zohar I:25b; ibid.II:120a, III:153b, 246b e 252a. (Vide Sha’arei Zohar sobre Sucá 52a para fontes relevantes nas escritas do Zohar)].
O termo Mashiach quando não especificado, sempre se refere à Mashiach ben David (Mashiach, o descendente de David) da tribo de Judá. Ele é o (redentor final e verdadeiro) governará na era Messiânica. Tudo o que foi dito em nosso texto é relativo a ele.
 
Mashiach ben Yossef (Mashiach descendente de Joseph) da tribo de Efraim (filho de José) também é chamado de Mashiach bem Efraim, Mashiach, o descendente de Efraim
 
[Sucá 52a-b; Zohar 125b; ibid.III:246b e 252b etc.; e Midrash Agadot Mashiach, usam o termo Mashiach bem Yossef. Targum Yeonatan sobre Exodo 40:11; Zohar II:120a; ibid. 153b, 194b e 243b, etc.; Midrash tehilim 60:3; e outros Midrashim referem-se a Mashiach ben Efraim, Pessikta Rabaty, cap. 36-37( ed.Friedman cap. 35-36) refere-se a Efraim Mashiach Tsidki (Efraim meu justo Mashiach); o termo Efraim, no entanto, pode estar relacionado aqui, a Israel no coletivo, referindo-se portanto à Mashiach bem David.
 
Pirkei Heichalot Rabaty, cap. 39 (Batei Midrashot, ed. Wertheimer, volI) e Sefer Zerubavel (ibid. vol II) oferece seu nome pessoal como Nechemia ben Chushiel ( o mesmo em Midrash Tehilim 60:3), acrescentando “que é de Efraim, o filho de José” (É interessante notar que Pirkei der Eliezer, cap. 19 chama-o de Menechem ben Amiel, o mesmo nome que outras fontes – inclusive Zohar III:113b – atribuem a Mashiach ben David).
 
Targum Yeohonathan sobre Êxodo 40:11 remonta sua ascendência a Josué, outras fontes afirmam que ele é descendente de Yeravan ben Nevat, com implicações práticas em termos dos planos da Providência Divina para esta genealogia; vide Zohar Chadash, Balak: 56b; comentário do R. Avraham Galante sobre o Zohar II:120 (mencionado no Or Hachamá, lá) e Emek Hamelech, Shaar Olam Hatihu:ch, cap. 46. Cf. Devash Lefi, s.v. Mem: par. 18 (Vide também as fontes citadas em Shaarei Zohar sobre Sucá 52a em relação a outras opiniões sobre sua linguagem)]. Ele virá primeiro, antes do redentor final, e depois, servirá como seu “vice-rei”. [A harmonia e a cooperação entre Mashiach ben David e Mashiach ben Yossef representa a união total de Israel, removendo a rivalidade histórica que existia entre as tribos de Judá e José; vide Isaías 11:13 e Rashi lá. (Cf. Bereshit Rabá 70:15; e Torá Shelemá sobre Gênese 29:16)].
 
A tarefa essencial de Mashiach ben Yossef é agir como precursor de Mashiach bem David: ele preparará o mundo para a vinda do redentor final. Diferentes fontes lhe atribuem diferentes funções, algumas inclusive encarregando-o de tarefas tradicionalmente associadas com Mashiach ben David (como a reunião dos dispersos no exílio, a reconstrução do Bet Hamicdash, e assim por diante). [Vide Pirkei Heichalot Rabaty, cap. 39; Sefer Zerubavel; Midrash Agadat Mashiach (A maior parte dele está em Lekach Tov, Balak, nos números 24:17ff.); e cf. Rashi sobre Sucá 52b, s.v. Charashim. Vide também Rambam, comentário sobre Cântico 8:13.]
A função principal e final atribuída a Mashiach ben Yossef é de natureza política e militar. Ele empreenderá a guerra contra as forças do mal que oprimem Israel. Mais especificamente, ele lutará contra Edom, os descendentes de Esaú.[Observe que a batalha final de Mashiach bem Yossef é citada contra Armilus, que impunha as regras de Edom. Vide Os Midrashim Messiânicos Zerubavel; Agadat Mashiach; Vayosha etc. (referências específicas encontram-se no livro Malachei Elyon de R. Margolius, parte II, s.v. Armilas).]
 
Edom é a designação abrangente dos inimigos de Israel, [Edom é o inimigo perpétuo de Israel e seu adversário final (vide Sifre, Behaalotecha, par. 69, citado por Rashi em Gêneses 33:4; vide também Meguilá 6ª): a galut atual é chamada de Galut de Edom (vide Bereishit Rabá 44:17; Vaikra Rabá 13:5; e passagens paralelas) e Edom será derrotado por Mashiach (Obadia; Yoma 10ª; Midrash Tehilim 6:2; e cf. Tanchuma, Bo:4).
 
É interessante notar que de acordo com Pirkei de R.Eliezer cap.28 (em versões não sensuradas), os Ismaelitas (árabes) serão o reino final que será derrotado por Mashiach. Outras fontes afirmam “Edom e Ishmael” (vide Torá Shelemá em Gênese 15:12, nota 130). Observe, no entanto, que em Pirkei de R. Eliezer cap.44 (e cf. Midrash Tehilim 2:6 e 83:3) consta que Edom e Ishmael tornam-se ————-. Vide também Mayanei Hayeshuá, Maayan 11:8.] e será derrotado pelos descendentes de José. Assim, foi profetizado há muito tempo, “A Casa de Jacob será um fogo e a Casa de José será uma chama, e a Casa de Esaú será como palha…” (Obadia 1:18); “os descendentes de Esaú serão entregues somente nas mãos dos descendentes de José” [Baba Batra 123b. Targun Yeonathan em Gênese 30:23. Tachuma, Ed. Biber, Vayetse:15 e Bereshit Rabá 73:7; e passagens paralelas ali citadas. Vide Bereshit Rabá 99:2, que Edom cairá através de um Meshuach milchamá (o ungido para as batalhas), em relação a este que será um descendente de José.
 
A batalha de Mashiach ben Yossef contra Edom é análoga e também é o ponto culminante da primeira batalha de Israel contra Edom (Amalek) depois do êxodo do Egito (Êxodo 17:5ff). Naquela primeira batalha, o exército judaico foi liderado por Yeoshua – que também é da tribo de Efraim e (de acordo com algumas opiniões) é ancestral de Mashiach; vide Rambam sobre Êxodo 17:9, e R. Bachaya em Êxodo 1:5, que traça uma analogia entre o papel de José no Egito e o papel de Mashiach, que é descende dele, na redenção final.]
 
Esta confrontação final entre José e Esaú já está aludida no próprio nascimento de José, quando sua mãe Raquel exclamou, “D-us levou embora a minha desgraça” (Gênese 30:23): com visão profética, ele previu que um “salvador ungido” descenderá de José e que ele removerá a desgraça de Israel.[ O aspecto Messiânico é derivado por analogia, de Isaías 4:1.] Nesse contexto, ela chamou o seu nome “Yossef, dizendo ‘yossef Hashem’ – que D-us me acrescente-ben acher’ (lit. outro filho), ou seja, ‘ben acharono shel olam’ – um que ficará no final do tempo do mundo, [O aspecto Messiânico é derivado por analogia, de Gênese 4:25, que no Agadat Mashiach (citado em Lekach Tov sobre Números 24:17) é colocado dentro do contexto Messiânico.] do que se conclui que um ‘Meshu’ach milchamá’ – um ungido para a batalha, descenderá de José”. [Midrash Yelamdenu, citada no Kuntres Acharon de Yalkut Shimoni. (Este Kuntres Acharon aparece apenas em poucas edições do Yalkut Shimoni, mas foi republicada no Bet Hamidrash, de Jellinek, vol. VI. Nossa passagem aparece ali na pag. 81, par. 20, e também é mencionada no Torá Shelemá sobre Gênese 30:23-24, par. 84 e 89.)
 
Mashiach ben Yossef é chamado de Meshuach Milchamá dentro do contexto de sua função militar (cf. Sotá 42ª, e Rashi sobre Deuteronômio 20:2, sobre este termo); vide Bereshit Rabá 75:6 e 99:2; Shir Rabá 2:13 (um paralelo a passagem em Sucá 52b); a Agadot Bereshit, cap. (63) 64.]
 
Os resultados imediatos desta guerra [Targun Yehonatan sobre Êxodo 40:11, e sobre Zacarías 12:10 (versão manuscrita na Ed. A. Sperber); Agadat Mashiach, Pirkei Heichalót Rabaty (na veersão citada por Rambam, Sefer Hagueulá, shaar IV; Ed. Chavel, p. 291); e Rashi sobre Sucá 52ª; identificaram a batalha de Mashiach bem Yossef com a Grerra de Gog e Magog.] serão desastrosos: Mashiach ben Yossef será morto. Isto está escrito na profecia de Zacarias, que diz sobre essa tragédia que “eles chorarão como se chora por um filho único”. (Zacarias 12:10). [ Sucá 52ª e passagens paralelas.] Esta morte será seguida por um período de grandes calamidades. Estas novas tribulações serão o teste final para Israel e pouco depois, Mashiach ben David virá, vingando a sua morte, revivendo-o, e inaugurando a era Messiânica de paz e felicidade eternas. [Pirkei Heichalot Rabaty cap. 39 (citado no Sefer Hagueulá, shaar IV); Sefer Zerubavel, Adadat Mashiach (citada em Lekach Tov, IBID.). Vide R Saadia Gaon, Emunot Vedeot VIII: cap. 5, que acrescenta textos comprovatórios das Escrituras ou alusões, para todos os detalhes; e a extensa responsa de R. Hai Gaon sobre a redenção, publicada em Otzar Hageonim em Sucá 52ª, e em Midreshet Gueulá, Ed. Y. Ibn Shemuel, p. 135ff. C.f. Rashi e Ibn Ezra sobre Zacarías 12:10; Ibn Ezra e Redak sobre Zacarías 13:7.]
 
Isto, em resumo, e a percepção geral do “segundo Mashiach”, o descendente de José através da tribo de Efraim.
 
Basta significativamente, R. Saadia Gaon (um dos poucos que elaboraram sobre o papel de Mashiach ben Yossef) nota que esta seqüência não é definida, mas contingente! Mashiach ben David, nem as atividades atribuídas a ele ou à sua morte terão que acontecer. Tudo depende da condição espiritual do povo judeu na época da redenção:
 
A função essencial de Mashiach ben Yossef é preparar a Israel para a redenção final, colocá-los na condição adequada para abrir o caminho da chegada de Mashiach ben David. Sobre essa redenção derradeira está escrito que, se Israel se arrepender (voltar a D-us), eles serão redimidos imediatamente (mesmo antes da data pré-determinada para a vinda de Mashiach). Se não se arrependerem, e portanto se tornarem dependentes da data final, “(D-us) O Santo, bendito seja, colocará um governante sobre eles, cujos decretos serão tão cruéis como os de Haman, causando o arrependimento de Israel, e trazendo-os de volta para o caminho”. [Sanhedrin 97b] Em outras palavras, se Israel voltar para D-us por si só e se eles se tornarem dignos de redenção, não haverá necessidade das provações e tribulações associadas com o relato dos eventos relativos à Mashiach ben Yossef. Mashiach ben David virá diretamente e nos redimirá. [ Eminot Vedeot VIII:6 vide lá extensamente. C.f. Or Menachaim sobre Números 24:17]
 
Por outro lado, mesmo havendo necessidade da vinda de Mashiach ben Yossef antes, as conseqüências não terão que ser tão severas como descrito. Nossas atuais orações e ações meritórias poderão mitigá-las. R. Isaac Luria (Ari-zal) nota que o descendente de José, sendo o precursor do Mashiach final, é de fato Kissê David, o “assento” ou “trono” de David, ou seja, de Mashiach. Portanto, ao rezar a Amidá diária, “estabelece rapidamente o trono do teu servo David”, devemos considerar que isto se refere à Mashiach ben Yossef e rezar a D-us para que ele não morra na luta Messiânica. [ Peri Eitz Chayim, Shaar Haamidá: cap. 19; e Sidur Há-ari; sobre benção, os ensinamentos do Ari são citados no Or Hachayim sobre Levítico 14:9, vide lá (e também sobre Números 24:17, onde se relaciona esta oração com a próxima benção da Amidá); e vide também Even Shelemá, cap. 11, nota 6. C.f. Zohar II:120ª (e Or Hachamá lá), é ibid. III:153b.] Como todas as orações, esta, também, terá seu efeito.
 
Conseqüentemente, tudo o acima não é uma parte essencial ou inevitável da redenção Messiânica que estamos esperando. De fato, ela – (e o mesmo pode ser dito da guerra culminante de Gog e Magog) – poderá ocorrer (ou ter ocorrido já!) de maneira modificada. [A batalha de Gog e Magog é outro assunto complexo da redenção Messiânica. Na verdade, existe uma tradição autorizada dos discípulos do Baal Shem Tov o qual afirma que a extensão extraordinária da severa galut atual já teria compensado os problemas (e provações) daquela batalha e o trauma da morte de Mashiach ben Yossef, de tal modo que isto não precisa mais ocorrer; vide R. Shemuel de Sochatchev, Shem Mishemuel, Vaigash, s.v. Vaigash 5677 (s.v. veniré od., p. 298bf.)] Isto pode explicar porque Rambam não menciona nada sobre Mashiach ben Yossef. R. Saadia Gaon [ Emunót Vedeót VIII: cap. 5-6. Vide Também o comentário sobre Shir HaShirim atribuído a R. Saadia Gaon, publicado em Chemesh Meguilót im Perushim Atikim (Miguinzei Teyman), Ed. Y. Kapach, sobre Cântico dos Cânticos 7:12-14 (p. 115; e também em Midreshei Gueulá, p.131f; como já foi observado pelos editores, esta passagem é baseada, muito provavelmente no Sefer Zerubavel).] e R. Hai Gaon, assim como muitos comentaristas, referem-se a ele brevemente, ou amplamente. Em vista dos Midrashim e interpretações divergentes sobre o tema, é praticamente impossível apresentar uma sinopse mais definitiva que fosse além da acima. Portanto, é mais sensato citar e seguir R. Chassdai Crescas, que afirma que “nenhum conhecimento certo pode ser derivado das interpretações das profecias sobre Mashiach ben Yossef, nem das afirmações sobre ele, por algum dos Geonim; portanto, não faz sentido elaborar sobre o tema”. [ Or HaShém, Maamar III, klal 8: final do cap.1.]
 
(Schochet, Jacob Immanuel – ed. Maayanot., p.91-97, Apêndice II – MASHIACH, O Princípio de Mashiach e a Era Messiânica na Lei e na Tradição Judaica – 1992.)
Guia Prático do Judaísmo 
 
Zacharias Ben Avraham 
Ricardo de Albuquerque Crasto
 
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O QUE É JUDAÍSMO?
 
. Judaísmo é a religião dos judeus
 
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O QUE É UM JUDEU?
É muito difícil encontrar uma simples definição do que é um judeu.  Judeu é todo aquele que aceita a fé judaica. Esta é a definição religiosa. Judeu é aquele que, não tendo afiliação religiosa formal, considera os ensinamentos do Judaísmo - sua ética, seus costumes, sua literatura - como propriedade sua. Esta é a definição cultural. Judeu é aquele que se considera judeu ou que assim é considerado pela sua comunidade. Esta é a definição prática. Como parte de inegável importância para qualquer definição válida, deve-se dizer também o que o judeu não é. Os judeus não são raça. A história revela que através de casamentos e conversões o seu número sofreu acréscimos sem conta. Há judeus morenos, louros, altos, baixos, de olhos azuis, verdes, castanhos e pretos. E apesar da maioria dos judeus serem de raça branca, há os judeus negros, os falashas, na Etiópia, os judeus chineses de Kai-Fung-Fu e um grupo de judeus índios no México, cuja origem, até hoje, ainda é um mistério para os antropólogos e arqueólogos. Para se compreender o Judaísmo, a busca do absoluto no ritual e no dogma deve ser abandonada, para dar lugar a um exame de ampla filosofia à qual se subordina a nossa fé. As nossas regras de culto são muito menos severas do que as de conduta. Nossa crença no que se refere à Bíblia, aos milarges, à vida eterna - é secundária em relação à nossa fé nas potencialidades humanas e nas nossas responsabilidades para com o próximo. As modificações introduzidas, no decorrer dos anos, no ritual e nos costumes, são de importância menos comparadas com os valores eternos que fortaleceram a nossa fé através de incontáveis gerações e mantiveram o Judaísmo vivo, em face de todas as adversidades. O Judaísmo sempre foi uma fé viva, crescendo e modificando-se constantemente como todas as coisas vivas. Somos um povo cujas raízes foram replantadas com demasia freqüência, cujas ligações com as mais diferentes culturas foram muito intensas para que o pensamento e tradições religiosas permanecessem imutáveis. Sucessivamente, os judeus fizeram parte das civilizações, dos assírios e babilônios, dos persas, dos gregos e romanos e, por fim, do mundo cristão. As paredes do gueto foram mais uma exceção do que propriamente uma regra no curso da história. Tais experiências, inevitavelmente, trouxeram consigo certas modificações e reinterpretações. De qualquer maneira, a religião judaica conseguiu se desenvolver sem submeter-se ao dogmático ou ao profético. A fé do judeu exige que ele jejue no Dia do Perdão. Mas enquanto jejua, aprende a lição dos profetas que condenam o jejum que não é feito com probidade e benevolência. Ele vem à sinagoga para rezar e, durante o culto, lê as palavras de Isaías dizendo que a oração é inútil a não ser que ela seja o reflexo de uma vida de justiça e de misericórdia. Assim, o Judaísmo continua sendo uma fé flexível, que vê os valores através de símbolos e ao mesmo tempo se precavê contra cerimônias superficiais. Acreditamos em Deus, um Deus pessoal cujos caminhos ultrapassam a nossa compreensão, mas cuja realidade ressalta a diferença que existe entre um mundo com finalidades e outro sem propósitos. Acreditamos que o homem seja feito à imagem de Deus, que o papel do homem no universo é único e que, apesar da falha de sermos mortais, somos dotados de infinitas potencialidades para tudo o que é bom e grandioso. São essas as nossas crenças religiosas básicas. Os outros pontos abordados acima podem ser considerados, como diria Hilel (1), “mero comentário”.
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COMO COMEÇOU O JUDAÍSMO?
 
. Os judeus acreditam que o judaísmo começou quando Abrão, o pai da religião judaica, começou a venerar um Deus em vez de muitos. De acordo com a Tora. Abrão nasceu em 1813 AEC e casou-se com Sarai. Eles partiram seguindo uma rota indicada por Deus. Abrão fez um acordo. Ou pacto, com Deus: prometeu ser fiel a Deus e ensinar suas leis para o mundo. Para marcar este pacto, Abrão circuncidou a sim mesmo. Deus  prometeu que teriam um filho. Ele disse que os seus descendentes seriam tantos quando as estrelas que estão no céu e que herdariam a terra de Israel.  
 
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QUEM SÃO OS JUDEUS?
 
Os judeus podem ser de qualquer nacionalidade ou cor e vivem em muitos países por todo o mundo. A religião dos judeus é o judaísmo, mais você pode ser um judeu e não seguir nenhum preceito ou prática religiosa. Os judeus ortodoxos acreditam que você é judeu se sua mãe for judia, ou se você se tornar um judeu após longos estudos e muita prática. Alguns judeus progressistas acreditam que você é judeu se um dos seus pais for judeu, ou se você aceitar as crenças e o modo de vida judaica.
 
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EM QUE ACREDITAM OS JUDEUS?
 
Existe uma grande quantidade de crenças judaica. Os judeus progressistas acreditam que ser judeu lhe permite de participar da cultura comum, enquanto os judeus ortodoxos tentam manter todas as leis e costumes estabelecidos durante séculos. A crença básica de religião judaica é a existência de um Deus Único, Eterno e indivisível. Os judeus também acreditam que foram escolhidos para receber de Deus a Tora. (o Pentateuco) – a primeira parte do Tanach (A Bíblia Judaica). Eles acreditam que, percebendo os seus vários significados e vivendo de acordo com as suas leis, pode espalhar justiça por todo mundo. Crêem também que, no momento certo, virá o Messias, para trazer a perfeição a este mundo. As boas ações serão largamente recompensadas no mundo vindouro (Céu).  
 
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QUAIS OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DO JUDAÍSMO?
A maneira mais autêntica de adorar Deus é a imitação das virtudes divinas: como Deus é misericordioso, assim também devemos ser compassivos; como Deus é justo, assim devemos tratar com justiça ao próximo; como Deus é tardo em se irritar, assim também devemos ser tolerantes em nossos julgamentos. O Talmud(2) fala em três princípios básicos da vida: a Torá, ou instrução; o culto ou o serviço de Deus, e a caridade ou a prática de Boas Ações. O amor ao saber domina a fé judaica. Desde o primeiro século da era cristã, têm os judeus um sistema de educação obrigatória. A responsabilidade pela educação dos pobres e dos órfãos cabia à comunidade tanto quanto aos pais. Tampouco se alheavam os antigos rabis à psicologia educativa. No primeiro dia de escola as crianças ganhavam bolos de mel com o feitio das letras do alfabeto, para que associassem o estudo ao prazer. O segundo princípio básico desta religião é o serviço de Deus. Desde sua mais tenra meninice aprendem os judeus que Ele deve ser adorado por amor, e nunca por temor.  O terceiro fundamento do Judaísmo é a caridade, a genuína caridade que brota do coração(3). Não existe outra palavra hebraica para traduzir caridade senão a que significa “dádiva eqüânime”(*). A filantropia, observou um notável erudito, nasceu de dois elementos da religião judaica: o conhecimento de que tudo quanto possuímos é propriedade do Senhor; e a convicção de que o homem pertence a Deus. Para o judeu piedoso, a filantropia não conhece fronteiras raciais ou religiosas. De acordo com os rabis: “Exige-se de nós que alimentemos os pobres dos gentios tanto como nossos irmãos(*) judeus...” Ninguém está isento da prática da caridade – diz o Talmud – “Até quem vive uma pensão deve dar ao pobre”. No primeiro século da nossa era, o Rabi Iohanan(4) perguntou a cinco de seus mais preclaros discípulos o que consideravam o alvo supremo da vida. Cada qual ofereceu a sua fórmula predileta. Depois de ouvir a todos, disse Iohanan: “A resposta do rabi Elazar ainda é a melhor - um bom coração”. Outro grupo de estudiosos procurou um único verso da Bíblia qie distilasse a essência da fé judaica. E encontraram-no nas palavras do profeta Miquéias: “Que é que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça e ames a beneficência e andes humildemente com o teu Deus”.
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ACREDITAM OS JUDEUS QUE O JUDAÍSMO É ÚNICA RELIGIÃO VERDADEIRA?
 
Os judeus consideram a sua religião a única para os judeus; jamais condenam, porém, o devoto de qualquer outra fé. Diz-nos o Talmud: “Os justos de todas as nações merecem a imortalidade”. Acreditam eles em certos conceitos éticos essenciais: decôro, benevolência, justiça e integridade. A estes consideram verdades eternas, mas sem se arrogarem o monopólio dessas verdades, pois reconhecem que toda grande fé religiosa as descobriu. Era o que Rabi Meir tinha em vista quando, há cerca de dezoito séculos, afirmou “Gentio que segue a Torá não é inferior ao nosso Sumo Sacerdote”.
 
CONSIDERAM-SE OS JUDEUS “O POVO ELEITO”?
As palavras “povo eleito” deram origem a muitas ilações capciosas. A maioria delas provém da falta de familiaridade com a tradição judaica e de uma incompreensão daquilo que o Judaísmo considera seu papel específico e sua responsabilidade. Não se consideram os judeus dotados de quaisquer características, talentos ou capacidades peculiares, nem tampouco que gozem de algum privilégio especial aos olhos de Deus. A Bíblia refere-se à escolha de Israel por Deus, não em termos de preferência divina, mas antes por divina intimação. Israel foi escolhido para trilhar uma vida de grandes exigências espirituais; para honrar e perpetuar as Leis de Deus e transmitir a Sua herança. Relata a tradição o episódio do Monte Sinai, em que a Torá foi completada. Deus oferecera o rôlo sagrado a diversas outras nações antes de oferecê-lo a Israel. Julgando que os Dez Mandamentos lhes impunham muitas limitações, os moabitas recusaram a Torá. Tampouco os amonitas quiseram aceitar restrições à sua liberdade pessoal. Israel, porém, aceitou a Lei sem reservas.  Os judeus de nossos dias, portanto, consideram-se um povo que escolhe, antes que um povo escolhido, e aceita “o peso da Torá”, e a responsabilidade de transmitir sua moral básica e suas verdades espirituais. Todavia, os judeus responsáveis rejeitam qualquer degeneração desse senso de fatalidade num arrogante e vazio jacobinismo ou numa confusão de responsabilidade com privilégio.
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QUAL é O CONCEITO JUDAICO DO PECADO?
O conceito judaico de pecado se ampliou e transformou através dos séculos. Para os antigos hebreus, o pecado consistia na violação de um tabu, uma ofensa contra Deus, pela qual deveria ser oferecido um sacrifício expiatório. Gradativamente, com o correr dos anos, este conceito se dilatou. O pecado passou a significar a nossa inabilidade em nos conformarmos com nossas plenas potencialidades, o nosso malôgro em cumprir nossos deveres e arcar com as nossas responsabilidades como judeus e como povo de Deus. Estas “grandes expectativas” provenientes da criação do homem à imagem de Deus, são acentuadas em todos os ensinamentos judaicos. Narra certa lenda do Talmud que ao entregar a Torá a Moisés, Deus chamou para testemunhar não apenas os judeus do tempo de Moisés, porém os judeus de todas as gerações futuras. Cada judeu, portanto, deve considerar-se como tendo aceito pessoalmente a Lei e os elevados ideais dados a seus pais, como depositários, nas faldas do Sinai. Deixar de pautar a vida por estes altos padrões, constitui pecado.  A tradição judaica distingue entre pecados contra a humanidade e pecados contra Deus. Os primeiros - transgressões de um homem contra seu próximo - somente podem ser reparados com a obtenção do perdão daquele que foi agravado. Orações não podem expiar tais pecados; Deus não intervém para redimir as dívidas do homem para com o seu semelhante. Os pecados contra Deus se cometem por quem se alheia à sua fé. Estes podem ser expiados pela verdadeira penitência, que em hebraico se exprime pela palavra “retorno”(*), quer dizer, um regresso a Deus e uma reconciliação com Êle. Isto só pode ser conseguido por meio de uma análise honesta de nossas almas, um reconhecimento sincero de nossas imperfeições e uma firme resolução de preencher o vácuo entre o credo e o ato.
(*) “Teshuvá” - em hebraico.
 
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ACREDITAM OS JUDEUS NO CÉU E NO INFERNO?
Houve tempo em que a idéia do céu e do inferno teve acolhida generalizada na teologia judaica. Embora não contenha qualquer referência direta a um futuro mundo concreto ou físico, o Antigo Testamento faz algumas vagas e poéticas alusões a uma vida posterior. E durante o período da dominação persa sobre Israel, diversos ensinamentos do Zoroastro, entre os quais a noção de um céu e um inferno futuros, tornaram-se populares entre os judeus. Hoje, estes acreditam na imortalidade da alma - uma imortalidade cuja natureza só é conhecida de Deus - mas não aceitam um conceito literal do céu e do inferno.  Os judeus sempre se preocuparam mais com este mundo do que com o outro e sempre concentraram seus esforços religiosos na criação de um mundo ideal para nele viverem.
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QUEM REDIGIU A BíBLIA E COMO FOI ELA COMPILADA?
Ninguém sabe quem escreveu ou redigiu a Bíblia. Os homens que preservaram a Sagrada Escritura e a deram ao mundo na sua forma hodierna foram escritores apaixonados pelo anonimato, a ponto de os letrados, ao discutirem sobre que livros incluir na terceira e última parte da Bíblia, terem-no adotado como um dos critérios. Exceto os profetas, nenhum dos autores era conhecido. A redação final da Bíblia, tal como a compilação original da sua sabedoria, foi também fruto de um esforço conjunto. Séculos de estudo e discussão por parte dos maiores eruditos consumiram-se nessa tarefa. A Bíblia judaica se compõe de três partes distintas, redigidas em diferentes épocas. A Torá ou Pentateuco, isto é, os Cinco Livros de Moisés, foram compilados, pela primeira vez, nos anos subseqüentes a 621 A.C. Os dos Profetas foram organizados em sua forma final por volta do ano 200 A.C. Esta seção contém os livros históricos: Josué, os Juízes, Samuel e os Reis; os Profetas Maiores: Isaías, Jeremias e Ezequiel; e os doze profetas menores, inclusive Oséias, Amós, Jonas e Miquéias. Os chamados Escritos Sagrados, que constituem a terceira parte da Bíblia, foram os que mais dificuldades ofereceram a um acordo dos doutos e mais tempo exigiram para serem compilados. Houve muitas controvérsias a respeito dos livros que deveriam ser mantidos e dos que deveriam ser eliminados. Não havia dúvidas quanto aos Salmos, Provérbios, Jó e outros livros menores. Numerosos rabis indagaram, porém, se o “Cântico dos Cânticos”, cuja poesia obviamente retratava um episódio de amor profano, caberia na Sagrada Escritura. Outros argumentaram a favor da inclusão dos chamados livros “Apócrifos”, finalmente omitidos da Bíblia Judaica, mas posteriormente introduzidos no texto católico romano. Quando a última parte da Bíblia ficou afinal concluída, continha - e contém até hoje - os Salmos, Provérbios e Jó; as cinco Meguilot ou rolos (o Cântico dos Cânticos, Ruth, Lamentações, Eclesiastes e Ester); Daniel, Ezra, Nehemias e os dois livros de Crônicas. Nada do que se escreveu depois da época de Ezra (séc. V A.C.) foi considerado parte da Bíblia Tanto quanto se sabe, foi por volta de 90 D.C. que pela primeira vez os vinte e quatro livros da Bíblia judaica foram mencionados como um todo. Os escritos sagrados da cristandade foram incorporados em obras que os cristãos denominaram de Novo Testamento, em oposição aos 24 livros a que chamaram de Antigo Testamento. Quem leu ambas as versões, judaica e católica, notará que a ordem dos livros é um tanto diferente no Antigo Testamento cristão e na Bíblia judaica. Todavia, exceto os livros adicionais incluídos nas edições católicas, os dois textos são substancialmente idênticos.
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ACREDITAM OS JUDEUS LITERALMENTE NOS MILAGRES DA BíBLIA?
 
Nossos antepassados consideravam os milagres da Bíblia literalmente verdadeiros. Não faziam eles distinção entre o natural e o sobrenatural, já que o mesmo Deus todo-poderoso que determinou o curso da natureza poderia alterá-lo à vontade. A separação das águas do Mar Vermelho, o desmoronamento das muralhas de Jericó, parar o sol à ordem de Guideão, tudo isso era aceito como fatos históricos normais, em nada diversos da queda de Jerusalém ou da composição do Talmud. Grandes eruditos, entre eles Maimônides e, muitos séculos antes, Filon, sugeriram que os autores da Bíblia tenham escrito deliberadamente numa linguagem de parábolas e hipérboles, sem esperar que estas fossem tomadas ao pé da letra. Seu propósito era transmitir grandes verdades morais numa forma que fosse compreendida e apreciada pelo povo em geral. A alegoria constituía excelente método didático, a ponto de a história bíblica permanecer intata através de cem gerações.
 
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ACREDITAM AINDA OS JUDEUS NA VINDA DO MESSIAS?
A crença na vinda do Messias - um descendente da Casa de David que redimirá a humanidade e estabelecerá o Reino de Deus na terra - faz parte da tradição judaica desde os dias do profeta Isaías. Conforme o descrevia a lenda, o Messias deveria ser um ente humano dotado de dons muito especiais: sólida capacidade de comando, grande sabedoria e profunda honestidade. Empregaria ele tais faculdades no estímulo da revolução social que ensejaria uma era de perfeita paz. Nunca, porém, houve qualquer alusão a um poder divino que seria gerado. Encarava-se o Messias como um grande chefe, um modelador de homens e da sociedade, mas, com tudo isso, um ser humano, e não um Deus. Contudo, a maioria dos judeus reinterpretou a primitiva crença num Messias, não como um Redentor individual, mas como a própria humanidade que, coletivamente, pelos seus próprios atos, seria capaz de introduzir entre nós o Reino de Deus. Quando a humanidade alcançar um nível de verdadeira sapiência, bondade e justiça, então será esse o Dia do Messias.
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OS JUDEUS E A COMUNIDADE
A lei que manda procedermos corretamente para com o próximo é o ponto de partida de todos os ensinamentos judaicos. Não possui o Judaísmo uma complexa filosofia da justiça. Ao contrário de Platão e Aristóteles, os pensadores judeus pouco se esforçaram por desenvolver uma filosofia democrática sistematizada. De fato, não exite uma palavra hebraica para significar democracia, e para designar a noção esse mesmo termo é tomado de empréstimo aos gregos. Mas o credo social, segundo o qual os judeus têm vivido durante séculos, está de acordo com as mais elevadas tradições da democracia. São básicos do Judaísmo os seguintes princípios também básicos da democracia: Deus não faz distinção entre os homens baseado em credos, cor ou condição social; todos os homens são iguais a Seus olhos(5) Todo homem é o guarda de seu irmão - temos responsabilidade pelas faltas de nosso semelhante tanto quanto pelas suas necessidades. Sendo feitos à imagem de Deus, todos os homens dispõe de infinitas possibilidades para o bem; por conseguinte, o papel da sociedade é evocar o que de melhor existe em cada pessoa. A liberdade deve ser apreciada acima de todas as coisas; logo as primeiras palavras dos Dez Mandamentos(6) descreveram Deus como o Grande Libertador. O tema da liberdade e da igualdade perpassa constantemente através da história trimilenar do povo judeu. O travo freqüente da injustiça, enquanto ele vagueava de país em país, reforçou uma tradição já enraigada na sua fé. O profeta Jeremias exortou seus seguidores a procurarem a prosperidade da terra em que habitavam. E os judeus sempre sentiram a obrigação de participar plenamente da vida da comunidade.
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POR QUê SE PREOCUPAM OS JUDEUS COM OS DIREITOS DE OUTROS GRUPOS MINORITáRIOS?
Amiúde, os judeus têm sido vítimas de tirania e da opressão. Sua familiarização com dominadores cruéis e arbritários remonta à época dos faraós. Um dos postulados primordiais do Judaísmo é lutar contra o tratamento injusto de qualquer ente humano, sejam quais forem a sua raça, religião ou estirpe. Pessoas tratadas injustamente tornam-se freqüentemente amarguradas e retribuem os golpes maltratando outros, mais fracos, sempre que têm oportunidade. O povo judaico, no entanto, reagiu sempre ao próprio sofrimento com profunda sensibilidade pela dor alheia. A simpatia pelas desgraças de seus semelhantes tornou-se parte do modo de viver dos judeus. Afabilidade para com os estranhos é tema constante no Velho Testamento, com a freqüente admoestação: “Lembrai-vos de que éreis estrangeiros na terra do Egito”.
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O MATRIMôNIO E A FAMíLIA
O Judaísmo criou dezenas de ritos e cerimônias para a família, os quais uniram a fidelidade familiar aos deveres religiosos e assim reforçaram tanto o lar quanto a religião. A religião judaica mede a dignidade do homem em relação ao círculo de sua família; pelo respeito e consideração pelos pais e avós; pela estima entre marido e mulher; pelo reconhecimento dos direitos da criança. No lar judeu não falta autoridade, embora em nada lembre um regime autoritário. Cada membro da família tem um papel importante, indispensável; em conjunto, todos asseguram a continuidade da família e da religião. O traço mais característico do lar judeu reside, provavelmente, na ênfase que põe na unidade do convívio familiar. Sugere o Talmud que os judeus devem partilhar das alegrias e tristezas dos filhos. Muitas famílias judias de hoje, a exemplo de alguns dos seus vizinhos não judeus, se apartaram dos hábitos tradicionais de família. Porém a maioria mantém os elevados padrões e os importantes valores da associação que sempre merecerão ser preservados.
=================================================É VERDADE QUE NO JUDAíSMO O LAR é MAIS IMPORTANTE QUE A SINAGOGA?
Sim, decididamente. Se todos os templos israelitas tivessem de fechar, a vida religiosa judaica permaneceria intacta, por que o seu centro está no lar. Os judeus consideram o seu lar um santuário religioso. A família é a fonte principal do seu culto, e seu ritual tanto se destina ao lar quanto à sinagoga. A mãe, acendendo as velas de sábado - nas noites de sexta-feira; o pai, abençoando os filhos à mesa de sábado; as dúzias de ritos oportunos e significativos que acompanham a observância de todo dia santo judaico; o pergaminho que, fixo no portal, proclama o amor a Deus (Mezuzá) - tudo isto forma parte integrante do ritual e do cerimonial. A nossa religião é essencialmente uma religião familiar.
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QUE SIGNIFICAM OS VáRIOS SíMBOLOS USADOS NUM MATRIMôNIO JUDAICO?
 
Muitos dos costumes ligados à cerimônia nupcial provêm, em grande parte, mais da prática local do que da lei judaica. Em todos os países onde os judeus se estabeleceram, adotaram, além dos ritos exigidos pela sua religião, alguns dos costumes não-religiosos de seus vizinhos não-judeus. As regras protocolares, os convites, a ordem do cortejo decorrem mais de hábito que da lei. Há, todavia, certos ritos e símbolos tradicionais ligados à maioria dos casamentos judaicos. Entre estes se incluem o dossel (Hupá) sob o qual se recebem os votos matrimoniais; o cálice de vinho onde tanto a noiva quanto o noivo bebem no princípio e no fim da cerimônia; a simples e desataviada faixa nupcial; e o documento do matrimônio religioso, chamado Quetubá. Cada um desses símbolos tradicionais é dotado de uma variedade de significados. O dossel empresta uma atmosfera de realeza à ocasião, pois a noiva e o noivo são considerados rei e rainha no seu dia de bodas. É também um símbolo do recolhimento a que o par recém-casado faz jus. Na cerimônia tradicional, permite-se à noiva e ao noivo deixarem os convidados por alguns momentos de intimidade não vigiada - um alívio bem recebido pelos dois que se acham tão assoberbados por dezenas de parentes e amigos. O anel - que não precisa ser feito de ouro - é um símbolo de perfeição e eternidade, o círculo sem princípio nem fim. A questão que se faz da simplicidade do anel é típica da tradição judaica de igualdade, porquanto um anel sem enfeites diminui a diferença entre um par de noivos pobre e outro rico. O presente de um anel sem pedras é, porém, questão de costume, não de lei. Partilharem a noiva e o noivo um único cálice do vinho, lembra o seu destino comum, pois daí em diante suas vidas são inseparáveis. Originariamente, o primeiro cálice, no início da cerimônia nupcial, representava os esponsais ou compromisso, e o segundo o próprio matrimônio. Hoje nos referimos freqüentemente ao primeiro como o cálice da alegria, que é ainda mais alegre por ser partilhado. O segundo é o cálice do sacrifício. A responsabilidade que cai sobre o homem e a mulher é aliviada quando duas pessoas, profundamente dedicadas uma à outra, a suportam em igual medida. O ato de quebrar o cálice representa o ponto culminante do ofício tradicional e é interpretado de muitas maneiras. Alguns o consideram um vestígio de magia primitiva. Entre muitas tribos antigas, era hábito fazerem forte ruído em ocasiões jubilosas para afugentar os espíritos maus, invejosos da felicidade humana. Mas a tradição judaica sustenta que o cálice partido é uma lembrança da destruição do templo, um símbolo das mágoas de Israel. No meio de sua ventura pessoal, o par recém-casado é advertido das amarguras da vida e morigerado pela idéia de suas responsabilidades.
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QUAL A ATITUDE DOS JUDEUS EM RELAçãO AO DIVóRCIO?
O divórcio sempre foi raro na comunidade judaica. Todavia, quando as divergências entre marido e mulher são tão irreconciliáveis que tornem intolerável a vida em comum, o Judaísmo permite o divórcio, sem reservas. Um lar cheio de amor, dizem-nos os nossos mestres, é um santuário; um lar sem amor é um sacrilégio. Na tradição judaica se considera maior mal para os jovens serem criados num lar sem paz e respeito mútuo do que terem de encarar o divórcio dos pais. Quando duas pessoas não podem encontrar uma base comum para prosseguir em seu casamento, a despeito de reiterados e autênticos esforços, o Judaísmo sanciona e aprova-lhes o divórcio.
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QUAL O PAPEL DA ESPOSA E DA MãE NA FAMíLIA E NA VIDA RELIGIOSA?
Toda véspera de sábado, a família praticante recita o último(7) capítulo dos Provérbios, como tributo à esposa e à mãe, ideais do Judaísmo. As virtudes exaltadas naqueles vinte e dois versos resumem os dotes de uma perfeita esposa: um ser humano reverente, eficiente, compreensivo, de um otimismo alegre, de coração aberto para socorrer os necessitados que lhe batem à porta e, acima de tudo, a pessoa sobre quem toda a família pode apoiar-se. Desde o bíblico livro Provérbios até as modernas baladas populares judaicas, a esposa e a mãe têm sido descritas como a encarnação da terna dedicação, do altruísmo e da fidelidade à própria crença. A mãe impõe o tom espiritual à vida familiar, é a principal responsável pelo desenvolvimento do caráter dos filhos e mantém a família unida em face da adversidade. A tradição judaica impõe poucas obrigações rituais à mulher na vida da sinagoga, mas atribui-lhe responsabilidade total em relação à atmosfera de piedade do lar e à preservação dos ideais judaicos. Ela reúne os filhos em torno de si na véspera do sábado para ouvirem-na pronunciar a bênção das velas, prepara a casa para cada festa e para os Grandes Dias Santos e cria um ambiente de jubilosa expectativa. Nas velhas comunidades judaicas, a educação das crianças até a idade de seis anos cabia às mulheres, a fim de que, naquele período impressionável, pudessem ensinar a seus pequerruchos os valores eternos. Mais importante, porém, era o tradicional papel de conselheiro da família inteira, desempenhado pela esposa e pela mãe. Diz o Talmud: “Não importa a pequena estatura de tua mulher, inclina-te e pede-lhe conselho.
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LEI E RITUAL RELIGIOSOS
Um dos traços mais característicos do Judaísmo consiste na sua grande variedade de ritos e cerimônias tradicionais que se relacionam com todas as circunstâncias da vida, desde o berço até o túmulo. A religião judaica está repleta de símbolos de toda espécie. E apesar de alguns poucos terem surgido em séculos recentes, a maioria tem origens muito antigas. Quando os pais levam o filho à sinagoga para o Bar-Mitzvá, reina profunda comoção entre os fiéis, alegres por contemplarem um rapazinho passar para a idade adulta, enquanto os pais se orgulham por verem o filho assumir um papel na vida da sinagoga e compenetrar-se das primeiras responsabilidades da maioridade. O cerimonial do Bar Mitzvá sublima todas essas emoções. Dizer que tais cerimônias são supérfluas é pretender que as palavras podem bastar-se sem música. Podem, é claro. Mas a música freqüentemente acrescenta-lhes uma nuança que marca a diferença entre fortuito e significativo, entre trivial e solene. Destarte, os ritos e os símbolos amiúde emprestam poesia à vida e tornam-na digna de ser vivida. A palavra hebraica que significa santo, é “Kadosh” e é encontrada sob diversas formas através de todo o ritual judaico: Aos sábados e nas festas o judeu recita o Kidush, a Santificação do vinho. As palavras e a bênção em si não têm tanto sentido quanto a própria cerimônia. O pai toma nas mãos a taça de prata e declama as palavras em voz alta; a mãe e os filhos ouvem atentamente e respondem com um “Amém” conclusivo. É um ato simples e no entanto espelha toda a beleza e a serenidade que o sábado representa. O ritual da Devoção Silenciosa, recitada três vezes por dia, contém uma prece chamada Kedushá, na qual o oficiante repete as palavras do profeta: “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos, o mundo inteiro está cheio de sua glória”. E, ao fim da vida, há outra forma de santificação, o Kadish - no qual a pessoa que perdeu um ente querido afirma, apesar de toda a sua aflição, que a vida é sagrada e digna de ser vivida.
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EXISTE UM LIVRO COMPLETO DA LEI JUDAICA?
Nenhum livro incorpora todas as leis religiosas a que estão sujeitos os judeus. O máximo que se alcançou na compilação de um código legal único, é representado pelo Shulhan Aruch, obra do século XVI de autoria de José Caro, repositório das leis básicas que hoje em dia guiam a maioria dos judeus ortodoxos no mundo ocidental. Mas embora estes aceitem a maior parte do Shulhan Aruch, ainda assim não o consideram o corpo integral da lei judaica, soma de todos os códigos aceitos, comentários, emendas e responsas (respostas dos rabinos aos problemas suscitados pela experiência prática) contidos numa biblioteca inteira de escritos judaicos. Outra obra de padrão é o Código de Maimônides, que registra, sistemática e logicamente, as opiniões contraditórias do Talmud. Nem mesmo a Bíblia pode ser considerada norma imutável para a prática religiosa. As leis bíblicas relativas à poligamia, à cobrança de dízimos, à escravidão e a dezenas de outros assuntos, caducaram pela sua reinterpretação. Neste sentido, a lei rabínica e a Bíblia não são idênticas.
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QUAL A BASE PARA AS LEIS DIETéTICAS A QUE OS JUDEUS OBEDECEM?
Um alimento proibido é treifá, “impróprio”. A designação kosher empregada em relação a um alimento indica ser este ritualmente correto; usa-se para qualificar não apenas alimentos como também qualquer objeto que preencha os requisitos rituais. Originariamente, a palavra treifá significa que a carne era obtida causando-se sofrimento a um animal. Até a carne de animais que causam dor a outros é proibida; nenhum animal carnívoro é kosher. A carne proveniente da caçada esportiva constitui também tabu, pois o Judaísmo proíbe a matança pelo prazer do esporte. Os judeus que hoje observam as leis dietéticas não encontram dificuldades nem se sentem prejudicados. Eles consideram as práticas kosher símbolo de sua herança distintiva, uma lição cotidiana de auto-disciplina e um lembrete constante de que o humano deve sentir piedade por todas as coisas vivas.
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POR QUê PRATICAM OS JUDEUS A CIRCUNCISãO?
Brit-Milá, a circuncisão da criança do sexo masculino uma semana após seu nascimento, é o mais antigo rito da religião judaica(8). Era praticado pelos patriarcas desde antes da existência das leis de Moisés e se acha tão indelevelmente gravado na tradição que nenhuma transferência é permitida, nem por causa do sábado nem pelo Dia da Expiação. A cerimônia só pode ser postergada quando a saúde da criança não a permite. Alguns estudiosos explicam a exigência como uma medida sanitária e a moderna ciência médica deu apoio a essa teoria aconselhando a circuncisão como processo rotineiro na maioria das maternidades dos Estados Unidos. O Judaísmo, porém, considera o rito da circuncisão um símbolo exterior que liga o menino à sua fé. Não é um sacramento que o introduz no Judaísmo; essa introdução é operada pelo nascimento. A circuncisão confirma a condição da criança e representa um emblema de lealdade à fé israelita.
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QUE é “BAR MITZVá”?
 
Um menino que completa o seu décimo-terceiro aniversário é um Bar Mitzvá - literalmente, um homem do dever. Desse dia em diante, conforme a tradição judaica, é ele responsável por seus próprios atos e por todos os deveres religiosos de um homem. No sábado posterior ao décimo-terceiro aniversário de um menino judeu, ele é chamado ao altar da sinagoga para ler a Torá. O jovem repete a bênção, depois que um trecho da Torá é lido, e recita a lição dos Profetas, denominada Haftará.
 
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QUE é O “TALMUD”?
O Talmud consiste em sessenta e três tratados de assuntos legais, éticos e históricos, escritos pelos antigos rabis. Foi publicado no ano de 499 D.C., nas academias religiosas da Babilônia, onde vivia a maior parte dos judeus daquela época. É uma compilação de leis e de erudição, e durante séculos foi o mais importante compêndio das escolas judias. O Judaísmo ortodoxo baseia suas leis geralmente nas decisões encontradas no Talmud. Parte considerável dessa obra enciclopédica só oferece interesse a estudiosos profundos da lei. Mas o Talmud é muito mais do que uma série de tratados legais. Intercalados nas discussões dos eruditos há milhares de parábolas, esboços biográficos, anedotas humorísticas e epigramas que fornecem uma visão íntima da vida judaica nos dias que antecederam e seguiram de perto a destruição do Estado judeu. É um reservatório de sabedoria tão valioso hoje quanto o foi há mil e oitocentos anos. Os mesmos sábios rabis que nos deram o Talmud, compilaram também o Midrash, coleção de comentários rabínicos sobre os ensinamentos morais da Bíblia, freqüentemente citados em sermões e na literatura judaica. Em torno de cada verso das Escrituras, os eruditos teceram considerações morais, muitas vezes em forma de parábola. Os rabis estudaram a Bíblia com a convicção de que toda a verdade estava encerrada em suas páginas, bastando lê-la para desvendar-lhe o opulento acervo de sabedoria.
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FESTAS E JEJUNS
Os dias consagrados do ano judaico são, em grande parte, uma questão de atmosfera-ambiente - um sentimento criado e até mesmo inventado para estabelecer um estado de espírito que empreste a cada dia festivo ou solene o seu caráter específico. De fato, cada dia santo representou uma estação, mais do que um dia particular ou um conjunto de dias. Péssach principia, em certo sentido, no dia seguinte ao Purim - um mês antes da festa propriamente dita. É esta a estação da purificação da primavera, mas que representa mais do que o adeus anual ao inverno. A mãe, ocupada com suas tarefas domésticas, bem sabe que “antes de darmos por isso, o Péssach terá chegado”. Há um sentimento de expectativa que é transmitido a toda a família e cresce durante o mês inteiro. Observe-se que os dias santos judaicos são mais do que meras comemorações. Constituem outras tantas lições sobre os mais importantes ideais judaicos: o agradecimento a Deus, a liberdade, o estudo e a sabedoria, o sacrifício, o arrependimento. Os dias santos põe em evidência tais valores e dão-lhes substância, especialmente para os jovens. É sempre difícil fazer aceitar valores abstratos. O amor ao estudo é transmitido à criança mais claramente por meio do aparato da procissão da Torá, na festa de Simhat-Torá, do que seria possível numa lição em aula, porquanto desta forma ela aprende, ainda que em tenra idade, que os ensinamentos da Bíblia são sagrados para a sua família e o grupo dos que a cercam, e constituem preciosos objetos de amor. O Jejum tem três propósitos distintos na fé judaica: auto-renúncia, luto e súplica. Além do Iom-Quipur, diversos jejuns menores são observados pelos ortodoxos, o mais importante dos quais é o Dia das Lamentações, Tisha B'ab, em agosto, que comemora a destruição de ambos os Templos de Jerusalém. O período de jejum é geralmente de vinte e quatro horas, desde o pôr do sol de um dia até o do dia seguinte. O jejum do Dia da Expiação é símbolo da aptidão do homem para vencer seus apetites físicos, numa demonstração feita a Deus de que ele é capaz de renegar o desejo natural de alimentos e bebidas e que também tentará dominar todos os seus anelos egoístas. Como sinal de luto, o jejum exprime tristeza coletiva ou pesar individual. O jejum da Lamentação relembra aos judeus a destruição da antiga pátria. O judeu ortodoxo também se abstém de todo alimento e bebida no aniversário da morte de um dos pais. Embora o ascetismo seja em geral mal visto pelo Judaísmo, os judeus muito piedosos costumam jejuar em numerosas ocasiões através do ano inteiro, particularmente às segundas e quintas-feiras, quando preces especiais de penitência são recitadas.
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QUE SIGNIFICA O SÁBADO PARA OS JUDEUS?
O Sábado(9) é mais do que uma instituição no Judaísmo. É a instituição da religião judaica. Seria possível a um historiador escrever duas histórias dos judeus, cada qual oferecendo pouca  semelhança com a outra. A história exterior, isto é, como se houveram social e politicamente através dos tempos, numa crônica, um tanto sinistra, de perseguições, expulsão e dispersão. Mas a história espiritual dos judeus - a força que conseguiram haurir do seu ambiente - essa é outra história. De certo modo lograram criar uma vida que lhes deu não apenas satisfação espiritual e a determinação de continuarem como um grupo, mas também uma sensação de bem-estar no meio de um mundo perturbado. O sábado, sem dúvida, se encontra no âmago desse mundo íntimo de paz e serenidade. “Mais do que Israel guarda o sábado - diz o ditado - o sábado guarda Israel”. Com efeito, a história espiritual judia não passa de uma série de dias de semana empregados nos preparativos para o sábado. O sábado é um período para repouso espiritual, e para um intervalo na monótona rotina do labor cotidiano. Serve para recordar que a necessidade de ganhar a vida não nos deve tornar cegos ante a necessidade de viver. É também um dia da família, feito para reminiscências. Os filhos crescidos e casados reunem-se ao círculo de sua família; avós, pais e a meninada partilham do sentimento de unidade, enquanto os filhos inclinam as cabeças e o pai repete a bênção: “Que o Senhor te abençoe e guarde neste dia de sábado”. É um dia com toda espécie de brilhantes comemorações: alimentos especiais, pães trançados, vinhos doces para a bênção, toalha de mesa alva e limpa, bruxuleantes velas brandas, a melhor louça e prataria, flores num vaso polido, moços e velhos paramentados com suas melhores roupas.
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O CRISTIANISMO E O JUDAÍSMO CONCORDAM EM ALGUMA COISA? EM QUE PONTOS DIFEREM?
Cristãos e judeus partilham a mesma opulenta herança do Antigo Testamento, com suas verdades eternas e seus valores imutáveis. Partilham sua crença na paternidade de um só Deus, Onisciente, Todo-Poderoso e sempre Misericordioso. Compartilham sua fé na santidade dos Dez Mandamentos, na sabedoria dos profetas e na fraternidade humana. O núcleo de ambas as religiões é a firme crença no espírito humano; a busca da paz e o ódio à guerra; o ideal democrático como guia da ordem política e social; e, acima de tudo, a natureza imperecível da alma do homem. Tanto cristãos quanto judeus acreditam que o homem foi posto no mundo para um fim - que a vida é muito mais do que “um brilhante interlúdio entre dois nadas”. O alvo social da Cristandade e do Judaísmo é também um único: um mundo motivado pelo amor, pela compreensão e pela tolerância aos semelhantes. São esses os pontos básicos de concordância - o vasto campo comum do Judaísmo e do Cristianismo que forma a herança judaico-cristã, porquanto as raízes do Cristianismo se entranham profundamente no solo do Judaísmo, no Velho Testamento e na Lei Moral. E a herança comum de ambas as fés lançou os alicerces de grande parte do que conhecemos por civilização ocidental. Mas existem, naturalmente, vários pontos distintos entre as duas religiões. Os judeus reconhecem a Jesus como um filho de Deus no sentido de que somos todos filhos de Deus, pois os antigos rabis nos ensinaram que uma das maiores dádivas de Deus ao homem é o conhecimento de sermos feitos à Sua imagem. Mas não aceitam a sua divindade. Os judeus também rejeitam o princípio da encarnação de Deus feito carne. Constitui dogma cardeal de sua fé que Deus é puramente espiritual e não admite qualquer atributo humano. Ninguém, acreditam eles, pode servir de intermediário entre o homem e Deus, nem mesmo num sentido simbólico. Aproximando-nos de Deus - cada homem à sua maneira pessoal - sem um mediador(11). O Judaísmo difere também do Cristianismo na doutrina do pecado original, não interpretando a história de Adão e Eva como a perda da Graça pelo homem, e não procurando tirar da alegoria do Jardim do Éden quaisquer lições ou regras sobre a natureza humana
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ESTÃO OS JUDEUS PROIBIDOS DE LER O NOVO TESTAMENTO?
A frase "proibidos de ler" é inteiramente estranha ao Judaísmo. Nenhuma autoridade ousaria sugerir que um ente humano amadurecido fosse "proibido de ler" qualquer coisa. Nunca houve, por certo, nenhuma interdição da leitura dos Evangelhos ou de outros escritos cristãos. Todavia, a sinagoga não se empenha em recomendar a leitura do Novo Testamento, já que ele não tem conotação religiosa dentro da vida judaica, nem se ouvirá do púlpito de uma sinagoga ortodoxa uma citação dos Evangelhos, pela mesma razão.
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PROCURAM OS JUDEUS CONVERTER OS GENTIOS?
O Judaísmo de nossos dias não é um credo religioso empenhado em proselitismo, embora tenha havido tempo em que os judeus se propunham um programa de missionários ativos. Mas durante os últimos mil anos, eles, na maioria, se dedicaram mais a preservar a sua herança do que a aumentar o seu número por meio de conversões. De fato, prováveis candidatos à conversão eram, amiúde, descorçoados pelos rabis que lhes assinalaram o vulto das exigências da religião judaica e que o fardo de ser judeu num mundo intolerante não era fácil de suportar. Entretanto, através de toda a história, sempre se registraram conversões ao Judaísmo e hoje em dia não são de todo raras.
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POR QUÊ DESACONSELHA O JUDAíSMO OS CASAMENTOS MISTOS?
Os judeus religiosos desaconselham o casamento misto pelas mesmas razões dos devotos de todos os credos. Diferenças de religião entre marido e mulher opõem um obstáculo sério a relações verdadeiramente harmoniosas. Tais casamentos, ainda que perdurem, impõem um penoso e constante esforço à lealdade religiosa de ambos os cônjuges e suscitam problemas familiares de difícil solução. Um matrimônio feliz deve basear-se na unidade de espírito. Quando marido e mulher discordam num ponto tão crucial como o seu credo religioso, as probabilidades de relações duráveis e satisfatórias são muito pequenas. E os filhos de tais consórcios ficam sujeitos ao grave conflito de terem de escolher entre as mais profundas convicções das duas pessoas que lhe são as mais caras do mundo.
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AS CERIMÔNIAS DA SINAGOGA SÃO RESERVADAS EXCLUSIVAMENTE A JUDEUS?
Existe entre os não-judeus uma noção mais ou menos generalizada de que a sinagoga é um lugar de mistério - exclusivo e inacessível a todos que não sejam fiéis. Tal suposição, na verdade, é completamente insustentável. Qualquer pessoa pode entrar numa sinagoga e a qualquer tempo. Em muitas casas de oração judaicas, estão inscritas sobre os altares as palavras de Isaías: “A minha Casa será uma Casa para todos os povos”. Até mesmo orações genuinamente judaicas, o Kadish dos lamentos fúnebres, por exemplo, tocam uma corda sensível nos homens de todas as crenças: “Que o Pai da paz envie paz a todos que choram, e conforme os deserdados da sorte que vivem entre nós”. Ninguém, seja qual for o seu credo, precisa hesitar em penetrar numa sinagoga ou templo, para observar, estudar, meditar - ou, se assim quiser, para rezar.
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O ESTADO DE ISRAEL é UMA TEOCRACIA?
O moderno Estado de Israel não é uma teocracia, pois não é governado pelo rabinato de Jerusalém ou por quaisquer outros líderes religiosos. Seu governo é democraticamente eleito por todos os cidadãos, inclusive não-judeus, e representa a vontade política da população.(12) Todo o sistema jurídico-hebreu do Novo Estado é de caráter secular, com exceção das leis que regem as relações de família e que seguem os preceitos religiosos. Pelo fato de a esmagadora maioria do cidadãos israelenses serem judeus, a comemoração do sábado e das festividades faz parte integrante da vida comunitária, mas cada um tem a liberdade de respeitá-los da maneira que lhe apraz. Não há teste religioso para os postos oficiais. O primeiro ministro ou qualquer membro de gabinete pode ou não ser freqüentador de sinagoga. Diversos deputados do Knesset (Parlamento) são árabes.
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A Tábuas da Lei
 
Os judeus acreditam que, sete semanas depois que os israelitas deixaram o Egito, Deus escolheu-os para receber a Torá. Moisés subiu no monte Sinai ouviu a Tora e trouxe os Mandamentos gravados em tábuas de Pedra.  As tábuas eram guardadas na arca, caixa especial de ouro dentro de uma tenda magnífica, o Tabernáculo ao ar livre.
 
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OS DEZ MANDAMENTOS – Êxodo Cap. 20:2-17
 
2 Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. 3 Não terás outros deuses diante de mim. 4 Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. 6 e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos. 7 Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão. 8 Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. 9 Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho; 10 mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas. 11 Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou. 12 Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá. 13 Não matarás. 14 Não adulterarás. 15 Não furtarás. 16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. 17 Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
 
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POR QUE OS JUDEUS ESCREVEM A EXPRESSÃO DEUS – D’us ou D-us, USAM APÓSTROFO OU HÍFEM?
 
Muitos judeus descrevem a palavra “D´us ou D-us” e não escrevem “Deus” com todas as letras, porque o Terceiro Mandamento diz: “Não tomarás em vão o Nome do Senhor”. Na época do Templo, a palavra D-us ao era pronunciada, a não ser pelo supremo sacerdote, uma vez ao ano, num ritual de evocação.
 
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SIGNFICADOS DOS NOMES DE D-US
 
Elohim Senhor Deus Gênesis 2.4
Adonai Yiré Meu Senhor Provedor Gênesis 22:14
Adonai Rafá Meu Senhor me Cura Gênesis 15:26
Adonai Nissi Meu Senhor é minha Bandeira Êxodo 17:15
 
Adonai Shalom Meu Senhor da Paz Salmo 23:1
Adonai Tzedek Meu Senhor da Justiça Jeremias 23:6
Adonai Tzevaot Meu Senhor dos Exércitos 1 Sm 1:3 – II Rs 6:13-17
El Elyon D-us Altíssimo Gênesis 14:18-22
El Roi D-us que Vê Gênesis 16:13
El Olam D-us Eterno Gênesis 21:33
El Betel D-us de Betel Gênesis 31:13; 35:17
El Shadday D-us Todo-Poderoso Gênesis 17:1, Ex 6:3
Há Shem O Nome
Usado pelos judeus quando se refere ao Todo-Poderoso.
 
QUAIS OS LIVROS SAGRADOS DOS JUDEUS?
 
O livro judaico mais sagrado é o rolo da Tora, um pergaminho enrolando nos cinco livros de Moisés manuscrito. A Torá é  a primeira para do Tanach, a Bíblia Judaica. A segunda parte o Nevim os livros dos Profetas. A terceira parte é o Ketuvim – Todos os outros livros da Bíblica judaica, que incluem  Salmos, Provérbios e os cinco Megilot (história especiais ou poemas), cada qual associado a um festa. Livro de orações e os livros de Talmud (Ditados no Sinai, mais não escritos por muitos séculos) são os outros livros sagrados.
 
 
O pergaminho da Tora é enrolado em duas peças de madeira e coberto com um tecido bordado com sinos de prata e coroas montados em uma magnífica caixa de madeira. Decorada por dentro e por fora, a caixa é tradicional para os judeus orientais. A caixa fica de pé na mesa de leitura da Tora.  
 
ALFABETO HEBRAICO
 
O Hebraico é a língua do Tanach, é uma língua sagrada. Cada letra também representa um número. O Hebraico falado em Israel hoje é similar ao da Tora. O Talmud ce escrito em aramaico, a língua do dia-a-dia dos judeus da Palestina e da Babilônia na época. É escrito com caracteres hebraicos, ilustrados conforme abaixo.
 
* Curso Básico arquivo II
 
 
 
A Hagadá
 
A Hagadá contém orações, serviço e músicas para o Seder de Pessach ou Páscoa. É um dos livros mais antigos e ainda hoje restam cópias com mais de 500 anos. Cada Hagadá contém a mesma história básica, mas muitas trazem histórias e músicas extras e um pouco mais da história judaica. E Muitas famílias, cada pessoa tem a sua própria Hagadá. Cada pessoa adiciona algo ao serviço a parti do seu livro. A Hagadá moderna feita para crianças tem figuras interessantes.
 
Escribas
 
Os rolos da Torá e da mezuzá têm de ser escritos à mão, com uma pena de ganso em um pergaminho especialmente preparado, com uma antiga receita de tinta. Escrever um rolo da Torá leva quase um ano. Existem regras de como escrever cada palavra e o espaço entre elas. O escriba possui muita prática e domina os requisitos religiosos desta arte.
 
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Como vivem as Famílias Judaicas?
 
A vida familiar, tão importante no judaísmo, gira em torno do Shabat, das festas e refeições familiares. Isto inclui aprender, cantar e conversar, a comida kasher e a separação da carne e do leite são traços importantes da maneira judaica de viver. Os princípios do comportamento de uma família judaica inclui: Honrar os pais, Ajudar aqueles que tem menos possibilidades, respeitar os mais velhos, dá hospitalidades aos estrangeiros, visitar os doentes e não fazer fofoca ou mentir sobre outras pessoas. A educação judaica começa em casa. As crianças aprendem pelo exemplo e são incentivadas a praticar os rituais judaicos desde a infância.  
 
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Quais os momentos mais importantes na vida de um Judeu?
 
Os quatro momentos mais importantes da vida judaica são nascimento, início da vida adulta, casamento e morte. Todos eles são marcados por cerimônias religiosas, algumas delas imutáveis desde que foram ordenadas pela primeira vez na Tora.  Durante essas cerimônias, a família e a comunidade agradecem a Deus e que aceitam a vontade de Deus. Todas as cerimônias judaicas, como circuncisão e dar nome aos meninos, cerimônia de dar nome às meninas, casamentos, ritos funerários e em memória permitem que as pessoas compartilhem suas alegrias e tristezas. Eles podem fazer as obrigações religiosas e sentir-se parte de uma comunidade acolhedora.
 
NOMES JUDAICOS
 
Os judeus têm também um nome judaico, em que o primeiro nome é seguido por “filho de“ ou “filha de“ e o primeiro nome de seus pais. Algumas vezes usa-se apenas o nome do pai, outro apenas o nome da mãe. Alguns judeus usam os nomes do pai e da mãe o tempo todo. Então se um menino chama-se Davi, sua mãe é Rute e seu pai é Aron, ele é Davi bem (filho de) Aron, Davi Ben Rute ou Davi Ben Rute e Aron. A irmã de Davi, Ester, seria Ester Bat (filha de) Aron e Rute.
 
CIRCUNCISÃO E DAR NOME
 
Aos oito dias de vida, o menino é circuncidado, para mostrar sua entrada no pacto de Abraão. Ele recebe um nome judaico e todos rezam para que sejam abençoados com o estudo da Tora. Uma menina pode receber o nome na sinagoga, por seu pai, logo após o nascimento ou em uma cerimônia especial.  
 
ONDE OS JUDEUS REZAM?
 
Os judeus celebram Deus em todos os momentos! Todos os lugares e todas as atividades são oportunidade de oração. Seja comer ou beber, estrear uma roupa, receber notícias ruins, deitasse para dormir ou levantar-se da cama tudo tem sua oração. Quando parte para uma grande viajem os judeus dizem uma oração. Se estiverem em dúvidas sobre qual a prece adequada a uma circunstância terrível ou maravilhosa, são estimulados a fazer a própria oração. Na Sinagoga, a preces para cada ocasião. 
 
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BAT MITVAH
 
A Menina celebra o Bat Mitzvah (filha da obrigação ou mandamento), aos 12 anos. Entre os progressistas, ela pó de aprender a ler na Tora. As meninas ortodoxas podem celebrar seu Bat Mitzvah na sinagoga, em casa, na escola ou em uma cerimônia no domingo à tarde.   
 
CASAMENTO
 
Os casamentos judaicos, mais do que quaisquer outras cerimônias variam em cada país. Podem ser cerimônias informais, ao ar livre ou muito formais, na Sinagoga. Todos casamentos têm Chupá ou, Pálio Nupcial, o símbolo da nova casa do casal. A noiva sempre cobre o rosto com um véu e o noivo quebra o copo para lembrar a destruição dos dois templos.
 
MORTE E LUTO
 
Os judeus ortodoxos são enterrados, mas alguns progressistas permitem a cremação. Depois do funeral, os familiares da pessoa falecida observam o shiva, um luto de sete dias. Sentam em cadeiras baixas e recebem a família e os amigos para rezar, confortá-los e traze-lhes comida. Todos os anos acende-se uma vela e faz-se uma prece especial na data da morte.
 
O QUE É SHABAT?
 
O Shabat (sábado), é o quarto mandamento do Eterno encontra-se no livro de Shemot (Êxodo) Cap. 20  - Sábado para todas as criaturas!
 
Bem-Aventurados são os não profanam o shabat. Isaías Cap. 56.
 
Assim diz o Eterno: Mantende a retidão, e fazei justiça; porque a minha salvação está prestes a vir, e a minha justiça a manifestar-se. 2 Bem-aventurado o homem que fizer isto, e o filho do homem que lançar mão disto: que se abstém de profanar o sábado, e guarda a sua mão de cometer o mal. 3 E não fale o estrangeiro, que se houver unido ao Senhor, dizendo: Certamente o Senhor me separará do seu povo; nem tampouco diga o eunuco: Eis que eu sou uma árvore seca. 4 Pois assim diz o Senhor a respeito dos eunucos que guardam os meus sábados, e escolhem as coisas que me agradam, e abraçam o meu pacto: 5 Dar-lhes-ei na minha casa e dentro dos meus muros um memorial e um nome melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará. 6 E aos estrangeiros, que se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o meu pacto, 7 sim, a esses os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos. 8 Assim diz o Senhor Deus, que ajunta os dispersos de Israel: Ainda outros ajuntarei a ele, além dos que já se lhe ajuntaram.
9 Vós, todos os animais do campo, todos os animais do bosque, vinde comer. 10 Todos os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; deitados, sonham e gostam de dormir. 11 E estes cães são gulosos, nunca se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, todos sem exceção. 12 Vinde, dizem, trarei vinho, e nos encheremos de bebida forte; e o dia de amanhã será como hoje, ou ainda mais festivo.
TORÁ
 
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O QUE OS JUDEUS FAZEM NO SHABAT?
 
Na noite de sexta-feira antes do Sol, começa Shabat. O dia de descanso, que dura até depois do escurecer, sábado à noite. Muitos interrompem todas as atividades e preocupações da semana. Preparam seus lares como para um visita real – a rainha Shabat – e colocam suas melhores roupas Acendem velas (antes do pôr do sol) e servem melhor comida que podem oferecer em um mesa decorada. As pessoas são convidadas para compartilhar refeições, músicas, histórias, orações e o estudo da Tora. Uma ida à sinagoga, visitas aos amigos, caminhadas e estudo completam o espírito do dia.  
 
À Luz de Velas
 
O Shabat começa em casa. Com o acender das (duas) velas, que simbolizam a alegria e o sagrado, uma benção - (guardar e observar), algumas famílias adicionam uma outra vela para cada criança. Quem acende as velas, em geral são as mulheres, dá as boas vindas ao Shabat com um gesto sobre as velas, depois cobre os olhos.   
 
ATIVIDADES PROIBIDAS NO SHABAT
 
Há trinta e nove tipos de atividades que ocorreram na construção do tabernáculo no deserto e que deveriam parar no Shabat, par fazer desse dia um completo descanso. Os judeus ortodoxos não fazem nada da lista a seguir quando o Shabat começa. Cozinhar, acender fogo; ligar equipamentos elétricos; escrever; ver televisão; trocar instrumentos musicais; andar de carro, ônibus, barco, trem ou avião, ou dirigir uma bicicleta ou motocicleta. Para seguir a lei, todo o necessário é feito antes do Shabat.
 
Outras linhas do judaísmo fazem oposição ao texto acima. – Praticam esportes etc... *
 
COMIDA PARA O SHABAT
 
O Jantar de sexta-feira e o almoço de Shabat começam com benções  sobre o vinho e a chalá um pão trançado. Os judeus eram freqüentemente pobres e várias receitas tradicionais são boas maneira de fazer um pouco de peixe ou carne para alimentar muita gente! Por exemplo: Fígado picado com ovo e cebola, e gefilte fish, bolinho de peixe. Cholent é um cozido de carne com cebola, batata e feijão feito em fogo baixo da noite de sexta e manha de sábado para que haja um prato quente no almoço. Outros pratos comuns são canja e frango.
 
LENDO A TORÁ
 
Cada Shabat recebe o nome do trecho semanal da Torá, a parte central do serviço matinal. O rolo da Torá, o objeto mais sagrado do judaísmo é levado para bima, a mesa de leitura no palco, em uma procissão. É uma grande honra ler a Torá. 
 
PARASHÁ – Porção da Torá – Linda semanalmente a cada shacharit.
 
HAFTARÁ – Portão dos Profetas (nevim) lidos semanalmente a cada shacharit.
 
HAVIDÁ – Separação “Santo dos demais dias”
 
Assim como a sua chegada, a partida do Shabat é celebrada orações e cerimônias. Quando podem ser vista três estrelas o Shabat é suspenso até a próxima semana e celebra-se Havidalá com uma benção sobre o vinho especiarias e uma vela trançada. Isso é a separação entre o sagrado shabat e os dias comuns da semana. As crianças se revezam para segurar a vela e sentir o cheiro doce das especiarias.
 
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COMO É O CALENDÁRIO JUDAICO?
 
O Calendário Judaico tem 12 meses lunares, e não solares, como o calendário civil. Cada mês judaico tem 29 ou 30 dias e cada ano é 11 dias mais curto que o civil. O calendário judaico tem de seguir o calendário civil, para que as festas não caiam em estações trocadas (as festas judaicas são celebradas em datas fixas). Para isso, o calendário tem anos bissextos, com um mês extra de Adar em janeiro-fevereiro. O mês normal de Adar (fevereiro-março) é chamado de Adar 2. Existem sete anos bissextos a cada 10 anos. Há uma celebração, Rosh Chodesh (Cabeça de Mês), para o começo de cada mês.
 
NISSAN (MARÇO-ABRIL)  - PESACH (7-8 DIAS) YOMO HASHOA (1 DIA)
LYYAR (ABRIL-MAIO) – YOM HAATSMAUT (1 DIA) – (IDENPENDÊCIA DE ISRAEL) LAG BAOMOER (1 DIA).
SIVAN (MAIO-JUNHO) – SHAVUOT (1-2 DIAS)
TAMMUZ (JUNHO-JULHO) – JEJUM DE TAMMUZ
AV (JULHO- AGOSTO) – TISHAH B´AV (1 DIA) – (DIA DA TRISTEZA)
ELUL (AGOSTO-SETEMBRO) – PREPARAÇÃO PARA O ROSHA HASHANA
*NÃO HÁ FESTA EM ELUL
TISHREI (SETEMBRO-OUTUBRO) – ROSH HASHANA )2 DIAS) YOM KIPPUR (1 DIA) SUCOT (7 DIAS) SHEMINI ATZETE (1 DIA) SIMCHAT TORÁ (1 DIA).
CHESHVAN (NOVEMBRO-DEZEMBRO) – NÃO HÁ FESTAS EM CHESHVAN, POR ISSO O MÊS TAMBÉM É CHAMADO MAR CHESHVAN OU “CHESHVAN AMARGO”.
KISLEV (NOVEMBRO-DEZEMBRO) – CHANUKA  (8 DIAS)
TEVET (JANEIRO-FEVEREIRO)  - CHANUKA
SHEVAT (JANEIRO-FEVEREIRO) – TU BISHVAT (1 DIA) – (ANO-NOVO PARA AS ÁRVORES.
ADAR (FEVEREIRO-MARÇO) – PURIM (1 DIA).
 
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O QUE SÃO AS TRÊS FESTAS DE PEREGRINAÇÃO?
 
Quando o Templo ainda estava de pé, os judeus faziam uma peregrinação a Jerusalém para fazer oferendas na três festas de Pessach, Shavuot e Sucot. Os que viviam fora de Israel tinham de vender parte de sua colheita e enviar o dinheiro para comprar oferendas e ajudar a cuidar do Templo e dos sacerdotes. Pessach, a Páscoa judaica, é a festa que celebra o Êxodo do Egito. Um carneiro era oferecido no Templo. Em Shavuot, Pentecostes, os primeiros produtos da colheita eram oferecidos no Templo.  Sucot, Tabernáculo,  é a festa final da colheita, e as oferendas eram feitas no Templo. Agora não há mais o Templo, os judeus celebram essas festas em casa e na sinagoga.     
 
PESSACH – PÁSCOA JUDAICA
 
O QUE REPRESENTA CADA OBJETO?
 
O osso representa o carneiro de Pessach e o ovo queimado, as oferendas. Ambos eram oferecidos no Templo. Perto do osso, raiz amarga (maror), simbolizando a vida no Egito. Charosset, a mistura de especiarias e nozes, simboliza os tijolos usados na construção das pirâmides. Abaixo, a água salgada, pelas lágrimas dos israelitas, por último um vegetal verde. Tudo é comido ou descrito em uma ordem especial. Um dos ingredientes mais importantes é a matzá, pão ázimo (sem fermento), o pão das pessoas pobres. Os Israelitas comiam esse pão no Egito e o levaram quando saíram de lá.
 PRATO DO PESSACH
 
 Clique na figura para saber mais da festa da Pascoa Judaica
 
Este lindo prato é usado no Seder de Pessach em lares judaicos, o desenho representa as dez pragas sofridas pelos Egípcios.
 
SHAVUOT – PENTECOSTES
 
Shavuot, sete semanas após Pessach, comemora-se o recebimento da Tora. É também o festival das primeiras frutas. Estas sete semanas são chamadas de Omer (uma medida de cevada). Uma contagem regressiva é feita a cada noite. As sinagogas são decoradas com flores lembrando como o monte Sinai foi decorado por Deus para o milagre. É Costume comer derivados de Leite, como torta de queijo.
 
 E uma festa de um profundo conteudo profetico e de um grande derramar do Espirito de D-us!
SUCOT – TABERNÁCULO
 
Em Sucot judeus de todo mundo constroem cabanas temporárias e se alimentam nelas. A Sucá ou Cabana, remonta frágeis abrigos no deserto, que eram protegidos por Deus. Ela também lembra que os fazendeiros mudavam-se para perto de suas plantações durante a colheita e deve ser aberto para o céu. Sete tipos de alimentos são colhidos na época de Sucot em Israel. Muitos judeus penduram exemplos de cada um teto da Sucá para simbolizar a colheita. Estes alimentos são: Trigo, cevada, uvas, azeitonas, romãs. Tâmaras e figos. 
 
 
 Sucot era celebrada como a festa do outono, correspondente a festa de Pessach na primavera.
 
O LULAV E O ETROG
 
O Lulav, ou folha de palmeira é amarrado com salgueiro e mirto. O Etrog, um limão, é usado em preces e cerimônias Sucot. Uma tradição diz que a palmeira representa a espinha, o mirto os olhos, o salgueiro a boca o etrog o coração, mostrando a veneração a Deus com todo o corpo.
 
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EXISTEM OUTRAS FESTAS JUDAICAS?
 
Diferentemente do Rosh Hashana, Iom Kipur e as festas de peregrinação, há muitas festas que não estão na Tora mais existe há centenas de anos. Purim e Chanucá começaram como lembretes de eventos milagrosos em que Deus salvou e ajudou os judeus contra grandes intempéries. Essas festas, e Tu Bishvat, o ano novo das árvores, foram escritos no Talmud (a enciclopédia das leis da Torá) antes do final do quinto século. Simchat Tora, a festa da alegria na Tora, foi introduzida muitas centenas de anos depois.
 
A TORÁ
 
A Torá consiste dos cinco livros de  Moisés, cada um devido em seções ou sitrot. O primeiro livro é dividido em 12 livros, o segundo em 11, o terceiro em 10, o quarto em 10 e o quinto em 11, totalizando 54 sitrot. Pelo menos uma seção é lida em cada Shabat, para que a leitura se complete a cada ano.
 
SIMCHAT TORÁ
 
Ler e aprender os textos judaicos é das atividades mais valorizadas. É costume celebrar o estudo de qualquer livro judaico. A celebração ao fim do ciclo anual da leitura da Tora é um evento alegre. Todos os rolos da Tora são tirados da Arca Sagrada. Membros da comunidade têm a honra de dançar como os rolos e circundar a sinagoga em procissões.      
 
CHANUCÁ – FESTAS DAS LUZES
 
Chanucá celebra a tomada do Templo dos gregos e sua re-dedicação, feita pelos macabeus, um grupo guerilheiro judaico. Havia óleo sagrado pra a menorá (candelabro de 7 velas), para apenas um dia, mas este durou 8, até que mais óleo pudesse ser preparado.  Na celebração, acende-se um vela extra a cada noite em uma menora´de 8 velas e há pratos feitos com óleo.
 
TU BISHVAT
 
O ano-novo das árvores tem sido uma data importante desde os tempos do Talmud, marcado pelo plantio de novas árvores, em especial as citadas no Tannach, a bíblia judaica. 15 de Shevat, os judeus comem 15 frutas diferentes para marcar o dia.
 
PURIM
 
Meguilat Ester, a história de Purim, é lida a parti de um rolo de pergaminho, co muito barulho para o nome de Haman, o vilão. Os judeus se vestem com fantasias. Há trocas de presentes e comidas entre amigos e doações para os pobres, as comidas tradicionais incluem pães especiais e Hamantaschem, ou orelhas de Haman, triângulos doces recheados.
 
ROSH HASHANÁ E IOM KIPUR
 
O ano-novo judaico, Rosh Hashná, é nos dias 1 e 2  de Tishrei (setembro-outubro). No dia 10,. Há o “Dia do Arrependimento”, Iom Kipur, um jejum de 25 horas e a festa mais solene. Entre as duas festas, há os “dez dias de penitência”, em que os judeus pedem desculpas às pessoas e a Deus, por tudo de errado que tenha feito. Eles rezam por perdão e um novo começo. O shofar, um corno de carneiro, é soprado pra acordar a consciência, como na foto á esquerda. As pessoas enviam cartões de ano novo. Alguns usam branco nas roupas e na decoração, como símbolo de pureza.  Pão, maçã  são mergulhados em mel, para simbolizar doçura. O bolo de mel é uma comida tradicional.   
 
IOM HAATSMAUT
 
dia de Independência de Israel é a única festa que foi adicionada ao calendário em séculos. O Estado de Israel foi criado pelas Nações Unidas em 14 de maio de 1948. Esta data é comemorada em comunidades judaicas de todo o mundo e, em Israel, com feriado nacional. A celebração inclui agradecimento e festas com danças típicas.
 
IOM HASHOAH, DIA DO HOLOCAUSTO...
 
Em 27 de Nissam, celebra-se a memória dos seis milhões de judeus mortos pelos nazistas, antes e durante II Guerra mundial, de 1939 à 1945. Muitas famílias e cidades inteiras foram completamente destruídas. Uma das vítimas mais famosa, Anne Frank, teve seu diário lido por milhares de pessoas.
 
Consulte no Google o instituto Anne Frank.
 
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QUEM SÃO OS LÍDERES JUDAICOS?
 
Desde os tempos mais remotos, os judeus acreditam que seus líderes foram homens e mulheres escolhidos por Deus como profetas para liderar e ensinar o povo. As Doze Tribos foram chefiadas por príncipe. Mais tarde, quando os israelitas se estabeleceram em Israel, eles também tinham juízes, reis e rabinos como líderes como país (até que fosse restabelecido em 1948), os rabinos têm sido os líderes religiosos. No judaísmo ortodoxo são permitidos apenas rabinos homens, mas existem vários rabinos mulheres entre os progressistas.     
 
SAUL E DAVI
 
Saul foi o primeiro rei de Israel. Sujeito a depressões era confortado pela harpa da Davi, o melhor amigo de seu filho Jônatas. Mais tarde, Saul soube que Davi o sucederia no trono e tentou matá-lo, mas Jonathan salvou-o. O rei Davi compôs famosos salmos e tornou Jerusalém sua capital.  
 
*O Rei Davi não foi profeta
 
PROFETAS
 
Muitos profetas líderes, como Moshe (Moisés), Aron – (Arão), Miriam e Joshua – (Josué). Eles confiavam na justiça divina e pediam os judeus igual confiança, entre si e com ou outros povos. Profetas famosos incluem: Samuel, Elias, Jeremias, Oséas, Jonas e Débora, uma das poucas líderes femininas do Tanach.
 
MAIMÔNIDES
 
Rabi Moses Bem Maimon, ou Rambam. Nascido no século XII foi um dos maiores rabinos medievais. Seus livros são estudados até hoje. Devido à perseguição, mudou-se para o Egito e estudou medicina. Tornou-se médico da corte. Líder da comunidade continuou a estudar a lei judaica e filosofia.  Nascido em Côrdoba na Espanha.
 
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O QUE É UM RABINO?
 
Rabino é um Judeu Mestre formado em uma Yeshiva (UNIVERSIDADE) – reconhecida pelo Estado de Israel.  Na Yeshiva, a universidade para rabinos, os jovens estudam os livros sagrados por até 18 horas por dia. A qualificação para um rabino só é dada depois de anos de estudos e exames escritos e orais. Hoje, muitos rabinos ortodoxos e todos os rabinos progressistas graduam-se na universidade secular. Rabinos modernos também são treinados para falar em público, para dar aconselhamento e uma variedade d conhecimentos necessários ao mundo moderno.
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QUAIS OS LUGARES SAGRADOS DOS JUDEUS?
 
O lugar mais sagrado do judaísmo era o Templo, construído no Monte Moriá em Jerusalém. Ele foi destruído pelos gregos. O segundo Templo, construído no mesmo lugar, foi destruído pelos romanos. Um outro lugar sagrado em Jerusalém é o Monte das Oliveiras, um cemitério. Ainda que os locais foram enterrados Moisés, Aron e Miriam não sejam conhecidos, os túmulos de outros líderes são locais de peregrinações e oração. Estes incluem a tumba de Davi, a caverna de Macpelah e tumbas de muitos rabinos famosos. A tumba do rabi Maimônides e do rabi Akiva, por exemplo, estão em Tibérias.   
 
A PAREDE DO TEMPLO
 
A única parte remanescente dos dois templos é a parede ocidental, também conhecida como Muro das Lamentações, em Jerusalém. Judeus e não judeus de todo o mundo o visitam. Os peregrinos vão rezar sozinhos ou em grupo, e colocam pequenos pedaços de papel com orações e pedidos entre as pedras sagradas do muro.
 
O MONTE DAS OLIVEIRAS
 
O monte das Oliveiras é o cemitério judaico mais sagrado. Segundo a tradição, o Messias passará por lá quando “vier“ para trazer todos os mortos de volta à vida. As pessoas enterradas no Monte das Oliveiras serão os primeiros a segui-lo para o Reino Eterno de Deus.
 
A CAVERNA DE MACHPELAH
 
A Caverna de Machpelah, em Hebron, é o túmulo comprado por Abraão. Lá estão enterrados, Adão e Eva, Abrãao e Sarah, Isaac e Rebeca, Jacó e Lea. Raquel, a esposa favorita de Jacó, foi enterrada fora da fronteira original de Israel, em Belém. 
 
JERUSALÉM
 
Jerusalém é a cidade mais sagrada na Terra, abrigou os Templos por setenta  anos. Sagrada também para cristãos e mulçumanos, nela oram pessoas de todas as fés. Jerusalém foi designada como capital pelo Rei Davi há cerca de 3.000 anos e foi capturada por muitos governantes que a queriam apenas para membros de sua própria fé. As Cruzadas foram guerras religiosas que começaram em 1906 porque o papa queria tomar Jerusalém dos mulçumanos.
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O QUE SÃO TSITSIT?
 
São as franjas que ...
 
Bençao – Baruch ata Adonai Elohênu mélech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu al mitsvat tsitsit.
 
Bentido sejas Tu, Eterno nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificastes como os teus mandamentos e nos ordenaste o uso do Talit.
 
DEPOIS DE VESTÍ-LO DIZ:
 
Iehí ratson milefanêcha. Adonai Elohai velohê avotai, shetehé chashuva mitsvat tsitsit lefanêcha keilu kiyamtiha bechol peratêha vedicdukêha vechavotêcha, vetar´iag mitsvot hateluiorba, Amen SELA.  
 
Que sejas da Tua vontade, Eterno, nosso Deus e Deus de nossos pais, que consideres importante o mandamento do Tsitsit perante Ti, como se tivesse-o cumprido em todos os seus detalhes, particularidades e intenções e, assim, todos os 613 mandamentos vinculados a ele. Amen Selá.
 
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POR QUE OS JUDEUS USAM KIPÁ (solidéu)?
 
O kipá não é um objeto bíblico, identifica um homem judeu, cobrindo a cabeça, somos lembrados da onipresença divina, e conscientizamo-nos de que a humanidade é essência da religião.
 
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POR QUE OS JUDEUS COLOCAM UMA MEZUZÁ NAS PORTAS DE SUAS CASAS?
 
A Mezuzá é um pequeno pergaminho afixado no batente da entrada do lar judaico, e nas portas de todos os aposentos, em observância ao mandamento bíblico: “E as escreverás nos portais de tua casa, e nos teus portões” (Deuteronômio 6:9). A Mezuzá contém duas passagens bíblicas: O “Shemá”, a afirmação da unidade e unicidade de D-us. D-us é UM, quantitativa e qualitativamente – e logo em seguida “VeAhavtá”, um trecho que expressa o amor a D-us e aos nossos semelhantes.
 
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TANACH
 
. Tanach é a toda bíblia judaica (Gênesis até Malaquias), totalizando 29 livros.
 
Divide-se em: Torá – Nevim e Ketuvim
 
TORÁ
 
Também conhecida como Pentateuco, são os cinco primeiros livros da tanach (bíblia judaica) – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
 
Vejamos o que trava basicamente cada um livro da tora!.
 
. Bereshit (Gênesis) -  Conta a criação e a história do mundo até abraão e a vida dos patriarcas (Abrão, Isaac e Jacó) até a chegada ao Egito.
 
. Shemot (Êxodo) -  Relata a escravidão no Egito, a grande libertação e
os mandamentos dados a Moisés sobre o Monte Sinai.
 
. Vaykrá (Levítico)  - Fala das regras concernentes aos levitas, aos sacerdotes, ao culto, ao Templo, às festas e aos deveres do homem para com  D-us e para com o próximo.
 
 
. Bamidbar (Números) – Descreve a travessia do deserto até a chegada ao Jordão.
 
. Devarim  - (Deuteronômio) – Contém uma recapitulação recomendações de Moisés.
 
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NEVIM – (livros dos Profetas) – Os primeiros livros narram a história do povo judeu desde a entrada em Canaã até o exílio. São eles:
 
Josué – Juízes; Samuel I e II; Reis I e II; Isaías; Jeremias; Ezequiel; e os 12 profetas menores: Oséas, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Os livros dos profetas são obras poéticas de grande beleza, breves capítulos, chamados Haftará, são lidos após a tora, nos sábados, dias de festas e de jejum.
 
KETUVIM – (Escritos)  - Neles estão reunidos os: - Salmos (Tehilim); Provérbios; Jô; Cânticos; Rute; Lamentações ; Eclesiates; Ester; Daniel; Esdras e Neemias; Crônicas.
 
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LEIS MORAIS - Os dez mandamentos ditados por D-us. Ex: Guarda do Sábado.
 
LEIS ÉTICAS - Estilo de vida, comer, beber e vestir etc.).
 
LEIS CERIMONIAS – Sacrifício de animais para remissão dos pecados.
 
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SACRIFÍCIOS FEITOS NO TEMPLO
 
CONSAGRAÇÃO
HOLOCAUSTO
Bezerro, carneiro ou ave    sem defeito
CONSAGRAÇÃO
OFERTA DE MANJARES
Grãos, Flor de Farinha, Pão Cozido (s/fermento), Sal
COMUNHÃO
PACÍFICOS
Qualquer animal do gado sem defeito; pães, tortas.
EXPIAÇÃO
PELO PECADO
Novilho, Bode, Cabra, 2 Rolas ou 2 Pombinhos, 1 10ª Parte de uma efa de flor de farinha.
EXPIAÇÃO
PELA CULPA
Carneiro sem defeito (Em lugar do sacrifício poderia oferecer dinheiro
 
TABERNÁCULO
 
Local do Templo Sagrado:
 
Sobre o Monte Moriah Salomão construiu o primeiro Templo – destruído pelos Babilônios. Reconstruído por Esdras e Neemias, e ampliado as proporções monumentais por Herodes o Grande. O muro (Kotel) das Lamentações é o único resto desse Templo de Jerusalém, que foi destruído por Tito o imperador Romano ano 68 D.C. O monte do templo é também chamado de Monte Moriah, é o local onde Abraão sacrificaria seu filho Isaac.
 
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QUAIS SÃO OS OBJETOS DO RITUAL JUDAICO?
 
O Judaísmo é um modo de vida e a quase toda atividade está associado um objeto religioso, desde uma simples jarra para lavar as mãos em casa ou mais belos rolo da Torá na sinagoga. A Tradição encoraja as pessoas judaicas a fazer seus deveres religiosos com vontade e alegria. Portanto, os objetos de ritual são feitos dos melhores materiais que o dono possa comprar e decorados com bordados e ornamentados feitos com amor. Se um judeu pode comprar madeira em vez de prata, esta deve ser cuidadosamente escavada e polida. Nos rituais diários, como lavar as mãos, uma jarra mais elaborada pode ser designada para o Shabat e outras festas.  
 
A ARCA SAGRADA E OS ROLOS DA TORÁ
 
Dentro da Belíssima Arca Sagrada, estão os rolos sagrados da Torá, protegidos por uma cortina bordada, portas de madeira e grades de ferro. Os rolos de uso têm placas de prata, ponteiras e sinos ou coroas e capas de veludo bordado.
 
CAIXA DE ESPECIARIAS
 
Na cerimônia de Havida no final do Shabat, passa-se uma caixa de especiarias para cada pessoa cheirar, assim refrescando a alma para a semana que se inicia. Essas caixas costumam ser decoradas e desenhadas com castelos, moinhos e torres. Podem ser de madeira entalhada, prata, vidro ou porcelana.
 
PONTEIRA DA TORÁ
 
Na leitura da Torá, marca-se o ponto com ponteiras, ao raro de prata. A ponta pode ter forma de um dedo apontando, pois o rolo da Torá não pode e ser  tocado com mão.
 
MATRACAS
 
Quanto se lê a história de Purim, pede-se aos judeus para bloquear com barulho o nome do vilão, Haman, sempre que é lido.
 
PIÃO
 
O dreidl, ou sevivon, é um pião usado em Chanucá. As quatro letras hebraicas significam “grande milagre aconteceu lá” e trazem uma instrução para o jogador.
CERTIFICADO DE CASAMENTO
 
A Ketubá, um certificado que narra o casamento, descreve também o valor do dinheiro e os bens que o noivo deve à noiva em caso de divórcio. Não raro escritos e mão e lindamente decorados.
 
A LUZ ETERNA
 
A Ner Tamid, ou Luz Eterna, é pendurada no teto da sinagoga. Ela fica em  frente a Arca Sagrada. A luz dentro da caixa ornada está sempre acesa em muitas sinagogas. Com a eletricidade isto não é mais um problema! A Ner Tamid é um símbolo da menorah no Templo, em que o mais puro óleo de oliva era queimado. É também um lembrete de que a Torá é a luza que guia os judeus.
 
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OS JUDEUS TÊM UMA TRADIÇÃO MUSICAL? 
 
Há uma tradição judaica de compor música, que vem desde os tempos do Êxodo do Egito. Existem instrumentos musicas feitos especialmente para uso no Templo. Em muitas sinagogas ortodoxas, os instrumentos musicais nunca são usados no shabat ou em dias de festas, apenas o canto. Entretanto, muitas sinagogas progressistas usam instrumentos musicais para os serviços. Músicas folclóricas são encontradas em todas as comunidades judaicas. Elas são usadas para confortar, entreter e passar a história e a tradição.   
 
MIRIAM E AS MULHERES
 
Depois da miraculosa fuga pelo mar Vermelho, Moisés compôs um hino a Deus. Isto é na Torá para que todos cantem. Miriam afastou-se com as mulheres para dançar e cantar o hino tocando o seu pandeiro. Em muitos casamentos ortodoxos, ainda é costume mulheres e homens dançarem separadamente. 
 
MÚSICA NO TANACH
 
No Tanach, são mencionados muitos instrumentos musicais. Talvez os mais famosos sejam pandeiro de Miriam; a lira do Rei Davi, uma pequena harpa; e o shofar, o corno de carneiro. O som do shofar derrubou as muralhas de Jericó. Quando os israelitas estavam acampados no deserto, trompetes de prata chamaram as tribos para encontra-se, marchar ou ir para guerra. Harpas e liras, flautas, címbalos e trompetes também são tocados no Templo. Outros instrumentos mencionados no Tanach são tambores, guisos e batedores ou chocalhos.
 
MÚSICA NUPCIAL
 
É considerado especialmente importante fazer a noiva feliz dia de seu casamento. Um casamento judaico não dispensa seus músicos. Assim como há músicas especiais para salmos e hinos, há também músicas criadas para casamentos. Hoje, a noiva é escoltada ao pálio nupcial com o canto de um cantor ou coro. Durante a refeição de celebração, o casal é entretido com músicas alegres acompanhadas com instrumentos. Um Klezmer, grupo tradicional de músicos, toca cada cidade ou vilarejo nas ocasiões especiais.
 
DDANÇA FOLCLÓRICA
 
Existem muitas danças folclóricas judaicas. Algumas datam dos tempos bíblicos e usam músicas e poemas do Tanach. Outras são de países onde os judeus moraram por séculos, como a Rússia e as terras árabes. Algumas vezes usam-se danças e textos judaicos com ritmos do país hospedeiro. Para os judeus de muitos países, as danças folclóricas são bastantes populares, em casamentos e todas as ocasiões.
 
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BENÇÃO SACERDOTAL
 
É uma mandamento da Torá os Kohanim abençoam o povo de Israel do a Benção Sacerdotal que se encontra no livro de números Cap. 6 versículos 24-26.
 
24 O Senhor te abençoe e te guarde;
25 o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti;
26 o Senhor levante sobre ti o seu rosto, e te dê a paz.
 
===========================================================================É permitido fazer a Brit Milá no Shabat ou nos outros feriados judaicos?
 
Desde os dias de Abraão os meninos judeus são circuncidados no seu oitavo dia de vida, marcando assim seu ingresso na comunidade do Povo de Israel. A Mitzvá da Brit Milá é tão sagrada que deve ser cumprida mesmo quando o oitavo dia cai no Shabat ou em qualquer outro feriado, inclusive Yom Kipur. Só se justifica um adiamento em caso de bebês prematuros ou doentes, cujo estado de saúde não permite a circuncisão naquele dia.
===========================================================================É proibido pela lei judaica dar ao recém-nascido o mesmo nome do pai ou de outro parente próximo, quando estes estão vivos?
Não há proibição. O que existe, entre os judeus ashkenazim, um costume de não dar à criança o nome de parentes vivos. Porém não existe na lei judaica nada que o impeça. Tanto assim, que é muito comum entre os sefardim dar ao filho justamente o nome do pai ou do avô como uma forma de ressaltar hemshech, continuidade, em vida.
===========================================================================Há alguma cerimônia para dar-se o nome ao bebê recém nascido, no caso de ser uma menina?
A Halachá, a lei judaica, não estipula nenhuma regra sobre a maneira de dar o nome à criança. É costume, entretanto, o pai comparecer a sinagoga no primeiro Shabat após nascimento de uma filha. Nessa ocasião ele é chamado à leitura da Torá e declara o nome hebraico que será dado à menina. A cerimônia é celebrada alegremente perante toda a congregação, e geralmente seguida de um Kidush festivo. Um costume recente que vem se tornando cada vez mais popular entre os judeus liberais e a cerimônia de Simchat Bat ("Alegria por uma Filha"), também chamada de Brit haChayim ("Pacto da Vida"), uma celebração que se realiza em casa alguns dias ou semanas após o nascimento de uma menina Uma vez que não se trata de uma comemoração haláchica, o ritual não segue normas preestabelecidas, podendo ser elaborado com criatividade e sensibilidade pelos próprios pais e pelo rabino da família, baseado nos moldes da cerimônia de circuncisão (Brit Milá).
Pode-se realizar a cerimônia de Pidyon HaBen no Shabat?
Não. Uma vez que o ritual envolve uma "transação comercial" (o pagamento feito pelo pai ao Kohen), ele não pode se realizar no Shabat e nos feriados principais. Neste caso, a cerimônia é adiada para o próximo dia.
===========================================================================Por que foi escolhida a idade de treze anos como marco da maioridade religiosa?
Não existe nenhuma referência bíblica associando a idade de treze anos a maturidade religiosa. Entretanto, o Talmud menciona que "ate o décimo terceiro ano, o pai tem responsabilidade pelo seu filho". E a Ética dos Pais afirma que aos treze anos, o jovem e responsável pelo cumprimento dos mandamentos da fé judaica.
===========================================================================Por que não se celebra o Pidyon HaBen nas famílias Kohen ou Levi?
Se o pai é Kohen ou Levi, o filho adquire por hereditariedade o respectivo titulo, bem como as funções inerentes a ele. Assim sendo, ele não precisa ser redimido da obrigação de servir no Templo.
===========================================================================Por que o primogênito nascido de cesariana não precisa ser redimido?
A Torá define como filho primogênito, petor rachem, "aquele que abre o útero de sua mãe" (Êxodo 13:2). Portanto, somente o primeiro filho nascido de parto natural precisa ser redimido. Mais ainda, se a mãe tiver sofrido um aborto natural numa gravidez anterior, o primeiro filho já é considerado o primogênito, uma vez que outro feto "abriu o útero" antes dele.
===========================================================================Por que os meninos judeus são circuncidados?
A circuncisão é o sinal sagrado da Aliança entre Deus e o povo judeu. Foi praticada pela primeira vez por Abraão - em si próprio, em seu filho Ismael e em todos os homens de sua casa - depois que Deus lhe ordenou: "Guardarás a Minha Aliança tu e tua posteridade nas gerações futuras... Todo homem entre vós será circuncidado no oitavo dia do seu nascimento" (Gênesis 17:9-12). O ritual da Brit Milá "pacto da circuncisão", é executado dentro das mais perfeitas normas de higiene por uma pessoa especializada, o mohel, o qual, de acordo com a lei judaica, deve ser um judeu rigorosamente praticante. Além da criança e do mohel, participam da cerimônia o pai, que recita uma benção especial, e o sandak (padrinho), que segura a criança no colo durante a circuncisão. Nesta ocasião dá-se ao menino o nome hebraico.
A Brit Milá marca o ingresso do menino na comunidade dos filhos de Israel. é o primeiro passo para a integração da criança na tradiçao religiosa de seus pais. A prática tem sido mentida pelos judeus através dos séculos, mesmo nas circunstâncias mais adversas, e além dos preceitos que mais contribuiu para preservar a unidade e a particularidade do povo judeu.
===========================================================================Por que se reserva uma cadeira para o Profeta Elias durante a Brit Milá?
Um Midrash relata que num determinado período da história judaica, sob a influência da perversa Rainha Jezebel, as Dez Tribos de Israel quiseram abolir a prática da circuncisão. O protesto do Profeta Elias contra essa atitude irritou a rainha e ela ordenou que ele fosse morto. Elias conseguiu escapar, e o Todo Poderoso prometeu-lhe, em reconhecimento pela sua devoção e coragem, que nenhuma circuncisão a partir daquele dia poderia se realizar sem a sua presença
===========================================================================Qual a origem da festa de Bar ou Bat-Mitzvá depois da cerimônia?
O costume surgiu na Idade Média, quando a cerimônia de Bar-Mitzvá era seguida de uma seudat mitzvá, uma refeição festiva comemorando o cumprimento de uma obrigação sagrada. Para acentuar o caráter religioso da festa, o jovem Bar-Mitzvá discorria sobre o trecho semanal da Torá ou outro tema judaico, demonstrando assim os conhecimentos que havia adquirido até então.  É interessante notar que já naquela época, algumas autoridades, com receio que o luxo excessivo pudesse deturpar o verdadeiro sentido da festa, estabeleceram determinadas regras limitando o número de convidados e exigindo certo grau de sobriedade. O costume contemporâneo de celebrar a Bar-Mitzvá com pompa e ostentação é totalmente contrário ao espírito da lei judaica.
===========================================================================Qual o procedimento para uma família judaica adotar uma criança não sabendo a religião dos pais biológicos?
A premissa é a seguinte: quando não temos condições de verificar a religião do filho adotivo, devemos por precaução supor que a criança não é judia. Portanto, torna-se necessária uma conversão de acordo com a lei judaica. O menino pode ser convertido na hora da circuncisão, a menina, por ocasião da imersão no banho ritual (mikvá). Uma vez que a criança sendo pequena, não está decidindo por si, os pais adotivos apresentam-se como "agentes" perante um Beit Din, uma corte rabínica, que concede sua aprovação à conversão. Entretanto, já que a criança não tomou uma decisão consciente, ela tem o direito, de acordo com a lei judaica, de renunciar ou confirmar a conversão ao atingir a puberdade, isto é, aos doze anos para as meninas e treze anos para os meninos. Depois dessa idade, os pais não podem converter os filhos sem o consentimento destes.
===========================================================================Qual o significado da Bar-Mitzvá?
"Bar-Mitzvá" em aramaico, significa "filho do mandamento". Ao completar treze anos, o menino atinge a maioridade religiosa perante a lei judaica, e passa a ser pessoalmente responsável pelo cumprimento das Mitzvot, os mandamentos. Esse status legal e religioso é reconhecido publicamente através da cerimônia de Bar-Mitzvá que se realiza geralmente (mas não necessariamente) no primeiro Shabat após o 13o. aniversário do menino pelo calendário. Nessa ocasião o jovem é chamado pela primeira vez para ler um trecho da Torá e/ou recitar as bençãos antes e depois da leitura. O costume de Bar-Mitzvá, da forma como nós o conhecemos, é relativamente moderno. Nem a Bíblia nem o Talmud mencionam tal cerimônia. A primeira referência escrita sobre sua celebração encontra-se no Shulchan Aruch, código religioso redigido no século XVI. A Bar-Mitzvá é um acontecimento dos mais significativos, pois marca o ingresso do jovem na comunidade adulta judaica, com todas as responsabilidades e privilégios decorrentes. A partir desse dia, por exemplo, ele pode integrar um minyan, o quórum de dez homens exigido para a realização de qual quer ato religioso de caráter público. Cada Bar-Mitzvá constitui um renascimento simbólico da fé judaica, uma reafirmação dos valores e das tradições sobre os quais repousa o futuro do povo judeu.
===========================================================================Qual o significado da Bat-Mitzvá?
A Bat-Mitzvá corresponde à maturidade religiosa alcançada pela menina judia aos doze anos. A instituição é bem mais recente que a Bat-Mitzvá, uma vez que dentro do Judaísmo ortodoxo, as mulheres eram dispensadas dos estudos religiosos e eram sujeitas a um número bem menor de mandamentos do que os homens. Ate há pouco tempo, a cerimônia de Bat-Mitzvá era celebrada somente pelas congregações conservadoras e reformistas. Em 1982, entretanto, ela foi oficialmente declarada "legítima e válida" pelo Rabino-Chefe Sefardi de Israel, Ovadia Yosef. A preparação é semelhante a dos meninos, excetuando-se a colocação dos tefilin e do talit. Através de um período de estudos, a menina e conscientizada do seu papel de futura mãe judia, responsável pela transmissão dos eternos valores do Judaísmo. Por falta de normas consagradas, o ritual varia de uma sinagoga para outra. A cerimônia é geralmente celebrada sexta-feira a noite, durante o serviço de Shabat, ou então na noite de sábado, como parte do serviço de Havdalá que assinala o término do Shabat. Ao tornar-se Bat-Mitzvá, "filha do mandamento", a menina ingressa na comunidade judaica adulta, assumindo formalmente sua responsabilidade religiosa perante o seu povo.
===========================================================================Quando a mãe não é judia, pode-se celebrar a Brit Milá, a circuncisão ritual do filho?
Não. De acordo com a lei judaica, é a mãe quem determina a identidade judaica dos filhos - é a mãe que da a luz, e ela que cria, é ela que educa. Portanto, se a mãe não nasceu judia, nem se converteu ao Judaísmo, então seu filho não pode ser submetido a nenhum ritual judaico (a não ser que ele pessoalmente opte por uma conversão formal ao Judaísmo, opção esta que a lei judaica lhe permite somente quando atingir a maioridade). O que pode ser feito, se os pais quiserem, é uma circuncisão realizada por um médico, sem o cerimonial tradicional. Porém é claro que não se trata de uma Brit Milá.
===========================================================================O Que é o Beit Din?
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O SHABAT
 
Por que os judeus não podem acender fogo aos sábados?
 
Pela lei judaica, o Shabat é um dia sagrado de descanso, e qualquer forma de trabalho é proibida. Acender o fogo é uma das poucas atividades explicitamente classificadas como "trabalho" na Bíblia: "não acendereis fogo nesse dia" (Êxodo 35:3). Posteriormente, os rabinos do Talmud ampliaram o conceito, considerando como "trabalho" todas as tarefas desempenhadas na construção do Tabernáculo. Chegaram assim a um total de 39 categorias de atividades proibidas no Shabat.
 
O que é e no que se baseia o Shabat?
 
Shabat, o dia de descanso, é o símbolo máximo do Judaísmo, a verdadeira essência da fé judaica. As origens do Shabat se encontram no Decálogo: "Pois Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. E Deus abençoou o dia do Shabat e santificou-o" (Êxodo 20:11). O Shabat é, portanto, uma afirmação da Criação Divina: nesse dia interrompemos o trabalho, pois assim fez o Criador. O dia de descanso conscientiza o homem de que ele não domina o mundo, e de que ele depende do poder supremo de Deus. Recebemos no Decálogo uma segunda explicação: "Lembrem-se que eram escravos no Egito e o Eterno os libertou; por isso Ele lhes ordenou observarem o dia do Shabat" (Deuteronômio 5:15). O Shabat é assim uma celebração da liberdade. O escravo não é livre - seu tempo não lhe pertence. Somente o homem que é dono do seu tempo é verdadeiramente livre. O homem livre domina a sua semana, e não se torna subserviente a ela. Fisicamente, o Shabat atende a uma necessidade básica do ser humano. O descanso é o corolário indispensável do trabalho. Nesse dia, o homem não está sujeito às tensões e às exigências da vida cotidiana. Socialmente, o Shabat e a essência da legislação democrática. É o clímax da justiça no sentido de que nesse dia, pelo menos, não há distinção de classe ou posição social. Todo ser humano tem direito a um dia de descanso semanal. No Shabat somos todos iguais.
 
O que significa Kidush?
A palavra "Kidush" significa "santificação". No contexto do Shabat e outros dias festivos, refere-se a uma benção especial recitada sobre o vinho. O Quarto Mandamento nos ordena "lembrar o Shabat, para santificá-lo". E como santificamos o Shabat? Recordando os dois eventos com os quais a observância do Shabat está relacionada na Torá: a Criação e o Êxodo. A bênção é recitada no lar antes das refeições festivas. É também cantada na sinagoga, para que os forasteiros que estejam passando o Shabat ou o feriado longe de seus lares também tenham a oportunidade de escutá-la. O vinho, como símbolo de vida e alegria, é o elemento mais apropriado para a santificação do Shabat. Entretanto, por uma questão de sensibilidade para com aqueles que não podiam se dar ao luxo de comprar vinho, os rabinos declararam que o Kidush também pode ser recitado sobre as chalot, os pães de Shabat.
 
Jogar futebol no Shabat e uma violação da lei do descanso?
Embora o esporte não seja considerado uma forma de trabalho pela definição talmúdica, as autoridades ortodoxas proíbem qualquer atividade esportiva no dia do descanso, achando que isto depreciaria a santidade do Shabat e tomaria um tempo que poderia ser dedicado a uma ocupação mais nobre, tal como o estudo da Torá.
Outras autoridades não se opõem, em princípio, mas chamam atenção para certas restrições legais. Por exemplo, a bola não pode ser carregada de uma área particular para outra pública, o que constitui uma violação da lei do descanso, segundo o código tradicional. No entanto, isto é facilmente evitável: basta que o jogo se realize num jardim ou outro local onde haja um eruv, alguma espécie de cercado ou muro, para que o campo possa ser qualificado como propriedade particular. Os liberais consideram válida a prática de esportes aos sábados, como uma forma de lazer que acrescenta alegria à observância do Shabat.
 
Por que é a mulher que acende as velas de Shabat?
Existem duas explicações bastante contraditórias.Embora contrária ao espírito do Judaísmo liberal, a interpretação tradicional é que a mulher cometeu a primeira transgressão no Jardim do Éden, e com isto extinguiu a luz da vida humana. Como uma forma de expiação, ela foi encarregada de acender as velas de Shabat, a fim de restaurar o brilho original daquela luz (Talmud Shabat 31b). 
A outra interpretação é que cabe à mulher a responsabilidade de trazer paz, serenidade e felicidade ao lar. Portanto deve-lhe ser concedida a honra de iniciar o Shabat. É importante frisar, entretanto, que se a mulher estiver ausente ou acamada, ou então se não mora nenhuma mulher naquela casa, o homem tem o dever de acender as velas.
 
O que é chalá?
A palavra "chalá" (plural "chalot") aparece pela primeira vez na Bíblia em referência aos doze pães que deveriam ser colocados sobre o altar no Tabernáculo. O mesmo termo designava um pequeno pedaço de massa que deveria ser reservado como uma oferta para os sacerdotes. Chalá é o pão festivo servido no Shabat (tradicionalmente em forma de uma trança alongada) e nos outros feriados.
 
Por que se colocam duas chalot na mesa de Shabat?
Uma explicação é que as duas chalot representam as duas fileiras de pães dispostas permanentemente na mesa do Tabernáculo. Eram substituídos por pães frescos todo Shabat, e os que eram retirados deviam ser consumidos pelos sacerdotes no próprio santuário. Outra explicação é que durante os quarenta anos no deserto, após saida do Egito, o povo judeu foi sustentado milagrosamente por meio de maná, um alimento que caía diariamente dos céu, numa quantidade suficiente para um dia. Às sextas-feiras, caía uma porção dupla de maná, para evitar que os israelitas tivessem que violar a lei colhendo o alimento no dia do descanso. Em lembrança desta porção dupla de maná, colocamos duas chalot na mesa de Shabat. O costume de salpicar sementes de papoula ou gergelim sobre as chalot provem do orvalho que sempre caía sobre o maná para preservação.
 
Nos bairros ortodoxos de Jerusalém, é freqüente os moradores atirarem pedras nos automóveis que circulam aos sábados (por ser uma violação das leis do Shabat). A lei judaica permite atirar pedras no Shabat?
De acordo com a Halachá, a lei religiosa, é estritamente proibido levantar uma pedra no Shabat. 0 Shulchan Aruch, "Orach Chayim", capítulo 308, parágrafo 7, diz: "É proibido carregar ou mover pedras no Shabat, mesmo que sirvam para tampar vasilhas." Mais proibido ainda atirar uma pedra, que pode provocar danos materiais e até mesmo físicos!Isto é fanatismo. É uma perversão da religião, praticada justamente por aqueles que dizem ser seus defensores. É uma profanação da lei e do espírito do Shabat.
 
O que é Havdalá?
"Havdalá" significa "separação": a separação entre o Shabat e o resto da semana, entre o espiritual e o material, entre o sagrado e o profano. Assim como santificamos o início do Shabat com o Kidush, santificamos sua conclusão com a Havdalá: o ritual que se realiza sábado ao anoitecer com uma taça de vinho, especiarias e uma vela trançada.
 
Como se justifica o Shabes goy?
Shabes goy é uma pessoa não-judia que de acordo com a lei judaica pode, sob certas circunstâncias, executar para os judeus as tarefas que estes não podem fazer sozinhos no Shabat. O Judaísmo nos proíbe qualquer tipo de trabalho no sétimo dia. Por esta razão, mobilizamos um não-judeu para nos substituir nas atividades necessárias. Tal costume não implica uma discriminação. Todos os homens, de todos os credos, foram criados "à imagem de Deus". Portanto temos todos direitos iguais. Uma pessoa não-judia pode ajudar seu irmão judeu no sábado, desde que ela tenha garantido seu própria dia de descanso no domingo, ou em outro dia qualquer. Enquanto estivermos dispostos a ajudar uns aos outros em nossos respectivos "dias de descanso", não há problema algum. Mas tem que ser recíproco. Porque somos todos nós filhos de um só Deus.
 
Minha opinião é a seguinte: Tal artimanha é sem dúvida um desrespeito  à lei do Eterno – O Shabat é para todos. Os gentios que viviam no meio do povo de Israel (estrangeiros) guardavam o Shabat – Não existe esse mandamento para os judeus usar os gentios como bodes expiatórios.
 
Por que e costume comer peixe no Shabat?
Uma das interpretações para este antigo costume e que, assim como o peixe não sobrevive fora da água, também o judeu não pode sobreviver sem a Torá – as águas vitais que nutrem sua alma e seu espírito. No Shabat, ressaltamos a imprescindibilidade deste aspecto espiritual da nossa existência.
 
Depois de acender as velas de Shabat, por que a mulher cobre os olhos com as mãos enquanto recita a benção?
Normalmente, qualquer benção deve ser recitada imediatamente antes do cumprimento da respectiva Mitzvá, para que não se pronuncie o nome de Deus "em vão". No caso das velas, não se pode seguir este princípio, porque, no momento em que é recitada a benção, inicia-se o Shabat e, portanto, a partir desse instante é proibido acender velas.
Para superar este dilema, a mulher primeiro acende as velas e em seguida fecha ou tampa os olhos e recita a benção. Somente depois de abençoar Aquele que ordenou a luz do Shabat, ela pode desfrutar a alegria de ver suas velas brilhando.
 
Existe uma hora certa para acender as velas de Shabat?
Uma vez que o acender das velas de Shabat não é um preceito bíblico, existem divergências quanto à hora certa de acendê-las. Na maior parte das comunidades judaicas, elas são acesas sexta-feira à tarde, 18 minutos antes do pôr-do-sol. Em Jerusalém, é costume acendê-las 40 minutos antes do pôr-do-sol. O essencial é que elas já estejam acesas quando escurece, para que não seja profanado o Shabat.
 
 
 
Por que se coloca sal na chalá antes de comer?
 
O sal acompanhava todos os sacrifícios levados ao altar do antigo Templo. Comendo pão com sal, revivemos simbolicamente o passado e reforçamos o conceito judaico de que "a mesa é como um altar" (Talmud Brachot 55a).Outra interpretação: o sal, por sua própria natureza, é uma substância que preserva os alimentos e não os deixa deteriorar. O uso do sal na chalá de Shabat representa assim nosso desejo de preservar a Aliança entre o Todo-Poderoso e o Povo de Israel.
 
Por que a congregação se vira em direção à porta enquanto é cantado o hino "Lechá Dodi" no serviço religioso sexta-feira à noite?
Os rabinos do Talmud comparam o Shabat a uma noiva e rainha, que deveria ser acolhida festivamente. No século XVI os místicos de Safed instituiram um ritual de "Kabalat Shabat" ("acolhida do Shabat") que consistia em ir até os campos nos arredores da cidade para receber simbolicamente a "noiva" com cantos de júbilo. Daí provém o costume de virar-se em direção à porta enquanto é cantado o hino "Lechá Dodi", a canção de boas-vindas à Rainha Shabat, a noiva do Povo de Israel.
 
Por que se acendem duas velas nas vésperas do Shabat? Poderia ser uma, ou três ou mais?
Devemos acender no mínimo duas velas, representando simbolicamente as duas expressões do Quarto Mandamento: "Zachor et yom ha'Shabat le'kadsho", "Lembrem o dia do Shabat para santificá-lo" (Êxodo 20:8); e "Shamor et yom ha'Shabat le'kadsho", "Guardem o dia do Shabat para santificá-lo" (Deuteronômio 5:12). Em alguns lares judaicos, acendem-se três ou mais velas, ema para cada membro da família. Quando está presente alguma convidada, pode-se colocar uma vela a mais para ela acender. Mas não é obrigatório. O importante é que haja luz. Luz de Shabat. Luz para iluminar um mundo sombrio.
 
Por que se costuma cantar o hino "Shalom Aleichem" quando se volta para casa na sexta-feira à noite, após o serviço religioso?
O hino foi introduzido pelos cabalistas no século XVI. É um canto de boas-vindas aos anjos do Shabat: "A paz esteja convosco, anjos que sevem a Deus, emissários do Senhor!" Diz uma lenda talmúdica que dois anjos nos acompanham quando voltamos da sinagoga para casa na sexta-feira à noite - o Anjo do Bem e o Anjo do Mal. Eles observam o ambiente no lar. Se a casa está festivamente preparada para o Shabat, a mesa coberta com uma toalha branca, as chalot prontas, as velas acesas - o Anjo do Bem diz: "Que o próximo Shabat seja como este", o Anjo do Mal tem que responder: "Amém!". Se, por outro lado, os anjos encontrar a casa em desordem e nada preparado para o Shabat, é o Anjo do Mal quem diz: "Que o próximo Shabat seja como este", e o Anjo do Bem é obrigado a responder: "Amém!"
 
Por que é costume usar uma toalha branca na mesa de Shabat?
Primeiro em lembrança do maná, o alimento milagroso que caía dos céus e formava uma camada branca sobre a superfície do deserto, conforme o relato no Livro Êxodo. Segundo, porque a mesa no Tabernáculo onde se colocavam as chalot (os pães) é descrita como "a mesa pura diante de Deus" (Levítico 24:6). A cor branca é símbolo de pureza.
 
Por que se acendem velas antes do Shabat e dos feriados?
A Torá proíbe explicitamente o ato de produzir fogo durante o Shabat: "Lo tevaaru eish bechol moshvoteichem, be'yom ha'Shabat" (Êxodo 35:3). Interpretando esta lei ao pé da letra, algumas seitas judaicas antigas proibiram não só a criação do fogo, mas tambéem sua utilização - nenhum calor, nenhuma luz, nenhum alimento quente no Shabat! Alguns radicais foram ainda mais longe: considerando a paixão sensual como uma forma de "fogo ardente", eles insistiam na abstinência sexual durante o dia sagrado de descanso. E assim, o Shabat, que deveria ser marcado pela alegria e prazer, foi transformado num dia de escuridão e tristeza. Em protesto contra essa visão restritiva, os rabinos ordenaram que se acendessem velas antes do início do Shabat. Recebendo nossos dias santos com luminosidade e calor, ressaltamos seu caráter festivo. Neste sentido, acender o fogo do amor no Shabat, longe de ser uma profanação, é um ato sagrado, uma verdadeira Mitzvá.
 
Por que a vela de Havdalá tem que ser uma vela trançada?
A explicação está na benção que se recita durante a Havdalá: "Baruch Ata Adonai, Eloheinu Melech ha’olam, borei me’orei ha’esh", "Bendito sejas, o Eterno nosso Deus, Rei do Universo, Criador das Iuzes do fogo." "Luzes": a palavra está no plural. E por quê? Porque se refere à luz da Criação: "maor ha’gadol" e "maor ha’katan" (Gênesis: 1:16), a luz maior e a Iuz menor, o sol e a lua. Por este motivo, são necessárias pelo menos duas chamas. Quando não se tem uma vela trançada com dois pavios, pode-se segurar junto duas velas comuns.
 
Por que e costume cantar zmirot (canções tradicionais) na mesa do Shabat?
A razão havia é que a música acrescenta calor e alegria à celebração do Shabat.
Existe uma outra razão, um pouco mais sofisticada. O Shabat é essencialmente um dia de aprimoramento da mente e do espírito. Neste contexto, quando a família se reúne para a refeição de Shabat, o ideal seria que a conversa girasse em torno de temas filosóficos e religiosos. Uma vez que nem todos tem a base intelectual necessária para participar de tais discussões, resolveu-se que a melhor forma de transmitir as valiosas mensagens do Judaísmo seria através de melodias letradas, facilmente captadas por qualquer pessoa. O costume de cantar zmirot foi introduzido pelos cabalistas da cidade de Safed, no século XVI, e difundiu-se pelo mundo afora.
 
 
Por que as chalot e a faca com a qual elas serão cortadas ficam cobertas antes da benção?
Os rabinos dizem que este costume nos ensina dois importantes valores judaicos: a dignidade humana e a preciosidade da paz. Na mesa de Shabat, as velas estão colocadas em belos candelabros e o vinho está dentro de uma linda taça. Enquanto as bençãos sobre as velas e o vinho estão sendo recitadas, as chalot estão "abandonadas" sobre a mesa. Os rabinos decretaram então que, a fim de evitar que as chalot sintam-se humilhadas, elas devem permanecer cobertas até a hora em que se recita a benção sobre o pão. Preocupando-nos com a dignidade dos objetos inanimados, aprendemos também a preocupar-nos com a dignidade do nosso semelhante. Por que cobrir a faca? No Shabat, nossos pensamentos se voltam para a paz e a harmonia. Cobrimos a faca, portanto, para impedir que um símbolo visível de guerra e violência deturpe o espírito do Shabat. Alguns vão ainda além, recomendando que se parta o pão com as mãos, em vez de cortá-lo com uma faca.
 
 
Por que o ritual da Havdalá inclui uma benção sobre especiarias?
 
De acordo com uma lenda rabínica, cada judeu recebe no Shabat uma alma adicional: figurativamente, a paz de espírito que nos invade no dia do descanso, expulsando todas as tensões e preocupações do cotidiano. Quando termina o Shabat e a "alma extra" vai embora, sobrevém uma sensação de tristeza. O aroma estimulante das especiarias (bessamim) é uma injeção de ânimo, uma compensação simbólica pela perda de energia espiritual.
 
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DO NASCIMENTO A MAIOR IDADE
 
Por que os meninos judeus são circuncidados?
A circuncisão é o sinal sagrado da Aliança entre Deus e o povo judeu. Foi praticada pela primeira vez por Abraão- em si próprio, em seu filho Ismael e em todos os homens de sua casa - depois que Deus lhe ordenou: "Guardarás a Minha Aliança tu e tua posteridade nas gerações futuras... Todo homem entre vós será circuncisado no oitavo dia do seu nascimento" (Gênesis 17:9-12). O ritual da Brit Milá "pacto da circuncisão", é executado dentro das mais perfeitas normas de higiene por uma pessoa especializada, o mohel, o qual, de acordo com a lei judaica, deve ser um judeu rigorosamente praticante. Além da criança e do mohel, participam da cerimônia o pai, que recita uma benção especial, e o sandak (padrinho), que segura a criança no colo durante a circuncisão. Nesta ocasião dá-se ao menino o nome hebraico. A Brit Milá marca o ingresso do menino na comunidade dos filhos de Israel. é o primeiro passo para a integração da criança na tradiçao religiosa de seus pais. A prática tem sido mentida pelos judeus através dos séculos, mesmo nas circunstâncias mais adversas, e além dos preceitos que mais contribuiu para preservar a unidade e a particularidade do povo judeu.
 
Quando a mãe não é judia, pode-se celebrar a Brit Milá, a circuncisão ritual do filho?
Não. De acordo com a lei judaica, é a mãe quem determina a identidade judaica dos filhos - é a mãe que da a luz, e ela que cria, é ela que educa. Portanto, se a mãe não nasceu judia, nem se converteu ao Judaísmo, então seu filho não pode ser submetido a nenhum ritual judaico (a não ser que ele pessoalmente opte por uma conversão formal ao Judaísmo, opção esta que a lei judaica lhe permite somente quando atingir a maioridade). O que pode ser feito, se os pais quiserem, é uma circuncisão realizada por um médico, sem o cerimonial tradicional. Porém é claro que não se trata de uma Brit
 
Qual o significado da Bar-Mitzvá?
"Bar-Mitzvá" em aramaico, significa "filho do mandamento". Ao completar treze anos, o menino atinge a maioridade religiosa perante a lei judaica, e passa a ser pessoalmente responsável pelo cumprimento das Mitzvot, os mandamentos. Esse status legal e religioso é reconhecido publicamente através da cerimônia de Bar-Mitzvá que se realiza geralmente (mas não necessariamente) no primeiro Shabat após o 13o. aniversário do menino pelo calendário. Nessa ocasião o jovem é chamado pela primeira vez para ler um trecho da Torá e/ou recitar as bençãos antes e depois da leitura. O costume de Bar-Mitzvá, da forma como nós o conhecemos, é relativamente moderno. Nem a Bíblia nem o Talmud mencionam tal cerimônia. A primeira referência escrita sobre sua celebração encontra-se no Shulchan Aruch, código religioso redigido no século XVI. A Bar-Mitzvá é um acontecimento dos mais significativos, pois marca o ingresso do jovem na comunidade adulta judaica, com todas as responsabilidades e privilégios decorrentes. A partir desse dia, por exemplo, ele pode integrar um minyan, o quórum de dez homens exigido para a realização de qual quer ato religioso de caráter público. Cada Bar-Mitzvá constitui um renascimento simbólico da fé judaica, uma reafirmação dos valores e das tradições sobre os quais repousa o futuro do povo judeu.
 
É proibido pela lei judaica dar ao recém-nascido o mesmo nome do pai ou de outro parente próximo, quando estes estão vivos?
 
Não há proibição. O que existe, entre os judeus ashkenazim, um costume de não dar à criança o nome de parentes vivos. Porém não existe na lei judaica nada que o impeça. Tanto assim, que é muito comum entre os sefardim dar ao filho justamente o nome do pai ou do avô como uma forma de ressaltar hemshech, continuidade, em vida.
 
Há alguma cerimônia para dar-se o nome ao bebê recém nascido, no caso de ser uma menina?
A Halachá, a lei judaica, não estipula nenhuma regra sobre a maneira de dar o nome à criança. É costume, entretanto, o pai comparecer a sinagoga no primeiro Shabat após nascimento de uma filha. Nessa ocasião ele é chamado à leitura da Torá e declara o nome hebraico que será dado à menina. A cerimônia é celebrada alegremente perante toda a congregação, e geralmente seguida de um Kidush festivo. Um costume recente que vem se tornando cada vez mais popular entre os judeus liberais e a cerimônia de Simchat Bat ("Alegria por uma Filha"), também chamada de Brit ha'Chayim ("Pacto da Vida"), uma celebração que se realiza em casa alguns dias ou semanas após o nascimento de uma menina Uma vez que não se trata de uma comemoração haláchica, o ritual não segue normas preestabelecidas, podendo ser elaborado com criatividade e sensibilidade pelos próprios pais e pelo rabino da família, baseado nos moldes da cerimônia de circuncisão (Brit Milá).
 
Qual o significado da Bat-Mitzvá?
A Bat-Mitzvá corresponde à maturidade religiosa alcançada pela menina judia aos doze anos. A instituição é bem mais recente que a Bat-Mitzvá, uma vez que dentro do Judaísmo ortodoxo, as mulheres eram dispensadas dos estudos religiosos e eram sujeitas a um número bem menor de mandamentos do que os homens. Ate há pouco tempo, a cerimônia de Bat-Mitzvá era celebrada somente pelas congregações conservadoras e reformistas. Em 1982, entretanto, ela foi oficialmente declarada "legítima e válida" pelo Rabino-Chefe Sefardi de Israel, Ovadia Yosef. A preparação é semelhante a dos meninos, excetuando- se a colocação dos tefilin e do talit. Através de um período de estudos, a menina e conscientizada do seu papel de futura mãe judia, responsável pela transmissão dos eternos valores do Judaísmo.Por falta de normas consagradas, o ritual varia de uma sinagoga para outra. A cerimônia é geralmente celebrada sexta-feira a noite, durante o serviço de Shabat, ou então na noite de sábado, como parte do serviço de Havdalá que assinala o término do Shabat.Ao tornar-se Bat-Mitzvá, "filha do mandamento", a menina ingressa na comunidade judaica adulta, assumindo formalmente sua responsabilidade religiosa perante o seu povo.
 
Por que foi escolhida a idade de treze anos como marco da maioridade religiosa?
Não existe nenhuma referência bíblica associando a idade de treze anos a maturidade religiosa. Entretanto, o Talmud menciona que "ate o décimo terceiro ano, o pai tem responsabilidade pelo seu filho". E a Ética dos Pais afirma que aos treze anos, o jovem e responsável pelo cumprimento dos mandamentos da fé judaica.
 
 
O que significa a "redenção dos primogênitos"?
 
É uma bela cerimônia chamada em hebraico Pidyon Ha'Ben, que se realiza no 31 dia de vida do filho primogênito de mãe judia, nascido de parto natural. A tradição tem origem no êxodo do Egito. Enquanto os primogênitos egípcios foram mortos, os hebreus foram poupados, e Deus exigiu que a partir de então todos os primogênitos hebreus fossem consagrados a Ele, isto é, ao serviço no Templo. Mais tarde, quando o sacerdócio foi oferecido a Aarão e seus descendentes (os Kohanim), e a função de assistentes dos sacerdotes foi atribuída aos levitas, Deus instituiu a redenção dos outros primogênitos (isto é, os israelitas), como um meio simbólico de livrá-los da obrigação de servirem no Templo. O resgate deveria ser feito mediante o pagamento de cinco moedas de prata (shekalim) ao Kohen. Além do aspecto histórico, a cerimônia é uma expressão de gratidão ao Todo-Poderoso por ter dado um primeiro filho ao casal.
 
Qual o procedimento para uma família judaica adotar uma criança não sabendo a religião dos pais biológicos?
 
A premissa é a seguinte: quando não temos condições de verificar a religião do filho adotivo, devemos por precaução supor que a criança não é judia. Portanto, torna-se necessária uma conversão de acordo com a lei judaica. O menino pode ser convertido na hora da circuncisão, a menina, por ocasião da imersão no banho ritual (mikvá). Uma vez que a criança sendo pequena, não está decidindo por si, os pais adotivos apresentam-se como "agentes" perante um Beit Din, uma corte rabínica, que concede sua aprovação à conversão. Entretanto, já que a criança não tomou uma decisão consciente, ela tem o direito, de acordo com a lei judaica, de renunciar ou confirmar a conversão ao atingir a puberdade, isto é, aos doze anos para as meninas e treze anos para os meninos. Depois dessa idade, os pais não podem converter os filhos sem o consentimento destes.
 
Por que o primogênito nascido de cesariana não precisa ser redimido?
A Torá define como filho primogênito, petor rachem, "aquele que abre o útero de sua mãe" (Êxodo 13:2). Portanto, somente o primeiro filho nascido de parto natural precisa ser redimido. Mais ainda, se a mãe tiver sofrido um aborto natural numa gravidez anterior, o primeiro filho já é considerado o primogênito, uma vez que outro feto "abriu o útero" antes dele.
 
Qual a origem da festa de Bar ou Bat-Mitzvá depois da cerimônia?
O costume surgiu na Idade Média, quando a cerimônia de Bar-Mitzvá era seguida de uma seudat mitzvá, uma refeição festiva comemorando o cumprimento de uma obrigação sagrada. Para acentuar o caráter religioso da festa, o jovem Bar-Mitzvá discorria sobre o trecho semanal da Torá ou outro tema judaico, demonstrando assim os conhecimentos que havia adquirido até então. É interessante notar que já naquela época, algumas autoridades, com receio que o luxo excessivo pudesse deturpar o verdadeiro sentido da festa, estabeleceram determinadas regras limitando o número de convidados e exigindo certo grau de sobriedade. O costume contemporâneo de celebrar a Bar-Mitzvá com pompa e ostentação é totalmente contrário ao espírito da lei judaica.
 
Por que se reserva uma cadeira para o Profeta Elias durante a Brit Milá?
Um Midrash relata que num determinado período da história judaica, sob a influência da perversa Rainha Jezebel, as Dez Tribos de Israel quiseram abolir a prática da circuncisão. O protesto do Profeta Elias contra essa atitude irritou a rainha e ela ordenou que ele fosse morto. Elias conseguiu escapar, e o Todo Poderoso prometeu-lhe, em reconhecimento pela sua devoção e coragem, que nenhuma circuncisão a partir daquele dia poderia se realizar sem a sua presença. Por esta razão reserva-se uma cadeira especial para o Profeta Elias, na qual o bebê é colocado antes do inicio da circuncisão.
 
Por que não se celebra o Pidyon Ha'Ben nas famílias Kohen ou Levi?
Se o pai é Kohen ou Levi, o filho adquire por hereditariedade o respectivo titulo, bem como as funções inerentes a ele. Assim sendo, ele não precisa ser redimido da obrigação de servir no Templo.
 
A Bar-Mitzvá pode ser realizada em outros dias fora o Shabat?
A cerimônia pode ser realizada em qualquer dia no qual seda lida a Torá: às segundas e quintas-feras, no Shabat e nos feriados, dependendo do costume da respectiva sinagoga.
 
É permitido fazer a Brit Milá no Shabat ou nos outros feriados judaicos?
 
Desde os dias de Abraão os meninos judeus são circuncidados no seu oitavo dia de vida, marcando assim seu ingresso na comunidade do Povo de Israel. A Mitzvá da Brit Milá é tão sagrada que deve ser cumprida mesmo quando o oitavo dia cai no Shabat ou em qualquer outro feriado, inclusive Yom Kipur. Só se justifica um adiamento em caso de bebês prematuros ou doentes, cujo estado de saúde não permite a circuncisão naquele dia.
 
Pode-se realizar a cerimônia de Pidyon Ha'Ben no Shabat?
Não. Uma vez que o ritual envolve uma "transação comercial" (o pagamento feito pelo pai ao Kohen), ele não pode se realizar no Shabat e nos feriados principais. Neste caso, a cerimônia é adiada para o próximo dia.
 
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Casamento e Divórcio
 
Por que é proibido aos judeus casarem-se com uma pessoa cristã, a não ser que esta se converta ao Judaísmo?
Afirmamos a importância da unidade e unicidade religiosa da família, seja qual for a religião. O casamento já é suficientemente complicado e complexo quando marido e mulher compartilham a mesma fé. Acrescentar divergências religiosas aos problemas cotidianos só pode gerar maiores tensões e conflitos. Além do mais, a família é o melhor meio para perpetuar os valores universais e as tradições religiosas. Acreditamos que todas as religiões são igualmente validas. Porque Deus é Um só Mas existem caminhos diversos para se chegar a Ele. E é preciso manter-se num deles, seja lá qual for, a fim de não se perder. Nunca atingiremos o universal obliterando nossas diferenças. Cabe a família cristã preservar o Cristianismo, e a família judaica preservar o Judaísmo.Desta forma, estamos não só fortalecendo nossos respectivos credos, como também revigorando a instituição da família nestes dias conturbados em que vivemos.
 
Como a religião judaica encara o divórcio?
O Judaísmo considera o matrimônio um vinculo sagrado, um compromisso que não pode ser rompido levianamente. Em nossa tradição, a separação de um casal Sempre foi vista como uma verdadeira tragédia.No entanto, a lei judaica não proíbe o divórcio. Ela reconhece que ainda mais trágica do que uma separação, é uma vida de desamor familiar. Um lar que permanece fisicamente intacto, mas que já se desmoronou espiritualmente, e muito mais prejudicial para os pais e para as crianças do que um divórcio. Desde que ambos os cônjuges expressem o desejo de uma separação definitiva, o divórcio judaico (get em hebraico) e então formalizado sob orientação rabínica. Um casamento consagrado pela Lei de Moisés e Israel só pode ser dissolvido de acordo com a Lei. A cerimônia do get processa-se na presença de duas testemunhas e de um escriba que prepara à mão o documento de divórcio, o qual é lido e arquivado pelo rabino ou um tribunal de três rabinos. Marido e mulher recebem uma carta (z) atestando oficialmente a consumação do divórcio e dando-lhes o direito de se casarem novamente. A esposa só pode contrair novas núpcias após o prazo de 92 dias, evitando assim qualquer dúvida sobre a paternidade, caso ela venha a conceber um filho do segundo marido.
 
Por que o noivo quebra um copo no final da cerimônia de casamento?
 
Trata-se de um costume sujeito a diversas interpretações. A explicação tradicional é que a quebra do copo representa a recordação da destruição do antigo Templo. Ser judeu é ter memória. É lembrar as tristezas do passado, mesmo nos momentos mais felizes do presente. Mais ainda, ser judeu é pertencer a uma Comunidade. Mesmo nas ocasiões de júbilo pessoal, o judeu não esquece o sofrimento do seu povo através dos séculos. Outra explicação, baseada arenas em superstição, diz que o barulho do vidro se partindo é um meio de afugentar os maus espíritos.  Alguns acham que a quebra do copo simboliza um rompimento com a vida passada dos noivos. As faltas anteriores são perdoadas, para que marido e mulher ingressem no casamento sem quaisquer sentimentos de culpa que poderiam prejudicar seu relacionamento. Outra interpretação é que quebrando o copo, os noivos se conscientizam da fragilidade das relações humanas e da necessidade de tratar um ao outro com delicadeza, consideração e sensibilidade. Mais ainda, a quebra do copo no final da cerimônia simboliza a essência de uma vida a dois: a combinação de idealismo e - realismo voar alto, mas sempre com "pés no chão". O casamento não é um mar de rosas, e sim um fluxo contínuo de altos e baixos. Declarar "eu te amo" quando as coisas vão bem não representa uma verdadeira prova de amor. Infinitamente mais profundo é dizer "eu te amo" nas horas difíceis. Com o copo, o marido esta declarando à sua esposa: "Compartilharemos tudo, inclusive os destroços. Juntos, dividiremos as dores e multiplicaremos as alegrias."
 
A lei judaica permite a poligamia?
De acordo com a Torá, Abraão tinha três esposas, Jacob tinha duas, e o Rei Salomão tinha nada menos que 700 esposas e 300 concubinas! Portanto, a poligamia não era proibida. No entanto, com exceção destes e alguns outros casos isolados, o Judaísmo se baseia na monogamia. A historia de Adão e Eva pressupõe isto. Noé em seu propósito de preservar a vida humana e animal, tinha uma única esposa, e levou consigo na arca apenas um par de cada espécie animal. Os profetas descrevem a relação entre Deus e Israel através da metáfora de um casamento monogâmico: os judeus amavam um único Deus (ha'Shem Echad), e Deus escolheu um único povo (Am Echad). A poligamia nunca foi recomendada. Ela foi aceita nos tempos bíblicos, talvez pela necessidade de maior procriação nos primórdios da nossa história. Porém, ela era considerada uma forma social primitiva, e como tal foi gradativamente se autodestruindo, tendo sido oficialmente proibida no século Xl. Moralmente e ideologicamente, não há dúvida alguma de que o Judaísmo apoia firmemente o casamento monogâmico como o padrão ético por excelência.
 
Como a lei judaica encara o adultério?
O adultério é proibido pelo Sétimo Mandamento. De acordo com a Bíblia, ambos os culpados - o homem e a mulher - seriam punidos com a morte. No entanto, é interessante observar que a lei judaica só considera como adultério a relação entre um homem e uma mulher casada (que não seja sua esposa, obviamente). A relação de um homem casado com uma mulher solteira, viúva ou divorciada, embora certamente não seja recomendada, não é explicitamente proibida.
 
 
 
Por que a lei judaica diz que a aliança não pode conter pedras preciosas?
Antigamente, o valor do anel era um fator importante nas negociações prévias entre as duas famílias. Se ele contivesse pedras preciosas, seu custo exato seria difícil de determinar. Mais ainda, um noivo pobre poderia se sentir envergonhado por não poder dar à sua noiva uma aliança tão ornamentada quanto a dos ricos.Outra interpretação é que um defeito numa pedra preciosa permanente, enquanto que uma falha num anel de ouro puro pode ser removida facilmente através do polimento. Usando, para os fins da cerimônia de casamento, um simples aro de ouro, sem preciosas, ressaltamos que não existe nenhum problema dia-a-dia entre marido e mulher que não possa ser corrigido nado com um pouco de paciência, boa vontade e compreensão.
 
Existe uma cerimônia de noivado judaico?
 
Existe, sim. Chama-se t'naim, que significa "condições" é uma promessa mútua, um contrato para um futuro casamento, feito pelos próprios noivos ou pelos seus pais ou agentes. Originalmente, a cerimônia de t'naim não tinha uma conotação legal. Ela adquiriu um caráter mais formal somente nos tempos talmúdicos, quando foi elaborado um documento especial, shtar t'naim, contendo todos os detalhes do acordo de noivado. O documento era assinado pelos noivos e por seus agentes, e o contrato só podia ser dissolvido perante uma corte rabínica. Tal era a importância atribuída pelos rabinos ao noivado que eles consideravam a noiva uma semi-esposa e o noivo um semi-esposo. A infidelidade durante o noivado era equivalente ao adultério. A cerimônia de t'naim é celebrada hoje em dia principalmente entre os Judeus sefardim. Um prato de porcelana é quebrado, pela mesma razão que se quebra um copo de vidro durante o casamento, e uma multa é estipulada no caso de rompimento do contrato. Para confirmar simbolicamente o acordo, os noivos e as testemunhas seguram as pontas de um lenço, um ritual que se chama em hebraico kinyan sudor.
 
Por que em alguns casamentos a noiva dá três ou sete voltas ao redor do noivo durante a cerimônia?
A prática baseia-se num versículo messiânico do Livro de Jeremias: "A esposa cercará o esposo." Há duas interpretações para este versículo. Uma é que a esposa o cercará de cuidados. A segunda é que a vida da esposa girará em torno do seu marido.Por considerarem estas interpretações um tanto "machistas",muitas sinagogas liberais aboliram o costume. Quanto ao número de voltas: sete é o número de dias na semana, é também o número de pessoas que são chamadas para a Torá no Shabat, e é o número de voltas que se dá carregando os rolos da Lei em Simchat Torá. Além disto, a Bíblia repete sete vezes a frase: "Quando um homem desposar uma mulher. . ." O número três, por sua vez, representa as três repetições -comidas na promessa de Deus à Sua "noiva", Israel: "Desposar-te-ei para sempre; desposar-te-ei conforme a justiça e o direito, com compaixão e ternura; desposar-te-ei com fidelidade" (Oséias 2:21-22).
 
O que é o Levirato?
Levirato (yibum em hebraico) a lei que obriga um homem judeu a se casar com a viúva do seu irmão, caso este tenha falecido sem deixar filhos (Deuteronômio, capitulo 25). A palavra em português vem do latim "levir", que significa "cunhado". Embora a união com a esposa do próprio irmão esteja entre os relacionamentos incestuosos proibidos pela Torá, a lei faz uma única exceção no caso do falecido não ter deixado filhos, a fim de evitar a calamidade de se extinguir a linhagem familiar. O irmão sobrevivente tornava-se responsável pela mitzvá de gerar um herdeiro que perpetuasse o nome do falecido. Se ele se recusasse a casar com a cunhada viúva, ambos deviam comparecer diante dos anciãos, que realizavam então a cerimônia de chalitzá, desobrigando-os formalmente do compromisso. Com o tempo, o costume do Levirato foi causando muitas complicações morais e legais, tais como a situação matrimonial do cunhado quando este já era casado. Os rabinos chegaram à conclusão de que seria melhor abolir a prática, e em 1950 o Rabinato de Israel proibiu o casamento Levirato. A chalitzá, entretanto, foi mantida e é obrigatória. A cerimônia é presidida por uma corte rabínica.
 
Por que a cerimônia judaica de casamento se realiza sob a chupá?
A chupá, o pálio matrimonial que acolhe os noivos no momento de sua unido perante Deus, representa simbolicamente o novo lar que esta prestes a ser construído - onde o casal dever. viver segundo os mandamentos da lei judaica, mantendo as tradições milenares do seu povo.A simplicidade da chupá (um pano sustentado por quatro hastes, ou às vezes um talit) ensina aos noivos que o essencial não é a ostentação exterior, mas sim a riqueza interior, aqueles valores fundamentais - amor, carinho e devoção - que farão de sua casa um verdadeiro lar. Um belo costume nos tempos antigos era plantar um pinheiro quando nascia uma menina, e um cedro quando nascia um menino. Quando eles se casavam, fazia-se a chupá entrelaçando os galhos dessas duas arvores. Era um símbolo de dois seres que crescem separadamente e, através do casamento, se unem num só.
 
Por que é o próprio noivo quem cobre a noiva com o véu?
A Bíblia conta a história de Jacob, que trabalhou sete anos para seu futuro sogro, a fim de obter a mão de sua amada Raquel em casamento. Na noite das núpcias, o pai de Raquel levou propositadamente sua filha mais velha, Léa para unir-se com Jacob, e este somente percebeu a troca na manhã seguinte. Daí surgiu o costume do noivo ver a noiva antes que seu rosto esteja coberto pelo véu, para ter certeza que ele irá desposar a mulher certa. Depois de olhar para a noiva, ele mesmo a cobre com o véu, uma tradição chamada em Yidish "badeken di kala", enquanto é recitada a bênção bíblica invocada sobre Rebeca: "Ó irmã! Que possas tornar-te a mãe de milhares de miríades!" (Gênesis )
 
O que é o aufruf?
Trata-se de urna celebração realizada na sinagoga para homenagear o noivo no Shabat anterior ao seu casamento. De acordo com o Talmud, o costume provém desde os tempos do Rei Salomão, porem naquela época o tributo era prestado do lado de fora do Templo. A palavra "aufruf" significa em alemão "chamada". No sábado de manha, perante toda a congregação reunida, o noivo recebe a honra de uma aliyá isto é, ele é chamado para subir ao altar e recitar as bençãos antes e depois da leitura da Torá. Em algumas comunidades, especialmente as de origem oriental, costuma-se jogar nozes, passas e balas sobre o noivo quando ele conclui a benção final, como prenúncio de doçura e prosperidade no casamento. Os rabinos vêem nesta tradição um outro significado simbólico. Assim como as nozes podem ser doces ou amargas, assim também o casamento pode ter harmonia ou discórdia. Mais ainda, a palavra hebraica para "noz", "egoz", tem o mesmo valor numérico que as palavras "chet" (pecado) é "tov" (bom). Em última análise, o relacionamento entre o casal dependerá do caráter e dos esforços do marido e da esposa.
 
É verdade que um filho não pode assistir ao segundo casamento de seu pai viúvos?
Em certas comunidades, é costume os filhos jejuarem no dia em que seu pai viúvo (ou mãe viúva) se casa novamente. Daí origina a prática dos filhos não tomarem parte nesta cerimônia de casamento. Entretanto, não há nenhuma lei que o proíba. O Todo-Poderoso declara explicitamente que "não é bom o homem estar só" (Gênesis 2:18). De acordo com a lei judaica, a única restrição quanto ao casamento de um viúvo e que ele não seja realizado durante os trinta primeiros dias de luto. No caso de uma viúva, ela deve esperar três meses, para que se tenha certeza de que ela não estava grávida do primeiro marido Observadas estas condições, o segundo casamento é tão abençoado quanto o primeiro, e a cerimônia pode ser assistida por qualquer pessoa, inclusive pelos filhos do casamento anterior.
 
Dizem que terça-feira é um dia de sorte para casamentos, e segunda-feira é uma dia de azar. Por que?
Segundo o Livro de Gênesis, no final de cada dia da Criação, Deus contemplou Sua obra, "e Deus viu que isto era bom.'' No relato referente ao terceiro dia (terça-feira), esta frase é repetida duas vezes, enquanto que no segundo dia (segunda-feira) ela é omitida.
 
 
O que é a ketubá?
A ketubá é o contrato de casamento judaico, instituído há mais de dois milênios e originalmente escrito em aramaico. Embora fizesse referência ao dote da noiva e aos direitos de propriedade do marido, o documento garantia também os direitos da mulher e continha cláusulas para protegê-la em caso de divórcio ou morte do marido. Tradicionalmente, a ketubá é assinada pelo noivo e duas testemunhas antes do início da cerimônia, e é lida perante todos os presentes quando os noivos estão sob a chupá.A ketubá pode ser escrita a mão ou impressa. Embora o texto deva obedecer certas normas rabínicas, não existe nenhuma restrição quanto ao formato e decoração da mesma. Assim, criar ketubot tornou-se uma forma de arte autenticamente judaica, que dá plena liberdade a criatividade do  artista. Atualmente, muitas ketubot são escritas em hebraico e/ou na língua vernácula. Entre os judeus liberais, o documento leva em conta a igualdade dos sexos, tendo portanto um caráter de compromisso mútuo entre marido e mulher, que é assinado por ambos.
 
Por que a noiva usa um véu durante a cerimônia de casamento?
A tradição tem origem na história de Rebeca, que cobriu-se com um véu quando viu se aproximar seu futuro marido, Isaac (Gênesis 24:65). Alguns dizem que a finalidade de cobrir o rosto é impedir que outros homens lancem um olhar libidinoso à noiva no dia do seu casamento. O véu seria então uma demonstração pública de que noiva pertence exclusivamente ao seu futuro esposo.
Uma linda interpretação é que, assim como se cobre os olhos com a mão quando se recita o "Shemá" (a declaração de fé em Deus), assim também a noiva cobre os olhos com o véu para demonstrar sua confiança "cega" no futuro marido. Em algumas comunidades chassídicas e orientais, onde não existe o costume do véu, a noiva é conduzida ao altar com os olhos vendados - seguindo este mesmo simbolismo.
 
Por que em alguns casamentos, a aliança é primeiro no dedo indicador da mão direita da noiva, é transferida para o anular da mão esquerda?
 
Antigamente, costumava-se colocar a aliança no dedo indicador da mão direita, porque achava-se que sendo este o dedo saliente, seria mais fácil para as testemunhas enxergarem a colocação do anel. Outra explicação: o dedo indicador aponta simbolicamente para o futuro. O amor, sob a perspectiva judaica, não é apenas a causa do casamento, mas acima de tudo a conseqüência do mesmo
No século XV, surgiu uma crença de que no anular da mão esquerda passa uma veia que vai diretamente ao coração. Tornou-se costume então transferir a aliança para o anular logo após a cerimônia. Nas sinagogas mais liberais, a aliança é colocada diretamente no anular.
 
 
Por que os noivos trocam alianças?
Na sua forma original, o casamento era essencialmente um ato de aquisição: o noivo "adquiria" a noiva, e a transação era selada por meio do pagamento de uma moeda de ouro ou prata, a qual tinha um determinado valor mínimo. Com o passar do tempo, a moeda foi substituída por um anel, embora muitos judeus de origem oriental ainda usem uma moeda na cerimônia de casamento.
Antigamente, somente a noiva recebia uma aliança, e tal pratica é preservada entre os ortodoxos. Os liberais, por outro lado, dentro do espírito da igualdade dos sexos, instituíram uma troca de alianças entre os noivos. Por que um anel e não outro objeto qualquer? Existem várias explicações. No Egito antigo, o anel era um sinal de autoridade. A Bíblia relata que o Faraó deu seu anel a José quando lhe concedeu poderes para governar o Egito (Gênesis 41:42). Os rabinos ressaltam que o poder associado ao anel pode ser usado para o bem ou para o mal. José, tendo recebido o anel do Faraó, salvou o Egito. Haman, por outro lado, ao receber o anel do rei persa Achashverosh, usou seu poder para tentar destruir o povo judeu. Assim também, dizem os rabinos, o poder que marido e mulher conferem um ao outro com a troca das alianças, tem que ser usado construtivamente para aprofundar e enriquecer o relacionamento conjugal. Outra interpretação é que a forma circular do anel, sem começo nem fim, seria um prenúncio da continuidade do amor, lealdade e devoção ao longo da vida matrimonial. Uma linda explicação é que a história judaica pode ser vista como uma corrente de anéis interligados. Assim, ao trocarem as alianças, os noivos declaram simbolicamente seu elo com o passado e seu compromisso para o futuro.
 
No que se baseia a proibição do incesto na lei judaica?
A Bíblia contam uma longa lista de relações proibidas entre parentes por consangüinidade ou afinidade. O incesto era um crime severamente condenado, e sujeito a pena capital. Tais proibições não eram uma medida genética visando assegurar descendentes sãos. Seu objetivo era impedir que os israelitas imitassem as praticas pagãs dos egípcios e cananeus. Mais ainda, uma das finalidades da instituição do casamento era reunir diferentes elementos da sociedade, dando assim ênfase à unidade fundamental da humanidade sob o domínio de um único Deus. Daí outra razão de serem condenadas uniões entre pessoas que já estavam naturalmente tinidas por lagos de família.
 
Por que a noiva fica à direita do noivo durante a cerimônia?
No Livro dos Salmos, capítulo 45, versículo 10, lemos "A rainha esta à tua direita, ornada de ouro de Ofir." Uma vez que a noiva, no dia do seu casamento, é vista pela tradição judaica como uma rainha, ela fica à direita do noivo.
 
Por que alguns casamentos judaicos se realizam ao ar livre?
É uma tradição que provém da promessa de Deus a Abraão: "Eu te farei o pai de uma grande nação tão numerosa quanto as estrelas nos céus." A cerimônia ao ar livre, diretamente sob. os céus, é um presságio de fertilidade. É nossa esperança de que aquele casamento trará ao mundo muitas crianças saudáveis e felizes, que engrandecerão quantitativa e qualitativamente o nosso povo e toda a raça humana
 
Por que em algumas comunidades costuma-se jogar arroz sobre os noivos quando termina a cerimônia?
Não é uma tradição especificamente judaica. Em algumas culturas antigas, o arroz era considerado um símbolo de fartura fertilidade Jogando arroz sobre os noivos, expressamos nossos - de que eles "cresçam e se multipliquem", conforme foi dito no Livro de Gênesis. Alguns jogam pétalas de rosas sobre os noivos - um costume que, apesar de ser esteticamente lindo, não traz consigo nenhuma simbologia religiosa.
 
Por que se usam duas taças de vinho durante a cerimônia de casamento?
A cerimônia do casamento judaico, da forma que a realizamos hoje, é a justaposição de duas cerimônias diferentes que eram antigamente celebradas com até um ano de intervalo entre ambas. A primeira chamava-se erussin (mais tarde kidushin), e era equivalente a um noivado. A segunda, nissuin, era o casamento propriamente dito. Em cada uma delas, recitava-se uma bênção sobre o vinho, e os noivos bebiam da mesma taça. A prática de recitar bênçãos sobre duas sagas de vinho foi mantida, mesmo depois que as duas cerimônias foram incorporadas numa só. Outra interpretação é que as duas sagas simbolizam a alegria o a tristeza que o casal encontrara ao longo da vida matrimonial. Bebendo juntos de ambas as taças, os noivos demonstram sua determinação de compartilhar todas as alegrias e as tristezas que o destino lhes trouxer.
 
Por que não se pode celebrar um casamento no Shabat?
Existem dois motivos básicos. Primeiro, a cerimônia nupcial é uma espécie de contrato, através do qual os noivos assumem uma série de compromissos mútuos, e a lei judaica não permite nenhum tipo de "transação comercial" no Shabat. Em segundo lugar, nossa tradição proíbe que sejam comemoradas duas alegrias no mesmo dia. Como o Shabat em si já é considerado uma simchá, não se pode acrescentar a este dia festivo a alegria do casamento. O mesmo é válido para os principais feriados judaicos.
 
Por que a tradição judaica exige que o noivo esteja no altar, sob o pálio matrimonial, antes da chegada da noiva?
De acordo com o Zohar, principal fonte da mística judaica, este procedimento vem desde a criação de Adão e Eva. Depois que Eva foi formada da costela de Adão, ela foi literalmente "levada para junto do homem" (Gênesis 2:22). Outros fazem uma analogia com o casamento entre Deus e o Povo de Israel, quando o Todo-poderoso aguardou no Monte Sinai a chegada de Sua noiva (Israel).
De acordo com uma interpretação mais liberal, a entrada da noiva por ultimo no santuário acentua simbolicamente sua liberdade de escolha. Uma vez que o noivo já está no altar, ela tem uma chance de ver o homem com quem irá se casar, antes de chegar à chupá, a tenda nupcial. O Judaísmo, embora seja produto de uma sociedade patriarcal, sempre se mostrou sensível posição e às necessidades da mulher.
 
Por que alguns noivos jejuam no dia do casamento?
A tradição judaica ensina que o dia do casamento marca um novo começo. Todos os pecados do passado são perdoados e os noivos iniciam sua vida conjugal "purificados''. Assim, o dia do casamento adquiriu um caráter semelhante ao Dia do Perdão. Por esta razão, alguns noivos observam o jejum e recitam o Vidui, a oração confessional de Yom Kipur. Os rabinos do Talmud viram nessa tradição uma reencenado do "casamento" entre o Todo-Poderoso e Seu povo no Monte Sinai. Assim como os israelitas jejuaram em preparação para o recebimento da Torá, assim também os noivos observam o jejum antes de consumarem as núpcias.
 
Duas irmãs podem se casar no mesmo dia, na mesma hora, na mesma cerimônia?
A norma é: "Ein me'arvin simchá be'simchá", ou seja, não mistura uma alegria com a outra. Cada uma das duas irmãs sua própria cerimônia, isto é, as bênçãos nupciais devem repetidas separadamente para cada casal. Quanto à possibilidade de celebrarem-se as duas cerimônias sob dois pálios matrimoniais separados, as autoridades divergem. Alguns permitem, outros não. A solução mais prática é celebrar uma cerimônia logo após e em seguida comemorar com uma só festa a alegria de ambos os casais.
 
De onde provém a instituição do shadchan (casamenteiro)?
Na tradição judaica, Deus é visto como o "Supremo Casamenteiro". Uma lenda no Zohar relata que o Todo-Poderoso cria cada alma em duas partes. Uma das metades, Ele coloca no corpo de um homem, a outra no corpo de uma mulher. E o casamento significa que as duas metades da mesma alma, criadas junto e predestinadas uma a outra, se reúnem conforme os desígnios do Criador. Portanto, o shadchan sempre ocupou uma posição de honra dentro da comunidade, uma vez que ele era quase um "agente de Deus" e seu trabalho era considerado uma verdadeira mitzvá. De acordo com a Bíblia, o primeiro casamenteiro humano foi Eliezer, servo de Abraão, que arranjou o casamento de Isaac e Rebeca. Porém, a profissão de shadchan só se formalizou na Idade Média. A instituição baseava-se na premissa de que o amor seria o resultado de um bom shiduch, uma união perfeita, e não necessariamente um pré-requisito. Um bom casamento dependia da compatibilidade social, cultural etc., entre marido e mulher. Durante os séculos XVIII e XIX, quando o amor romântico passou a ser visto como um elemento essencial para o casamento, a popularidade do shadchan decaiu muito. Até hoje, entretanto, em várias comunidades, o casamenteiro continua atuante.
 
Por que alguns noivos insistem em celebrar o casamento na primeira quinzena do mês judaico?
 
O calendário hebraico baseia-se no ciclo lunar, isto é, cada mas tem início com a Lua Nova. Portanto, durante a primeira quinzena, a lua vai gradativamente crescendo, e durante a segunda quinzena ela diminui. Por esta razão, o casamento na primeira metade do mês é um prenúncio tradicional de prosperidade e fertilidade, simbolizando a esperança de que o amor entre marido e mulher cresça cada vez mais ao longo de sua vida matrimonial.
 
Por que em algumas congregações, dois dos familiares que acompanham o noivo ao altar carregam velas?
Os rabinos oferecem três explicações para este costume. Primeiro, a luz é tradicionalmente um símbolo de alegria.
Segundo, o casamento judaico reproduz de certa forma a entrega da Torá no Monte Sinai, quando o Todo-Poderoso "desposou" o Povo de Israel. Nessa ocasião, viu-se a luz de relâmpagos no céu (Êxodo 19:16). Terceiro, o valor numérico da palavra hebraica "ner" que significa "vela", é 250. Duas velas, portanto, correspondem ao número 500, que coincide com o valor numérico da bênção bíblica "P'ru u'rvu", "Crescei e multiplicai-vos". Assim, as duas velas representam a esperança de que o casal possa gerar muitos filhos.
 
Por que não se celebram casamentos durante as três semanas antes de Tishá Be'Av?
No 17.° dia do mês de Tamuz, foi aberta a primeira brecha no muro de defesa ao redor de Jerusalém, o que levou a conquista da cidade três semanas mais tarde, em Tisha Be'Av.Durante essas três semanas (Bein Ha'Metzarim, em hebraico), relembramos através dos trechos dos Profetas o sofrimento do nosso povo, o caos na comunidade, a fome e a sede. Por ser um período marcado pela tristeza, não se comemoram festividades públicas, nem se celebram casamentos.
 
Por que existem certas exceções à proibição de celebrar casamentos entre Pessach e Shavuot?
De acordo com a literatura rabínica, a morte dos discípulos de Rabi Akiva ocorreu na verdade durante uma parte do Omer (33 ou 34 dias). Porém, como existem divergências entre as autoridades quanto a quais foram exatamente estes dias, o período de luto parcial varia de comunidade para comunidade.Alguns interrompem o luto a partir do 33.° dia; outros iniciam o luto somente na terceira semana do Omer; e assim por diante. Todos, entretanto, concordam que no 33.° dia, Lag Ba'Omer, o dia em que cessou a epidemia (segundo o Talmud), é permitido celebrar casamentos. O mesmo ocorre nos outros dias festivos que caem durante este período: os dias de Lua Nova, por exemplo.Os judeus liberais também interrompem o luto em Yom Yerushalayim, o dia da reunificação de Jerusalém, e Yom Ha'Atzmaut, o aniversario da independência do Estado de Israel.
 
Por que não se celebram casamentos durante o Omer, o período entre Pessach e Shavuot?
No século 11 da Era Comum, no período entre Pessach e Shavuot, Bar Kochba e os discípulos de Rabi Akiva que o apoiavam sofreram uma grave derrota em sua rebelião contra os exércitos romanos. O Talmud descreve esse episódio não como uma derrota militar, mas sim como uma epidemia que irrompeu entre os soldados de Bar Kochba. Seja como for, 24 mil dos jovens seguidores de Rabi Akiva perderam a vida. Por esta razão, as sete semanas entre Pessach e Shavuot são um período de luto parcial no qual não se realizam casamentos nem reuniões festivas.
 
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MORTE E LUTO
 
Como o Judaísmo entende a vida após a morte?
A idéia de vida após a morte é um postulado da teologia judaica, porém não uma afirmação. E como muitos outros conceitos, esta sujeito a diversas interpretações. Para os ortodoxos, a noção de "vida após a morte" é uma declaração da crença na vinda do Messias, que ressuscitara fisicamente os mortos. Para os judeus liberais, por outro lado' a idéia e mais figurativa do que literal existe a terra dos vivos e existe "a terra dos mortos". A ponte entre elas é o amor. Nós atravessamos essa ponte diariamente, por meio dos nossos pensamentos e dos nossos atos. Seguindo o exemplo daqueles que partiram, dedicando nossa vida à perpetuação dos seus ideais, nós lhes concedemos a imortalidade. Enquanto nós vivermos, eles viverão.
 
Por que não há caixões ornamentados e flores nos enterros judaicos?
Nos judeus frisamos a igualdade de todos os seres humanos em sua morada final. Na morte, rico e pobre se encontram, pois ambos foram criados por Deus" (Provérbios 22:2). Somente as pessoas abastadas poderiam ser enterradas com pompa. Por esta razão, fazemos questão de realizar o enterro sem ostentação, sem enfeites, sem flores, ressaltando o respeito ao falecido através da simplicidade. Mais ainda, nossos rabinos tinham receio da tendência humana de cultuar os mortos. É interessante notar que o local do sepultamento de Moisés é desconhecido, para evitar que cometamos o pecado da idolatria. Flores eram freqüentemente usadas pelos pagãos em seus rituais fúnebres. Nós, como judeus, não cultuamos os mortos. Pelo contrário: diante da morte, reafirmamos a vida. E traduzimos a memória em ação.
 
Por que se costuma fechar os olhos do falecido imediatamente após a morte?
De acordo com a tradição mística judaica, a pessoa quando morre encontra-se com o Criador. E seria indecoroso contemplar a Presença Divina ao mesmo tempo em que se observa as coisas mundanas. Fechando os olhos do falecido para o mundo físico, permitimos que ele os abra para a paz do mundo espiritual. Geralmente é o filho quem pratica este ato, em lembrança das palavras confortantes de Deus ao patriarca Jacob: "Teu filho José colocará as mãos sobre teus olhos" (Gênesis 46:4).
 
A lei judaica permite a crematório?
Não, por dois motivos. Primeiro, porque a cremação era originalmente um ritual pagão, um ato associado com a idolatria que o Judaísmo combateu. Segundo, porque a lei judaica proíbe a mutilação do cadáver. A Bíblia afirma: "Porque és pó, e ao pó tornarás" (Gênesis 3:19). A decomposição do corpo deve ocorrer naturalmente, sem interferência externa. Existem casos excepcionais (durante as epidemias, por exemplo), em que a lei judaica permite a cremação. Porém, mesmo em tais situações, é necessário consultar um rabino.
 
O que é o Kadish?
O Kadish é um hino de louvor a Deus. Por ser tradicionalmente recitado nos enterros e nos serviços comemorativos dos finados, ele é popularmente considerado como uma oração pelos mortos. Entretanto, o Kadish não faz nenhuma referência à morte ou ao luto. É puramente uma exaltação a Deus e uma súplica por um mundo de paz.Embora os cabalistas do século XVI atribíissem um caráter místico ao Kadish, alegando que toda vez que ele era recitado, a alma do falecido se elevava a um nível espiritual mais alto, o valor intrínseco do Kadish se relaciona a pessoa que o recita. Há uma expressão pública de fé em Deus por parte do enlutado, uma aceitação da Sua vontade mesmo em face da dor e da tristeza, uma submissão aos desígnios divinos diante da incapacidade de racionalizar uma tragédia pessoal. O Kadish tem sido um dos fatores predominantes da continuidade do povo judeu - um elemento essencial daquele cordão umbilical que vem ligando as gerações judaicas uma a outra através dos tempos.
 
Por que é costume fazer um rasgo na roupa dos enlutados?
Este ritual, keriá, é um sinal tradicional de luto desde os tempos bíblicos. A Torá relata que Jacob, ao receber a falsa notícia de que seu filho José tinha sido devorado por uma fera, reagiu "rasgando as vestes" (Gênesis 37:34). Também David rasgou suas vestes ao saber da morte do Rei Saul e seu filho Jonathan. Talvez esse ritual tenha uma finalidade psicológica: uma forma de descarregar a dor e a angústia diante da perda de um ente querido.Ao rasgar a roupa, o enlutado profere a bênção "Baruch Dayan Emet", "Bendito seja o verdadeiro Juiz", demonstrando assim que apesar da tragédia, sua crença em Deus e na justiça divina continua inabalável.
 
Por que é costume colocar algumas pedrinhas sobre a lápide quando se visita um túmulo?
Trata-se de um ato simbólico para marcar visivelmente nossa presença no local. É como se estivéssemos dizendo ao ente querido: "Você não foi esquecido."
 
Por que se cobrem os espelhos na casa de uma família enlutada?
 
Trata-se de um costume relativamente recente (datando da Idade Média), que pode ser explicado de várias maneiras. Primeiramente, durante a Shivá (a primeira semana de luto), realizam-se diariamente serviços religiosos na casa dos enlutados. A lei judaica proíbe rezar diante de um espelho. Outra razão é que a função básica do espelho relaciona-se diretamente com a vaidade pessoal, e esta contraria o espírito do luto, especialmente durante os primeiros dias, quando o enlutado deve se abster de fazer a barba, cortar o cabelo, enfeitar-se, etc.Finalmente, o espelho reflete a imagem da pessoa somente se ela estiver fisicamente presente diante dele. Ao cobrirmos os espelhos na casa dos enlutados, demonstramos simbolicamente que mesmo sem a presença física daquele ente querido que partiu, sua imagem continua real e viva. Longe dos olhos, não longe do coração.
 
Por que os judeus lavam as mãos ao saírem do cemitério?
Certamente não por motivos de higiene. A morte não é suja; a morte é uma parte natural, lógica e orgânica da vida. Lavamos as mãos porque a água é o símbolo da vida, reafirmando assim nossa crença de que a vida é mais forte do que a morte. Após lavar as mãos, deixamos que elas se sequem naturalmente, sem usar uma toalha. Simbolicamente, demonstramos assim nosso desejo de jamais obliterar nossos laços com o falecido e, pelo contrário, conservá-lo em nossa memória para todo o sempre.
 
O que se faz com os pertences pessoais de um falecido?
Não existe nenhuma lei em si. É costume guardar as roupas que o falecido estava usando quando morreu. As outras roupas e pertences podem ser distribuídos entre parentes, amigos e instituições beneficentes. Trata-se de um assunto pessoal no qual a lei judaica não interfere.
 
Por que razão se discrimina quanto à localização das sepulturas dos suicidas, nos cemitérios judaicos?
O Judaísmo considera o suicídio um crime tão grave quanto o assassinato. No cerne da doutrina Judaica esta o ensinamento de que nenhum ser humano é dono do seu próprio corpo, pois ele não se fez sozinho. Quando se fere o corpo ou a alma, comete-se uma ofensa contra a obra e a propriedade divinas. O Criador da a vida e somente o Criador tem o direito de tirar a vida. Por este motivo, alguns dos ritos tradicionalmente incluídos na cerimônia de sepultamento são negados ao suicida,- e ele é enterrado numa parte do cemitério afastada dos outros túmulos. Existe, entretanto, uma opinião divergente: o suicida, no momento decisivo, não estava de posse de suas faculdades mentais, ele agiu inconscientemente. Portanto, não deve haver discriminação no sepultamento.
 
Um rapaz nascido católico, e posteriormente convertido ao Judaísmo, pode observar a Shivá- e dizer o Kadish quando morre sua mãe (católica)?
Obrigação ele não tem. Mas se o convertido quiser observar o luto pela sua mãe católica segundo a maneira tradicional judaica, ele pode. O respeito aos pais e um dos mandamentos máximos do Judaísmo. E tal mandamento não conhece distinções religiosas.
Mais ainda, a finalidade do Kadish, na verdade, não é rezar pelos mortos. O Kadish é uma expressão da nossa fé inabalável em Deus diante do mistério da morte. E não teria sentido a lei judaica proibir tal louvor a Deus, em nenhumas circunstâncias.
 
Quanto tempo após a morte deve se realizar o sepultamento?
A lei Judaica ordena que o corpo seja sepultado o mais breve possível, de preferência no mesmo dia. Esta regra deriva de uma injunção bíblica no caso de um criminoso ser condenado a pena de morte e enforcado numa árvore: "Seu cadáver não poderá permanecer ali durante a noite, mas tu o sepultarás no mesmo dia" (Deuteronômio 21:23). Uma exceção é feita no Shabat, durante o qual não se pode realizar o enterro. Adiar o sepultamento é visto como um desrespeito para com o morto e uma interferência nos planos do Criador. Segundo as fontes místicas judaicas, a alma só descansa depois que o corpo é enterrado.
 
Um judeu pode ser sepultado conforme o ritual judaico num cemitério ecumênico?
De acordo com o Talmud, "o homem deve ser enterrado em seu próprio terreno" (Bava Batra 112a). Um cemitério judaico é considerado patrimônio comum da coletividade israelita, satisfazendo portanto o preceito talmúdico No caso de um cemitério não-judaico ou "ecumênico", o ritual judaico de sepultamento só pode ser realizado desde que forem cumpridas as seguintes exigências: 1) A família deve adquirir um lote inteiro no cemitério, para que possa ser qualificado como "terreno próprio" A sepultura em si não é considerada "propriedade"; 2) 0 lote deve estar situado numa parte desocupada do cemitério, para que possa ser cercado e delimitado como um terreno separado. Dada a complexidade das condições acima estipuladas, é norma do Rabinato não celebrar o rito judaico de sepultamento fora de um cemitério israelita.
 
Por que se cobre o corpo logo após o falecimento?
A tradição judaica considera que deixar o corpo à vista uma violação do princípio de "kevod ha'met", respeito pelos mortos.Mais ainda, se deixássemos o corpo exposto, estaríamos limitando nossa perspectiva a realidade física da morte. Cobrindo-o, tentamos conservar na memória a imagem da pessoa em vida, e alargamos nossa visão para abranger uma dimensão espiritual.
 
Por que o corpo é sepultado envolto apenas numa simples mortalha branca?
No antigo Templo, o Sumo Sacerdote usava uma simples vestimenta de linho branco no dia mais sagrado do ano, Yom Kipur, o único dia em que lhe era permitido entrar no "Santo dos Santos". Lá ele confessava a Deus, e pedia o perdão divino pelos seus pecados e os pecados do seu povo. Analogamente, quando a pessoa morre, ela vai ao encontro do Criador envolta numa simples roupa branca, símbolo de humildade e pureza.Mais ainda, enterrando ricos e pobres em vestes iguais, simples e sem quaisquer ornamentos, ressaltamos um dos grandes valores judaicos e universais: a igualdade social.
 
Quando se vai ao cemitério para um enterro, pode-se aproveitar e visitar túmulos de parentes e outras pessoas?
Claro que sim. A lei judaica nos proíbe visitar o mesmo túmulo duas vezes num único dia. Esta regra tem sido mal interpretada por algumas pessoas, que entendem ser proibido visitar outro túmulo depois de assistir a um enterro. Completamente sem fundamento. Por outro lado, a lei judaica exige que, no final do enterro, os presentes fiquem em fila para consolar os enlutados. Talvez por este motivo, alguns acham desaconselhável visitar outro túmulo após o enterro. Em suma, é permitido visitar quantos túmulos se queira, desde que antes seja cumprida a obrigação humana de dar apoio e solidariedade aos recém-enlutados.
 
Em que consiste a tradição de ficar sete dias em casa após uma morte na família (Shivá)?
A palavra "Shivá" significa "sete", e se refere ao período de sete dias de luto fechado, contados a partir do dia do enterro. A tradição tem origem na Torá, quando José "chorou sete dias" pelo seu pai, Jacob (Gênesis 50:10). Durante uma semana, os enlutados ficam em casa, abstendo-se de quaisquer atividades profissionais ou de lazer. Parentes e amigos fazem visitas de condolências à casa dos enlutados, e três vezes por dia (de manhã, à tarde e a noite) realizam-se serviços religiosos.A instituição da Shivá tem como finalidade dar à família forças psicológicas e espirituais para continuar depois da perda de um ente querido. O enlutado não esta só; muito pelo contrário, ele faz parte da 'comunidade' dos "enlutados de Sion". É esta consciência de grupo que lhe dá conforto, que lhe permite emergir fortalecido, preparado para enfrentar as vicissitudes da vida, e pronto para reassumir suas responsabilidades perante o seu povo.
 
Por que é costume incluir ovos na primeira refeição dos enlutados após o enterro?
A forma arredondada do ovo simboliza a natureza cíclica e contínua da vida, e reflete nossa crença na imortalidade da alma. Embora não retenha mais seu formato original, o ovo foi num estágio anterior a fonte de uma nova vida. Assim também, apesar de não podermos mais desfrutar da presença física do ente querido que partiu, estamos conscientes de que as sementes que ele plantou aqui na Terra ainda gerarão belos frutos, e que seu espírito viverá eternamente.Outra explicação: assim como o ovo não para numa mesma posição e vira continuamente, esperamos que a nossa sorte também possa virar, e que a tristeza de hoje possa se transformar na alegria de um novo amanhã.
 
O que é Yizkor?
Yizkor ("Que Ele se lembre") a um serviço comemorativo dos finados que se realiza na sinagoga quatro vezes por ano: em Yom Kipur, Pessach, Shavuot e Sukot (mais especificamente, Shemini Atzeret). A cerimônia consiste na recitação de preces pelos mortos, a oração "El Malé Rachamim" ("Deus pleno de misericórdia") que e entoada pelo chazan (o cantor litúrgico) e, em algumas sinagogas, a leitura em voz alta da lista de todos os membros da congregação falecidos durante o ano. Reunindo-nos como coletividade para recordar nossos entes queridos, não só prestamos um tributo aos que partiram, como também reafirmamos o vínculo sagrado e indissolúvel entre os filhos de Israel unidos na alegria e na dor.
 
Por que o Kadish a recitado em aramaico?
Nos tempos talmúdicos, o hebraico era o idioma dos eruditos, a língua do estudo e da oração, porém o vernáculo era o aramaico. Os rabinos achavam essencial que qualquer leigo pudesse captar plenamente o significado do Kadish. Decretaram, portanto, que esta oração fosse sempre preferida na língua em que foi composta: em aramaico, a linguagem do povo.
 
Quem deve recitar o Kadish por uma pessoa falecida?
De acordo com a lei judaica, a obrigação de recitar o Kadish recai sobre os filhos homens, e deve ser cumprida na presença de um minyan. Quando não há filhos vivos, o parente mais chegado costuma fazê-lo.As filhas não são obrigadas a recitar o Kadish. As autoridades ortodoxas sugerem que as filhas honrem a memória dos pais ouvindo atentamente a recitação do Kadish e respondendo "Amém".
Entretanto, não há nada na lei judaica que proíba as filhas de rezarem o Kadish, e tal procedimento é comum entre os judeus liberais.
 
Por que os enlutados não usam sapatos de couro durante a Shivá?
O desconforto físico é um meio de acentuar o estado de luto. Neste contexto, os enlutados abstêm-se de usar sapatos de couro, roupas novas, cosméticos, enfim tudo que traz conforto e prazer.
 
Como se calcula o Yahrzeit?
O Yahrzeit é contado à partir do dia da morte, seguindo o calendário judaico. Por exemplo, se uma pessoa faleceu no terceiro dia do mês de Tevet, seu primeiro Yahrzeit é comemorado exatamente um ano depois, isto e, novamente no dia 3 de Tevet.
Existe uma exceção a esta regra. Se, por algum motivo, o sepultamento se realizou três ou mais dias após a morte, o primeiro Yahrzeit a calculado a partir do dia do enterro. Nos anos seguintes, entretanto, observa-se o Yahrzeit no aniversario do falecimento.
 
Quando uma pessoa viúva se casa pela segunda vez, ela deve continuar observando o Yahrzeit do cônjuge falecido?
Certamente. Embora a lei judaica incentive um viúvo ou uma viúva a se casarem novamente, esta segunda união não deve e não pode substituir a primeira. Um amor não apaga o outro; um casamento não anula o anterior. As memórias permanecem intactas, e devem ser respeitadas pela pessoa viúva, mesmo após o segundo casamento.
 
Por que existem várias formas do Kadish?
O Kadish era originalmente recitado no final de um sermão ou de uma sessão de estudos, e continha um parágrafo a mais que constituía uma prece pelo bem-estar de todos que se dedicam ao estudo da Torá. A primeira referência ao Kadish como uma oração dos enlutados se encontra no livro Or Zarua, escrito no século XIII pelo Rabino Isaac Ben Moses de Viena. Além destas duas formas - o Kadish dos rabinos (Kadish de'Rabanan) e o dos enlutados (Kadish Yatom) duas outras versões são usadas em nossas sinagogas hoje em dia: uma forma abreviada recitada no final de cada parte do serviço (Chatzi Kadish) e o "Grande Kadish" (Kadish Shalem), recitado no término do serviço
 
Por que não se observa a Shivá no Shabat e nos feriados principais?
De acordo com a lei judaica, nenhum indivíduo pode chorar uma perda pessoal nos dias nacionais de festividade. A santidade e a alegria do Shabat e dos feriados sobrepõem-se à tristeza do luto.Embora o Shabat seja contado como um dos sete dias, interrompe-se temporariamente a observância da Shivá, e os enlutados costumam sair de casa nesse dia para assistir aos serviços religiosos na sinagoga. Quando termina o Shabat, reinicia-se a Shivá.Se um dos principais feriados judaicos (ou seja, os feriados bíblicos) cai durante a Shivá, o restante da Shivá é anulado. O mesmo acontece quando ocorre um feriado entre o término da Shivá e o trigésimo dia de luto: anula-se o restante do Shloshim. (veja pergunta seguinte).
 
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SÍMBOLOS
 
QUAL O SIGNIFICADO DA ESTRELA DE DAVID?
A Estrela de David, a estrela de seis pontas, é considerada o símbolo judaico por excelência. Dada sua presença constante nos lares judeus e nas sinagogas, costuma-se atribuir a ela um caráter especificamente judaico. No entanto, contrário à crença popular, o hexagrama não é de origem exclusivamente judaica, e foi pouco usado pelos judeus até uns cem anos atrás. Foi somente na época da Emancipação no fim do século XIX, que os judeus resolveram adotar um símbolo que representasse o Judaísmo, assim como a cruz simboliza o Cristianismo. A partir de então, o Magen David (literalmente "Escudo de David") difundiu-se.A Estrela de David consiste de dois triângulos superpostos em direções opostas. Os vértices do primeiro triângulo representam os três pilares da nossa fé: Deus, Homem e Povo. O segundo triângulo corresponde aos três grandes momentos da nossa história: Criação (passado), Revelação (passado que prossegue no presente) e Redenção (futuro). O primeiro triângulo simboliza a fé judaica; o segundo - a história judaica. Juntos constituem a essência dos nossos ideais. Mais ainda, dois triângulos entrelaçados, compartilhando o mesmo centro, dão a idéia de um entrosamento entre opostos. A estrela de seis pontas indica assim a união de todas as contradições em perfeita harmonia. Em uma palavra, a Estrela de David é o símbolo máximo da paz universal, Shalom - a missão do Judeu perante toda a humanidade.
 
QUAL A RAZÃO DOS JUDEUS ORTODOXOS USAREM CACHINHOS ATRÁS DA ORELHA?
A Torá diz: "Não cortarás o cabelo nas têmporas, nem apararás as beiradas da barba" (Levítico 19:27). Nos tempos bíblicos, cortar o cabelo de certa maneira era um rito pagão. E o Judaísmo queria se dissociar disto. Essa injunção bíblica deu origem ao costume, entre judeus rigorosamente praticantes, de deixar crescer a barba e as costeletas (em hebraico peot), que devem chegar até o lobo da orelha. As peot são características dos judeus iemenitas e também dos chassídicos.
 
POR QUE OS HOMENS JUDEUS USAM UM KIPÁ - (solidéu)?
O homem foi criado "à imagem de Deus". Portanto, ele deve vestir-se com dignidade. A cabeça, como fonte da moral, representa a parte mais importante do corpo humano. Cobrindo a cabeça, somos lembrados da onipresença divina, e conscientizamo-nos de que a humildade é a essência da religião. A verdade é que ninguém sabe ao certo como, quando e por que surgiu o costume. Durante muito tempo, as autoridades religiosas não consideravam obrigatório o uso da kipá. Somente no século XIX, face ao perigo da assimilação, os judeus ortodoxos adotaram a kipá como símbolo da particularidade judaica, e fizeram do costume uma lei.
 
POR QUE OS HOMENS JUDEUS USAM UM TALIT?
Nos tempos bíblicos, o talit era um manto retangular de lã ou linho, com franjas nos quatro cantos, usado diariamente pelos homens judeus, em cumprimento ao mandamento divino: "E dirás aos Filhos de Israel que façam franjas (tzitzit) nas bordas de suas vestes, por todas as gerações" (Números 15:38). Após o exílio dos judeus da terra de Israel e sua dispersão, o talit deixou de ser uma pega do vestuário cotidiano e passou a ser usado apenas na hora das orações. Os ortodoxos, em cumprimento a injunção bíblica, usam permanentemente sob a camisa um pequeno talit (talit katan). Rezar envolto no talit denota simbolicamente uma sujeição à Vontade Divina e aos sagrados mandamentos da lei judaica, e nossa consciência de que Deus está em toda parte, nos quatro cantos do mundo, assim como os "fios visíveis" nos quatro cantos do talit.
 
EXISTE ALGUMA RELAÇAO ENTRE O KIPÁ E O SOLIDÉU USADO PELO PAPA?
Existe, e muita. A origem das vestes eclesiásticas é o Beit Ha'Mikdash, o Templo Sagrado. De acordo com a Torá, os sacerdotes eram obrigados a usar roupas especiais, como se vê no Livro de Levítico que descreve detalhadamente a vestimenta do Sumo Sacerdote. A batina papal branca, símbolo de pureza e santidade, pode certamente ser associada ao costume rabínico de vesti.
 
 
O QUE SIGINIFICA UMA MEZUZÁ KASHER?
 
A mezuzá só é válida e apropriada para o uso (kasher) se as passagens bíblicas no pergaminho forem escritas à mão por um sofer (escriba), de acordo com as exigências da lei. Isto é, a pena tem que ser de uma ave kasher, geralmente ganso ou peru, e a tinta tem que ser preta, indelével, e preparada unicamente com ingredientes vegetais. O próprio pergaminho tem que ser feito da pele de um animal kasher. Com o tempo, podem surgir rachaduras no pergaminho, ocasionando imperfeições em algumas das letras. A mezuzá torna-se então passul, ou seja, ela perde sua validade. Por este motivo, a lei exige que as mezuzot sejam periodicamente examinadas por um especialista.
 
POR QUE SE COLOCA UMA MEZUZÁ EM TODAS AS PORTAS?
A mezuzá é um pequeno pergaminho afixado no batente da entrada do lar judaico, e nas portas de todos os aposentos, em observância ao mandamento bíblico: "E as escreverás nos portais de tua casa, e nos teus portões" (Deuteronômio 6:9). É um lembrete solene para todos que entram e saem de que aquela casa é um lar judaico, onde reina a presença de Deus. A mezuzá contém duas passagens bíblicas: o "Shemá", a afirmação da unidade e unicidade de Deus - Deus é Um, quantitativa e qualitativamente - e logo em seguida "Ve'ahavtá", um trecho que expressa o amor a Deus e aos nossos semelhantes.
 
O QUE SÃO TEFILIN?
Tefilin, ou filactérios, são duas caixinhas de couro, cada qual presa a uma tira de couro, e dentro das quais esta contido um pergaminho com os quatro trechos da Torá que deram origem ao uso dos filactérios. Um deles diz: "Escuta, é Israel, o Eterno e nosso Deus, o Eterno é único. Amarás ao Eterno, teu Deus, de todo teu coração, de toda tua alma e de todas tuas forças. E estas palavras que hoje te ordeno serão gravadas no teu coração (...) E as atarás à tua mão como sinal, e as colocarás diante dos teus olhos" (Deuteronômio 6:4-8).Todas as manhãs, exceto no Shabat e feriados religiosos, o homem judeu deve colocar os tefilin, enrolando uma das tiras na mão esquerda; afixando a caixinha no braço esquerdo, para que fique próxima ao coração, a sede das emoções e colocando a outra caixinha acima da testa, perto do cérebro, a sede do raciocínio. Desta forma, mostramos simbolicamente que a devoção a Deus está presente em nossos atos, em nossos sentimentos e em nossos pensamentos.
 
Por que alguns judeus usam a kipá fora da sinagoga, quando não estão rezando?
Cobrimos a cabeça com a kipá em sinal de respeito a Deus. E tal respeito não se restringe apenas aqueles momentos esporádicos em que rezamos na sinagoga. Deus deve estar sempre presente em nossos pensamentos e ações no dia-a-dia, no lar, na escola, no trabalho. É por isto que os judeus ortodoxos mantêm a cabeça sempre coberta: como lembrança de que a presença de Deus paira constantemente sobre nós.
 
Por que em algumas sinagogas a menorá (candelabro) tem apenas seis braços? O normal não é sete?
A menorá original do Tabernáculo era um candelabro de sete braços. Após a destruição dos dois Templos em Jerusalém, desenvolveu-se uma tradição de que os objetos sagrados do Templo não deveriam ser reproduzidos, e portanto qualquer menorá construída posteriormente deveria ter um número de braços diferente de sete, geralmente seis. Não se trata de uma lei, mas sim um costume que é respeitado em algumas sinagogas, a fim de não ferir a sensibilidade dos mais ortodoxos.
 
Por que a mezuzá afixada numa posição inclinada?
O Talmud registra duas opiniões diferentes quanto à posição correta da mezuzá. Uma escola recomendava o sentido vertical, enquanto outra insistia que deveria ser horizontal. A posição diagonal foi adotada como um meio-termo para evitar atritos entre os eruditos. Neste contexto, a colocação oblíqua da mezuzá serve de exemplo para as pessoas que entram e saem daquela casa. As relações humanas - entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre amigos - não podem basear-se em atitudes rígidas. A intransigência e a intolerância só geram tensões e conflitos. A mezuzá inclinada nos lembra que para manter um relacionamento ideal é preciso que ambas as partes estejam dispostas a fazer concessões.
 
Por que se escreve o nome do Todo-Poderoso, Shadai, no lado externo do pergaminho da mezuzá?
Existem várias explicações Em primeiro lugar, a mezuzá afixada no batente da porta é uma indicação da presença do Todo-Poderoso naquele lar. O nome de Deus no pergaminho reforça a idéia da proteção divina. Alguns observam que o nome Shadaié uma abreviação de "Shomer daltot Israel", "Guardião das portas de Israel". Outros acreditam que a palavra provém da frase "She'omer le'olam dai", "Aquele que disse ao mundo: 'Basta'.A implicação seria que Deus assegura a inviolabilidade daquele lar. Mais ainda, segundo a tradição judaica, os dois nomes principais atribuídos ao Todo-Poderoso não podem ser escritos por extenso, a não ser como parte de um trecho das Escrituras. Shadai, sendo uma denominação "secundária", por assim dizer, não esta sujeita a essa restrição.
 
Quando é a hora de se colocar a mezuzá: quando a casa nova fica pronta, ou no dia em que a pessoa se muda? E quando nos mudamos de uma casa, o que se faz com as mezuzot que estavam afixadas?
Quando se trata de uma casa própria, a mezuzá deve ser colocada no dia em que a pessoa se muda. Quando a casa é alugada, pode-se esperar até trinta dias, pois dentro deste prazo a casa é considerada uma "moradia temporária".
Com relação à mezuzá do lar anterior: quando se tem certeza que outro judeu ocupará a casa, pode-se deixar as mezuzá afixadas. Se a casa for provavelmente ocupada por um não-judeu, então é melhor retirar as mezuzot, pois o novo ocupante, desconhecendo seu caráter sagrado, poderá inconscientemente profaná-las.
 
Por que em algumas comunidades só os homens casados usam o talit?
Uma das explicações é que o mandamento bíblico de colocar franjas nos quatro cantos do manto é imediatamente seguido pelas leis referentes ao casamento (Deuteronômio 22:12-30). Outra interpretação é que ambas as experiências denotam um vínculo: o talit simboliza o vínculo do homem com Deus, e o casamento representa os laços de amor entre o homem e sua companheira.
Dentro desse contexto, é costume a noiva presentear o noivo com um talit no dia do casamento.
 
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SINAGOGA E ORAÇÃO
 
Um cristão pode assistir ao serviço religioso na sinagoga?
Claro que sim! A Lei Divina não pertence a um único povo, nem mesmo aos judeus a quem ela foi dada primeiro. A palavra de Deus pertence a quem quiser ouvi-la, aprendê-la, e moldar sua vida de acordo com ela. Os ensinamentos do Judaísmo são universais e acessíveis a quem deles precisar. Embora haja restrições quanto à participação ativa de uma pessoa não-judia no ritual da sinagoga (assim como não seria apropriado um judeu comungar numa igreja católica), nossas portas estão sempre abertas. A Casa de Deus é o santuário para todos os homens, de todos os credos.
 
Por que os judeus balançam o corpo durante a reza?
 
Existem duas explicações: uma religiosa; a outra, histórica e sociológica. No Livro dos Salmos está escrito: "Kol atzmolai tomarná." Literalmente, "Todos meus ossos falarão", isto é, com todo meu ser - corpo e alma - louvarei o Todo-Poderoso. A razão histórica é que antigamente havia muito poucos livros de orações. Não se tinha o luxo de imprimir textos como hoje em dia. Consequentemente, um único livro tinha que ser compartilhado por muitos judeus durante a reza. Por isso, eles tinham forçosamente que se movimentar de um lado para o outro. E o costume permaneceu até hoje.
 
 
 
Por que há separação entre homens e mulheres na sinagoga tradicional?
A explicação se encontra no Talmud Suká. No antigo Templo em Jerusalém, grandes multidões se reuniam para assistir aos serviços religiosos nos dias de festa. Os rabinos tinham receio que o contato entre homens e mulheres pudesse levar a um comportamento leviano, indecoroso, não apropriado. Por este motivo, isto é, para evitar a frivolidade, resolveram construir na sinagoga um balcão especial para as mulheres: ezrat nashim, literalmente "o pátio das mulheres". A santidade pode ser entendida de várias formas. No Judaísmo, ela significa principalmente transcendência: a disposição de crescer além dos próprios limites do indivíduo, a capacidade de alcançar acima de si próprio. Somente transcendendo os impulsos biológicos, é possível atingir a plena estatura espiritual. Afastando de si os pensamentos e necessidades sensuais, o homem atinge a condição de santidade. Embora o Judaísmo não veja nada de errado ou pecaminoso no sexo em si, isto não impede que seja necessário um certo controle e disciplina. A conclusão dos ortodoxos: o contato entre homens e mulheres na sinagoga, apesar das melhores intenções, leva ao tipo de ambiente que torna a santidade mais difícil. Entre os liberais e até os conservadores, aos poucos está se difundindo o costume das famílias sentarem junto.
 
Por que muitos judeus não escrevem a palavra "Deus" (em português) com todas as letras? A proibição não é só referente ao hebraico?
Não é, não. Deus é universal, como também o Seu nome. Portanto, todas as leis que se referem ao nosso relacionamento com Ele são universais, e não podem se restringir a um determinado grupo ou idioma. O Terceiro Mandamento diz: "Não tomarás em vão o nome do Senhor." Seja em hebraico, ou em português, ou em chinês. Por esta razão, os ortodoxos apostrofam o Nome Divino: "D'us".
 
Por que a tradição judaica requer que se diga "Amen" após ouvir uma bênção?
Trata-se de um costume muito antigo, mencionado já na Bíblia (Deuteronômio, capítulo 27). A resposta do ouvinte implica sua participação e envolvimento, como se ele mesmo tivesse recitado a bênção. É interessante notar que a palavra hebraica "Amen" é formada pelas letras iniciais (alef, mem, nun) de "El Melech Ne'eman", "O Senhor nosso Rei, em Quem confiamos". Ao dizermos "Amen", afirmamos nossa esperança e fé em Deus e no Seu poder divino de cumprir a bênção que foi recitada.
 
É verdade que deixar a Torá cair no chão é um crime imperdoável perante o Todo-Poderoso?
 
A lei judaica não considera isto um crime, desde que a queda da Torá tenha sido acidental. Existe um costume de que a pessoa culpada deve jejuar para "pagar o pecado". Algumas autoridades mais rigorosas afirmam que toda a congregação que presenciou a queda da Torá, também deve jejuar durante um dia. Entretanto, não é obrigatório. Como tal tipo de acidente geralmente ocorre quando a Torá está sendo carregada por um homem já idoso e debilitado, o jejum é impraticável. Neste caso, muitos rabinos aconselham que, se a própria pessoa tiver um profundo sentimento de culpa ou remorso por ter derrubado a Torá, então ela pode "redimir-se" fazendo um donativo à sua sinagoga.
 
Quando se reza "Ossé Shalom", a oração pela paz, dá-se três passos para trás. Por quê?
Uma vez que na tradição judaica, Deus é o "Rei dos Reis", devemos comportar-nos diante d'Ele com o devido respeito. Assim como um súdito dá alguns passos para trás quando termina sua audiência com o rei, nós também concluímos nossas preces retirando-nos reverentemente da presença do Soberano do Universo. Existe uma outra interpretação. A paz não é uma dádiva é uma realização. Não se pode obter a paz com um mero pedido. Paz implica concessões, e concessões exigem transigência. Quando rezamos pela paz, damos primeiro três passos para trás, e somente então é que podemos dar três passos para a frente. É preciso fazer concessões mútuas, para que possamos então prosseguir adiante e emergir como uma só família unida, valorizando a paz, a harmonia e a fraternidade como objetivos supremos de nossa existência.
 
Por que as mulheres não são chamadas para a leitura da Torá?
Na Bíblia, não há nenhuma lei que proíba a mulher de ser chamada para a leitura. O Talmud Megilá 23a declara explicitamente que a mulher pode receber uma aliyá, mas desaconselha esta prática com base no principio de "kevod ha'tzibur", isto é, respeito pela congregação. Numa época e numa sociedade em que a mulher não era considerada igual ao homem, achava-se que a congregação poderia sentir-se ofendida ao ver uma mulher lenda publicamente a Torá. Hoje, as sinagogas reformistas rejeitam categoricamente tal discriminação. E mesmo em algumas sinagogas conservadoras, já é costume chamar para a leitura da Torá as meninas no dia de sua Bat Mitzvá.
 
O que significa aliyá?
A palavra hebraica "aliyá" quer dizer "subida". Ser honrado com uma aliyá significa ser convidado para subir ao altar e ler um trecho da Torá ou recitar as bênçãos antes e depois da leitura. É interessante notar que o mesmo termo "aliyá" também se refere ao ato de imigrar para Israel, que é visto como uma "ascensão" geográfica e espiritual.
 
Nas bênçãos judaicas, dizemos "Baruch Atá Adonai", "Bendito sejas Tu, ó Deus". Como pode o homem abençoar a Deus?
A bênção é essencialmente um louvor. E um louvor, quando sincero, é mais importante para quem o faz do que para quem o recebe. Deus certamente não precisa dos nossos elogios. Mas nós precisamos elogiá-Lo. Abençoando a Deus, expressamos nossa gratidão pela própria vida.
 
O que é um minyan?
 
Minyan é o quorum mínimo de dez homens exigido pela lei judaica para a celebração de um ato religioso de caráter público. Embora a prece individual, espontânea, também seja válida, ela é considerada imperfeita. Quando rezamos como uma comunidade, como um todo, demonstramos simbolicamente que somos responsáveis uns pelos outros. Por que são necessários dez homens? O número dez, por ser um número redondo, representa tradicionalmente a idéia de algo completo. Quando a Bíblia fala dos dez espiões que voltaram de Canaã com um relatório pessimista, ela usa o termo "eidá", que significa "congregação". Quando Abraão fez um apelo a Deus para que salvasse Sodoma e Gomorra, Deus concordou, desde que fossem encontrados nestas cidades dez homens justos. A implicação, segundo os rabinos, é que menos de dez homens não podem ser considerados uma "comunidade".
 
Por que alguns judeus beijam o Sidur (livro de orações) quando termina a reza?
Não é uma obrigação. É um ato puramente intuitivo. Os livros sagrados são preciosos. São velhos amigos, fiéis companheiros e sábios conselheiros. Portanto devem ser tratados com respeito e afeto. Na tradição judaica, beijar os objetos sagrados é um gesto de reverência e devoção. Assim, beijamos não só o Sidur, como também a mezuzá, a Torá, os tefílin, a cortina da Arca Santa e as franjas do talit.
 
É apropriado levar crianças pequenas para assistirem ao serviço na sinagoga?
Desde que as crianças não perturbem a concentração dos adultos, não só é apropriado, como é louvável. De acordo com o Talmud, quem leva crianças à sinagoga é digno de recompensa divina, pois permite que elas sejam expostas desde cedo ás palavras sagradas.
 
O que se faz com um livro de reza que já está se desfolhando e não se pode mais usar?
Quando um Sefer Torá (um rolo da Torá) está passul, isto é, quando não tem mais condições de ser usado, ele deve ser sepultado com todo carinho, dignidade e respeito. Muitas vezes, o rolo é enterrado ao lado de um talmId chacham, um judeu devoto e erudito. Embora a lei judaica não exija tal tratamento no caso de um Sidur, é costume em muitas comunidades fazer o mesmo com os livros de orações.
 
Por que é costume erguer a Torá após a leitura na sinagoga?
A prática é mencionada no Talmud, e a explicação é que a leitura de Torá não deve se restringir a alguns indivíduos, mas deve ser um ato comunitário. Ao erguer o rolo da Torá e fazer com ele um giro completo, garante-se que nenhum dos presentes seja excluído do privilégio de defrontar-se com as Escrituras Sagradas. Os sábios talmúdicos dizem que erguer a Torá e expô-la à vista de toda a congregação é uma honra ainda maior do que ser chamado para a leitura.
 
Ainda é praticada a antiga bênção sacerdotal?
Certamente. É um mandamento da Torá os Kohanim abençoarem o povo de Israel. Na Diàspora, os sacerdotes cumprem o ritual durante a repetição da Grande Oração de Mussaf nas Grandes Festas, bem como nas três Festas de Peregrinação: Pessach, Shavuot e Sukot. Em Israel, a bênção sacerdotal é dada também no Shabat. Em Jerusalém e várias outras cidades da Terra Santa, ela é dada todos os dias do ano.Nas sinagogas liberais, a bênção tradicional é dispensada pelos rabinos, em nome dos sacerdotes. A bênção sacerdotal (Birkat Kohanim) se encontra no Livro dos Números, capitulo 6, versículos 24-26: "Que o Eterno te abençoe e te guarde;que o Eterno faça brilhar Sua presença sobre ti e seja clemente contigo;que o Eterno se volte para ti e te dê a paz."
 
 
Existe uma bênção especial a ser invocada antes de uma viagem?
Existe uma linda oração, "Oração da Estrada", conhecida em hebraico como "Tefilat Ha'Derech", que se recita antes de uma viagem ou ao iniciar-se a mesma. É uma oração muito antiga, encontrada já no Talmud, um pedido de ajuda e proteção:
"Que seja a Tua vontade, Deus nosso e Deus de nossos pais, guiar nossos passos em paz e trazer-nos de volta em paz. Atende a voz das nossas súplicas, pois Tu és o Deus que escuta todas as preces." em paz. Atende a voz das nossas súplicas, pois Tu és o Deus que escuta todas as preces."
 
Quando é que se recita a bênção "Gomel"?
 
"Gomel" é uma bênção de agradecimento a Deus, recitada na sinagoga na hora da leitura da Torá. Na linguagem popular, "gomel bentchen". Conforme estipulado no Talmud Brachot, a bênção deve ser recitada por alguém que fez uma viagem por mar ou através do deserto, ou que se recuperou de uma doença grave, ou que escapou de algum perigo. Nos dias de hoje, podemos incluir qualquer viagem de automóvel ou avião, que certamente trazem um risco considerável. Quando a pessoa diz: "Aquele que concedeu benefícios a mim", a congregação responde: "Que Aquele que lhe concedeu estes benefícios, conceda-os para sempre." .
 
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LEIS E ALIMENTOS
 
Por que os judeus não comem carne de porco?
A proibição está claramente expressa no capítulo 11 do Levítico: "Entre todos os animais da terra, eis os que podereis comer: aqueles que têm os cascos fendidos e que ruminam (...) O porco, que tem os cascos fendidos, mas não rumina, é impuro."
 
Por que é proibido pela lei judaica comer carne e leite na mesma refeição?
A separação entre a carne e os alimentos derivados do leite é um preceito básico das leis de kashrut. Esta prescrição tem origem na injunção bíblica: "Não cozerás o cabrito no leite de sua mãe" (Êxodo 23:19). As comidas preparadas à base de leite, manteiga, queijo, etc. não podem ser servidas numa refeição em que haja carne.Após comer uma refeição de carne, é necessário aguardar um certo tempo antes de poder comer laticínios. O prazo varia de acordo com o costume local: os judeus da Europa Oriental esperam seis horas; os da Europa Ocidental esperam três horas; para os judeus holandeses bastam 72 minutos.Mais ainda, os pratos, talheres e panelas utilizados para preparar e servir carne não podem ser usados para leite e seus derivados, e vice-versa. Além disso, os utensílios devem ser lavados separadamente.
 
Por que os judeus não comem camarões?
"Entre os animais que vivem na água, eis os que podereis comer: todos aqueles que têm barbatanas e escamas" (Levítico 11:9). Excluem-se portanto todos os crustáceos e moluscos
 
Eu o considero o porco do mar
 
O que é comida kasher?
 
O termo "kasher" significa genericamente "apropriado para o uso ou consumo". Mais especificamente, denota um alimento permitido pela lei judaica. Em contraste, designam-se por treifá os alimentos proibidos. Todas as leis alimentares judaicas (leis de kashrut) derivam de preceitos bíblicos, a maior parte dos quais são enumerados no capítulo 11 do Livro de Levítico.
 
Por que os judeus compram carne em açougues especiais?
A Torá reconhece implicitamente que o ideal seria o vegetarianismo. No Jardim do Éden, que é a representação bíblica da Utopia, o homem devia alimentar-se exclusivamente de frutos e vegetais. Mais tarde, numa espécie de compromisso realista com o ideal vegetariano, a Torá permitiu o consumo de carne, limitando porém o número de animais que poderiam ser consumidos. Ao mesmo tempo, o Judaísmo estabeleceu leis específicas para o abate do animal, visando evitar-lhe  qualquer sofrimento desnecessário. O abate é feito por um profissional especializado, o shochet, segundo um ritual prescrito, a fim de que a morte do animal seja a mais rápida e mais indolor possível. Mais ainda, a Torá proíbe o consumo do sangue dos animais e aves, "porque a alma de todo ser vivo está no sangue" (Levítico 17:11). Portanto, todo o sangue tem que ser extraído da carne antes do cozimento. Isto pode ser feito em casa, porém envolve um processo bastante trabalhoso e rigoroso: a carne tem que ser lavada, posta de molho por certo tempo, depois esfregada com sal grosso e finalmente enxaguada. Os açougues especializados já vendem a carne pronta para o cozimento.
 
O que são alimentos parve?
 
São alimentos "neutros", tais como frutas, verduras, peixes e ovos, os quais podem ser servidos tanto com carne quanto com laticínios.
 
Por que se recita uma bênção após as refeições?
 
A lei tem origem no Livro de Deuteronômio "Quando comeres e estiveres saciado, louvarás ao Senhor teu Deus." Expressamos nossa gratidão a Deus por tudo que Ele nos deu. Na verdade, a bênção após as refeições (Birkat Ha'mazon) é composta de quatro partes. Primeiro, agradecemos a Deus por nos dar os meios básicos de subsistência física, mesmo nas circunstâncias mais adversas. Segundo, agradecemos a terra que Ele deu ao Povo de Israel para que possamos extrair do nosso próprio solo os alimentos que necessitamos - ressaltando assim o elemento de segurança e dignidade. Terceiro, agradecemos a Deus por nos alimentar não só fisicamente, mas também espiritualmente, e pedimo-Lhe que reconstrua a Cidade Santa. E, finalmente, expressamos nossa gratidão pela Sua bondade que nos permite superar quaisquer calamidades.
 
O que qualifica um vinho como kasher?
 
Em primeiro lugar, todos os indivíduos que trabalham na produção do vinho, desde a extração do suco das uvas até o engarrafamento, devem ser judeus observantes. As uvas só podem ser colhidas da videira no quarto ano de vida da planta, assegurando assim a produtividade futura da mesma. No final da colheita, um por cento da safra de uvas tem que ser jogado fora, como uma recordação simbólica da dízima na época do Templo. Todo o processo de fabricação é supervisionado por um mashgiach, um inspetor religioso.
 
Qual a razão fundamental das leis de kashrut?
 
Uma das interpretações mais deturpadas sobre as leis de kashrut é que elas foram instituídas como medida sanitária. Assim, por exemplo, a carne de porco teria sido proibida porque ela pode transmitir a triquinose. Isto não é verdade.A própria Torá explica, em linguagem simples e direta, a razão das leis alimentares: "Pois Eu sou o Senhor, vosso Deus. Vós vos santificareis (...) e não vos contaminareis (...) Sereis santos porque Eu sou santo" (Levítico 11:44-45). Os rabinos da era talmúdica frisavam que não hà nada de errado, do ponto de vista biológico e sanitário, com os alimentos não-kasher. O judeu tem que se abster de comê-los, não porque façam mal à saúde, mas sim porque a lei divina é suprema, mesmo que esteja além dos limites da compreensão humana. A única razão para as leis de kashrut é o conceito ético de santidade, E a santidade pode e deve ser ressaltada mesmo nos aspectos mais mundanos do dia-a-dia. Nenhum ato é insignificante. Cada vez que preparamos ou comemos um alimento kasher, estamos aprendendo algo sobre a reverência pela vida. Quando ingerimos um pedaço de carne kasher, conscientizamo-nos que o animal é uma criatura de Deus e que a morte dessa criatura não pode ser tomada com leviandade, pois todo ser vivo traz dentro de si uma centelha divina. Isto é Kedushá, santidade: "Farás da tua mesa um altar ao Senhor" (Talmud Brachot 55a).
 
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QUESTÕES BÍBLICAS, HISTÓRICAS E CONTEMPORÂNEAS.
 
Qual a diferença entre os termos "hebreus", "israelitas", "judeus" e "israelenses"?
Hebreus são os primeiros judeus, os primeiros habitantes da Terra de Israel, aqueles que usaram pela primeira vez a língua hebraica. O termo tem um sentido mais étnico e tribal do que religioso. Quanto a israelitas e judeus, fazia-se uma distinção no período entre os séculos X e VIII antes da Era Comum, quando dez tribos estabeleceram-se no norte da Terra Santa (Reino de Israel) e duas no sul (Reino de Judá). Hoje, porém, os dois termos são sinônimos. Judeus, por definição, são aqueles que aderem ao Judaísmo como religião. E "israelita" é um termo usado simplesmente por quem não gosta de se chamar de judeu. Popularmente, os três termos (hebreus, judeus e israelitas) são usados indiferentemente. E mesmo entre os eruditos, a distinção não é uniforme. "Israelense", por outro lado, é um termo que designa um cidadão do Estado de Israel, e não tem portanto nenhuma conotação religiosa ou étnica.
 
Como o Judaísmo encara o sexo?
O Judaísmo reconhece o sexo como algo positivo e legitimo - uma manifestação orgânica, inerente á natureza humana, que não deve ser nem exageradamente glorificada nem denegrida. No texto místico medieval Igeret Ha'Kodesh, da autoria de Nachmânides, a perspectiva judaica está claramente expressa: "Nós que somos descendentes daqueles que receberam a Torá, cremos que Deus criou tudo que Sua sabedoria ditou, e Ele não criou nada que contivesse obscenidade ou fealdade. Se disséssemos que as relações sexuais são obscenas, deduziria-se que os próprios órgãos sexuais são obscenos. E como poderia Deus ter criado algo impuro e imoral?" Observamos que no Judaísmo o sexo e o amor unem-se indissoluvelmente. O termo hebraico "ahavá" é empregado tanto para os aspectos físicos do amor, como para os espirituais. Os teólogos cristãos utilizam duas palavras gregas distintas para o amor: "eros", o amor carnal, e "agape", amor espiritual. O Judaísmo insiste que o amor a Deus, a amor ao próximo, e o amor entre homem e mulher, são todos iguais: ahavá. O "Cântico dos Cânticos" ilustra belissimamente este conceito. É verdade que tradicionalmente esse livro bíblico é visto como uma alegoria retratando o amor entre Deus e o povo judeu. Porém não há dúvida de que ele foi originalmente escrito como uma coletânea de poemas líricos, repletos de expressões sensuais e passionais, que exaltam ao mesmo tempo o lado físico do amor e seu caráter espiritual. O mero fato de que o "Cântico dos Cânticos" é aceito como parte integrante da nossa Bíblia demonstra que o Judaísmo considera o amor, em todas suas manifestações, como obra do Divino Criador. É importante frisar que o Judaísmo valoriza a sexualidade humana somente quando o relacionamento envolve duas pessoas que se comprometeram mutuamente. O ato sexual não é apenas uma declaração de amor no presente, ele é um pacto de compromisso continuo. Em termas ideais, portanto, o sexo é santificado através do  Casamento.
 
Qual a posição da lei judaica em relação ao homossexual?
A Torá proíbe categoricamente as relações homossexuais. Primeiro, por elas serem antinaturais, contrariando a própria anatomia dos sexos, visivelmente concebida para as relações heterossexuais. Além disto, o ata homossexual obviamente não leva á procriação, que é uma das principais funções da sexualidade humana, embora certamente não a única. Mais ainda, a homossexualidade é uma ameaça à instituição da família, que constitui um dos principais alicerces da continuidade judaica. É importante, entretanto, fazer uma nítida distinção entre o ato homossexual, e o homossexual como ser humano. Sem entrar na polêmica do ato ser ou não ser uma "perversão", uma "disfunção" ou uma "anomalia", acreditamos que o indivíduo tem que ser aceito pela sociedade, independentemente de suas tendências sexuais serem aprovadas ou condenadas. Aceitar não equivale a justificar ou incentivar. A meta é integrar o homossexual, e não aliená-lo.
O dever da Religião em geral, e do Judaísmo em particular, é estender a mão àqueles que se sentem marginalizados. Manter a lei, e ao mesmo tempo mostrar compaixão.
 
O que é Kabalá?
A palavra "Kabalá" significa "recebimento", "tradição", e denota o conjunto das doutrinas místicas do Judaísmo, transmitidas de  geração em geração. A Kabalá reinterpreta a Torá, buscando seu sentido oculto, sem jamais negar a autoridade das Escrituras. Embora o misticismo judaico tenha surgido bem mais cedo, foi no século XIII que o espanhol Moses de Leon compilou a obra principal da Kabalá, o Zohar, cuja autoria é tradicionalmente atribuída a Simeon Bar Yochai. Escrito em aramaico, numa linguagem vivida e imaginativa, o livro contém comentários místicos sobre o Pentateuco, bem como tratados de astronomia, lendas, análises numerológicas, estudos sobre o valor numérico das letras, e interpretações de sonhos. O movimento cabalista ganhou enorme impulso no século XVI, na cidade de Safed, na Palestina, sob a liderança e inspiração de Isaac Luria.
A Kabalá visa estabelecer uma comunhão pessoal e intima entre o homem e Deus, um contato direto entre a alma humana e o Criador. Essa busca é muitas vezes acompanhada de contemplação, especulação teológica, canto, dança e exaltação extática. Um dos conceitos básicos da Kabalá é o das Sefirot, os dez atributos que emanam de Deus e se corporalizam no ser humano. O homem, portanto, é um agente de Deus, dotado da capacidade potencial de aperfeiçoar o processo da Criação. Para o místico, o templo mais sagrado é o seu próprio eu. Para aqueles que consideram o racionalismo como o único meio válido de compreender a religião, as doutrinas místicas podem parecer meras superstições. Porém, quem se aprofunda nos conceitos da Kabalá descobre um lado muito puro e intenso do Judaísmo.
 
Na escultura de Michelangelo, Moisés é representado com chifres. Por quê?
 
No versículo bíblico que descreve a cena de Moisés no Monte Sinai (Êxodo 34:35), aparece a palavra hebraica "keren", que tem dois significados: "chifre" e "raio". Dal o erro de interpretação.Não, Moisés não tinha chifres. O que aconteceu é que, inspirado pelo encontro com Deus, seu rosto irradiava "keren or", raios de luz.
 
O que é o Talmud, e qual a diferença em relação à Bíblia?
A Bíblia judaica compõe-se de textos que foram reunidos pelos antigos hebreus e preservados através dos séculos como o Livro Sagrado do povo judeu. Consiste de três divisões: a Torá (os cinco livros de Moisés, também denominados Pentateuco), os Profetas e os Escritos (salmos, provérbios, etc.). A Torá é um relato dos acontecimentos desde o principio do mundo até a morte de Moisés, entremeado de leis e mandamentos decretados por Deus. A autoria destes livros é tradicionalmente atribuída ao próprio Moisés, porém a análise literária dos textos revela marcantes diferenças de estilo e vocabulário, indicando, segundo alguns estudiosos não-ortodoxos, que houve provavelmente mais de um autor. Seja como for, a Bíblia é muito mais do que uma narrativa histórica. É um livro de inspiração divina, profundamente religioso, e ao mesmo tempo humano. Um documento essencialmente espiritual, que constitui nosso guia básico para o Judaísmo - na teoria e na prática. Com o passar do tempo, o povo judeu foi desenvolvendo uma série de leis suplementares, que eram transmitidas oralmente de geração em geração, até que foram codificadas e compiladas, por volta do ano 200 da Era Comum, pelo Rabino Judah Ha'Nasi. A este código deu-se o nome de Mishná. A Mishná, juntamente com a Gemará (comentários e interpretações rabínicas das leis da Mishná), compõem o Talmud. Existem duas versões do Talmud, o de Jerusalém e o Babilônico, que diferem em certos aspectos. O mais completo é o Babilônico, elaborado entre os séculos III e V da Era Comum, e editado por Rav Ashi e Ravina. Sendo um registro de discussões faladas, o Talmud não é nada sistemático ou conciso. É, entretanto, um tesouro de leis, tradições e costumes, que tem influenciado profundamente o pensamento e a prática judaica, e constitui uma valiosa fonte de consulta para o estudo e as decisões legais.
 
 
 
Como se explica a data judaica da criação do mundo 5744 anos atrás, contra os milhões de anos estimados pela Ciência?
Em primeiro lugar, devemos frisar que a Bíblia não é um texto científico, mas sim um livro de inspiração divina. A Torá não prova a idade do universo; ela marca o momento em que teve inicio o registro da História. Além do mais, Deus não trabalha no contexto do tempo. Segundo o próprio relato no Livro de Gênesis, os estágios iniciais da Criação precederam o estabelecimento de um sistema temporal, o qual só foi introduzido no quarto dia, com a criação do Sol e da Lua. Portanto, o conceito de "dia" na narrativa bíblica pode ser entendido figurativamente. Baseando-se nas palavras do Salmista, "Mil anos, ante os Teus olhos, são como o dia de ontem que se foi" (Salmos 90:4), um Midrash postula que cada "dia" da criação do mundo pode ter sido equivalente a "mil anos". Nenhuma pesquisa científica jamais conseguirá provar ou refutar a perspectiva religiosa. No sentido mais profundo, não existe incompatibilidade entre Ciência e Judaísmo.
 
O Judaísmo reconhece a existência de anjos?
Existem inúmeras referências a anjos na Bíblia e na literatura rabínica. Diz uma bela lenda que antes de criar o homem, Deus consultou os anjos. O conceito, entretanto, é mais figurativo do que literal. A palavra hebraica "malachim", que significa "anjos", também significa "mensageiros". Maimônides interpreta os anjos como forças espirituais que Deus utiliza na tarefa de cuidar da Sua criação.
Seja como for, a tradição judaica não atribui nenhum caráter de santidade aos anjos, e frisa que a oração deve ser dirigida somente a Deus, e não aos Seus mensageiros.
 
Quais são as diferenças entre o Judaísmo ortodoxo, reformista, conservador e reconstrucionista?
Em linhas gerais, são as seguintes as diferenças ideológicas: O Judaísmo ortodoxo baseia-se na imutabilidade da Halachá, a lei judaica. "Torat Moshe min shamayim... she'hi shamayim". Uma lei que é divina em origem e conteúdo.
O Judaísmo reformista fundamenta-se na mudança. Seu próprio nome implica um Judaísmo em desenvolvimento, progressivo e dinâmico. Mais um processo do que um programa; mais uma abordagem do que um credo ou dogma. É a transformação da forma visando o objetivo maior de preservar o conteúdo. O Judaísmo conservador procura ser um meio-termo entre os dois. Vivendo com o passado, mas não no passado. Halachá como ponto de partida, com a abertura necessária que possibilita sua aplicação no mundo contemporâneo. O reconstrucionismo rejeita o super naturalismo dos ortodoxos, que não reconhece o desafio intelectual dos tempos modernos. Rejeita também os conservadores por não aceitarem plenamente a inovação como legitima, e mais ainda os reformistas, por descartarem freqüentemente a lei judaica tradicional. E assim, os reconstrucionistas falam de uma "civilização em evolução", com Deus como o Poder Universal que, através da consciência humana, permite ao homem desenvolver-se ética e espiritualmente.
No fundo, trata-se apenas de enfoques diferentes. Nada mais. Não devemos nunca esquecer que existe um único Judaísmo, com diversas interpretações. É triste quando o adjetivo torna-se mais importante que o substantivo... quando "ortodoxo", "reformista", "conservador" ou "reconstrucionista" tomam-se mais importantes do que ser judeu. Acreditamos em diferenças, mas não em divisões.
 
Existe diferença entre semita e judeu?
 
A palavra "semita" vem de "Shem". Os semitas são os descendentes de Shem, filho mais velho de Noé. Na realidade, trata-se de um conjunta de povos, que na antigüidade abrangia hebreus, árabes, babilônios, assírios, arameus, cananeus e fenícios. Com o passar do tempo, o termo adquiriu um sentido mais restrito, em conseqüência da literatura anti-judaica dos fins do século XIX, que introduziu a palavra "semita" num contexto totalmente inexato, aplicando-a somente aos judeus. Dai o nome de "anti-semitismo" que se dá popularmente ao movimento contra os judeus.
 
Por que as judias ortodoxas não dão a mão aos homens quando os cumprimentam?
Trata-se de uma antiga tradição que jé deixou de ser praticada em muitas comunidades. A razão é que a mulher pode estar menstruada e, nesse caso, ela transmitiria ao homem sua impureza. "impureza" não significa "sujeira"; Deus não poderia ter criado a mulher biologicamente "suja". Apenas isto: a mulher no fim do seu ciclo mensal traz consigo uma conotação de "morte", pois ela perde um óvulo que era uma fonte potencial de vida. A religião e a filosofia judaica afirmam a vida. Quando consideramos a mulher menstruada "impura", estamos declarando simbolicamente a prioridade da Vida sobre a Morte.
 
Qual o significado da chamsa, a mão aberta usada como pingente por muitos judeus?
Talismãs em forma de mão eram usados desde a antigüidade, pelos fenícios, gregos e romanos, como um meio de afastar o mau-olhado. Mais tarde, esse amuleto tomou-se popular no norte da África e no Oriente Médio. Entre os árabes, passou a ser conhecido como a "Mão de Fátima", filha de Maomé. Os judeus, convivendo durante séculos com os povos árabes, incorporaram o costume. A chamsa, porém, não tem nenhum fundamento na lei judaica. Por que os judeus se identificam com a chamsa? Talvez porque a mão aberta é um símbolo de generosidade, em meio a tanta inveja. Um gesto de paz num mundo de ódio. A mão de Shalom que estendemos a todos os homens.
 
Na religião judaica, o homem vale mais do que a mulher?
De maneira alguma! Por definição, judeu é aquele que nasce de mãe judia, ou de uma mãe que se converteu ao Judaísmo. É a mãe que determina a identidade judaica. É ela, e não o pai, que é responsável pela educação dos filhos, pela manutenção do espírito do Judaísmo no lar, pela perpetuação das tradições. Não é de se admirar que ela seja chamada akeret ha'bayit, "esteio do lar". O que acontece é que nos tempos patriarcais, o homem desempenhava uma função mais ativa fora do lar, isto é, na sinagoga, no Beit Midrash, na casa de estudos. A mulher, por sua vez, era desobrigada de cumprir certos rituais que poderiam interferir com seus deveres para com a família. E esta tendência permaneceu até hoje. Homem e mulher talvez sejam diferentes em função, mas certamente são iguais em valor.
 
Por que o judeu Kohen não pode entrar num cemitério?
Por ocupar uma posição privilegiada na hierarquia religiosa, o Kohen está sujeito a certas restrições que visam preservar sua "santidade". Ele está proibido de casar-se com uma viúva ou uma mulher divorciada, para evitar qualquer "impureza". Dentro do mesmo contexto, o Kohen não pode ter contato com um cadáver. Como executor de uma religião que santifica a Vida, ele não pode estar associado com a Morte.
 
É verdade que a lei judaica proíbe colocar a cama com os pés em direção à porta do quarto?
Não há nenhuma lei neste sentido. O que existe é uma velha tradição, que costuma ser interpretada incorretamente. Quando uma pessoa morre, seu corpo é sempre colocado justamente com os pés em direção à porta. E por quê? Devido a uma antiga crença mistica de que ao chegar o Messias e entrar pela porta, o corpo ficará imediatamente em pé. O conceito de "techiyat ha'meitim", a ressurreição dos mortos.Daí surgiu a superstição: para distinguir os vivos dos mortos, algumas pessoas preferem que sua cama fique na direção oposta.
 
A Congregação Israelita Paulista é reformista, liberal ou conservadora?
Semanticamente, "liberal" é um híbrido de reformista e conservador. E esta é justamente a linha da CIP. Uma instituição não-ortodoxa dedicada à perpetuação dos valores e tradições judaicas, em continuação e reformulação do "Liberalismo" europeu. O que queremos é alcançar a todos, seguidores e marginalizados, com um olho na Torá e outro na situação contemporânea. Tomar o Judaísmo viável e dinâmico num mundo complexo e confuso. Esta é, em poucas palavras, a plataforma ideológica da nossa Congregação Israelita Paulista.
 
O que é sionismo?
Sionismo é o movimento de libertação nacional do povo judeu, tão antigo quanto sua dispersão. A esperança de retomar ao lar judaico surgiu no dia em que fomos expulsos de nossa terra pelos babilônios 2.500 anos atrás. Nossa libertação e a reafirmação do nosso vinculo histórico com a Terra de Israel são partes integrantes da experiência religiosa e cultural judaica. A relação entre Povo e Terra é o lema central do Sidur, nosso livro de orações, e das aspirações e sonhos judaicos através da história. A volta do povo judeu à sua terra ancestral, depois de séculos de sofrimento, degradação e perseguição, é um exemplo para todos os povos oprimidos do mundo, em sua luta pela auto-afirmação.
 
"Olho por olho, dente por dente" não é um ensinamento vingativo, contrário ao espirito da religião?
"Olho por olho, dente por dente" (lei de talião) não é uma medida prática, mas sim um principio acadêmico. Na verdade, os rabinos interpretaram este versículo apenas como uma justa compensação monetária pelos danos cometidos, e nào uma cruel e brutal represália física. Mais ainda, a compensação monetária é apenas uma concessão. O Judaísmo insiste que quem cometeu uma ofensa não é absolvido enquanto não se arrepender e não admitir sua culpa. Nenhum pagamento lhe trará o perdão de Deus, se ele não buscar primeiro o perdão da pessoa que foi prejudicada. Não, nós judeus não aconselhamos a vingança. Mas tampouco "oferecemos a outra face". Se a nossa Bíblia nos ensina a "amar o próximo como a si mesmo", isto significa que é tão errado deixar que nos façam mal quanto fazer mal aos outros. O Judaísmo faz questão de combinar idealismo com realismo. É justamente o legalismo judaico, o senso de justiça, que toma possível a compaixão, a bondade e o amor.
 
O que significa Kohen, Levi e Israel?
O Kohen é descendente de Aarão, o Sumo Sacerdote. Nos tempos bíblicos, eram os Kohanim (plural de Kohen) que conduziam todo o ritual no Templo. Eles eram os guias espirituais, juizes, mestres e intérpretes da Torá, e seu cargo era hereditário. Com a destruição do Segundo Templo em Jerusalém, no ano 70 da Era Comum, as responsabilidades do Kohen tomaram-se obsoletas. A liderança religiosa passou a ser uma questão de erudição e mérito pessoal, e não mais um direito de nascença. Mesmo assim, o Kohen continuou e continua até hoje a manter uma posição de honra e respeito, no contexto do ritual judaico. Ele tem precedência na leitura da Torá, e certos ritos só podem ser executados por ele; por exemplo, a redenção do primogênito e a bênção sacerdotal. Levi, de acordo com algumas fontes, era uma das doze tribos mencionadas na Torá, a menor. Os Leviim (plural de Levi) foram escolhidos para servir no Tabernáculo: eles carregavam a Arca Santa e ajudavam os sacerdotes. Era uma posição privilegiada concedida a eles como recompensa pela sua fidelidade a Deus quando todos os outros israelitas se rebelaram no episódio do Bezerro de Ouro. Hoje os descendentes dos Leviim têm a prerrogativa de serem chamados em segundo lugar para a leitura da Torá, depois do Kohen, e são eles que lavam as mãos dos Kohanim antes da bênção sacerdotal. Israel é um termo genérico que designa o judeu que não é Kohen nem Levi.
 
O que é destino para o judeu?
 
Destino é aquilo que deixamos nas mãos de Deus depois de termos feito tudo que nos cabe.
 
Qual é a diferença entre hebraico e aramaico?
Aramaico era a língua semítica falada pelos antigos arameus, e tornou-se o idioma oficial de todo o Império Persa. Durante o exílio babilônico, o aramaico passou a ser falado pelo povo judeu; porém o hebraico continuou sendo a "língua sagrada" da oração e do estudo. É interessante notar que Jesus e seus discípulos pregavam em aramaico. O vocabulário aramaico é bastante semelhante ao hebraico, uma vez que ambas as línguas provém da mesma origem. Hoje, o aramaico está praticamente extinto, permanecendo alguns vestígios em certos dialetos orientais, como entre os maronitas cristãos do Líbano. O hebraico, por sua vez, passou por um verdadeiro renascimento com a criação do Estado de Israel.
 
O que são judeus ashkenazim e sefardim?
A palavra "ashkenazim" (do hebraico Ashkenaz, que significa Alemanha) denotava originalmente os judeus que habitavam a região do vale do Reno. Após as Cruzadas, muitos deles emigraram para a Polônia, Lituânia, Rússia, etc. Com o tempo, o termo passou a designar todos os judeus que adotaram o "rito alemão".
Por outro lado, "sefardim" (do hebraico Sefarad, Espanha) refere-se aos descendentes dos judeus que viviam na Península Ibérica até sua expulsão em 1492, e que se estabeleceram posteriormente no norte da África, Turquia, Oriente Médio, etc. Hoje são comumente chamados "judeus orientais", em contraste aos ashkenazim ("judeus ocidentais").
 
Por que as autoridades religiosas mais tradicionais desaconselham os judeus de visitarem o Monte do Templo em Jerusalém?
No antigo Templo, havia uma parte do Santuário, o "Santo dos Santos", onde somente o Sumo Sacerdote podia entrar, e assim mesmo somente no dia de Yom Kipur. Uma vez que o Templo foi destruído e não se sabe ao certo qual é esta área restrita, os mais ortodoxos consideram uma profanação andar na Monte do Templo.
 
No que se baseia o calendário judaico?
O dia é a unidade "natural" de tempo, a duração de uma rotação da Terra em torno do seu eixo. Para os judeus, cada dia se inicia ao pôr-do-sol, conforme está escrito em Gênesis 1:5, "Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o primeiro dia".
Quanto aos meses, o calendário hebreu segue o ciclo lunar, isto é, o tempo de uma revolução da Lua ao redor da Terra, que é aproximadamente 29 dias e meio. Portanto, os meses têm 29 ou 30 dias, sendo que cada mês começa com a Lua Nova.
Entretanto, é necessário que o calendário judaico acompanhe também a movimento da Terra ao redor do Sol, pois há certas determinações bíblicas que se referem às estações. A Torá estipula, por exemplo, que Pessach deve cair sempre na primavera. Ora, 12 meses lunares representam um total de 354 dias, portanto haveria uma defasagem de uns 11 dias em relação a cada ano solar, e a Páscoa acabaria caindo no inverno, no outono, e assim por diante. Para evitar que isto ocorra, é inserido periodicamente um mês adicional: Adar 11. Assim, em cada ciclo de 19 anos, sete deles (3.°, 6.°, 8.°, 11°, 14.°, 17.° e 19.°) são compostos de 13 meses.
 
Qual é a importância do vinho na Bíblia e nas tradições judaicas?
Desde os tempos bíblicos, o vinho é um símbolo de júbilo. "O vinho, bebido moderadamente, é a alegria da alma e do coração" (Eclesiástico 31:36). O Shabat, os feriados judaicos, todas as ocasiões festivas na vida dos judeus são marcadas por uma bênção sobre o vinho. Segundo o profeta Oséias, os filhos de Israel "crescerão como a vinha" em recompensa pelo retomo a Deus. Miquéias, em sua visão profética, fala dos dias messiânicos em que "nação não levantará a espada contra nação, e não aprenderão mais a guerra. E cada homem se sentará debaixo de sua vinha e sua figueira, e não terá o que temer". A vinha e o vinho que dela provém foram sempre associados com a fertilidade, a prosperidade e a paz - a realização do ideal profético.
 
O que é uma Mitzvá?
Uma mitzvá é literalmente um dever. É um dever judaico. Mais do que uma boa ação, é uma obrigação que temos para com Deus e para com nosso semelhante. No total, existem 613 mitzvot, divididas em duas categorias: mandamentos positivos e negativos, 248 "farás" e 365 "não farás". Os mandamentos do Judaísmo são diretrizes para todos os aspectos da vida humana, não só a observância ritual, mas também a moralidade e a ética no dia-a-dia. Embora a doutrina tenha um papel essencial no modo de vida judaico, a ênfase maior está na ação. Cumprir uma mitzvá é afirmar nossa identidade: é dar o que temos e, mais importante, compartilhar o que somos.
 
Quem são os judeus caraítas?
O nome "caraíta" vem do hebraico Mikrá, que significa "Escrituras". Os caraítas são o "Povo das Escrituras", porque para eles somente a Bíblia é a fonte da lei religiosa. Assim sendo, eles negam categoricamente a tradição oral, isto é, talmúdico-rabínica. A doutrina caraíta é altamente conservadora, caracterizando-se pela austeridade e ascetismo. Por exemplo, devido à lei bíblica de não acender o fogo no Shabat, os caraítas observam o dia de descanso em total escuridão. Eles não comemoram Chanuká, por ser um feriado pós bíblico.
A partir do século VIII, surgiram importantes centros caraítas na Síria, Chipre, Espanha, Criméia, e principalmente no Egito e em Israel. Hoje é uma seita pouco numerosa. 
 
É permitido arrecadar fundos para uma sinagoga por meio de jogo de cartas ou bingo?
Desde a época talmúdica, os rabinos condenavam qualquer espécie de jogo a dinheiro, considerando que ele poderia facilmente tornar-se um vicio. Com o tempo, foram feitas algumas exceções, embora com certa relutância. Durante os feriados de Chanuká e Purim, por exemplo, tais jogos são permitidos desde que se realizem dentro do ambiente familiar. A maioria dos rabinos, entretanto, não aprovaria o jogo como uma forma de arrecadar fundos para uma sinagoga.
 
É permitido arrecadar fundos para uma sinagoga por meio de jogo de cartas ou bingo?
 
Desde a época talmúdica, os rabinos condenavam qualquer espécie de jogo a dinheiro, considerando que ele poderia facilmente tornar-se um vicio. Com o tempo, foram feitas algumas exceções, embora com certa relutância. Durante os feriados de Chanuká e Purim, por exemplo, tais jogos são permitidos desde que se realizem dentro do ambiente familiar. A maioria dos rabinos, entretanto, não aprovaria o jogo como uma forma de arrecadar fundos para uma sinagoga.
 
Se a identidade judaica é herdada da mãe, por que as qualificações de Kohen e Levi dependem do status do pai?
De fato, filho nascido de mãe judia é judeu. A razão histórica é que na Idade Média, nos tempos da poligamia, a identidade do pai nem sempre podia ser determinada com certeza. E mesmo em nossos dias é bem mais inequívoca a identidade da mãe. Quanto ás qualificações de Kohen ou Levi, elas são legadas pelo pai, uma vez que na sociedade patriarcal da época as funções do culto e do ritual eram sempre. desempenhadas pelos homens.
 
O que é "ano sabático"?
O ano sabático, shmitá, é o último ano de um ciclo de sete. Assim como o sétimo dia da semana, é um período de repouso. De acordo com a Torá, durante o ano sabático a terra não seria cultivada e todas as dividas seriam perdoadas. O descanso da terra garantia que ela recuperasse a produtividade para os proximos anos, e ao mesmo tempo proporcionava o justo descanso para os escravos. A dispensa do pagamento das dividas dava aos pobres uma oportunidade de adquirirem certo grau de estabilidade financeira. A lei de shmitá foi portanto um dos fundamentos da democracia e igualdade social. A grande maioria dos rabinos hoje em dia são flexiveis no que tange à aplicação dessa lei bíblica. No Estado de Israel, por exemplo, é totalmente impraticável deixar de cultivar a terra durante um ano. Foi criado então um artifício para contornar a lei. Vende-se a terra para um não judeu, por meio de um contrato (shtar mechirá). Desta forma, a lei é simbolicamente mantida. Do ponto de vista religioso, a instituição do ano sabático lembra aos judeus que tudo pertence a Deus, e que nós somos apenas administradores da terra e dos bens que nos foram emprestados por Ele.
 
De onde provém a história dos "36 Justos"?
Trata-se de um mito muito popular na literatura mística judaica, segundo o qual o universo inteiro existe por mérito de 36 heróis desconhecidos, cuja santidade é tão profunda que eles mesmos ignoram sua pròpria importância. Celebrando a humildade dos justos, a lenda ressalta a verdadeira essência do Judaísmo.
 
O que significa sabra?
Sabra, em aramaico, é o fruto de um cacto conhecido no Brasil como "figo-da-índia". Dá-se este nome aos israelenses natos porque eles são, geralmente, "espinhosos" e duros por fora, mas doces e macios por dentro.
 
De onde provém a figura do Golem?
O termo "golem" aparece pela primeira vez nos Salmos, no sentido de uma substância amorfa ou um embrião. Na literatura talmúdica, quando os rabinos descrevem as etapas na criação de Adão, eles dizem que antes de tomar vida, ele era um golem, uma massa incompleta e indefinida. Durante a Idade Média, com o aumento dos adeptos da magia, o termo adquiriu um significado diferente. Acreditava-se que certos homens sábios tinham a capacidade de dar vida à uma imagem de barro ou madeira, o Golem, escrevendo o nome de Deus num pedaço de papel e colocando este papel na boca da imagem. Outro método consistia em escrever na testa do Golem a palavra "emet", "verdade", que também tinha o poder de animar a imagem. Retirando a primeira letra, alef, restava a palavra "met", "morte", e o Golem voltava imediatamente à sua condição inanimada. Era como se fosse um robô, que podia ser ligado e desligado, e obedecia fielmente as instruções do seu mestre. Durante a Idade Média, com o aumento dos adeptos da magia, o termo adquiriu um significado diferente. Acreditava-se que certos homens sábios tinham a capacidade de dar vida à uma imagem de barro ou madeira, o Golem, escrevendo o nome de Deus num pedaço de papel e colocando este papel na boca da imagem. Outro método consistia em escrever na testa do Golem a palavra "emet", "verdade", que também tinha o poder de animar a imagem. Retirando a primeira letra, alef, restava a palavra "met", "morte", e o Golem voltava imediatamente à sua condição inanimada. Era como se fosse um robô, que podia ser ligado e desligado, e obedecia fielmente as instruções do seu mestre.
 
Por que muitos judeus colocam papeizinhos entre as pedras do Kotel, o Muro Ocidental em Jerusalém?
 
Embora Deus esteja em todo lugar, Sua presença parece ser especialmente sentida no Muro Ocidental, talvez pela proximidade ao local do antigo Templo. Surgiu então a tradição de escrever "bilhetes" a Deus - desde pedidos simples até as mais poéticas expressões de fé e gratidão - e colocá-los entre as pedras do Kotel.
Alguns dizem que o costume provém dos chassidim, que entregam bilhetes aos seus lideres espirituais para lembrar-lhes que rezem por algum parente doente ou um amigo necessitado. Antigamente, colocavam-se tais pedidos também nas tumbas dos tzadikim, homens justos e piedosos, para que eles intercedessem em favor dos vivos. Existem autoridades rabínicas que se opõem categoricamente a isto, dizendo que o homem deve comunicar-se com Deus através da oração, pensamentos, boas ações... e não por meio de bilhetes. Mas pelo visto, a grande maioria dos judeus que visitam Jerusalém acham uma boa idéia mandar um "lembrete" ao Todo-Poderoso. E o número de papeizinhos (kvitlach, em Yidish) nas fendas do Muro aumenta cada vez mais.
 
O que é o movimento chassídico?
O chassidismo é um movimento pietista fundado por Israel Baal Shem Tov no século XVIII. Começou como uma reação ao Judaísmo árido e rígido da época, que se limitava quase exclusivamente ao estudo do Talmud. A vida dos judeus naquele tempo era economicamente difícil e espiritualmente vazia. A alma judaica estava sedenta de algo que a inspirasse, que a sustentasse, que a motivasse. E assim, o Baal Shem Tov pregou "um novo evangelho": ensinamentos simples e místicos que ressaltavam os laços íntimos entre Deus e o homem. Para o chassid, a fé não é o privilégio de uma elite culta, mas sim um sentimento acessível às massas. Religião não é dever nem temor; religião é amor. Judaísmo não é tristeza nem penitência; Judaísmo é alegria e entusiasmo, êxtase e calor. A oração, sob a perspectiva chassídica, envolve o ser humano como um todo. Expressão corporal, dança e canto são meios autênticos de comunicação entre o homem e seu Criador. Mais ainda, a devoção a Deus se manifesta em todos os níveis da existência humana, mesmo nos aspectos mais triviais do cotidiano. Nas palavras de Martin Buber, o chassidismo aboliu as diferenças "entre espaços sagrados e profanos, entre tempos sagrados e profanos, entre ações sagradas e profanas, entre palavras sagradas e profanas". O tzadik é uma figura característica no movimento: um líder carismático que reúne em torno de si um grupo de seguidores, e cuja autoridade é transmitida aos seus descendentes. O movimento chassídico tem hoje em dia adeptos no mundo inteiro, e vem contribuindo muito para a revitalização do sentimento judaico entre judeus de todas as idades.
 
O que significa Midrash?
A palavra vem de uma raiz hebraica que significa "estudar, explicar, examinar, elucidar". Refere-se a um gênero de literatura rabínica desenvolvido desde o século V da Era Comum até os fins do século XVI. Tratam-se de interpretações sobre passagens bíblicas, compiladas em antologias, junto com lendas e contos do folclore judaico. Por que foram escritas? Para extrair cada gota possível de significado das sagradas escrituras. Para preencher o que pareciam ser lacunas. Para conciliar o que parecia ser incompatível. Tudo isto feito de uma maneira esteticamente linda, com a maior reverência e respeito pelo texto original.
 
O que é o Jubileu?
O Jubileu, yovel, é o 50.° ano que encerra sete ciclos sabáticos. Em tempos bíblicos, o Jubileu era proclamado pelo toque do shofar no Dia do Perdão. Durante esse ano observavam-se, além dos preceitos relativos ao ano sabático (descanso da terra e remissão das dividas), a emancipação dos escravos e a devolução de todas as terras adquiridas nos últimos 50 anos aos seus donos anteriores (Levítico 25:9-34).
Trata-se de uma instituição extraordinária, cuja finalidade era proteger os homens contra a pobreza e a servidão permanentes, impedir o acúmulo de riqueza nas mãos de alguns privilegiados, e evitar a exploração do proletariado. Embora as leis do Jubileu deixaram de ser observadas após a queda do Segundo Templo, os conceitos de liberdade, direitos humanos e justiça social nelas contidos arraigaram-se firmemente na vida e no pensamento judaico.
 
O que significa o emblema do Ministério de Turismo de Israel: o cacho de uvas carregado por dois homens?
Trata-se de uma representação artística da narrativa bíblica sobre os doze homens enviados por Moisés para explorar a terra de Canaã. "E cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas, que dois homens levaram numa vara" (Números 13:23). Dos doze "espiões", dez regressaram com um relatório dos mais negativos, enquanto que somente dois, Josué e Caleb, voltaram otimistas, dizendo que era uma terra fértil "onde corre leite e mel". E para comprovarem sua opinião, trouxeram consigo os frutos que haviam colhido: uvas, romãs e figos.
 
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Judaísmo e Medicina
 
Por que a lei judaica não permite o transplante de coração?
A questão do transplante de coração apresenta sérios problemas do ponto de vista judaico. Em primeiro lugar, o coração tem que ser retirado do doador imediatamente após a morte, e nem sempre é fácil determinar o momento preciso da morte. Daí, corre-se o risco de tirar o coração de uma pessoa que talvez ainda teria uma chance de vida. Embora este problema exista em relação a qualquer órgão, no caso do coração ele se torna mais crítico, pois as chances de realizar com êxito um transplante de coração diminuem acentuadamente quando decorre um certo tempo entre a morte do doador e a implantação no receptor. Mais ainda, apesar dos notáveis avanços da Medicina moderna, os transplantes de coração ainda estão num estágio experimental, e os índices de mortalidade do receptor são altos demais para justificar, sob a perspectiva do Judaísmo, o conceito de "salvar uma vida".
 
 
Como a religião judaica encara o aborto?
Segundo a lei judaica, o feto não é um ser viável e independente enquanto se encontra no ventre materno, já que ele não pode ser mantido vivo fora do seu abrigo natural. Portanto, o Judaísmo não equipara o aborto a um assassinato. Com base nesta premissa, algumas autoridades rabínicas consideram o aborto justificável quando se trata de evitar o sofrimento físico ou mesmo psicológico da mãe. Entretanto, o fato do aborto ser legalmente permitido em alguns casos, não significa que seja eticamente correto, e certamente não justifica sua prática indiscriminada. Em nosso mundo contemporâneo repleto de violência, no qual o respeito pela vida já está tão tragicamente depreciado, é fundamental que a sociedade seja conscientizada quanto aos sérios problemas éticos envolvidos no aborto. Mesmo que o embrião não seja realmente um ser vivo, ele é uma vida em potencial, e como tal não pode ser levianamente eliminado. Em suma, embora a lei judaica não proíba o aborto, o espirito do Judaísmo - que sustenta o respeito pela vida e o horror à violência - não pode aprovar uma prática que ameaça o valor mais sagrado da nossa tradição: o sentido de santidade da vida. Consequentemente, mesmo sendo legalmente viável, o aborto deve ser moralmente restrito. Acima de tudo, é essencial termos sempre em mente que nenhum de nós é dono absoluto da sua própria pessoa ou da vida que desponta dentro de si.
 
É permitido a um judeu doar seus olhos para um transplante de córnea?
Embora não se trate propriamente de "salvar uma vida", a lei judaica reconhece que a cegueira total constitui indiretamente uma ameaça à vida, pois a falta de visão pode ocasionar um acidente fatal. "O cego é igual ao morto", diz o Talmud Nedarim 64b. Dentro deste contexto, muitos rabinos aprovam o transplante de córnea somente quando o paciente é cego de ambos os olhos. Continuam sendo imprescindíveis neste caso as duas condições mencionadas na resposta anterior: que o doador tenha dado autorização para a remoção da córnea antes de falecer, e que a córnea seja transplantada imediatamente para o receptor cego. Doar os olhos para um "banco de olhos" é considerado válido pela maioria dos rabinos, uma vez que o número de receptores necessitados é suficientemente grande para garantir que a córnea do falecido será usada imediatamente após sua morte.
 
Como o Judaísmo se coloca diante da inseminação artificial, quando o doador não é o marido?
A maioria dos rabinos é contra a inseminação artificial quando o esperma é de outro doador, e não do marido, pois existem neste caso inúmeras complicações religiosas, genéticas, legais, psicológicas e morais. A primeira objeção religiosa provém das palavras de Deus a Abraão (Gênesis 17:7): "Eu serei o teu Deus, e o Deus da tua posteridade depois de ti." A interpretação é que a proteção divina se estende somente àqueles cuja genealogia é conhecida e definida. Mais ainda, existe a preocupação de que, se essa prática se difundir, ela pode acabar conduzindo ao incesto (uma vez que o filho e a filha do mesmo pai, sem saberem do seu parentesco, podem vir a se casar), o que não só contraria as leis do Judaísmo, como também acarreta sérios problemas genéticos. Há também a dúvida se a criança resultante da inseminação é legalmente herdeira do "pai biológico" ou do "pai social", o que daria origem a desavenças familiares e complicações judiciais. Psicologicamente, a inseminação artificial, envolvendo um doador estranho, traz muitos problemas ao casal. A mãe, por mais que ela queira ter seu próprio filho, acaba ficando com um sentimento de culpa, achando que, ao receber o sêmen de um estranho, ela traiu o marido. O marido, por sua vez, sente-se diminuído em sua masculinidade, por não ter desempenhado adequadamente suas funções de homem. Moralmente, o Judaísmo condena este tipo de inseminação artificiai por ser uma prática que leva facilmente a abusos, tais como a utilização do sêmen de doadores física e intelectualmente superdotados, para o "aprimoramento da raça", como já previu Aldous Huxley há 50 anos, em seu livro Admirável Mundo Novo. Visando criar "super-homens", tal reprodução seletiva expõe a sociedade a sérios riscos de promiscuidade e corrupção; e, em última análise, promove a desumanização do homem.
 
No caso de um judeu ser acometido de um mal irremediável, será permitida a prática da eutanásia?
 
Em primeiro lugar, o conceito de "irremediável" é muito relativo. Aquilo que é hoje irremediável, pode amanhã ser curável. Quanto à eutanásia: é importante fazermos uma distinção entre eutanásia ativa e passiva. A eutanásia ativa consiste em administrar uma droga para antecipar a morte. Na eutanásia passiva, a morte é apressada por interrupção do tratamento. O Judaísmo proíbe categoricamente a eutanásia ativa, pois ela é vista como um verdadeiro homicídio. No caso da eutanásia passiva, embora ela não seja livremente permitida, também não é de todo condenada. O Judaísmo afirma incondicionalmente a santidade da vida. Entretanto, quando a vida se torna vegetativa, a "santidade" da mesma pode ser questionada. Em casos extremos, quando o sofrimento inútil está sendo prolongado por meios artificiais... quando a vida nem é mais vida... a eutanásia passiva pode eventualmente ser válida. Na tradição judaica, Deus é considerado o "Supremo Poder de Cura", enquanto que o médico é visto como um agente de Deus a serviço da humanidade. A lei judaica endossa portanto a decisão do médico, que naturalmente depende das circunstâncias específicas de cada caso. Confiando na sua competência profissional e nos ditames da sua consciência, o Judaísmo dá a palavra final ao médico... de preferência, em acordo com o rabino.
 
A lei judaica permite que se retire um órgão de uma pessoa morta para transplantá-lo em outro indivíduo?
O Judaísmo considera fundamental o respeito pelos mortos. Neste contexto, a lei judaica proíbe a mutilação do cadáver e exige que o corpo seja sepultado intacto e o mais breve possível.Estas exigências, entretanto, como todas as leis da Torá, podem ser postas de lado diante do mandamento supremo do Judaísmo: o dever de salvar uma vida, "Pikuach Nefesh". Não pode haver maior tributo aos mortos do que utilizar seus restos mortais para prolongar outra vida humana.
Existem, neste caso, dois requisitos básicos: primeiro, que o órgão retirado do morto seja transplantado imediatamente para um receptor necessitado (justificando assim o conceito de salvar uma vida); segundo, que tenha sido dada permissão pelo doador antes de sua morte ou, pelo menos, por sua família após o falecimento.
 
Com tantos menores abandonados, a lei judaica não considera mais justo adotar uma criança, quando a concepção pelos meios normais é impossível, em vez de recorrer à fecundação in vitro ou à inseminação artificial?
O Judaísmo não é, de modo algum, insensível ao drama social das milhares, talvez milhões, de crianças abandonadas no mundo inteiro. Muito pelo contrário, a Bíblia menciona diversas vezes que o órfão deve ser amparado. Os rabinos apoiam a adoção, e incentivam as famílias judaicas neste sentido.Entretanto, o primeiro mandamento da nossa Torá, cronologicamente falando, é "P'ru u'rvu", "Crescei e multiplicai-vos", literalmente "Sede férteis e multiplicai-vos" (Gênesis 1:28). E isto significa que cada indivíduo tem o dever de criar outro, e assim perpetuar a raça humana. E não apenas por motivos religiosos, como também do ponto de vista psicológico, é perfeitamente compreensível que uma mulher prefira gerar seu próprio filho a adotar uma criança alheia. A gestação é uma necessidade emocional instintiva, inerente à natureza feminina. Carregando em seu ventre uma nova vida, ela se sente mais mulher, ela se realiza. Além do mais, o filho adotivo só passa a fazer parte da família semanas ou meses após o nascimento, enquanto que no caso da fecundação in vitro ou por inseminação artificial, a mulher e o marido participam juntos da concepção, dos cuidados pré natais, de toda a gravidez e do parto - e esta é uma vivência das mais gratificantes para o casal, que ninguém, em sã consciência, tem o direito de impedir.
 
A lei judaica permite a inseminação artificial, quando o doador é o próprio marido?
A questão da inseminação artificial é bastante complexa do ponto de vista da lei judaica. Uma vez que tal forma de concepção, da maneira como é praticada atualmente, não é mencionada nos textos bíblicos, as opiniões rabínicas são as mais variadas, desde algumas bastante conservadoras e rígidas, até as mais liberais e permissivas. A dúvida teológica fundamental é se nós, seres humanos, temos o direito de interferir na natureza. E a resposta da grande maioria dos rabinos é um categórico "sim". O Judaísmo afirma que Deus e o homem são parceiros na criação do mundo. É portanto a obrigação de cada indivíduo usar sua inteligência, sua imaginação, sua criatividade, para melhorar a vida na Terra. A natureza, com seus acertos e seus erros, não é intocável. Nós podemos e devemos fazer tudo ao nosso alcance para remover os obstáculos que a natureza coloca em nosso caminho. Negar isto é resignar-se à doença, às deformidades, à dor. Negar isto é renegar toda a Medicina. Do ponto de vista da lei judaica, uma das objeções levantadas contra a inseminação artificial é que a emissão de esperma fora da vagina é uma forma de onanismo, e portanto constitui "um ato proibido". A palavra "onanismo" vem do personagem bíblico Onan, que foi punido com a morte por ter praticado o coito interrompido com a finalidade de evitar a fecundação (Gênesis 38:8-10). A maior parte das autoridades rabínicas não considera válida esta objeção no caso da inseminação artificial com o sêmen do marido, pois este sêmen não é desperdiçado. Pelo contrário, ele é usado para engravidar a mulher, para cumprir o mandamento da procriação matrimonial. Em suma, quase a totalidade dos rabinos permite a inseminação artificial com o sêmen do marido, desde que tenha decorrido um certo prazo a partir do casamento, e o casal não tenha conseguido conceber um filho petos métodos normais.
 
Qual a perspectiva judaica sobre os transplantes, quando o órgão a ser transplantado é doado por uma pessoa viva?
A Torá proíbe a auto-mutilação do indivíduo. Ninguém tem, em principio, o direito de arriscar sua pròpria vida para salvar outra. No entanto, se for comprovado por uma equipe médica que não existe risco de vida para o doador, e se o doador oferecer o órgão de livre e espontânea vontade, sem nenhuma espécie de coação, o transplante é permitido. Obviamente, qualquer cirurgia envolve algum risco. Porém o ponto fundamental é que tal risco seja, na opinião dos médicos, substancialmente menor do que a probabilidade de salvar a vida do receptor. Somente em tais circunstâncias o Judaísmo justifica o transplante.
 
Qual a perspectiva judaica sobre o "bebê de proveta"?
A fertilização in vitro levanta as mesmas questões que a inseminação artificial. Ela é autorizada pela maioria dos rabinos, desde que o esperma seja do marido, e que tenha sido comprovado pelos médicos que a mulher apresenta uma deficiência anatômica ou fisiológica que impede a fecundação normal.
 
 
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JUDEUS E NÃO JUDEUS
 
Por que os judeus não aceitam Yeshua (Jesus) como Filho de Deus?
 
O Judaísmo não reconhece um "Filho de Deus" que se destaca e se eleva acima dos outros seres humanos. A convicção judaica é de que todos os homens são iguais perante Deus, e nenhum mortal pode pretender a divindade. Mesmo Moisés, com quem Deus falou "cara a cara" (como diz metaforicamente a Biblia), era "o homem Moisés". Os rabinos explicam que toda a raça humana veio de um só homem, Adão, para que ninguém possa dizer que seu pai é superior a qualquer outro. Uma Paternidade Divina, e uma fraternidade humana. Somos todos nós filhos de Deus.
 
 
Como a comunidade judaica e os rabinos encaram o judeu convertido?
Quando a conversão é motivada pela livre e espontânea vontade do indivíduo, quando ela é conseqüência de uma preparação consciente, acompanhada de um compromisso sincero e da firme resolução de observar as Mitzvot - os preceitos, as práticas, as tradições - então o convertido é considerado "autêntico" e é plenamente aceito como membro da comunidade judaica. Quando, entretanto, não existe tal compromisso, tal seriedade de intenções, então a conversão se torna uma farsa, um ato sem sentido. Neste caso, os rabinos não sò desaconselham, como se recusam a consumar a conversão.
 
Yeshua (Jesus) era judeu?
 
Certamente! Jesus nasceu de mãe judia, foi circuncidado no oitavo dia, e celebrou sua Bar-Mítzvá de acordo com a tradição judaica. Ele era chamado de "Rabino" e freqüentava o Templo de Jerusalém, junto com seus discípulos. Mais ainda, ele se considerava um judeu fiel às suas origens. A maior parte dos seus ensinamentos derivam das leis e das tradições judaicas com as quais ele se criou. Vários trechos da Torá podem ser apontados como a fonte dos preceitos que Jesus pregou. "Amarás o próximo como a ti mesmo", por exemplo, provém do Livro de Levítico (capitulo 19, versículo l8).
 
Por que os judeus não aceitam os ensinamentos de Jesus?
Acreditamos que Jesus foi um grande homem, um grande mestre que pregou os ideais universais da fé judaica, um ser humano dotado de grande sensibilidade e percepção. Não aceitamos alguns dos seus ensinamentos, aqueles que são incompatíveis com os preceitos do Judaísmo. Apenas alguns exemplos: Jesus acreditava ter o poder de perdoar os pecados, enquanto que o perdão, sob a perspectiva judaica, pertence somente a Deus. Jesus alegava ter o poder de ressuscitar os mortos, ao passo que os profetas hebreus, quando operavam um milagre, frisavam que o faziam como meros instrumentos de Deus. Jesus louvava a oração solitária, dizendo que só os hipócritas oravam em conjunto. O Judaísmo, por outro lado, ressalta a importância da oração comunal e acentua a condição do indivíduo como um elo na cadeia do seu povo e da humanidade.
 
Um judeu pode assistir ao casamento de um amigo numa igreja católica?
De acordo com os rabinos ortodoxos, não. De acordo com os liberais, sim, sob a condição de que o judeu seja apenas um espectador e não um participante na cerimônia.
 
 
 
Qual a perspectiva judaica sobre a reencarnação?
Reencarnação, por definição, é o processo pelo qual o espirito reassume uma forma material, ou seja, a alma de uma pessoa que faleceu passa para o corpo de outra que está por nascer. A doutrina da reencarnação não é mencionada na Bíblia, nem na literatura rabínica. Apesar disto, os cabalistas - os místicos judeus - acreditavam na transmigração de almas. E seus seguidores, os judeus chassídicos, herdaram até certo ponto essa crença na reencarnação. Existem algumas orações chassídicas que pedem o perdão divino pelos pecados cometidos não só durante a atual existência, mas também nas anteriores. Entretanto, de um modo geral, a reencarnação não é um elemento essencial da fé judaica.
 
É verdade que os judeus ainda esperam a chegada do Messias?
De fato, os judeus não reconhecem que o Messias já tenha vindo. E por que? Simplesmente porque as profecias messiânicas nas quais depositamos nossas esperanças não foram cumpridas! A opressão não terminou, a guerra não acabou, o ódio não cessou, a miséria não findou. E, acima de tudo, a tão esperada regeneração espiritual da humanidade certamente não ocorreu.
 
Qual o status dos cristãos-novos perante a lei judaica?
Cristãos-novos são aqueles judeus, especialmente da Espanha e Portugal (também chamados "Marranos"), que foram obrigados a se converter ao catolicismo durante a Inquisição e outras perseguições, embora freqüentemente continuassem a praticar o Judaísmo em segredo. Muitos deles se asilaram no Brasil, principalmente no norte do pais. Quanto ao seu status perante a comunidade judaica: a lei afirma que quem nasce de mãe judia é judeu. Portanto, enquanto a ascendência materna for judaica, os descendentes permanecem judeus através das gerações. Assim sendo, quando um cristão-novo deseja voltar formalmente ao Judaísmo, seria ilegal exigir que ele se convertesse, pois isto implicaria que sem tal conversão ele não é judeu. Entretanto, embora não seja exigida uma conversão formal, é costume submeter os cristãos-novos a alguma espécie de ritual para assinalar seu "regresso" à comunidade judaica. Isto é feito simbolicamente através de uma promessa de chaverut, lealdade ao Judaísmo. Uma vez que eles foram criados dentro do Cristianismo, é necessário que se comprometam a estudar as doutrinas e as práticas judaicas, e afirmem sua disposição de cumprir os mandamentos do Judaísmo.
 
Como se explica o fato de muitos judeus terem em sua casa uma árvore de Natal?
O Natal tomou-se um feriado tão comercializado que é difícil não sentir sua presença. Além do mais, a alegria dessa festa é sem dúvida atraente e contagiante. Entretanto, é preciso ter em mente que o Natal é muito mais do que uma época de enfeitar árvores e dar presentes: é a celebração do nascimento de Jesus, e portanto uma data da mais alta importância religiosa para a cristandade. O judeu que tenta imitar os costumes e as tradições do Natal está não apenas apagando sua identidade judaica, como também está desrespeitando algo de muito sagrado para seus irmãos cristãos.
 
Qual o significado da mikvá, o banho ritual, para uma moça ou um rapaz que estão se convertendo ao Judaísmo? O que há de especial na água?
A palavra "mikvá" significa uma acumulação de água natural, tal como um rio ou um lago. Atualmente, a mikvá é construída como uma piscina interna, e suas águas não têm nada de mágico ou misterioso. Simplesmente água natural, limpa, aquecida a uma temperatura agradável. Nos tempos bíblicos, a mikvá era usada por homens e mulheres para eliminar "impurezas". No entanto, é importante frisar que a imersão na mikvá não é para os fins de higiene física. É um ato de significado puramente espiritual. Quando um indivíduo se converte ao Judaísmo, ele participa desse ritual. A água é um símbolo de vida. Assim como o nascimento físico provém do liquido amniótico no ventre materno, assim também o nascimento espiritual, isto é, a conversão, associa-se às águas purificadoras que marcam um nova começo.
 
Existem indivíduos que se dizem, ao mesmo tempo, judeus e espiritas. É possível  isto?
Na medida em que o espiritismo é uma religião, ele traz consigo inúmeros preceitos que divergem do Judaísmo. Existe uma injunção bíblica contra qualquer tentativa de entrar em contato com os mortos, com qualquer espirito morto ou vivo.
Pouco se sabe sobre os caminhos profundos e misteriosos do espiritismo. Mas uma coisa é certa: métodos duvidosos podem facilmente levar a práticas proibidas. Quem quer obedecer ao mandamento da nossa Torá, "Amarás ao Eterno teu Deus, de todo o coração", não pode ao mesmo tempo buscar a fé nas sessões espiritas, por meio de fenômenos inexplicáveis da psique. O judeu que acredita em Deus, o Deus da Vida, não deve procurar enxergar o Além. Embora ele postule que existe um Olam Habá, um mundo vindouro, ele se preocupa em cumprir suas obrigações para com Deus e para com o homem, aqui e agora. Do lado de cá, e não do lado de lá do túmulo. Religiosamente, teologicamente, filosoficamente – Judaísmo e espiritismo são incompatíveis.
 
Qual o significado do termo "ger"?
 
"Ger" significa literalmente "forasteiro", e se refere a uma pessoa que nasce de mãe não judia e posteriormente se converte ao Judaísmo. Neste contexto, "ger" não implica na verdade "estrangeiro", mas sim um "recém-chegado", alguém que se associa aos judeus por livre e espontânea vontade, e é acolhido de braços abertos entre eles. Importante: uma vez que ele se torna um ger, ele deixa de ser um estrangeiro e passa a ser um pleno participante da Comunidade Judaica, compartilhando com todos os judeus um mesmo legado e um mesmo destino.
 
Na língua portuguesa, há um termo que muitos consideram pejorativo: "judiar" de alguém. O que sepode fazer para eliminar o seu uso?
Existe uma dúvida quanto à origem da palavra "judiar". O Novo Dicionário da Língua Portuguesa, da autoria de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, define: "JUDIAR: tratar como antigamente se tratavam os judeus; fazer sofrer, maltratar, atormentar" 1a. edição, página 805). O significado está claro: não há nada de pejorativo. Não fomos nós que maltratamos. Nós, os judeus, fomos maltratados. E cada vez que usamos a palavra "judiar", estamos conscientizando os outros. O termo não deve ser eliminado. Pelo contrário, é bom que o mundo se lembre do preconceito do passado, para que não o permita no presente e no futuro.
 
Por que há judeus que insistem em participar no Movimento Ecumênico, se existem tantas diferenças insuperáveis entre o Judaísmo e as outras religiões?
Participamos no Movimento Ecumênico porque acreditamos que todos os homens são iguais em valor, e todas as religiões visam, em última análise, os mesmos fins: paz, amor, harmonia, compreensão, liberdade, justiça social. Se somos diferentes, somos diferentes apenas no que tange aos meios. Aquilo que nos une supera de longe aquilo que nos divide. Desde que haja respeito mútuo, a fraternidade e o diálogo inter-religioso são possíveis e são frutíferos. Podemos estar longe de atingir nossos objetivos comuns. Mas não importa. A marca do verdadeiro homem não é apenas o que ele realiza, mas sim o que ele aspira realizar. Moisés jamais viu seu sonho realizado, jamais pisou na Terra Prometida. E mesmo assim o chamamos de Moshé Rabeinu, "Moisés nosso Mestre". E por que? Porque ele nos ensinou que apesar dos obstáculos, apesar das frustrações, apesar da incerteza de chegarmos a ver o final feliz - é preciso continuar a sonhar e confiar e lutar.
 
De onde vem o conceito do Messias?
A palavra "Messias" vem do hebraico Mashiach, que significa "ungido". Nos tempos bíblicos, a unção com óleo santo era um ato de consagração. No sentido original do termo, os "messias" eram pessoas supostamente encarregadas par Deus para cumprir uma missão especial, e sua unção expressava o caráter sagrado do seu cargo. Aliás, o costume da unção com óleo santo persiste até hoje, na coroação de reis e rainhas contemporâneos.Com o passar do tempo, firmou-se entre os judeus a idéia Profética de que Deus faria uma intervenção dramática na história em prol dos seus eleitos, por intermédio de um descendente do Rei David, que libertaria o povo judeu do cativeiro e o restabeleceria na Terra de Israel. A palavra Mashiach passou então a significar "o ungido de Deus", o mensageiro do Todo-Poderoso que traria a redenção, não só para os israelitas, mas sim para toda a raça humana. Com a vinda do Messias, todos os homens enxergariam uma nova luz e passariam a viver de acordo com os Ensinamentos Divinos. Cessariam então a discórdia e a guerra, e a humanidade entraria numa nova era de paz universal.
 
Por que as judias ortodoxas banham-se mensalmente na mikvá?
Durante a menstruação, a mulher perde um óvulo não fecundado, uma fonte potencial de vida que não germinou. Portanto, ela traz consigo um vestígio de morte. A água é o símbolo da vida, a própria origem do Universo. Ao mergulhar nas águas da mikvá, a mulher se "purifica" daqueles traços de morte e reafirma a vida.
 
Como os judeus imaginam a era messiânica?
A pergunta tem que ser respondida sob duas perspectivas: a ortodoxa e a liberal. Os ortodoxos continuam aguardando a vinda de um Messias, sob forma de pessoa, que ao chegar na terra operará muitos milagres: os cegos enxergarão, os surdos ouvirão, os paralíticos andarão, os mortos ressuscitarão. Neste dia não haverá mais sofrimento, nem doença, nem pobreza, nem morte. Dentro da mesma linha de pensamento, os ortodoxos mantêm inalterada a doutrina do Messias como um descendente do Rei David que reinará em Jerusalém e reconstruirá o Templo Sagrado. Para os liberais, por outro lado, a redenção futura não  será obra de um único homem, mas sim resultado de um árduo esforço par parte de todos os homens. Somente quando aprendermos a respeitar nossas diferenças e eliminar nossas divisões, somente quando os seres humanos se derem as mãos em busca de algo maior, poderá chegar uma era messiânica na qual reinarão o amor, a fraternidade, a justiça e a paz.
 
Qual a perspectiva judaica sobre o messianismo?
A crença na vinda do Messias e a fervorosa expectativa de sua chegada estão firmemente incorporadas no pensamento judaico. O judeu carrega dentro de si uma intensa e profunda convicção de que existirá de fato uma era messiânica. Esta crença tem nos dado força e coragem para enfrentar as adversidades sofridas pelo nosso povo através dos tempos. O Judaísmo seguramente deve sua sobrevivência, em grande parte, a essa esperança infinita num futuro messiânico. O messianismo judaico, apesar de suas conotações espirituais e místicas, é essencialmente pragmático e voltado para a ação - aqui e agora. Nossas aspirações messiânicas não são meros sonhos; são objetivos concretos que nos incentivam a trabalhar ativamente por um mundo melhor, um mundo no qual reinarão os valores morais e éticos da nossa tradição. Nós judeus achamos que sejam quais forem os aspectos espirituais e cósmicos da salvação, ela tem que estar inserida no contexto histórico, político e social da realidade em que vivemos. E importante ressaltar que embora acreditamos fielmente na vinda do Messias, essa crença não é um elemento intrínseco, uma condição sine qua non da fé judaica. Ao contrário da doutrina cristã, que é inconcebível sem o Messias, no Judaísmo o Messias é uma idéia acrescentada posteriormente, e não um principio fundamental em si. As antologias rabínicas e a liturgia judaica frisam que o autor da redenção não é o Messias, mas sim Deus. O Messias é apenas um instrumento através do qual se manifestará a soberania de Deus e se estabelecerá o Reino Divino na terra.
 
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Jornal Kol Anunsim - Grupo Judaísmo On-Line
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Sim! Jesus foi previsto por Isaías.
 
 Isaías - Capítulo 44:01-28 
 
É comum o uso distorcido dos escritos do profeta Isaías por parte dos missionários  através de traduções grosseiras com um único objetivo:  enganar judeus.
Versos do Novo Testamento fazem muitos verem seu "messias" por quase todo livro de Isaías. Mas o que realmente Isaías falou sobre Jesus, de Nazaré?
Em Assêret Hadribot D'us ordena ao povo Judeu: "Não terás outros deuses diante da Minha Presença. Não farás para ti nem imagem nem escultura nem nada semelhante ao que há nos céus acima, ou na terra embaixo, ou na água debaixo da terra. Não te prostrará diante deles nem os servirás;pois Eu sou o Senhor Teu D'us - um D'us zeloso, que visita a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração dos que me aborrecem. Mas mostrarei bondade para centenas de gerações àqueles que Me amarem e cumprirem Meus mandamentos."
 
Este é o segundo mandamento do Eterno, e dele podemos tirar algumas conclusões que colocam por terra à alegação missionária sobre o servo da imprecisa divisão do "capítulo 53" do livro de Isaías. Advogam que o servo se trata de uma pessoa alegando que a narração está no singular, no entanto, veja como D'us se dirige a todos os israelitas (a nação judaica inteira) ao ditar o segundo mandamento:"Não terás outros deuses diante de mim...". O Eterno se dirige aos israelitas no singular, "não terás" e não no plural.  Já  desde do princípio os judeus são tratados pelo Eterno como uma unidade, seu servo.
Além das lições que este mandamento nos dá, nele consta uma ordem expressa que ouvimos e recebemos no Sinai. "Não terás outros deuses diante de Mim". Aqui não cabe discussão nem questionamentos. Adorar Jesus, de Nazaré não é Judaísmo, muito menos "messiânico", adorar Jesus nada mais é que um belo ato de Cristianismo, que respeitamos, mas não podemos admitir imiscuir-se no Judaísmo e pior, alegar-se parte dele.  O profeta Isaías nos alertou sobre este evento, á adoração ao deus da madeira.  
 
44:01-07 - A narração começa... 
 
Contudo, ouve agora, ó Jacob, Meu servo; ó Israel a quem escolhi. (Is 44:1)
Eu sou o primeiro e Eu sou o último, e não existe D'us além de Mim! (Is 44:6)
...tudo que foi feito desde que este povo antigo escolhi. (Is 44:7) 
 
44:08 - E pergunta:
 
Porventura há outro D'us alem de Mim? (Is 44:8) 
 
 44:08 - A resposta:
Não! Não há outra rocha. (Is 44:8) 
44:08 - Para o judeu não ter dúvidas
Nenhuma outra conheço, nem conhecereis. (Is 44:8)
'Nem conhecereis' afirma que não existirá nenhum outro deus, não existe esta possibilidade, pois Ele é único. Vários deuses, trindade, Jesus de Nazaré etc não faz parte do Judaísmo.
44:11 - A profecia sobre Jesus, de Nazaré!
Depois de  explicar que não pode existir outro deus, inicia-se a profecia sobre o evento do falso "messias":
Cobertos de vergonha ficarão todos que se tornaram seus adeptos.(Is 44:11)
Se refere a Era Messiânica quando o Messias - único e verdadeiro - triunfar e resgatar os judeus e as nações para servirem a um verdadeiro D'us, único e indivisível. 
 
Venham todos e raciocinem (Is 44:11)
 
Conclama ás pessoas a pensarem naquilo que idolatram como "messias" ou deus - Jesus, de Nazaré.
 
44:11 - Isaías ensina:
...temerão então somente ao Eterno (Is 44:11)
Proíbe a idolatria de qualquer coisa, inclusive de Jesus. Para que os judeus enganados se arrependam e façam teshuvá.
44:11 - Aos  judeus que seguirão o falso messias:
Se envergonharão de suas ações (Is 44:11)
Isto já acontece hoje com muitos judeus resgatados de seitas missionárias do tipo Jews for Jesus etc. Judeus que participaram deste tipo de fraude e retornam ao Eterno (normalmente mais fortalecidos no seu Judaísmo) envergonham-se de terem participado de tamanha fraude.
 44:13-17 - Sobre  um deus crucificado em uma cruz de madeira:
O carpinteiro estende um cordel e com um burril esboça uma imagem. (Is 44:13)
Quem é o carpinteiro? Não é necessário dizer.
A imagem de Jesus, de Nazaré, em uma cruz de madeira, que é ainda hoje objeto de adoração para milhões de cristãos.
Outros não adoram a imagem da cruz de madeira mas, adoram aquele que nela foi colocado, um 'esboço de sua imagem' na madeira, o deus carpinteiro como diz a profecia, o deus da madeira (pau) como nos alerta a Torá em Devarim (Deuteronômio) 28:60.
 ...diante dele se prostra (Is 44:17)
Infelizmente, quantos judeus (e não judeus) se prostram para o deus da madeira ou para sua cruz?
 Do que sobrou da madeira faz para si um deus, (Is 44:17)
Aviso sobre a venda (comércio) de indulgências praticado pelos cristãos em várias épocas: antes eram "pedacinhos" da cruz, de madeira, onde Jesus, o carpinteiro, foi crucificado pelos romanos; hoje, a venda da salvação através de objetos como pulseiras, cordões etc.
 'Salva-me porque tu és meu deus' (Is 44:17)
Sim, quantos se curvam diante de Jesus (o carpinteiro) procurando, pedindo, gritando e implorando salvação ?
 44:19-20 - O comportamento dos adoradores (judeus e não judeus) do deus da madeira. 
Não percebem, não entendem, porque seus olhos estão obliterados e não conseguem enxergar (Is 44:19)
Não precisamos debater aqui o fanatismo religioso de (boa) parte dos adoradores de Jesus, que chegam ao extremo de mentir que são judeus.
No passado (não muito distante) quantos cristãos obliterados não conseguiam entender e perceber que os judeus não podem adorar outro deus que não seja o D'us de Israel. E diante desta cegueira e falta de compreensão  quantas barbaridades foram cometidas contra os judeus?
Não entendem!Nenhum deles cai em si, pois não tem a capacidade de raciocinar (Is 44:19)
Isto fica claro quando missionários  são confrontados com as distorções praticadas pelo cristianismo nas Escrituras Hebraicas e, mesmo assim, "nenhum deles cai em si".
 Ajoelhar-me-ei ante o tronco de uma árvore? (Is 44:19)
A cruz era feita de? Madeira, tronco de árvore. Vocês vão se ajoelhar para uma tronco de madeira? - pergunta, alertando sobre Jesus e sua cruz.
...e seu coração, equivocado como está, não lhe permite encaminhar-se para a salvação, (Is 44:20)
Aqueles que adorarem de Jesus, de Nazaré, não conseguirão (e realmente a maioria não consegue) se desvencilhar desta adoração. Porém um aviso, esta adoração não 'encaminha para salvação'.
 Não estarei confiando em mentiras? (Is 44:20)
A salvação pregada pelo deus carpinteiro é realmente uma salvação? Mas salvar você judeu de que? Você já está condenado e não te avisaram? Que D'us injusto seria o D'us de Israel se todos nós já nascêssemos condenados. Esta é a visão dos adoradores de Jesus (incluindo judeus), mas tudo isto está muito longe do Judaísmo.
44:21 - Ressalta e alerta: 
Lembra-te destas coisas, ó Jacob, porque tu és Meu servo, ó Israel! (Is 44:21)
Eu te formei para ser Meu servo; não Me esqueças, ó Israel. (Is 44:21)
O profeta avisa aos israelitas para que não esqueçam de D'us e seu pacto, para não servir a um novo deus de um novo testamento; e exprime quem é o verdadeiro servo. 
 Eu sou o Eterno, que cria todas as coisas, que sozinho expandiu os céus e estendeu a terra: (Is 44:24)
 Avisa que não tem parceiros nem espaço para uma unidade de três, uma trindade. Somente ele, sem deus de cruz, de madeira, deus filho, deus carpinteiro, deus espírito santo etc.
44:28 - Um  alerta  sobre a invenção do sacrifício de Jesus . 
- e sobre o Templo: 'ele será restabelecido' (Is 44:28)
Ou seja, que os sacrifícios retornarão. É bom sempre ressaltar que no Judaísmo, sacrifício humano como ensinado pelos cristãos com relação a Jesus, não encontra respaldo, trata-se de um sacrifício proibido por D'us.  É estanho, o filho "predileto" de D'us não conhecer as próprias leis do seu "pai". Na crença judaica cada ser (individuo) é totalmente responsável pelos seus atos e responderá e será responsabilizado por eles. Sacrifício humano é totalmente proibido pela Torá. No capítulo 53 onde são relatados injustiças que seu servo (Israel - o povo judeu) sofrerá, é triste notar que elas se encaixam perfeitamente no contexto histórico das perseguições sofridas pelos judeus no século XI pelos seguidores de Jesus, de Nazaré.
*Artigo de autoria do Rabino Stuart Federow  traduzido para o português por Judeus.org e reproduzido aqui com autorização
Para Judeu Pensar.
 
Para o judeu pensar:
É interessante observar que se este Salmo realmente fosse uma profecia a respeito de alguém rejeitado, ele seria sobre Israel, e não sobre Jesus.
 
Vejamos:
 
Quem foi rejeitado por todos os impérios da história?
Foi Jesus? Não, os judeus, Israel!
 
Quem os  romanos rejeitaram? 
Foi Jesus? Não! Eles idolatraram Jesus.
Rejeitaram os judeus, Israel.
 
Quem os ibéricos perseguiram e rejeitavam, impondo conversão forçada ou exílio? 
Foi Jesus? Não! Eles  faziam isto em nome de Jesus.
Rejeitaram  os judeus, Israel
 
Quem Hitler rejeitou? Chegou ao extremo de patrocinar um assassinato em massa de judeus.
Foi Jesus? Não, ele era cristão  protestante.
Rejeitou os judeus, Israel.
 
Os progroms russos perseguiam, assassinavam e rejeitava quem?
Jesus? Não,  os progroms eram em geral formados por cristãos ortodoxos, com as bênçãos veladas do czar, também cristão e adorador de Jesus.
Rejeitavam os judeus, Israel.
 
Durante a 2ª Guerra Mundial, quem era o rejeitado que o mundo não queria? Quem era aquele que não encontrava abrigo em nenhum país? 
Os cristãos? Não!
As nações, o mundo, rejeitaram os judeus, deixando-os encontrar a morte certa em campos de assassinato em massa. Os judeus, Israel, um povo sem pátria, uma pária no mundo.
 
O repertório de rejeição não para, é extenso...
 
E esta pedra rejeitada, Israel, sim, tornou-se a pedra angular, sendo um irradiador de inovações tecnológicas, transformando deserto em terra cultivável, sendo brilhante em diversas áreas do conhecimento humano, da literatura a medicina. Israel, a pedra inicialmente rejeitada, se tornou realmente angular, deu a dois terços do mundo (4 bilhões de pessoas), uma religião.
 
Como pode ser percebido, esta aplicação cai muito bem em Israel, distorcer é fácil. 
 
Mas não estamos interessados em distorcer como faz rotineiramente os missionários, pois não é isto que nossos Mestres dizem sobre este Salmo, até porque não é disto que este Salmo trata e  muito menos de Jesus.
 
Distorções nos Salmos- Tehilim - Cinco Salmos de David.
 
Distorções nos Salmos - Tehilim - Cinco Salmos de David
                                                                                                             
Tehilim - Salmo 22:17 e 22:19
Ao mestre do canto, acompanhado por “Aiélet Hashachar”, um salmo de David. Meu D'us, meu D'us, por que me abandonaste? Por que deixaste tão distante minha salvação e ignoraste meu gemido angustiado? De dia clamo e à noite não silencio, e Tu não me escutas. Mas Tu és o Santo, e a Ti se dirigem os louvores de Israel! Em Ti confiaram nossos patriarcas, confiaram plenamente e Tu os resgataste. Clamaram a Ti e foram salvos; em Ti acreditaram e não foram desiludidos. Quanto a mim, sou como um verme e não homem, opróbrio da plebe, vergonha do povo. Zombam de mim os que me fitam, riem e meneiam ironicamente suas cabeças. Dizem-me, porém, confia no Eterno! Ele o redimirá, Ele lhe trará salvação, porque nele se compraz. Tu me tiraste do ventre materno e me fizeste sentir seguro, contra seu peito. Desde meu nascimento, em Teus braços fui entregue; mesmo antes de nascer, já eras meu D'us. Não Te afastes de mim, porque muito próxima está a aflição e não há quem me proteja, senão Tu. Touros furiosos me cercaram, touros do Bashan me rodearam. Abriram contra mim suas bocas como um leão que estraçalha e ruge. Sinto-me como água derramada que não pode voltar a seu recipiente, meus ossos fraquejam; meu coração parece ser de cera, de tal forma se derrete dentro de mim. Minha força secou como a argila, minha língua está colada ao paladar e me deitaste no pó da morte. Cães me cercam, uma turba de perversos me rodeia, atacam meus pés e minhas mãos como se fora um leão. Verifico como estão meus ossos enquanto eles me observam e tripudiam. Minhas roupas, entre si repartem, minhas vestimentas sorteiam. Mas Tu, ó Eterno, eu te peço, não Te afastes de mim; ó minha Força, apressa-Te e vem em meu auxílio! Salva minha alma da espada, minha vida das presas dos sabujos. Livra-me da boca do leão, resgata-me dos chifres dos touros selvagens. Então, a salvo, proclamarei Teu Nome os meus irmãos e louvarte-te-ei do seio da multidão! Vós que sois a semente de Jacob, honrai-O! Reverenciai-O todos vós, descendentes de Israel. Porquanto não desprezou nem ignorou a angústia do aflito e dele não escondeu Sua face e atendeu a sua prece. Graças a Ti poderei proclamar meu louvor às multidões; cumprirei minhas promessas na presença daqueles que O temem. Os humildes hão de comer e se fartar; os que buscam o Eterno hão de louvá-lo e vida perene terão seus corações. Dos confins da terra, todos a Ti se voltarão com compreensão e ante Ti se curvarão todas as famílias das nações. Pois só do Eterno é a realeza e Seu é o domínio sobre todos os povos. Comerão todos os povos a fartura da terra e ante Ele se prostrarão; reverenciá-lo-ão os que retornam do pó, mas então já será tarde porque suas almas não farão viver. Da descendência dos que O servem, de geração em geração, será relatada a magnificência de Sua glória. Anunciarão às gerações vindouras a bondade de seus feitos.
O que  dizem  os missionários sobre o verso 22:17:
Que um trecho deste Salmo é uma profecia sobre Jesus, de Nazaré, que teve as mãos pés furados segundo um texto cristão e não judaico.
A verdade sobre este verso do Salmo:
Os missionários  traduzem muito mal o texto deste Salmo. Eles lêem o verso assim: "Eles furaram minhas mãos e meus pés". No entanto não é isto que aparece no original hebraico  onde consta:
 
"Cães me cercam, uma turba de perversos me rodeia, atacam meus pés e minhas mãos como se fora um leão".
O leitor pode perceber que a tradução mal feita não passa nem perto do original hebraico. Pergunte-se, qual o intuito de tradução tão grosseira?
O que dizem os missionários sobre o verso 22:19:
Que um trecho deste Salmo - Minhas roupas, entre si repartem, minhas vestimentas sorteiam - é uma profecia que se refere a Jesus.
A verdade sobre este Salmo:
Embora se aplique aos acontecimentos da vida de David, ele compôs este Salmo como um aviso para poupar Israel de futuros exílios. Neste Salmo o povo judeu aparece coletivamente mas sempre no singular, já que Israel na Torá é sempre considerado uma unidade. Ao recitá-lo, o indivíduo deve sentir a angústia do distanciamento de Israel de sua glória anterior  e orar a D'us pelo fim deste exílio tão dolorosamente longo.
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Tehilim - Salmo 35
De David. Combate, ó Eterno, meus adversários; guerreia com os que contra mim se erguem. Veste o escudo e a armadura e levanta-Te em meu auxílio. Empunha a lança e o machado contra meus perseguidores, e à minha alma fala: “Eu sou a Tua salvação!” Sejam humilhados e envergonhados os que atentam contra minha alma; retrocedam e se desesperem os que tramam meu mal. Que sejam como a palha ao vento, e que o anjo de D'us os disperse. Que sejam tenebrosos e escorregadios os seus caminhos, e que o anjo de D'us os persiga. Pois sem motivo me expuseram a uma armadilha, sem motivo escavaram uma cova para mim. Que de súbito os alcances o desastre, e na rede que contra mim armaram, eles mesmos venham a ser presos. Minha alma se rejubilará no Eterno e exultará na Sua redenção. Todo o meu ser proclamará: “Eterno, quem é como Tu?” É Ele quem salva o aflito do mais forte; e ao pobre e ao necessitado de seu usurpador. Testemunhas maliciosas indagar-me-ão 
e-ão sobre o que não sei. Pagar-me-ão o bem com maldade, enlutando minha alma. Entretanto, em sua adversidade me cobri de luto e com jejum afligi minha alma; possam beneficiar a mim as preces que por eles fiz. Como por um companheiro ou por um irmão me senti compadecido, como um enlutado por sua mãe entristeceu-me. Porém, quando tropecei, eles se alegraram e contra mim se ajuntaram, golpeando-me sem que eu soubesse por que; sem cessar me atacam. Com escárnio e zombaria me insultaram. Rangeram seus dentes contra mim. Eterno! Até quando tolerarás? Resgata minha alma de suas tentativas de destruição, minha vida dos que me atacam como leões. Louvar-Te-ei perante multidões, perante todos Te enaltecerei. Que sobre mim não se rejubilem triunfantes meus inimigos gratuitos, e que não pisquem os olhos em zombaria, os que sem causa me odeiam. Pois que eles não falam em paz, mas palavras de perfídia dirigem aos homens pacíficos da terra. Contra mim escancaram suas bocas e exultam dizendo: “Vimos com nossos olhos!” Viste o que fazem, ó Eterno! Não ignores seus atos! Eterno, não Te afastes de mim! Levanta-te para fazer justiça, em defesa de minha causa, ó Eterno! Julga-me segundo a Tua justiça, ó Eterno, meu D'us, e não permita que se regozijem meus detratores. Que não digam em seus corações: “Nossa alma está exultante!” E não exclamem: “Nós o devoramos!” Que se confundam e se envergonhem os que se alegram com minha desgraça; que se cubram de humilhação e frustração os que se erguem contra mim. Que se alegrem e cantem os que almejam meu triunfo e proclamem sempre: “Exaltemos o Eterno que Se compraz com o bem-estar de Seu servo.” E minha voz enaltecerá Tua justiça e cantará todo dia em Teu louvor.
 
O que  dizem os missionários sobre este Salmo
Baseados unicamente em textos  não judaicos que um verso deste Salmo - os que sem causa me odeiam - é uma profecia referente a Jesus.
 
A verdade sobre este Salmo:
Este Salmo não é uma profecia  como insistem os missionários. O Salmo é um fervoroso apelo de David a D'us para ajudá-lo contra seus inimigos que traíram sua amizade. O mesmo pedido poderia ter sido feito pelo povo judeu, que sofreu séculos de selvagem opressão no exílio, (muitas em nome Jesus, de Nazaré) retribuindo com avanço e prosperidade sua presença ás nações.
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Tehilim - Salmo 41
Ao mestre do canto, um salmo de David. Bem-aventurado aquele que atenta para o debilitado; no dia de seu infortúnio o Eterno o livrará. Ele o guardará e o fará viver, será feliz na terra e não será entregue às mãos de seus inimigos. Na enfermidade o Eterno lhe dará amparo; seu leito guardará quando uma doença o acometer. Eu pedi: “Concede-me Tua graça, ó Eterno, e cura minha alma, mesmo tendo eu pecado contra Ti.” Meus inimigos só me desejam mal: “Quando perecerá e quando será erradicado seu nome?” Se vêm me visitar, são insinceros; maldade lhes preenche o coração, e ao sair só notícias más divulgarão. Unem-se para, contra mim, murmurar todos meus detratores, e pensamentos malévolos a mim dirigem: “Maligna doença o acometeu. Caído está e não conseguirá se reerguer.” Até o amigo em quem confiei, e que partilhava de meu pão também me traiu. Mas Tu, ó Eterno, compadeceste de mim. Levanta-me e lhes darei a resposta merecida. Saberei assim que Te comprazes em mim e que, portanto, não triunfará sobre mim meu inimigo. Incólume me sustentará e em Tua presença me manterás para sempre. Bendito seja o Eterno, D'us de Israel, para todo sempre. Amém! Assim seja!
 
O que  dizem os missionários sobre este Salmo:
Baseados em textos  não judaicos que um trecho deste Salmo - Até o amigo em quem confiei - é uma profecia sobre um evento de traição  que teria sofrido Jesus, de Nazaré.
 
A verdade sobre este Salmo:
O Salmo se refere ao próprio David que faz uma queixa da traição de seu amigo Aquitofel, de acordo com o relatado em 2º Samuel nos capítulos 15 a 20. Este Salmo é o encerramento do Livro Um e proclama como D'us e suas misericórdias estão próximas dos homens mesmo nas circunstâncias terríveis. Este é um tema recorrente nos Salmos, e princípio da vida.
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Tehilim - Salmo 78
Um “Maskil” de Assaf. Escuta meu povo, a minha Torá; inclina teu ouvido às palavras que pronuncia minha boca. Contarei uma parábola e enunciarei enigmas de tempos que já passaram há muito. O que ouvimos e aprendemos exposto por nossos pais, não ocultaremos a seus descendentes, até as mais longínquas gerações, relatando o louvor do Eterno e os atos maravilhosos que praticou em Seu poder. Um testemunho Ele estabeleceu para Jacob e uma Torá (Lei) para Israel, e ordenou que os transmitissem a seus filhos. Para que possam conhecê-los os componentes da última geração – para que os filhos que ainda não nasceram venham em seu tempo narrá-los a seus filhos. Assim saberão depositar suas esperanças no Eterno, não esquecerão os prodígios de Suas obras e saberão cumprir Seus mandamentos. Eles não se comportarão como seus pais, uma geração contumaz e rebelde, uma geração que não soube dedicar a D'us seu coração e cujo espírito não manteve fidelidade ao Eterno. Os filhos de Efraim, destros arqueiros, recuaram no decisivo dia da batalha, não guardaram o pacto com o Eterno e, sob Seus ensinamentos, se recusaram a andar, esquecendo Suas façanhas e as maravilhas que lhes mostrou. Diante de seus pais havia realizado prodígios nas terras do Egito, nos campos de Tsôan. Fendeu o mar e fê-los passar através dele, ergueu as águas, com elas formando muralhas. Conduziu-os com uma nuvem durante o dia e com uma coluna de fogo durante a noite. As rochas do deserto fenderam e dessedentaram-os à satisfação. Fez com que do rochedo jorrasse água, abundante como a de um rio. Tornaram, porém a pecar, rebelando-os contra o Altíssimo no deserto. Ousaram em seus corações submeter a testes o Eterno, pedindo a comida pela qual ansiavam, dizendo: “Poderá Ele prover uma mesa no deserto? De fato, feriu a rocha e dela fez jorrar água como um rio caudaloso. Entretanto, poderá prover pão e preparar carne para Seu povo?” Irou-Se o Eterno ao ouvi-los e um fogo acendeu-se contra Jacob, e Sua ira fez fluir contra Israel; porquanto Nele não creram e em Sua salvação não confiaram. Entretanto, deu às nuvens instruções e abriu as portas do céu, fazendo sobre eles chover o maná para comer, provendo-os com grãos celestes. Puderam comer o manjar dos céus; provisões em abundância Ele lhes enviou. Desencadeou no céu o vento do Oriente; com Seu poder fez soprar o vento do sul. Como se fora pó, fez sobre eles chover carne, e como areia dos mares, aves em quantidades intermináveis. Ao redor de suas moradas no meio do acampamento fê-las cair. Comeram, então, e muito se fartaram com o que Ele lhes trouxe, atendendo seu desejo. Ainda não se haviam saciado e comida havia ainda em suas bocas, quando contra eles se ergueu a ira do Eterno e causou a morte dos mais fortes entre eles, e aos escolhidos de Israel fez prostrar. Apesar disto, voltaram a pecar, descrendo em Suas maravilhas. Então Ele fez seus dias serem vãos e seus anos envoltos em terror. Somente quando já os fazia findar seus dias, O buscavam se arrependiam e oravam ao Eterno. Recordavam então que o Eterno era sua Rocha, o D'us Altíssimo seu redentor. Mas tentavam seduzi-lo com suas palavras, Lhe mentiam com suas línguas. Não Lhe era dedicado seu coração, nem o Seu pacto eram fiéis. Mas Ele, o Misericordioso, perdoou a iniqüidade e não os destruiu; reteve muitas vezes Sua cólera, não acendendo contra eles toda Sua ira. Pois lembrou que eram apenas carne frágil, um sopro de vida que passa e acaba. Quantas vezes O provocaram no deserto e Lhe trouxeram dor e aflição! Vez por vez continuaram a pô-Lo à prova; do Santo de Israel exigiram sinais. Não se lembraram de Sua mão poderosa nem do dia em que os redimiu do atormentador, quando milagres realizaram no Egito e Suas maravilhas praticaram em Tsôan. Em como transformou em sangue os seus rios e fez suas torrentes de água não poderem ser bebidas; contra eles enviou bestas que devoravam e que os infestavam. Deu suas colheitas aos insetos, o fruto de seu trabalho ao gafanhoto; destruiu com granizo suas vinhas, e suas figueiras com a geada. Com granizo exterminou suas crias e com raios seus rebanhos; desfechou contra eles Sua cólera ardente, indignação e atribulações, uma legião de mortais mensageiros. Deu livre curso à Sua fúria; não poupou da morte sua alma, e seus corpos castigou com a peste. Abateram todos os primogênitos do Egito, as primícias das tendas de Chám. Conduziu então em jornada Seu povo, guiando-os através do deserto como se fosse um rebanho. Inspirou-lhes seguir para que não temessem, enquanto o mar cobria seus inimigos, e os trouxe à Sua santa terra, à montanha que Sua Destra conquistou. Expulsou ante eles vários povos, e acomodou as tribos de Israel em suas tendas, atribuindo a cada uma seu quinhão. Entretanto, novamente, se rebelaram contra o Altíssimo, e não cumpriram Seus preceitos. Afastaram-se de Seu caminho e foram rebeldes como seus pais; se deformaram como um arco empenado. Provocaram Sua ira com seus altares erigidos para idolatria, despertaram seu zelo com seus ídolos. Ante isto se acendeu a ira do Eterno, e Ele rejeitou a Israel. Abandonou o tabernáculo de Shiló, a tenda que era Sua morada entre os homens. Permitiu que cativo se tornasse Seu poder – seus eleitos – e nas mãos de malévolos estivesse Sua glória. À espada entregou Sua nação, indignou-Se com o povo de Sua herança. O fogo consumiu Seus jovens, e Suas donzelas não tiveram cantos nupciais. Seus sacerdotes tombaram à espada, suas viúvas não entoaram lamentações. Então despertou o Eterno como de um sonho, como um guerreiro que o vinho impulsiona. Fez Seus inimigos baterem em retirada e sobre eles lançou desgraça eterna. Desprezou a tenda de José e não escolheu a tribo de Efraim. Escolheu, sim, a tribo de Judá, e o Monte Tsión que Ele tanto ama. E construiu Seu templo, elevado como os céus e firme como a terra, a que Ele assegurou a existência. Escolheu David, Seu servo, e o retirou de seu aprisco. Fez com que abandonasse as crias de seu rebanho e viesse pastorear a Jacob, Sua nação, a Israel, Sua possessão. Ele os governou com a retidão de seu coração, e com habilidade os passou a dirigir.
 
O que  dizem os missionários sobre este Salmo:
Que um trecho  - Contarei uma parábola e enunciarei enigmas de tempos que já passaram há muito - se refere a Jesus que dizem falava por parábolas.
 
A verdade sobre este Salmo:
O amor e a preocupação de D'us nos milagres de nossa história estão sempre presentes. Devemos preservar viva a memória destes eventos para sentir Sua proximidade, mesmo quando não está tão clara. Deixar de fazê-lo é origem de muitos pecados. É disto que este Salmo trata. Interessante observar que antes do trecho distorcido está, "Escuta, meu povo, a minha Torá;" Não está escrito, siga meu povo a Brit Cadashá ou qualquer outra coisa estranha ao revelado no Sinai.
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Tehilim - Salmo 118
Agradecei ao Eterno porque Ele é bom e eterna é Sua misericórdia. Que proclame Israel: “Eterna é Sua misericórdia.” Que também proclame a casa de Aarão: “Eterna é Sua misericórdia.” Que proclamem todos os que temem ao Eterno: “Sua misericórdia é infinita!” Invoquei o Eterno no momento de angústia e Ele me ouviu e me livrou das atribulações. O Eterno está comigo, por isso nada temerei; o que me pode fazer o ser humano? O Eterno está comigo e me ampara, por isso posso enfrentar os meus inimigos. Melhor é confiar no Eterno do que nos seres humanos. Melhor é Nele confiar do que em príncipes. Cercaram-me todas as nações, mas em Nome do Eterno as destrocei. Voltaram a cercar-me, envolveram-me de todos os lados, mas em Nome do Eterno as destrocei. Cercaram-me como abelhas com seus ferrões, mas foram extintos como o fogo que queima os espinhos, pois em Nome do Eterno os destrocei. Com violência me empurraram para me fazer cair, mas o Eterno me amparou. O Eterno é minha força e meu cântico, e Ele foi minha salvação. Vozes de júbilo e salvação são escutadas das tendas dos justos, porque proezas realizaram a Destra do Eterno. Exalta-se a Destra do Eterno e proezas realiza. Não morrerei! Viverei e hei de relatar os feitos do Eterno. Ele severamente me puniu, mas não me entregou à morte. Os portais da justiça abriram para mim; por elas entrarei para louvar ao Eterno. Esta é a porta do Eterno, pela qual entrarão os justos. Quero agradecer-Te porque me escutaste e Te tornaste minha salvação. A pedra, inicialmente rejeitada pelos edificadores, veio a tornar-se a pedra angular, pois assim o determinou o Eterno. Maravilhoso é isto para nós! Este é o dia com que nos brindou o Eterno e nele nos alegraremos e nos regozijaremos! Rogo, ó Eterno, nos salva e faze-nos prosperar! Bendito é aquele que vem em Nome do Eterno. Nós o bendizemos da casa do Eterno. O Eterno é nosso D'us, é Quem nos ilumina. Trazei a oferenda e atai-a aos ângulos do altar. Tu és meu D'us e eu Te exaltarei; meu D'us és Tu e sempre Te louvarei. Agradecei ao Eterno, porque Ele é bom e eterna é Sua misericórdia.
 
O que  dizem os missionários sobre este Salmo:
Que o trecho - A pedra, inicialmente rejeitada pelos edificadores, veio a tornar-se a pedra angular - refere-se a Jesus que  dizem ter sido rejeitado pelos judeus.
 
A verdade sobre este Salmo:
É fato esclarecer que a mensagem cristã sempre foi rejeitada pelo Judaísmo, não como cumprimento de uma profecia deste Salmo, visto que não é disto que este Salmo trata como veremos adiante.  A rejeição se deve por inúmeros fatores,  citamos os mais relevantes, mas há muitos outros:
 
A - Jesus não preencheu os requisitos das Escrituras como Messias;
 
B - A mensagem cristã é distante do Judaísmo, carregada de teologias e crenças pagãs de origem helênicas, romanas, egípcias etc tais como virgens sendo impregnadas por anjos, pecado capital, sacrifícios humanos etc. Tudo distante da cultura da Torá, ou seja, das palavras (e ordens) do Eterno.
Esclarecido isto, este Salmo expressa gratidão e confiança. Assim como David foi levado de seus problemas para um reinado marcado por glórias e realizações, assim também Israel pode esperar pela redenção Divina dos apuros do exílio e da opressão.
Postado por Geilson Roberto às 01:50 Nenhum comentário:  
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Estudos dos Salmos "Tehillim" de David.
Estudo dos Salmos Distorcidos.  
Salmo 22:19
“Minhas roupas entre si repartem, minhas vestimentas sorteiam.”
Na Brit Cadashá messiânica dois autores citam este Salmo,  como segue.
João 19:23-24:
Depois de os soldados crucificarem Yeshua, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns aos outros: 'Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será.' Assim se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica (Sal 21:19).
*A diferença  no número do versículo acontece  em algumas bíblias.
 
Mateus 27:35
Depois de o haverem crucificado, dividiram suas vestes entre si, tirando à sorte. Cumpriu-se assim a profecia do profeta: Repartiram entre si minhas vestes e sobre meu manto lançaram à sorte (Sal 21:19).
 
O Salmo 22, cujo autor é o Rei Davi, é uma das expressões mais profundas do sofrimento nas orações bíblicas. É composto de duas partes:
Lamentação individual (Versículos 2-22)
Cântico de ação de graças (Versículos 23-31).
O salmista, abandonado e solitário em sua dor e privado da presença divina, apela ao Eterno, Bendito Seja lembrando-Lhe as promessas relativas aos justos. Depois de relatar seus sofrimentos morais e espirituais, alude, em sucessão trágica, às dores físicas, aos tormentos corporais e ao terror da morte. Do extremo da dor passa à certeza da esperança, onde a salvação está assegurada e já está próxima, tanto assim que já pode convidar a comunidade dos fiéis a unir-se a ele no louvor ao Altíssimo, cujo desígnio de salvação se estende ao mundo inteiro e às gerações futuras.
Este Salmo se refere ao próprio Rei Davi, que lamenta a sua própria sorte, não sendo, portanto uma profecia, mas  originário de um fato histórico.
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Salmo 35:19
“Que sobre mim não se rejubilem triunfantes meus inimigos gratuitos, e que não pisquem os olhos em zombaria, os que sem causa me odeiam.” 
João 15:23-25:
“Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai. Se eu não tivesse feito entre eles obras, como nenhum outro fez, não teriam pecado; mas agora as viram e odiaram a mim e a meu Pai. Mas foi para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem motivo”
O autor do livro denominado João comete logo de princípio um erro. Trata-se da expressão "está escrita na sua lei", a qual é atribuída a Jesus. A palavra Lei, em geral refere-se à Torá, e a “profecia” mencionada não está na Torá, mas no Salmo 35:19. Na realidade, este Salmo não é uma profecia, é uma oração de agradecimento que o Rei Davi fez ao Eterno por ter ficado livre de Abimelec, que o perseguia. Para se livrar dele Davi se fingiu de louco.
Em particular, os versículos 12-23 representam um grande ensinamento centrado no temor a D'us. Trata-se de reconhecer que Ele é poderoso, e que o homem não pode substituí-lo. Em seguida, é preciso empenhar a própria vida na luta pela verdade e justiça, para que todos possam viver dignamente. Esta é a luta que constrói a paz. Nesta luta Ele toma partido dos justos, ouvindo o seu clamor, libertando-os e protegendo-os. Por outro lado,  se posiciona contra os injustos, que são destruídos pelo próprio mal que produzem.
Ainda em relação a este salmo, Davi pede ao Eterno que:
O livre e traga destruição sobre os seus inimigos (Versículos 1-10);
Lamenta o ódio não justificado de seus inimigos contra ele (Versículos 11-16);
E volta a solicitar  livramento e justiça (Versículos 17-28).
É provável também que este salmo tenha sido composto em uma época que Davi estava sendo perseguido por Saul (I Samuel 24:15).
A oração que Davi faz não está direcionada contra o próprio Saul, pois Davi poupara a sua vida, mas a oração é destinada contra aqueles que fomentavam o ciúme doentio que Saul sentia de Davi.
Este Salmo  trata  de fatos relacionados e vividos pelo próprio Davi. Portanto, não é uma profecia.
Salmo 41:10
“Até o amigo em quem confiei, e que compartilhava do meu pão, também me traiu” 
 
João 13:18-19:
“Não digo isso de vós todos; conheço os que escolhi, mas é preciso que se cumpra esta palavra da Escritura: Aquele que come o pão comigo levantou contra mim o seu calcanhar (Sal 41:10)."
 
Lendo as passagens do livro de Shemuel Bet (Samuel II)  dos capítulos 15 a 20 narram uma situação em que um amigo de Davi, Aquitofel, o seu próprio conselheiro, o traiu, juntamente com Absalão. Enquanto oferecia os sacrifícios, Absalão mandou chamar também Aquitofel, gilonita, conselheiro de Davi, à sua cidade de Gilo. E assim a conjuração se fortificava e se tornava cada vez mais numerosa em torno de Absalão. (II Samuel 15 :12).
 
Mais tarde foi anunciado a Davi que Aquitofel estava entre os conjurados de Absalão. Davi disse: “Fazei que se frustrem, ó Senhor, meu Deus, os desígnios de Aquitofel!” (II Samuel 15:31).
 
A passagem do Salmo 41:10 se trata de uma queixa de Davi a respeito da traição de Aquitofel. Davi foi traído por Aquitofel que era amigo do Rei e compartilhava do seu pão como  narrado em II Samuel 15:12-31.
 
O destino da vida de Aquitofel foi enforcar-se, como é narrado em II Samuel 17:23.
 
Este Salmo trata-se de uma oração oriunda de um fato histórico relacionado ao próprio Davi, não é portanto uma profecia .
 
 
Salmo 78:2
“Contarei uma parábola e enunciarei enigmas de tempos que já passaram há muito” 
 
Mateus 13:34-35:
Tudo isso disse Yeshua à multidão em forma de parábola. De outro modo não lhe falava, para que se cumprisse a profecia: Abrirei a boca para ensinar em parábolas; revelarei coisas ocultas desde a criação.
 
No Salmo 78 Assaf recorda a história antiga da nação israelita para advertir as gerações futuras contra a repetição da infidelidade. Ele convida o povo de Israel (versículos 1-11) a recordar as maravilhas operadas pelo Eterno no deserto (versículos de 12-39), a ingratidão deste povo durante o Êxodo (versículos de 40-55) e a sua infidelidade durante o período dos Juízes (versículos 56-72).
Encontramos uma aplicação fora do contexto, pois os missionários ensinam que esta frase se refere a uma profecia referente à Iehoshua de Nazaré. Ora, nem mesmo disto o texto trata. Os versículos 1 e 2 deste salmo tratam de uma instrução que ensina o povo a viver para o Eterno, não é, porém uma instrução direta. Os acontecimentos de fato estão escritos na forma de parábolas, que  exigem algum estudo para se captar o sentido delas. Tal sentido faz da história um enigma, mas é preciso perceber que a história é o processo através do qual o Eterno age conduzindo o povo judeu.  Isto não possui ligação nenhuma com as afirmativas  que dizem que Iehoshua de Nazaré “falava” por parábolas.
Como um judeu se afasta da Torá?
 
Além do seu exorto, a Torá nos adverte que as maldições cairão sobre nós se a abandonamos.
Como um Judeu que observa a Torá se aliena da sua herança?
Tem sete etapas neste processo. (Claro que é possível que a mesma pessoa não as atravesse todas. Pode se tratar de um declínio que se estende através de várias gerações). 
Primeira etapa – A assiduidade no estudo da Torá não se respeita mais. A Torá não deixa de repetir que é indispensável que cada um a estude e se torne familiar com seu ensino. 
Segunda etapa – As negligências na prática das mitsvot. No momento que um Judeu se afasta do conhecimento da Torá, mais cedo ou mais tarde ele vai abandonar sua prática. 
Terceira etapa – O desprezo pelos judeus praticantes. Cada vez que ele se relaciona com um deles, isso o lembra do seu rompimento com a Torá. Ele se persuade, portanto, que está representando uma época e que prova sua superioridade aos ter se “liberado” das restrições da Torá.) 
Quarta etapa – Este pecado leva a um outro, o ódio dos eruditos da Torá. (“Depois de tudo, ele pensa, os rabinos pregam que qualquer Judeu deve estudar e praticar a Torá. Só podemos blasfemá-los por isso.”) 
Quinta etapa – A etapa seguinte consiste em impedir os Judeus de praticarem a Torá. (O que começa por uma negligência pessoal se torna uma guerra aberta com respeito aqueles que ousam ainda se ligar à observância das leis de D’us. Este Judeu é invadido de tal perturbação que se outros judeus, longe de compartilhar sua opinião, continuam a praticar a Torá, ele pensa ter o dever sagrado de desviá-los da mesma. 
Sexta etapa – Este processo de alienação conduz à negação do caráter divino das mitsvot. Raciocinando assim, ele alivia sua consciência de uma carga bem pesada. 
Sétima etapa – A etapa final consiste em negar a existência de D’us e Sua providência ativa. O Judeu corta, então, seu último laço com o Judaísmo. 
Hashem nos adverte que uma maldição que corresponde a cada uma dessas etapas de abandono da Torá cairá sobre nós.

Os Mortos Podem Nos Ouvir?

Por Aron Moss

Pergunta:
Meu filho faleceu recentemente num acidente. Eu gostaria de saber se ele pode nos ver ou ouvir aqui na terra. Ele ainda está cônscio de nós agora? Seus comentários são importantes.
Mãe sentindo falta do filho

Resposta:
O mistério da morte é algo que não podemos realmente entender. Por que algumas almas descem aqui por tão pouco tempo, somente para serem tiradas de nós, não podemos explicar.

Mas sabemos que apenas o corpo morre, não a alma. E é a alma de uma pessoa que amamos. Nossa conexão com nossos entes queridos não é com sua presença física, mas sua pessoa, seu amor, seu espírito. E aquele relacionamento jamais desaparece. Apenas assume outra forma.

O Rebe certa vez falou com uma mãe que estava inconsolável após a perda de seu filho. “E se eu dissesse a você que seu filho não está morto? Ele foi para um lugar onde está a salvo e feliz. Não sente dor, não tem medo, não tem arrependimentos. Você não pode vê-lo. Mas pode enviar a ele pacotes de amor, e ele os receberá e apreciará. Se eu lhe disser isso, as coisas seriam diferentes?”

Ela pensou e disse: “Bem, acho que o sofrimento não seria tão insuportável se eu soubesse que ele está a salvo e eu pudesse dizer que o amo.”

“Bem,” disse o Rebe, “este é o caso. Seu filho está no céu onde está em paz. E ele ainda pode sentir seu amor. Os pacotes de amor que você envia a ele são as mitsvot, as boas ações que pratica em sua memória e em sua homenagem. Quando você dá uma moeda para caridade, recita uma prece, acende uma vela, é bondosa para aqueles que precisam, tendo ele em mente, ele recebe um fluxo de amor vindo de você o tempo todo. Sua alma lá em cima é elevada quando aqui em baixo você faz o bem inspirada pela memória dele. Canalize seu sofrimento numa força positiva. Deixe que o vácuo causado pela perda atraia mais luz ao mundo.”

Nada pode substituir o toque físico de um abraço, o prazer de ver seu filho crescer, estudar e brincar. Mas ele ainda está com você. E ele sabe que é abençoado com uma mãe amorosa que sempre pensará nele.

Não sabemos por que tem de ser dessa maneira. Mas um dia, seremos reunidos com as almas dos nossos entes queridos, e o sofrimento acabará.

Que este dia chegue logo!

REFLEXÃO.

Depois da morte reconheceremos nossos amigos e parentes?

Um consolo para quem crê!

O rei Saul reconheceu Samuel quando a bruxa de En-dor convocou Samuel do reino dos mortos (1 Samuel 28:8-17). Quando a pequena criança de Davi morreu, ele declarou: "Eu irei para ela, porém ela não voltará para mim" (2 Samuel 12:23)
Embora a invocação aos mortos não seja permitido o Rei Saul através viu o Profeta Samuel. Pagou caro, mais viu exatamente o Prof. Samuel.
1 Samuel 28:8-17
8 Saul então se disfarçou, vestindo outras roupas, e foi à noite, com dois homens, até a casa da mulher. Ele disse a ela: "Invoque um espírito para mim, fazendo subir aquele cujo nome eu disser".
9 A mulher, porém, lhe disse: "Certamente você sabe o que Saul fez. Ele eliminou os médiuns e os que consultam os espíritos da terra de Israel. Por que você está preparando uma armadilha contra mim, que me levará à morte?"
10 Saul jurou-lhe pelo Senhor: "Juro pelo nome do Senhor que você não será punida por isso".
11 "Quem devo fazer subir?", perguntou a mulher.
Ele respondeu: "Samuel".
12 Quando a mulher viu Samuel, gritou e disse a Saul: "Por que me enganaste? Tu mesmo és Saul!"
13 O rei lhe disse: "Não tenha medo. O que você está vendo?"
A mulher respondeu: "Vejo um ser que sobe do chão".
14 Ele perguntou: "Qual a aparência dele?"
E disse ela: "Um ancião que veste um manto está subindo".
Então Saul ficou sabendo que era Samuel, inclinou-se e prostrou-se com o rosto em terra.
15 Samuel perguntou a Saul: "Por que você me perturbou, fazendo-me subir?"
Respondeu Saul: "Estou muito angustiado. Os filisteus estão me atacando, e Deus se afastou de mim. Ele já não responde nem por profetas, nem por sonhos; por isso te chamei para me dizeres o que fazer".
16 Disse Samuel: "Por que você me chamou, já que o Senhor se afastou de você e se tornou seu inimigo?
17 O Senhor fez o que predisse por meu intermédio: rasgou de suas mãos o reino e o deu a seu próximo, a Davi.
2 Samuel 12:23
23 Mas agora que ela morreu, por que deveria jejuar? Poderia eu trazê-la de volta à vida? Eu irei até ela, mas ela não voltará para mim".