Que Jeremias disse sobre a Nova Aliança?

 

O que Jeremias disse sobre a Nova Aliança

Explicando porque o Novo Pacto profetizado em Jeremias 31 não é o Novo Testamento.

Embora tenham fracassado com os Judeus conhecedores da Torá, os missionários por outro lado têm tido relativo sucesso na conversão de Judeus assimilados.

A estratégia deles é mostrar que na própria Bíblia Judaica, existem evidências da messianidade de Jesus. Uma das profecias encontradas em nossa Bíblia é intencionalmente corrompida para se fazer acreditar que D’us anunciou a criação do Novo Testamento.

No livro de Jeremias, capítulo 31, encontramos uma passagem onde D’us fala da criação de um Novo Pacto. A igreja insiste que esse novo pacto foi concluído com a morte de Jesus, e somente através dele os Judeus podem encontrar salvação.

Isto é o meu sangue da nova aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão de pecados.” (Mateus 26:28).

O autor do livro de Hebreus vai mais longe ainda, e dá origem à divisão cristã entre Novo e Velho Testamento.

Chamando nova esta aliança, ele tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido, está a ponto de desaparecer.” (Hebreus 8:13).

A intenção do autor é clara. Com a morte de Jesus, uma nova aliança foi criada, deixando a velha aliança, a Torá, ultrapassada e fadada a desaparecer. Mas ao analisarmos a profecia de Jeremias conseguimos enxergar a falsidade desse argumento e a verdadeira mensagem de D’us ao povo Judeu.

A profecia começa anunciando a criação dessa nova aliança: “Eis que dias vêm, diz o Eterno, em que farei uma nova aliança com a Casa de Israel e com a Casa de Judá.” (Jeremias 31:31).

D’us anuncia claramente a criação de uma nova aliança, ou um novo pacto com o Povo Judeu. O fato de existir um novo pacto, não implica de forma alguma a anulação do pacto anterior. Por exemplo, vemos na história de Noé que D’us fez um pacto com ele e seus filhos. A seguir D’us então faz um novo pacto com Abraão, depois com Isaque e novamente com Jacó. Quando o povo Judeu se encontrou com D’us no Monte Sinai, D’us fez um novo pacto com eles, e depois com David e Salomão. Nenhum desses pactos anulou o anterior nem os tornou obsoletos. Paulo mesmo argumenta na carta de Gálatas cap.3, que se um pacto feito entre homens não pode ser anulado, muito mais então um pacto ratificado por D’us.

Portanto a nova aliança anunciada por Jeremias não implica na anulação dos pactos anteriores. Conseguimos ver também, ainda nesse primeiro verso, um ponto que contraria a teoria cristã. No final do versículo, está escrito que essa nova aliança seria feita com a “Casa de Israel e com a Casa de Judá“.

Sabemos que o reino de Israel foi dividido entre essas duas Casas, e que a Assíria exilou a Casa de Israel, que desapareceu completamente. De acordo com o profeta, essa nova aliança vai ser feita quando Israel for restaurado e as duas Casas retornarem. Isso torna impossível que essa aliança tenha sido feita com a morte de Jesus, pois nos seus dias a Casa de Israel estava completamente perdida e a de Judá espalhada pelo mundo.

No próximo verso vemos os cristãos, mais uma vez, alterando as Escrituras.

Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles quebraram a minha aliança apesar de Eu os haver desposado, diz o Eterno.” (Jeremias 31:32).

Aqui está uma passagem interessante que os cristãos tentaram apagar. D’us acusa o povo Judeu de ter quebrado a aliança com Ele, “apesar de Eu os haver desposado“. Ou seja, apesar de estarmos “casados” com D’us quebramos nosso pacto com Ele. O pecado que causou isso, diz Jeremias, foi a idolatria. Sabemos que a Torá compara o pecado da idolatria com o adultério. Pelo fato de estarmos casados com D’us e seguirmos outros deuses, estamos traindo nossa relação e quebrando portanto nossa aliança.

Mas agora vem o problema que incomoda os cristãos. Se abrimos o livro de Jeremias no início do capítulo 3, encontramos a passagem mais triste mas também mais bela de todo o livro. Veja que mensagem fantástica o profeta nos traz:

Se um homem despedir sua mulher, e ela o deixar, e se ajuntar a outro homem, porventura tornará ele outra vez para ela? Não se poluirá de todo aquela terra? Ora, tu te prostituíste com muitos amantes; mas ainda assim, retorna para Mim, diz o Eterno.” (Jeremias 3:1).

Eu uso essa passagem para mostrar aos cristãos que a graça de D’us não foi dada com o Novo Testamento, ou com a morte de Jesus, e sim aqui nesse verso em Jeremias 3:1. Presta atenção nas palavras do profeta. Ele abre o verso dizendo que, se um homem divorcia sua mulher, e ela se casa com outro e depois se separa, de acordo com a Torá (Deut. 24:1-4) ela não pode voltar para o primeiro marido. Apesar disso, D’us diz, mesmo que uma mulher traía seu marido, assim como vocês Me traíram, e se separe dele assim como vocês se separam de Mim, e case com outros assim como vocês se casaram com outros deuses. Ela não pode voltar para seu marido, mas vocês: “ainda assim, retorna para Mim, diz o Eterno“. Ainda assim, a abundante graça de D’us permite, que acima de toda lógica, as portas estarão sempre abertas para nós.

Por isso o autor do livro de Hebreus não quis que o verso indicasse que quebramos a aliança, apesar de estarmos casados com D’us. Ele sabia que isso indicava que a possibilidade de retorno ainda era possível, então ele altera o verso:

Não como a aliança que fiz com os seus pais no dia em que os tomei pela mão para tirá-los da terra do Egito. Como eles não permaneceram fiéis ao pacto, Eu me desinteressei deles, diz o Senhor.” (Hebreus 8:9 citando Jeremias 31:32).

Sem ninguém notar, o autor do livro de Hebreus remove a frase “apesar de Eu os haver desposado” e substitui por “Eu me desinteressei deles“. Vocês quebraram o Meu pacto, Eu perdi o interesse em vocês e vou fazer um novo pacto então com outro povo. Essa é a mensagem que o livro de Hebreus quer transmitir. Dessa forma o Velho Testamento se torna obsoleto, e o interesse de D’us por Seu povo desaparece. Abrindo assim as portas para um Novo Testamento com um novo povo, D’us nos livre.

Obviamente que essa proposta do Novo Testamento é derrubada por uma promessa feita por D’us.

Com um pouco de ira escondi a Minha face de ti por um momento; mas com bondade etername compadecerei de ti, diz o Eterno, o teu Redentor. Porque isto será para Mim como as águas de Noé; pois jurei que as águas de Noé não passariam mais sobre a terra; assim jurei que não me irarei mais contra ti, nem te repreenderei. Porque os montes se retirarão, e os outeiros serão abalados; porém a Minha bondade não se apartará de tie a Minha aliança de paz não será removida, diz o Eterno que se compadece de ti.” (Isaías 54:8-10).

Mas mentira não é a prova de balas e os cristãos ainda têm mais alguns problemas com a profecia. Nos versos seguintes o profeta explica qual é a nova aliança.

Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Eterno: Porei a Minha Lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e Eu serei o seu D’us e eles serão o Meu povo. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Eterno; porque todos Me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Eterno; porque Lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados.” (Jeremias 31:33-34).

No dia que a nova aliança for estabelecida, com a restaurada Casa de Israel, a Lei de D’us vai ser inscrita em todos os corações. Repare no último verso que diz “todos Me conhecerão”. Sabemos que uma das profecias messiânicas mais esperadas diz, que o mundo inteiro vai conhecer a D’us. Na era messiânica D’us vai se revelar no mundo com nunca antes. Portanto um não vai precisar ensinar o próximo sobre D’us, pois todos O conhecerão, como diz o profeta Habacuque:

E a Terra se encherá do conhecimento da glória do Eterno, como as águas enchem o mar.” (Habacuque 2:14).

Isso apresenta um problema teológico enorme para os cristãos. Se a nova aliança foi criada com a morte de Jesus na cruz, como afirma o Novo Testamento, porque gastar fortunas enviando missionários pelo mundo? Pois, de acordo com o cristianismo, existem dois bilhões de mulçumanos e quase um bilhão de hindus que não conhecem a D’us. Sem contar o crescente número de ateus e pessoas de outras religiões. Ah, e os Judeus, é claro. Mas se a profecia se cumpriu e a nova aliança foi estabelecida, então o mundo inteiro já conhece a D’us, as outras religiões não existem e missionários são desnecessários.

Fica claro porque a nova aliança anunciada por Jeremias não está no Novo Testamento, e sim, em um pacto futuro que D’us fará com Israel, onde nunca mais seremos exilados e Jerusalém jamais será destruída novamente. Devermos ser firmes em nossa aliança com D’us e aprender que a verdadeira graça de D’us está em Seu enorme amor por nós. As portas estão abertas, vamos voltar para D’us.